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terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Passe mediúnico

 Passe mediúnico


    Olá irmãos de fé, no texto de hoje iremos falar sobre o passe mediúnico. Em uma próxima oportunidade abordaremos também o Auto-Passe.

    O passe mediúnico consiste na transferência de energia do médium que o aplica, para a pessoa que o recebe. Feito através da imposição de mãos, limpando as impurezas que se encontram no campo áurico e, logo após, preenchendo o campo com energia divina. O passe é relatado em passagens da bíblia e utilizado também na cultura egípcia, grega, xamânica e indígena.

    Através do passe é possível realinhar os chakras, auxiliando na recuperação de desarmonias físicas e mentais. Quando realizado antes das sessões (sejam espíritas ou giras de Umbanda) contribuem também para o fortalecimento da egrégora, fazendo com os que os trabalhos sejam mais fluidos. 

    Para que o passe seja eficaz, algumas considerações devem ser realizadas. Primeiramente o médium passista (que realizará o passe) deverá rogar a Deus, aos guias e mentores espirituais pedindo orientação e permissão para realizar o passe, e também pedir permissão ao protetor daquele que o receberá. 



    Aceitação e merecimento do passe também são de extrema importância. Muitos merecem, mas não estão abertos emocional ou psicologicamente para receber o que a espiritualidade lhe oferece. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como descrença, irritação, mentalidade crítica e posturas interesseiras desfocadas de um objetivo espiritual. Por isso a importância do estudo e da egrégora, para que esses bloqueios possam ser, aos poucos, eliminados. Não existe receita de bolo para aplicação do passe, cada casa tem seu próprio ritual, variando de acordo com sua cultura e doutrina. 

    Para exemplificar o que é o passe mediúnico, vamos imaginar um aparelho celular com pouca bateria. A energia elétrica é a responsável por recarregar este aparelho, energia fornecida pelo Criador. Ela está presente em todos os locais, mas precisa de um meio para chegar ao celular. O médium passista se torna então o carregador, o cabo, o meio para que a energia possa ser transmitida para quem necessita.

    Em nosso templo, começamos sempre com as nossas firmezas e orações. Firmezas de pensamentos, emanando sempre amor, cura, benevolência e caridade, pedindo a proteção dos guardiões para o aquele que irá aplicar e também para quem irá receber o passe. Pedimos sempre a permissão para que possamos trabalhar no campo energético do outro e rogamos o auxílio dos guias espirituais, pois estarão conosco transmutando as energias e nos intuindo sobre como devemos proceder. Sempre orientamos a quem recebe o passe para que se mantenha em prece, com os pensamentos elevados. 

    Começamos a limpeza de cima para baixo, ou seja, da cabeça em direção aos pés, sem encostar na pessoa. Pode manter as mãos até 50 cm de distância, mas quanto mais próximas elas estiverem posicionadas, melhor. Luz verde, azul e amarela no ambiente ajudam, pois geralmente emanamos energia nessas cores. Neste primeiro momento, são feitos movimentos para fora, limpando o consulente. É comum as palmas das mãos ficarem aquecidas devido ao acúmulo de energia e, se sentirmos que alguma parte do consulente está mais “pesada”, devemos nos concentrar neste ponto por mais tempo.



    Após finalizar a limpeza, posicionamos as mãos sobre a cabeça do consulente, para que possamos realizar a energização, sempre emanando positividade e, aos poucos, energizamos o restante do corpo, repetindo o processo quantas vezes julgar necessário. É comum que durante a limpeza o médium consiga perceber o sentimento do consulente, através da intuição e, caso sejam sentimentos ruins, ele deve emanar a energia contrária. Se estiver triste, emane alegria e imagine coisas que te deixam feliz. Caso tenha conhecimento sobre os chakras, pode também emanar pensamentos que estejam relacionados com o chacra que estiver sendo trabalhado no momento.

    Ao final, chamamos o consulente pelo nome, tocando levemente em seu ombro para que ele retorne de maneira calma e tranquila. Após todos os atendimentos fazemos uma oração em agradecimento aos guias, protetores e aos Orixás, agradecendo pelo auxílio e pedindo para que os excessos de energia possam ser retirados do nosso corpo.

    Estamos mergulhados no mar de energia divina de nosso criador, sendo, ao mesmo tempo parte dela, parte deste mar. Porém algumas vezes nossa visão se turva para este fato. O passe melhora nossa conexão com Ele.

    Axé.

Pedro” de Xângo e Larissa de Iansã

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Orixá Ayrá

 Orixá Ayrá


Ayrá a divindade da luz gerada pelo fogo, Orixá da criatividade, a luz da mente, da ideia e um grande estrategista. No território africano, “Ayrá” significa “furacão”.

Está atrelado ao culto de Xangô no candomblé da Bahia, mas, ao contrário do que muitos acreditam, não é uma qualidade de Xangô. Xangô é o fogo e Ayrá é a luz emanada do fogo. É um dos mais antigos Orixás que começou a habitar a terra logo após sua criação, um Orixá funfun, seu caminho está associado a Oxalá, onde os dois são detentores de paz. Enquanto Oxalá é a paz, Ayrá espalha sua luz e estabelece a paz para todos.


É associado a Xangô pois ambos foram incorporados ao Panteão do Fogo, mas seu culto é totalmente independente. Ayrá é da família do raio, mas também domina os ventos e ficou mais conhecido por ter o redemoinho como seu símbolo principal. Em uma das mãos ele carrega uma chave, com a qual pode regular o clima, e na outra carrega uma lança, que simboliza respeito. Apesar do que muitos acreditam, este Orixá não usa coroa, ele usa uma rodilha, também conhecido como eketé.   As cores de Ayrá são o branco e o prata.

Os filhos de Ayrá carregam as seguintes características: são ciumentos, sentimentais, possessivos e sábios. Conseguem se organizar e preparar para situações futuras como se pudessem prever o que irá acontecer. São carinhosos, bondosos, com muita compaixão, autoritários, voluntariosos, enérgicos e ao mesmo tempo calmos, teimosos, guerreiros e apegados a família. Em nosso país não existem muitos filhos desse Orixá.

    O dia da semana é sexta-feira e comemora-se o dia de Ayrá é 29 de junho, sincretizando com São Pedro, devido ele ter sido aquele que foi a luz que edificou a igreja católica e também por carregar as chaves do céu.  É uma tradição acender uma fogueira no seu dia, em sua intenção. Suas oferendas devem conter quiabos, assim como Xangô, mas não podem ser temperadas com sal, nem com dendê ou pimenta. Sua saudação é “Ayrá ponon opokodê”, que significa “assim Ayrá fica feliz” ou
“Ayrá Lê”, que significa “Ayrá está feliz”.

