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terça-feira, 21 de julho de 2020

Orixá Omolu


Orixá Omolu


            Muitas dúvidas surgem quando o assunto é Omolu, a principal delas é se Obaluaê e Omolu são o mesmo Orixá, na doutrina seguida pela nossa casa, são cultuados como divindades diferentes. A história a seguir foi contada pelo Preto Velho Pai João de Aruanda e nos ajuda a compreender as diferenças entre os dois Orixás:
            “Certo dia Obaluaê resolveu deixar a ilha onde morava para viajar pelo mundo e adquirir conhecimento. Ele rodou o mundo todo, conheceu todas as doenças do corpo físico e a cura para cada uma delas, tornando-se o senhor da vida. Quando já era mais velho, foi até Olorum pedir permissão para andar pelo mundo espiritual e adquirir novos conhecimentos, uma vez que já havia obtido todo conhecimento possível sobre as enfermidades do mundo físico. Olorum atendeu ao pedido e, de Obaluaê criou Omolu, feito à imagem de um ancião, para que esse pudesse ser enviado ao plano espiritual e adquirir todo conhecimento acerca das doenças e curas espirituais, tornando-se o senhor da morte.”
            Os orixás são energias divinas que se manifestam na natureza e apesar de Obaluaê e Omolu terem energias similares, não são iguais. É comum que essa confusão aconteça, pois, o físico e o espiritual coexistem, porém em planos diferentes. Imagine uma linha com duas figuras, uma caminhando na parte de cima e outra na parte de baixo, como um reflexo. A imagem da parte superior da linha é Obaluaê (no plano físico) e a imagem na parte inferior, como se andasse de cabeça para baixo, é Omolu (no plano espiritual). Dessa forma, quando uma pessoa adoece fisicamente, o espiritual dela também é afetado e vice versa. Assim como Obaluaê, Omolu também é temido por muitos pelo fato de ser conhecido como o Orixá da morte, porém esse medo é equivocado já que uma divindade não traz a doença ou a morte por maldade, mas para a evolução caso seja necessário.


            Na nossa doutrina Omolu atua como Orixá absorvedor na sétima linha, a linha da geração, onde polariza com Iemanjá, Orixá irradiador. É um Orixá cósmico, negativo, absorvedor e está ligado ao chakra básico. Omolu não representa somente a morte física, mas sim a morte relacionada aos sete sentidos da vida (fé, amor, conhecimento, justiça, lei, evolução e geração) para que a partir dela, novas ideias possam ser geradas. Ele termina um ciclo para que Iemanjá possa criar outro, paralisa as criações em desequilíbrio, impedindo seu progresso. Tudo que tem fim relaciona-se a essa divindade.
            Omolu tem sob seu domínio espíritos que auxiliam no momento do desencarne, desatando os fios de agregação astral-físico que ligam o espírito ao corpo material. Tais espíritos, dentre outras funções, são diretamente responsáveis pelos sítios pré e pós morte física (hospitais, cemitérios, necrotérios, etc.), envolvendo estes lugares com poderoso campo de força fluídico-magnético, a fim de não deixarem que espíritos negativos se aproveitem da energia daqueles que estão em processo de passagem para o plano espiritual.
            Omolu rege a linha dos Exus e Pombogiras, seu ponto de força é a calunga pequena (cemitério) e sua saudação é “Atotô”. Carrega o Xaxará (cetro feito de palhas da costa e enfeitado com búzios) como instrumento de poder, limpando os ambientes e as pessoas de qualquer doença ou impureza espiritual, além de encaminhar os espíritos perdidos para um local apropriado.   É sincretizado com São Lázaro, sua data comemorativa é o dia 16 de agosto e o dia da semana é a segunda-feira. Em nossa doutrina usamos a cor palha para cultuá-lo (cor da casca de milho seca). A oferenda para Omolu é a pipoca estourada com azeite de dendê ou na areia da praia, o momento da oferenda deve ser de extremo silêncio e concentração, demonstrando todo o respeito por esse grande orixá. A oferenda pode ser arriada no chão do cemitério.


            Os filhos de Omolu levam suas empreitadas até o fim, não importando o preço que irão pagar e querem sempre que tudo saia do jeito que planejaram. São teimosos, muito sinceros e não levam desaforo para casa. Apreciadores das artes que envolvem o misticismo, magia e cura. Costumam apresentar pensamentos pessimistas e são introvertidos, pois sentem necessidade de estarem sozinhos, em silêncio com seus próprios pensamentos, uma vez que seu desenvolvimento pessoal depende disso. São calmos (as), estudiosos (as) e misteriosos (as).
            Geralmente os filhos desse Orixá apresentam problemas de pele e/ou articulações, nunca adoecem ou adoecem com frequência e se recuperam rápido. São pessoas doces, apesar de não transparecer com facilidade. Costumam optar por profissões relacionadas a área da saúde, em que poderão ajudar o próximo. São extremamente prestativos, trabalhadores e caridosos, capazes de doar até mesmo a roupa do corpo para ajudar alguém.

Layla de Omolu

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