Orixá Omolu
Muitas dúvidas surgem quando o
assunto é Omolu, a principal delas é se Obaluaê e Omolu são o mesmo Orixá, na
doutrina seguida pela nossa casa, são cultuados como divindades diferentes. A
história a seguir foi contada pelo Preto Velho Pai João de Aruanda e nos ajuda
a compreender as diferenças entre os dois Orixás:
“Certo dia Obaluaê resolveu deixar a
ilha onde morava para viajar pelo mundo e adquirir conhecimento. Ele rodou o
mundo todo, conheceu todas as doenças do corpo físico e a cura para cada uma
delas, tornando-se o senhor da vida. Quando já era mais velho, foi até Olorum pedir
permissão para andar pelo mundo espiritual e adquirir novos conhecimentos, uma
vez que já havia obtido todo conhecimento possível sobre as enfermidades do mundo
físico. Olorum atendeu ao pedido e, de Obaluaê criou Omolu, feito à imagem de
um ancião, para que esse pudesse ser enviado ao plano espiritual e adquirir
todo conhecimento acerca das doenças e curas espirituais, tornando-se o senhor
da morte.”
Os orixás são energias divinas que
se manifestam na natureza e apesar de Obaluaê e Omolu terem energias similares,
não são iguais. É comum que essa confusão aconteça, pois, o físico e o
espiritual coexistem, porém em planos diferentes. Imagine uma linha com duas
figuras, uma caminhando na parte de cima e outra na parte de baixo, como um
reflexo. A imagem da parte superior da linha é Obaluaê (no plano físico) e a
imagem na parte inferior, como se andasse de cabeça para baixo, é Omolu (no
plano espiritual). Dessa forma, quando uma pessoa adoece fisicamente, o
espiritual dela também é afetado e vice versa. Assim como Obaluaê, Omolu também é
temido por muitos pelo fato de ser conhecido como o Orixá da morte, porém esse
medo é equivocado já que uma divindade não traz a doença ou a morte por
maldade, mas para a evolução caso seja necessário.
Na nossa doutrina Omolu atua como
Orixá absorvedor na sétima linha, a linha da geração, onde polariza com
Iemanjá, Orixá irradiador. É um Orixá cósmico, negativo, absorvedor e está
ligado ao chakra básico. Omolu não representa somente a morte física, mas sim a
morte relacionada aos sete sentidos da vida (fé, amor, conhecimento, justiça,
lei, evolução e geração) para que a partir dela, novas ideias possam ser
geradas. Ele termina um ciclo para que Iemanjá possa criar outro, paralisa as
criações em desequilíbrio, impedindo seu progresso. Tudo que tem fim
relaciona-se a essa divindade.
Omolu tem sob seu domínio espíritos
que auxiliam no momento do desencarne, desatando os fios de agregação
astral-físico que ligam o espírito ao corpo material. Tais espíritos, dentre
outras funções, são diretamente responsáveis pelos sítios pré e pós morte
física (hospitais, cemitérios, necrotérios, etc.), envolvendo estes lugares com
poderoso campo de força fluídico-magnético, a fim de não deixarem que espíritos
negativos se aproveitem da energia daqueles que estão em processo de passagem
para o plano espiritual.
Omolu rege a linha dos Exus e
Pombogiras, seu ponto de força é a calunga pequena (cemitério) e sua saudação é
“Atotô”. Carrega o Xaxará (cetro feito de palhas da costa e enfeitado com
búzios) como instrumento de poder, limpando os ambientes e as pessoas de
qualquer doença ou impureza espiritual, além de encaminhar os espíritos
perdidos para um local apropriado. É
sincretizado com São Lázaro, sua data comemorativa é o dia 16 de agosto e o dia
da semana é a segunda-feira. Em nossa doutrina usamos a cor palha para
cultuá-lo (cor da casca de milho seca). A oferenda para Omolu é a pipoca
estourada com azeite de dendê ou na areia da praia, o momento da oferenda deve
ser de extremo silêncio e concentração, demonstrando todo o respeito por esse
grande orixá. A oferenda pode ser arriada no chão do cemitério.
Os filhos de Omolu levam suas
empreitadas até o fim, não importando o preço que irão pagar e querem sempre
que tudo saia do jeito que planejaram. São teimosos, muito sinceros e não levam
desaforo para casa. Apreciadores das artes que envolvem o misticismo, magia e
cura. Costumam apresentar pensamentos pessimistas e são introvertidos, pois
sentem necessidade de estarem sozinhos, em silêncio com seus próprios
pensamentos, uma vez que seu desenvolvimento pessoal depende disso. São calmos
(as), estudiosos (as) e misteriosos (as).
Geralmente os filhos desse Orixá
apresentam problemas de pele e/ou articulações, nunca adoecem ou adoecem com
frequência e se recuperam rápido. São pessoas doces, apesar de não transparecer
com facilidade. Costumam optar por profissões relacionadas a área da saúde, em
que poderão ajudar o próximo. São extremamente prestativos, trabalhadores e
caridosos, capazes de doar até mesmo a roupa do corpo para ajudar alguém.
Layla de Omolu
Nenhum comentário:
Postar um comentário