William de Obá

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Orixá Nanã Buruquê

 

Orixá Nanã Buruquê

 

Nanã é Orixá feminino. Mistério ancião.

Na cultura nagô e Iorubá, ancião está associado à sabedoria e experiência. A força do Orixá Nanã não está ligada à força do poder físico, mas à sabedoria adquirida ao longo das experiências vividas. Dentro da umbanda sagrada, faz parte da linha da evolução, junto com Obaluaê.

É um Orixá cósmico, que atua no emocional. Nanã absorve, decanta todos os aspectos emocionais que afastam o Ser de seu caminho evolutivo, ajusta energeticamente o Ser, preparando-o para o caminho do crescimento. Pelo uso da sabedoria, transforma aquilo que é erro em caminho seguro para a evolução. Obaluaê irradia, Nanã ajusta absorvendo. Também chamada de mãe ou avó, é uma Orixá presente desde a criação da humanidade. Ela é a memória do povo, pois vivenciou toda a magia da concepção do Universo. 

Rainha da lama, da qual se origina todo ser humano, Nanã é um dos orixás mais respeitados e também um dos mais temidos. É responsável pelo portal entre a vida e a morte, pois ela limpa a mente dos espíritos desencarnados para que eles possam se livrar do peso que sofreram em sua jornada, reencarnando sem os rastros da vida anterior. Por isso, ao envelhecermos, começamos a perder nossa memória.


A lenda diz que Oxalá moldou os humanos a partir de um barro primordial; para isso pediu a autorização de Nanã, a venerável senhora que tomava conta da lama. Os seres humanos, depois de moldados, recebiam o emi - sopro da vida - e iam viver no Ayê (Terra). Aqui viviam, amavam, geravam novos seres, plantavam, colhiam, se divertiam e cultuavam as divindades. Aconteceu, porém, que o barro do qual Oxalá moldava os humanos estava acabando e em breve não haveria a matéria primordial para que novos seres humanos fossem feitos. 

Ciente do dilema da criação, Olodumare convocou os Orixás para que eles apresentassem uma alternativa para o caso. Como ninguém apresentou uma solução, e diante do risco da interrupção do processo de criação, Olodumare determinou que se estabelecesse um ciclo, depois de certo tempo vivendo no Ayê, os humanos deveriam ser desfeitos, retornando à matéria original, para que novos homens pudessem, com parte da matéria restituída, ser moldados.

Resolvido o dilema, restava saber de quem seria a função de tirar dos homens e mulheres o sopro da vida e conduzi-los de volta ao todo primordial - tarefa necessária para que outros viessem ao mundo. Vários Orixás argumentaram que seria difícil reconduzir os humanos ao barro original, privando-os do convívio com a família, os amigos e a comunidade. Foi então que Iku, até ali calado, ofereceu-se para cumprir o desígnio de Olodumare, que o abençoou. A partir daquele momento, Iku tornava-se imprescindível para que se mantivesse o ciclo da criação.⁣⁣ 

Desde então Iku vem todos os dias ao Ayê para escolher os homens e mulheres que devem ser reconduzidos ao Orum. Seus corpos devem ser desfeitos e o sopro vital retirado para que, com aquela matéria, outros possam ser feitos - condição imposta para a renovação da existência. Ao ver a restituição das pessoas ao barro, Nanã chora. Suas lágrimas amolecem a matéria-prima e facilitam a tarefa da moldagem de outros viventes.

Nas irradiações de Nanã, podemos observar que ela está quase sempre com o Ibirí nos braços, um cajado feito da fibra central da folha da palmeira de dendê. Nanã o carrega, como se estivesse carregando uma criança. Nas oferendas para este orixá, podemos utilizar purê de batata roxa, berinjela, coco seco, uva escura, melancia, ameixa, sarapatel e velas lilás. Um ponto importantíssimo para a oferenda de Nanã é que não se pode utilizar nada de metal na preparação e entrega da oferenda para Nanã.


É sincretizada como Sant’ana, por ser a Orixá mais velha, normalmente nos referimos à Nanã como sendo a avó e Sant’ana (ou Santa Ana) era avó de Jesus. Sendo assim, Nanã foi sincretizada como a Avó de Jesus. Sua saudação é "Saluba Nanã Buruquê", que significa "Salve a Mãe das águas pantaneiras". Para saudar Nanã, também utilizamos a saudação corporal, abrindo os braços com as mãos abertas com as palmas viradas para o chão, fazendo movimentos circulares.

        E por fim, os filhos de Nanã geralmente são pessoas gentis e extremamente calmas, tão calmas e lentas que irritam por terem tanta paciência. Possuem afinidade em cuidar de crianças, e as tratam como uma avó, que educa seus netos com muito zelo e doçuras. Vivem como se a morte não existisse, parece que tudo tem um longo tempo para ser resolvido. A pressa não faz parte de seu vocabulário.

Essas pessoas tendem a se apegarem ao passado, por isso não enxergam nem planejam muito o seu futuro. São saudosistas e aparentam ter mentalmente mais idade do que realmente têm. Problemas de saúde relacionados à idade avançada também se apresentam mais facilmente nessas pessoas, sobretudo nas doenças como dores lombares, reumatismo e problemas de articulações, no geral.

Por sempre se prenderem no passado, é muito fácil um filho de Nanã guardar rancor, e ficar remoendo coisas que já passaram. São ranzinzas e muito teimosos. Ainda assim, são pessoas justas e sábias, e procuram refletir muito sobre atitudes a serem tomadas. Amam com grande afinco sua família, são respeitáveis e carregam consigo um ar majestoso. Apesar de serem filhos da mãe Nanã, não são vingativos e conseguem controlar facilmente sua impetuosidade devido a sua calma.

 

Layla de Omolu

 


terça-feira, 2 de novembro de 2021

Alecrim

Alecrim 

    O  alecrim é um arbusto perene, de folhas estreitas e aromáticas. Seu nome científico é Rosmarinus officinalis. É uma erva morna, de Oxalá, muito utilizada em defumações de ambientes devido a seu poder de limpeza e energização. Possui inúmeras propriedades e, pelo fato de favorecer a produção de neurotransmissores responsáveis pelo bem estar, também é conhecido como “erva da alegria”. 

