Pesquisar

terça-feira, 1 de julho de 2025

Orixá Ibejis

 Orixá Ibejis

A palavra "Ibejís" vem do iorubá "Ìbejì", que significa "gêmeos". Eles são de grande importância na cultura iorubá, pois são considerados seres especiais e dotados de poderes espirituais. De acordo com a tradição, ter gêmeos é considerado uma bênção especial dos Deuses. Na cultura iorubá, os Ibejis têm uma importância muito especial, pois simbolizam a dualidade, a unidade e o equilíbrio, representando a dualidade de forças opostas que coexistem no universo.

A história dos Ibejis também está associada à divindade Orunmila, o orixá do destino e da sabedoria. Na versão de um dos mitos que falam sobre os ibejis conta-se que foram enviados por Orunmila para ajudar os humanos a resolverem seus problemas, trazendo equilíbrio e harmonia onde havia caos, dessa forma, os Ibejis são vistos como mediadores entre o mundo espiritual e o mundo material. Uma das histórias mais conhecidas sobre os Ibejis na cultura iorubá envolve a ideia de que os gêmeos têm um poder místico capaz de afetar o destino e a sorte da comunidade. A presença dos gêmeos é sempre um sinal de grandes mudanças, que podem ser tanto positivas quanto negativas, dependendo de como eles são tratados.

Quando nascem gêmeos, um deles é o guardião do outro e se um dos gêmeos morrer, o outro se torna o responsável por carregar seu espírito. Em muitas tradições iorubás, se um dos gêmeos morre, é comum que uma estatueta de madeira seja esculpida em sua homenagem, para que o espírito do gêmeo falecido continue a ser reverenciado e cuidado. As estátuas dos gêmeos são cuidadas como se fossem crianças reais, são alimentadas, vestidas e tratadas com reverência. Acredita-se que a alma do gêmeo falecido reside nelas, garantindo a proteção dos Ibejis e mantendo o equilíbrio espiritual na família.

Os Ibejis são associados à alegria, à espontaneidade e à inocência infantil. Eles representam o poder da união e da complementaridade. Embora sejam gêmeos, eles são vistos como duas metades de um todo. Trazendo a ideia de que as forças opostas no universo precisam trabalhar juntas para criar harmonia. Além disso, os Ibejis também simbolizam a dualidade, o dia e a noite, o masculino e o feminino, o corpo e o espírito. Eles nos lembram que a vida é composta por forças que, apesar de serem aparentemente opostas, são interdependentes e necessárias para o equilíbrio.

O culto aos Ibejis inclui celebrações com danças, músicas e oferendas como doces, frutas, brinquedos e alimentos simples, associados à pureza e à alegria das crianças. Em dias festivos, costuma-se fazer um banquete para as crianças, e é comum que se peça pela proteção, saúde e felicidade dos filhos. Na Umbanda os Ibejis são sincretizados com os Santos católicos São Cosme e Damião, dois Santos gêmeos que eram conhecidos por suas habilidades curativas e por sua dedicação em ajudar os pobres sem cobrar pelos seus serviços. No Brasil, o dia de São Cosme e São Damião e também dos Ibejis são comemorados em 27 de setembro e é celebrado com a distribuição de doces para as crianças em várias partes do país.

Os Ibejis representam muito mais do que a simples figura de gêmeos, eles são símbolos de equilíbrio, dualidade, alegria e proteção na cultura ioruba. Seu culto reflete a importância da união de forças opostas e o papel essencial da pureza e da inocência na vida cotidiana e espiritual. Na formação dessa força de Orixá, há uma terceira divindade que complementa os Ibejis, conhecida como Doum. Em iorubá, a palavra "Idowu" refere-se ao filho que nasce após os gêmeos, enquanto o termo "dohoun" significa "semelhante a" ou "igual a” e em algumas tradições, quando há um terceiro filho em uma gestação de múltiplos, ele recebe o nome de Doum que não é propriamente um orixá, mas é associado à mesma energia infantil dos Ibejis, representando o mais novo dos três irmãos. Ele representa a fase da primeira infância e é visto como uma manifestação mais doce e delicada entre os irmãos.

Na mitologia, os gêmeos ora são filhos de Iansã, ora de Oxum, Iemanjá, Xangô ou também Oxóssi e diversos são os contos de mitologia que os envolvem. Há um itã que conta que os Ibejis enganam a morte, a vida dos Ibejis era brincar e tocar uns pequenos tambores mágicos e nessa mesma época a Morte (Ikú) colocou armadilhas em todos os caminhos e começou a comer todos os homens. Os irmãos começaram a se revezar no toque dos tambores sem parar e Ikú se pôs a dançar sem conseguir parar e não percebeu que na verdade eles se revezavam. Ikú ficou muito cansada, mas não conseguia parar de dançar, até que fizeram um acordo, onde os gêmeos só parariam de tocar se a Morte retiraria as armadilhas. 

Assim os homens foram salvos e os Ibejis ganharam a fama de serem muito poderosos. Nesse mito fica evidente que toda a travessura dos Ibejis se dá em função do bem-estar e manutenção da vida dos homens e com um propósito altruísta os gêmeos conseguem seu intuito brincando, com leveza e alegria, até para a morte que, ainda que cansada, se divertiu muito.



O relacionamento entre irmãos é uma experiência que promove o desenvolvimento da alteridade. É no convívio com os irmãos que vivenciam algumas das mais importantes experiências humanas, formando o repertório que será levado para a vida adulta: o companheirismo, a solidariedade, a cooperação, mas também a inveja, as brigas e o autoritarismo. Com o irmão, tanto se dá quanto se recebe. É com ele que se experimenta o poder de comandar e de ser comandado. O irmão é parceiro, tanto para respeitar os limites quanto para desafiá-los, é nessa relação arquetípica que as polaridades são vivas.


Saudação: “Oni Beijada! ”

Cores: Rosa e Azul

Pontos de força: Parques e Jardins

Elemento: Terra 

Oferendas: Bala, doces, refrigerantes e sucos 

Renata de Iansã