    É uma das ervas mais completas em termos de benefícios à saúde e pode ser utilizado de diversas maneiras, como aromatizante, chá, em banhos, culinária, estética, etc. Fresco, seco ou como óleo. Age diretamente no plexo solar, limpando energias densas e aliviando sentimentos ruins como raiva e inveja. Seu aroma favorece um estado de consciência mais harmonioso, que ajuda a abrir a mente e clarear os pensamentos. 


    Possui propriedades digestivas e antimicrobianas, sendo um excelente aliado contra o mau hálito, basta mastigar algumas folhinhas no decorrer do dia. Auxilia no sistema nervoso, melhorando a memória, raciocínio e concentração, além de ajudar a prevenir e tratar ansiedade. Para essas finalidades pode ser usado o chá ou aromaterapia. 

    O óleo de alecrim (que é uma forma mais concentrada da erva) auxilia no tratamento de problemas respiratórios, aliviando sintomas de resfriados e alergias. Além disso, o óleo também é muito utilizado na estética, em produtos de pele e cabelo.

    O alecrim é uma erva poderosa, energeticamente falando, e na Umbanda é muito usado em defumações, banhos, amacis e amuletos. É importante salientar que toda manipulação com ervas e banhos deve ser orientada por um guia e que os tratamentos caseiros com qualquer tipo de erva não devem substituir medicamentos e tratamentos médicos.

Larissa de Iansã



terça-feira, 26 de outubro de 2021

Dissertações espiritas: Comunicações apócrifas

 

Dissertações espíritas: Comunicações apócrifas

 

Olá irmãos, hoje encerramos nosso ciclo de estudos do Livro dos Médiuns e, para finalizar, abordaremos os ensinamentos contidos na parte final do capítulo XXXI - Dissertações espiritas: Comunicações apócrifas (falsas).

Grandes ensinamentos estão contidos nas dissertações apresentadas nesta parte do capitulo, mostrando cada vez mais a necessidade do estudo e da preparação para as comunicações. Não devemos aceitar toda e qualquer comunicação vinda do plano espiritual, mesmo que esteja assinada por grandes nomes, como o de Jesus. O senso crítico dos médiuns perante as dissertações obtidas só será desenvolvido através de estudo, de recolhimento e de análise profunda.

Algumas dissertações apresentadas são belas, com linguagem pomposa, mas ao serem estudadas não trazem nenhum ensinamento, devemos sempre desconfiar de comunicações pomposas, com floreios... Podemos observar também comunicações com tom mais agressivo que não são compatíveis com a assinatura do “autor” do texto.

Mas porque isso ocorre? Muitas vezes espíritos desencarnados que ainda não apresentam certo grau de elevação moral, querem "deixar sua marca" nas sessões e, para serem aceitos, acabam tomando nomes de respeito para os encarnados. Encontram na equipe despreparada uma porta para propagarem seus falsos ensinamentos, se divertindo às custas dos médiuns.

O senso crítico para análise das comunicações também possui grande importância na Umbanda. A proteção da casa, equilíbrio e estudo dos médiuns são pilares necessários para a firmeza dos trabalhos. Aliado a esses pontos, adotamos  alguns preceitos, como não realizar a ingestão de bebidas alcoólicas e carnes vermelhas ou ter relações sexuais nos dias que antecedem os trabalhos (tais preceitos podem variar de casa para casa, pois a Umbanda não possui uma doutrina única), os preceitos limpam o corpo e a mente do médium, diminuindo as influências do mundo material.

Em casas onde não se trabalha nos princípios do amor e da caridade, é comum observar espíritos mal intencionados (kiumbas) incorporando em seus médiuns, se apresentando como membros de grandes falanges espirituais, alegando conseguir fazer qualquer tipo de trabalho. Esse ciclo só poderá ser interrompido através de análise minuciosa das comunicações, dessa forma fica fácil observar que as falas do kiumba são incompatíveis com os ensinamentos disseminados pela falange do qual toma o nome.

“A umbanda é coisa séria pra gente séria”.

 

Pedro” de Xangô

 

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Dissertações espíritas- Sociedades espíritas

Dissertações espíritas- Sociedades espíritas

 

Olá Irmãos, analisaremos hoje os ensinamentos do capítulo XXXI da parte segunda do Livro dos Médiuns, mais especificamente as dissertações a sobre as sociedades espíritas.

A importância da prece para o começo dos trabalhos é destacada, através dela nossos Espíritos familiares serão evocados para a reunião. Não existe uma prece fixa e absoluta para ser realizada antes das sessões, desde que feita com fervor e sinceridade a ajuda irá alcançar os médiuns. Se despir de egos e vaidades também é essencial.

Destacam sobre a importância do recolhimento, da meditação, sobre a importância de limpar as mentes antes das reuniões. A concentração fará toda diferença na qualidade das comunicações, quando a egrégora formada é séria, sincera e benevolente, os bons Espíritos estarão presentes para proteger e transmitir suas experiencias e ensinamentos. 


As dissertações presentes expõem sobre a importância do real motivo da comunicação, nos advertindo que as comunicações não são circos e que os Espíritos sérios ali presentes não querem aplausos ou reverências. Nenhuma manifestação deve ser condenada, pois, mesmo as realizadas por Espíritos malfazejos, ocorrem com a permissão de Deus, muitas vezes como forma de alerta aos médiuns da casa ou como forma de auxílio ao espirito que ali se manifesta.

Sobre outras casas, os espíritos nos instruem que muitos são os que buscam a evolução. Não devemos ver outras casas como concorrentes, mas sim como aliadas para a prática do amor e da caridade, sempre ao lado das trevas deverá haver luz para guiar. A rivalidade apenas atrasa o processo de evolução dos encarnados e desencarnados, servindo de alimento para as trevas minarem a bondade.

As dissertações apresentadas trazem diversos ensinamentos dos quais a Umbanda também se utiliza, a importância do preceito, do recolhimento, de manter os bons pensamentos para que os malfeitores não consigam encontrar caminhos para nos fazerem mal ou nos enganarem. A egrégora formada em uma gira tem início fora do terreiro, com o amor e caridade propagado por seus membros.

Uma vez que a Umbanda não possui uma doutrina única uma casa nunca será igual a outra. Destacando a importância da união e harmonia entre os Umbandistas.

“A união faz a força. Sede Unidos, para serdes fortes”, uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco.

Pedro” de Xangô

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Dissertações Espíritas- Sobre os Médiuns

Dissertações Espíritas- Sobre os Médiuns

 

Dando continuidade ao estudo do Livro dos Médiuns, falaremos agora sobre a segunda parte do capítulo XXXI- Dissertações espíritas: sobre os médiuns.

Iniciamos com uma reflexão que abrange diversos pontos de vista: todos os homens são médiuns e todos tem um espírito que os dirige em direção ao bem, desde que saibam escuta-lo. Há aqueles que possuem mediunidade aflorada e capacidade de se comunicar diretamente com seus mentores espirituais e  aqueles que não possuem tal faculdade ou que não acreditam em tal contato dentre os mundos, mas ainda assim, são guiados pela voz do coração, da razão, ou como preferir chamar, mas jamais estão desamparados.

Apesar de saber que a mediunidade é natural ao homem, muitos a enxergam como um dom e se deixam levar por este “dom”. Esquecem-se que Deus permite que desfrutem de tal faculdade com o intuito de ajudar a propagar a verdade, evoluir espiritualmente e ajudar aqueles que necessitam e atribuem a si mesmos o mérito por seus feitios. Em contrapartida, quando são tomados pelo orgulho, os bons espíritos os abandonam.


Para receber comunicação de bons espíritos é necessário ter bons intenções e fazer o bem pelo progresso geral. Para ser um bom médium deve-se ser modesto e devoto aos princípios da espiritualidade. São raros aqueles que, em nenhum momento, se deixaram levar pela grandeza dos pensamentos, que não pensaram, nem por um momento, que estavam destinados a obter resultados superiores. O espírito Pascal cita em sua declaração:

“Médiuns, aproveitai essa faculdade que Deus vos quer conceder. Tende fé na mansuetude de nosso Mestre; tende a caridade sempre em prática; não deixei jamais de exercer essa sublime virtude, assim como a tolerância. Que sempre vossas ações estejam em harmonia com vossa consciência.”

Em nossa casa, consideramos todos os aspectos citados no presente texto. Não vemos a mediunidade como um dom e somos sempre lembrados de que devemos usufruir de tal faculdade com responsabilidade; que somos instrumentos de trabalho e servimos a espiritualidade, não o contrário; que a parte mais difícil em lidar com a mediunidade é não se deixar levar por sentimentos mundanos como o orgulho, o ego e a vaidade, pois nada somos além de espíritos encarnados, servindo em terra a Lei Divina.

Larissa de Iansã


quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Dissertações Espíritas- Sobre o espiritismo

 

Dissertações Espíritas- Sobre o espiritismo

 

Olá irmãos de fé, dando continuidade ao estudo do Livro dos Médiuns abordaremos o capítulo XXXI da parte segunda – “Dissertações Espíritas”.

O conteúdo presente no capitulo será divido de acordo com o tema das dissertações apresentadas: sobre o espiritismo, sobre os médiuns, sobre as reuniões espíritas e comunicações apócrifas (falsas).

Antes de mais nada, devemos fazer uma consideração: o capítulo presente é composto por ditados espontâneos de alguns espíritos elevados, a fim de confirmar os princípios contidos na obra. A primeira dissertação tem autoria de “Santo Agostinho”. Devemos lembrar que não provem do espírito de Santo Agostinho, mas sim de um espirito de elevado nível de moral e que traz consigo conhecimentos e vivências que o permitem utilizar tal nome, na umbanda chamamos de “falange”.



O espírito J. J. Rousseau cita o espiritismo como um estudo filosófico de causas secretas, como uma forma de confirmação e não como revelação. Segundo ele “o espiritismo é uma alavanca que derruba as barreiras da cegueira” e mostra o que realmente importa: a elevação espiritual, o esclarecimento.  

Nesta primeira parte, os comunicadores trazem muitos ensinamentos reconfortantes sobre o futuro do espiritismo. Nos mostram que a semente foi plantada e que, antes disso, todo o solo para a revelação da doutrina foi preparado e precisará ser regado com fé a cada dia. Que o caminho não será fácil, mas será gratificante. Ressaltam ainda a importância de escutarmos os conselhos dos espíritos que querem nosso bem, sem nos ofendermos com a verdade, pois Deus os envia para nos instruir sobre nossos deveres e para mostrar o melhor caminho a seguir.

Ao fazermos uma pequena mudança de hábito, uma melhora de rotina, uma nova forma de auxiliar o próximo, não temos real consciência do bem que estamos fazendo. Essa ação irá ecoar por várias encarnações em nossa existência.

“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”

Pedro “de Xangô e Larissa de Iansã

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Regulamento da sociedade parisiense de estudos espíritas

 

Regulamento da sociedade parisiense de estudos espíritas

 

Continuando nosso estudo do “Livro dos Médiuns”, hoje abordaremos o capitulo XXX, da parte segunda – Regulamento da sociedade parisiense de estudos espíritas.

Antes de mais nada, o regulamento apresentado foi realizado com base nas experiências da época em que a sociedade parisiense de estudos espíritas foi fundada (01/04/1858). O regulamento não é dado como norma absoluta, seu intuito é organizar e facilitar o funcionamento e fundação de novas casas. O regulamento completo não será apresentado no presente texto para que não fique cansativo, mas alguns pontos serão destacados.

A sociedade tem como objetivo estudar os fenômenos relativos às manifestações espíritas e, logo no primeiro artigo apresentado, um fato nos chama atenção: “As questões políticas, de controvérsia religiosa e de economia social não são comentadas”. Essas questões podem acabar desviando o real intuído da reunião. O regulamento também diz que todos os membros devem ter benevolência entre si e se tratarem com amor, colocando o bem geral acima do amor próprio.

Outro ponto importante a ser citado é como o regulamento é rigoroso no que diz respeito as reais intenções dos sócios. Para tornar-se titular é preciso, primeiro, ser sócio livre e frequentar durante certo tempo as sessões por vontade própria, e durante esse tempo provar sua adesão e vontade de agir de acordo com os princípios da caridade e da moral espírita. Visando manter tais princípios e o espírito da benevolência recíproca, a sociedade tem o direito de excluir os membros que causem qualquer tipo de hostilidade a doutrina.



Após a leitura, é possível observar a seriedade dos trabalhos que serão realizados e com os membros que poderão ou não ingressar na sociedade parisiense. Essa preocupação está presente até hoje em diversas casas de atendimento.

Ao passo que as manifestações espíritas avançam, torna-se necessário um modelo para estabelecer como deverá funcionar as reuniões, um estatuto ou regulamento é de extrema importância para as casas. Cada casa deve ter um regulamento específico, que atenda às suas necessidades, mas como citado inicialmente, o regulamento da sociedade parisiense pode servir como base para a criação de outros regulamentos.

Uma vez que a Umbanda não possui doutrina única, também não é possível existir um regulamento único, que atenda as especificidades de todas as casas. Sempre haverá adaptações, mas os princípios do amor e da caridade devem ser a base para a criação dos regulamentos e, assim como citado no regulamento espírita, deve haver benevolência recíproca entre os membros. Como o guia chefe de nossa casa sempre diz: “Umbanda é coisa séria, para gente séria” e a presença de um regulamento para o bom funcionamento da casa afirma essa seriedade.  

“Fora da caridade não há salvação.”

Larissa de Iansã e Pedro” de Xangô

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Reuniões e sociedades espíritas

 

Reuniões e sociedades espíritas

 

Dando continuidade aos nossos estudos sobre o Livro dos Médiuns, hoje abordaremos o conteúdo da segunda parte das manifestações espirituais, capítulo XXIX- “Reuniões e sociedades espíritas”.

Neste capítulo Kardec nos esclarece sobre pontos importantes das reuniões espíritas.  As reuniões são momentos importantes por permitirem trocas de ideias e estudos entre os encarnados presentes, e entre os encarnados e os espíritos que ali se manifestam. Porém, para que uma reunião ocorra da maneira correta é necessário preparo, tanto do lugar quanto dos médiuns presentes.

Kardec nos apresenta 3 tipos de gêneros de reuniões: as frívolas, experimentais e as instrutivas.

·         Frívolas: Compostas por pessoas que vão a reunião para se divertirem e assistirem ao “show”. Essas reuniões são compostas por leitura da sorte, premonições sobre o futuro, adivinhações. Geralmente os espíritos que se apresentam nessas reuniões são espíritos zombeteiros, que atraídos pela egrégora (energia formada pelo pensamento das pessoas reunidas ali) do lugar, se manifestam para brincarem e se divertirem. As pessoas que frequentem apenas esses tipos de reuniões, não conhecem a verdadeira natureza do mundo espiritual e nem dos espíritos de luz, que se manifestam para ensinar e não para brincar.

·         Experimentais: São reuniões em que o objetivo são as manifestações físicas, sendo elas as manifestações que deram aos crédulos, conhecimento para a descoberta das leis que regem o mundo espiritual. Dessas reuniões, os incrédulos saem mais admirados do que convencidos, procuram explicações palpáveis para os eventos e quando não as encontram, justificam com pretextos. Os crédulos e os que estudam o mundo espiritual, nessas reuniões, são capazes de identificar farsas e mistificações. 

·         Instrutivas: São reuniões as que mais geram conhecimento e devem ser realizadas de maneira muito séria. As pessoas presentes devem se portar  de maneira séria, deve ter pensamentos bons, limpos, focados no trabalho que será realizado. Se os presentes estão maus intencionados, portas se abrem para que espíritos mal-intencionados atrapalhem os trabalhos. Se os presentes não estão abertos para receber o conhecimento passado pelos espíritos de luz, se esperam apenas manifestações como as descritas nas reuniões frívolas, esses espíritos de luz se afastaram e espíritos zombeteiros tomaram conta da reunião.

Na Umbanda essas reuniões podem ocorrer em junção ou separadamente. Há casas em que o estudo é feito antes das consultas, há casas que tem dias específicos para consultas e outros para estudos e há também aquelas casas em que os espíritos zombeteiros já tomaram conta, onde o trabalho feito não é sério, virando uma grande bagunça.



            Em outro ponto, Kardec nos esclarece de que o estudo é de extrema importância para a compreensão e a execução de bons trabalhos espirituais. Um bom médium estuda muito, procura compreender os fenômenos e seus efeitos, assim como pesquisa suas causas, assim ele está preparado para distinguir o que é o trabalho de uma casa séria e o que não o é. O estudo também é poderosa arma contra a obsessão e mistificação de médiuns desinformados, os espíritos trevosos acham passagem fácil na mente desses médiuns, e o deixam cego e mais desinteressado pelos estudos. Quando se tem estudo, o médium pode perceber sinais de que está acontecendo algo de errado e assim procurar ajuda para resolver aquele problema. Há aqueles médiuns também que já estão tão apegados aos espíritos trevosos que não aceitam ajuda, não aceitam esclarecimento de que aquilo faz mal para ele e que a situação deve ser analisada e melhorada.

O médium obsidiado nunca aceita que está obsidiado. Infelizmente existem muitos desses médiuns que não aceitam ajuda por acharem que seus “guias” são muito evoluídos, por acharem que a pessoa que está fazendo a crítica não entende do assunto. Várias casas têm em sua corrente esses médiuns, o que gera trabalhos perigosos e bagunçados, pois os espíritos presentes ali não estão para ajudar e sim para gerar discórdia e bagunça.

Todos somos assistidos por um grupo de espíritos, esses espíritos são atraídos a nós conforme nossos pensamentos e vibrações, somos o que vibramos. Então, se a pessoa vibra raiva, angústia, tristeza, apenas coisas ruins, vai atrair para si espíritos ruins. Se a pessoa vibra positividade, vai atrair para si mais e mais espíritos positivos. Na Umbanda existem momentos, durante as reuniões, em que  determinado espírito negativo que esteja acompanhando a pessoa, vai ser esclarecido e encaminhado, ou seja, a influência daquele espírito sobre aquela pessoa irá cessar. Esse trabalho é feito de acordo com o merecimento da pessoa e do espírito, e também não adianta nada o espírito ser retirado e aquela pessoa continuar com os mesmos pensamentos negativos e estilo de vida negativo, isso só irá atrair novamente mais espíritos negativos.

            Em todas as reuniões tem-se espíritos que aparecem com regularidade, que podem ser chamados de frequentadores habituais, e há também os espíritos protetores. Esses espíritos têm suas ocupações no mundo espiritual e por isso as reuniões devem sempre serem feitas em dias e horários pré-determinados, para que os espíritos possam se organizar para estarem presentes. Aqui observamos a importância do “ponto” (horário pré-estabelecido para que o trabalho se inicie e termine), dentro daquele horário estabelecido os espíritos ficam “à disposição” para nos ajudar, porém quando esse horário termina eles têm outros afazeres e não podem ficar por nossa conta.  Nessa parte, Kardec diz que os espíritos “superiores” não são tão meticulosos com horários, que não se importam em comparecem quando são chamados, desde que se tenha um objetivo, e que pontualidade rigorosa é sinal de inferioridade.

Na Umbanda não concordamos 100% com essa afirmação. Para nós umbandistas, a pontualidade não é sinal de inferioridade, tendo em vista que os espíritos têm outras tarefas a serem feitas no mundo espiritual e não podem dedicar 100% do seu tempo a uma só tarefa. Concordamos que os espíritos podem ser chamados com um objetivo pré-determinado, como uma defumação na casa de algum membro da corrente ou consulente, porém, o horário desses trabalhos também são pré-estabelecidos.

            Em outra parte, Kardec nos fala sobre as sociedades propriamente ditas e sobre os médiuns que devem compor a casa. As casas devem ser compostas por médiuns sérios, compromissados,  dispostos a fazer um trabalho sério, a estudarem e procurarem sempre se blindar contra as más energias e maus espíritos que podem atrapalhar o bom andamento dos trabalhos. O laço que une os médiuns com princípios semelhantes é muito forte, diferente daquele que une um médium desinteressado aos demais, esse laço é fraco e basta uma pequena divergência para que este seja rompido. O médium que não está em vibração similar aos demais irmãos, começa a se incomodar com tudo que acontece na casa, tudo é motivo para reclamação e fofocas, até que esse médium não se sente mais parte do lugar e sai.


A casa que preza pelo estudo e trabalho sério não se desfaz facilmente. Um grupo menor é mais fácil de se ter  pessoas que pensam iguais (tem mais chances de permanecerem sólidas) do que grupos grandes onde são várias pessoas diferentes, com pensamentos diferentes. Na Umbanda temos diversos exemplos de casa com vários anos de funcionamento, que tem uma corrente mediúnica grande, o médium que entra em uma casa deve respeitar e internalizar as regras daquela casa e quando sentir que não se encaixa mais ali, deve sair da mesma maneira que entrou, pela porta da frente. Tudo em nossa vida tem mudanças, nada é constante e não seria diferente com a corrente mediúnica de uma casa. Se a casa tiver fundamentos, estudo e médiuns de cabeça firme, é muito difícil que ela feche, a não ser por ordem espiritual.

             As regras da casa servem para que haja hierarquia e ordem, sem isso, o conflito estaria armado pois cada médium tem uma visão de como os trabalhos devem ser conduzidos, mas quem sabe realmente a melhor forma é o Pai (ou Mãe) de Santo e o Pai ( ou Mãe) Pequeno da casa. Mesmo com regras uma casa pode passar  por problemas pois existem inúmeros espíritos negativos que desejam o fim de uma casa. Se aquela casa trás paz, conhecimento e auxílio para que as pessoas melhorem suas vidas, um espírito negativo vai querer ver seu fim pois assim, sobra mais desespero e desgraça para que ele possa se alimentar desse tipo de energia.

Assim, esses espíritos procuram o elo mais fragilizado da corrente, ou seja, aquele médium que começa a ter dúvidas sobre a casa e sobre os dirigentes e assim vira um alvo fácil para a influência desses espíritos negativos. Esse médium dissemina discórdia e fofocas contaminando outros médiuns e tentando destruir a casa de dentro para fora. Sendo assim, os médiuns devem sempre estarem atentos, ORAI E VIGIAI! O médium que se vê nessa situação, deve fazer uma auto análise de suas ações e sentimentos, assim como procurar ajuda dos dirigentes e guias da casa para que o problema seja solucionado antes que seja tarde demais.

Na última parte do capítulo, Kardec traz o assunto das rivalidades entre as sociedades. Existem inúmeras casas espíritas, assim como terreiros de Umbanda e cada um vai ter sua forma de trabalhar. Algumas casas espíritas focam mais no estudo da doutrina espírita, outras focam mais nos trabalhos mediúnicos, outra nos trabalhos de desobsessão e todas delas estão corretas, não existe uma maneira única e correta de se fazer os trabalhos. Assim como na Umbanda, onde existem diversos terreiros e cada um deles vai ter diferenças entre si.

A única regra universal e obrigatória, tanto para casas espíritas quanto para terreiros de Umbanda é a prática do amor e da caridade, nenhum trabalho deve ser cobrado, nenhum trabalho deve ser feito para ferir o livre arbítrio de outra pessoa, devemos sempre seguir os ensinamentos de Jesus Cristo. Porém, infelizmente, muitas pessoas ainda não entendem isso e continuam com a briga de egos, para saber qual casa é melhor do que a outra, qual casa tem mais fundamentos ou qual casa é a mais bonita e cheia de consulentes. Devemos trabalhar em prol do amor e da caridade, multiplicando as casas que trabalham de verdade.

Layla de Omolu

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Charlatanismo e a trapaça


 Charlatanismo e a trapaça

 

Continuando o estudo sobre o Livro dos Médiuns, hoje vamos falar sobre “Charlatanismo e a trapaça”, assunto abordado no capítulo XXVIII da parte segunda.

Tudo pode se tornar objeto de exploração, não é nada surpreendente que também quisessem explorar os espíritos. Já compreendemos que existem condições necessárias para que uma pessoa sirva de interprete dos bons espíritos, e sabemos das inúmeras circunstâncias que podem afasta-los. Todas as condições morais são capazes de exercer influências sobre as comunicações espíritas.

Sabe-se que o espírito tem aversão a tudo que cheira cobiça e egoísmo, e que não fazem caso com as coisas materiais. Quem admite receber algum retorno financeiro com a presença deles, sabe muito pouco sobre a natureza dos espíritos para acreditar que isso é possível. Mas como existem espíritos levianos, que são menos escrupulosos e, só procuram ocasiões para se divertirem a nossas custas, quando identificam um falso médium, percebem uma porta de entrada.

Médiuns interesseiros não são apenas os que exigem retribuições fixas, o interesse nem sempre se traduz pela esperança de um ganho material, mas também pelas ambições de toda sorte, sobre as quais se fundem esperanças pessoais. É esse um dos defeitos do qual os espíritos zombeteiros sabem muito bem tirar proveito.



            O médium de efeitos físicos, assim como os de comunicações inteligentes, não receberam a seu gosto a mediunidade que possuem. A possuem sob a condição de fazer dela bom uso e se, portanto, dela abusam, pode ser que lhe seja retirado ou que aconteça algo contrário a seu interesse, porque afinal, os espíritos inferiores estão subordinados aos espíritos superiores. Sendo a mediunidade de efeito físico, uma manifestação sem regularidade comparada ao médium escrevente, pretender produzir com dia e hora determinada, é prova da mais profunda ignorância.

O que faz o médium então para ganhar dinheiro? Simulam os efeitos. Atitude essa que, naturalmente vão recorrer não só pessoas que fazem disso seu ofício, mas pessoas aparentemente simples, que acham mais fácil ganhar a vida dessa forma do que trabalhando.

A faculdade mediúnica não foi dada ao homem para ostentá-la nos teatros e feiras e, quem quer que pretenda ter as suas ordens os espíritos para exibir em público, será suspeito de charlatanismo. Assim entenda que todas as vezes que apareçam anúncios de pretendidas sessões de espiritismo ou de espiritualismo, lembre-se de todos os direitos que compram ao entrar. Nosso absoluto desinteresse é o que nos resguarda do charlatanismo, e nos priva dos maus espíritos.

Em resumo a mediunidade é uma faculdade concedida para o bem e os bons espíritos se afastam de quem pretenda fazer dela um degrau para chegar ao que quer que seja. O egoísmo é a doença da sociedade e os bons espíritos a combatem, e ninguém, portanto, tem o direito de supor que eles vêm para servir.

A fraude sempre visa a um fim, a um interesse material qualquer, onde se ganhe alguma coisa. Por isso, se tratando de falsos médiuns, a melhor de todas as garantias é o desinteresse absoluto. De todos os fenômenos espíritas, os que mais prestam a fraude são os fenômenos físicos, por motivos a que convém considerar. Primeiramente, porque impressionam mais a vista do que a inteligência, são os mais fáceis de imitação. Em segundo lugar porque desperta mais a curiosidade das pessoas. Sendo assim os charlatões tem todo o interesse em simular tais manifestações, seus espectadores, na maioria sem conhecer do que se trata, buscam distrações ao invés de instruções serias.



A imitação de todos os fenômenos espíritas não é igualmente fácil. Por isso dizemos que o necessário é observar atentamente as circunstâncias, e o objetivo e interesse que possam ter em enganar. Essa é a melhor de todas as fiscalizações. Em resumo, repetimos que a melhor garantia está na moralidade notória do médium e na ausência de todas as causas de interesse material, ou de amor próprio.

Para nós umbandistas a prática da mediunidade é tratada com muita seriedade, uma frase passada por nossos mentores espirituais que representa muito o assunto abordado hoje, é a seguinte “umbanda é coisa séria, pra gente séria”. É o mesmo que dizer sobre a espiritualidade e tudo que a envolve. Não devemos fingir ou simular e nem obter nada em troca, pois fazendo isso estamos indo contra a moral e ética que nos é ensinada no terreiro e que devemos carregar sempre, pois a umbanda nada mais é do que a prática dos ensinamentos que aprendemos do terreiro.

Sendo a prática do amor e da caridade, se existe cobrança ou simulação de algo que não existe não é amor e nem caridade. Nós, médiuns, não estamos em um terreiro para enganar ninguém e se Deus nos passou tal faculdade é para nos instruir e assim nos ajudar em nossa caminhada para a evolução.

Railany de Xangô

 

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Contradições e mistificações

Contradições e mistificações

 

Hoje iremos continuar com o estudo dos Livros dos Médiuns e abordaremos o capítulo XXVII- “Contradições e mistificações”

O capítulo presente nos traz inúmeras reflexões e ensinamentos sobre a doutrina espírita, nos esclarecendo mais uma vez que os Espíritos não são iguais. Mesmo livres do peso da matéria, tendo acesso à memória espiritual e vivências passadas, cada espírito traz consigo experiências únicas, o que justifica as “contradições”.

Essas contradições são, muitas vezes, relatos individuas de experiências, variando de acordo com o revelador. Essas variações podem ocorrer também por diferenças entre os médiuns, pois o Espirito irá usar das ferramentas disponíveis para transmitir suas ideias. Por variações do ambiente no qual ocorre as comunicações, pela egrégora formada durante a sessão. Não podemos descartar também as contradições provocadas por Espíritos malfeitores, que criam ideias falsas para causar discórdia nas reuniões.

Tomaremos como exemplo uma fala de um espírito no Livro dos Médiuns: “Estudai, comparai, aprofundai. Incessantemente vos dizemos que o conhecimento da verdade só a esse preço se obtém. Como quereríeis chegar à verdade, quando tudo interpretais segundo as vossas ideias acanhadas, que, no entanto, tomais por grandes ideias? Longe, porém, não está o dia em que o ensino dos espíritos será por toda parte uniforme, assim nas minucias, como nos pontos principais. A missão deles é destruir o erro, mas isso não se pode efetuar senão gradativamente”.

Algumas pessoas não tem tempo e aptidões necessária para um estudo aprofundado e sério, o que essas pessoas devem fazer? Praticar e exercitar o bem sempre, uma vez que o bem é essencial e não existem doutrinas para poder ser praticado, o bem é sempre o bem.

Nos esclarecem que os espíritos benfeitores, lidam muitas vezes com o preconceito de forma mais sensível, uma vez que para serem ouvidos precisam seguir a linha de raciocínio daquela pessoa, irá trazer a verdade e acabar com aquele preconceito. De tal maneira que apropriam sua linguagem para falar com determinadas pessoas, sendo assim não irão transmitir a mensagem a um encarnado que vive no oriente, da mesma forma em que fariam a um ocidental. Essa forma de expressar não deve ser confundida com uma contradição e sim uma forma de lidar com certas situações.



Mistificação é um ato de espíritos mal intencionados com intuito de enganar aqueles que lhe dão atenção e ouvidos. Essa é uma das mais fáceis de nos preservar, uma vez que temos que ter fé e sempre manter o raciocínio no bem. A melhor forma de nos protegermos desses espíritos é pedindo apenas o que eles podem nos oferecer e que seja eficiente na nossa evolução espiritual, uma vez que quando pedimos e mentalizamos coisas ruins os espíritos mal intencionados se aproximam para aproveitar dos nossos prazeres humanos.

O objetivo da humanidade é a evolução, sendo assim, se não nos afastarmos desse objetivo não seremos enganados. Tomaremos como exemplo uma passagem do livro: “Os espíritos vos vêm instruir e guiar no caminho do bem e não no das honras e das riquezas, nem vem para atender as vossas paixões mesquinhas. Se nunca lhes pedissem nada de fútil, ou que estejam fora de suas atribuições, nenhum ascendente encontraria jamais os enganadores; donde deveis concluir que aquele que é mistificado só o é porque o merece”.

Há situações em que a pessoa atrai espíritos enganadores com facilidade, isso acontece pelo fato de que esse indivíduo nada pergunta, mas dá ouvidos e interesses no que os enganadores falam, sendo isso o mínimo para que eles se aproximem e enganem essas pessoas. Mesmo as pessoas que não exercem uma religião podem ser enganadas, uma vez que se a fé não estiver sólida qualquer espírito mal intencionado pode aproveitar a situação, por isso devemos manter sempre as orações e as atitudes de boa fé em dia.

As contradições no espiritismo e na umbanda são de certa forma, diferentes, uma vez que são religiões que atuam de forma diferente. Como o nosso objetivo principal é a umbanda, iremos dar maior atenção as contradições que acontecem nas manifestações umbandistas.

Ao conversar com entidades de linhas de trabalho diferentes ou até mesmo da mesma linha, podemos perceber diferenças em seus arquétipos e forma de se expressar, uma vez que cada um possui a sua forma de trabalho. Sendo assim, se fizermos a mesma pergunta para entidades diferentes, iremos obter repostas diferentes, mas a finalidade é a mesma.

As dúvidas podem surgir com as repostas que nos são dadas pelas entidades, mas devemos separar as dúvidas das contradições, uma vez que para diferenciar o erro da verdade deve-se ter o estudo e a meditação do que nos foi passado, para que o entendimento da mensagem seja de suma consciência e compreensão.

Quanto as mistificações, temos uma pequena variação entre a doutrina Kardecista e a Umbandista que praticamos. A mistificação na Umbanda se relaciona principalmente com médiuns enganadores, que se dizem incorporados por guias muitas vezes com nomes fortes, famosos... Na mistificação não existe guia acompanhando o médium, ele é dominado pelo ego e pela vaidade, e tem plena consciência disso.

Espero ter ajudado nos seus estudos!

Axé

Lívia de Obaluaê

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Perguntas que podem ser feitas aos espíritos

Perguntas que podem ser feitas aos espíritos

 

Na sequência de nosso estudo do Livro dos Médiuns, falaremos agora das informações contidas no capítulo XXVI da segunda parte – “Perguntas que podem ser feitas aos espíritos”

Somos orientados pelos Espíritos reveladores a sempre nos prepararmos para as conversas que teremos com o plano espiritual, devendo sempre ter uma linha de raciocínio traçada e não fazer perguntas aleatórias, sem uma sequência. Quando elaboramos antes as perguntas e meditamos a cerca delas, estamos fazendo uma espécie de evocação, atraindo para próximo de nós os bons Espíritos que nos acompanham. Não é raro nesses casos que logo no início das comunicações as perguntas sejam respondidas de forma espontânea pelo Espírito, pois ele estava presente no momento em que foram idealizadas.

Sobre o conteúdo das perguntas, somos informados que os bons Espíritos sempre estarão dispostos a nos atender prontamente, desde que o intuito das comunicações seja digno, desde que não sejam perguntas vazias que não irão contribuir para a evolução dos presentes.

Apesar de muitas das dúvidas serem solucionadas de maneira espontânea, é de grande valia que os médiuns presentes façam perguntas para que o desenvolvimento da comunicação seja mais proveitoso. As respostas a essas perguntas são fundamentais para desmascarar possíveis espíritos malfeitores.



Ao serem questionados quanto a perguntas sobre o futuro, nos esclarecem que “Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria o presente”. Nos explicam ainda que não existe um futuro rígido, engessado, o que existem são possibilidades. Se algo sobre o futuro for revelado ao médium, isso ocorre para que ele tire algum aprendizado importante do fato. Nos orientam a sempre desconfiar de Espíritos que fazem inúmeras revelações sobre o futuro, com data e hora marcada, pois muitas vezes se tratam de espíritos zombeteiros.

Kardec pergunta sobre as existências passadas, se os encarnados poderiam ter algum tipo de revelação sobre elas. Somos então esclarecidos que, em algumas situações, sim isso pode ocorrer, mas sempre com o intuito de instruir, de trazer o conhecimento necessário para a vida do médium.

Quanto as existências futuras, essas não nos são reveladas, pois estamos em processo constate de mudanças e evolução, várias novas possibilidades são formadas a todo momento. Sobre perguntas relacionadas a tesouros ocultos, somos advertidos que essas comunicações são feitas por Espíritos brincalhões, espíritos elevados não se ocupam com tais assuntos. Nos dizem ainda que alguns desencarnados podem “proteger” algumas fortunas e tesouros, mas isso se deve a avareza mostrada em vida, quando tomam consciência de que estão apenas desperdiçando o próprio tempo, abandonam o local.

Revelações sobre a natureza do sofrimento ou felicidade do desencarnado poderão sempre ser descritas, pois dessa forma os encarnados poderão ter um pouco mais de compreensão, agregando mais conhecimento.

Os Reveladores nos dizem que quando é chegada a hora de grandes descobertas, bons Espíritos encontram o homem capaz de conduzi-la e lhe inspiram as ideias necessárias.

Nossos Espíritos familiares sempre virão em nosso auxílio quando solicitados seus conselhos. Mas que fique claro que não irão caminhar por nós, irão nos auxiliar e incentivar, nos dar força para seguir no caminho.

Após analisar os ensinamentos contidos no capítulo, é possível observarmos diversas semelhanças entre o Espiritismo e a Umbanda que praticamos em nossa casa. Os guias que nos acompanham sempre estarão dispostos a responder nossas perguntas e questionamentos sobre os mais diversos temas, questionamentos feitos de coração, sem ego e sem vaidade sempre irão produzir bons frutos.

Por mais rasa que uma pergunta possa parecer para um médium, ela poderá trazer grandes ensinamentos para outros. Em resumo, todas as comunicações possuem a finalidade de melhorar, de auxiliar o desenvolvimento espiritual. Se a informação solicitada não for agregar informações úteis para esse fim, não há motivos para nos revelarem naquele momento.

Nunca estamos sozinhos, nossos guardiões estão sempre conosco.

Pedro” de Xangô e Larissa de Iansã