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quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Marinheiros

 Marinheiros

A linha dos marinheiros possui ampla atuação na Umbanda, possuindo um arquétipo inconfundível. Se apresentam como marujos, marinheiros, pescadores, canoeiros, também conhecidos como povo d'água. São regidos por Iemanjá, a senhora dos mares, da água salgada, da calunga grande. A grande mãe, geradora de toda vida. Das grandes travessias, as grandes rotas, o mercantilismo náutico. 
Já pensou  que seria o mundo sem as grandes navegações? Não me refiro apenas às grandes navegações responsáveis por vários processos de colonização e comércio mas, também, as navegações regionais entre colônias, entre aldeias, entre povos ribeirinhos, à navegação para caça e subsistência. Essa falange nos traz a força e a esperança das chegadas e partidas, dos encontros e desencontros. Quando um navegante parte, ele não sabe o que lhe aguarda, não sabe quando ou mesmo se irá regressar. Pode partir para trazer alimento, levando todo respeito de seu povo e voltar sem nada.
O Navegante não possui controle sobre o clima, sobre as marés e correntezas, deve se preocupar apenas com seu barco, e confiar na sua tripulação. Confiar que cada um é capaz de fazer aquilo que lhe foi atribuído, seja limpar o convés, preparar o alimento ou limpar as armas. Em um navio não existe uma função mais digna ou mais importante que a outra, assim como em um terreiro de Umbanda.
Se guiam pelas estrelas, pelas constelações e pela lua. Se movimentam de acordo com os ventos e as correntes. E se o vento não soprar, se não encontrarem um correnteza, se o mar ficar “calmo de mais", o tempo passar, a água e o alimento acabarem? O sol escaldante, a tentação em beber a água do mar e temos a combinação perfeita para o começo da “história de pescador". Alguém ouviu o canto da sereia, terra à vista, os monstros marinhos. Será que são reais? Nessas situações o que resta é a fé nos dias melhores.
A falange dos marinheiros nos ensina a não desistir e estarmos preparados para as “viradas de vento" e para entrar ou sair da corrente. Devemos sempre estar prontos para levantar ou virar a vela quando o vento chegar.

A falange dos marinheiros nos ensina a não desistir e estarmos preparados para as “viradas de vento" e para entrar ou sair da corrente. Devemos sempre estar prontos para levantar ou virar a vela quando o vento chegar.

Outro fator muito importante é o conhecimento que esses espíritos trazem, devido ao contado com tantos povos, tantos lugares, tantas culturas. Mas nem tudo são flores. Os portos, locais de embarque e desembarque de pessoas e mercadorias, local de circulação de muito dinheiro, também traz seus perigos. Geralmente possuem muitas pessoas em situações complicadas, desabrigadas, abandonadas, que acabam cometendo abusos ou sendo abusadas das mais diversas formas.
Mar calmo não faz bom marinheiro, já dizia o ditado. Aguente as tempestades da vida, esteja preparado para levantar a vela quando a hora chegar, aprenda a hora de chegar e partir, e confie nas estrelas, no alto, pra lhe guiar.

Pedro Maciel .’. de Xangô



terça-feira, 16 de setembro de 2025

Oração a Oxóssi

 Oração a Oxóssi

Salve o senhor das matas, grande Odé, que me ensina todos os dias que a verdadeira prosperidade não é dinheiro e sustento.
Que assim como a flecha, que só atinge o seu alvo quando é puxada para trás, eu entenda que recuar também é avançar pois, na jornada da vida, o caminho não segue em linha reta e, nossas quedas e pausas, muitas vezes, são o impulso necessário para alcançar nossos objetivos.
Grande pai, que eu não me esqueça da força da natureza, que também está dentro de mim, e como a planta que deve ser regada, eu possa dia após dia, buscar fortalecer essa conexão, pois as matas nos trazem um convite à paciência, ao autoconhecimento e à renovação.
Mestre da precisão, que não atira sua flecha em vão, me guie com a sabedoria do caçador, que aprende a escutar a floresta, sentir o seu ritmo, respeitar o tempo certo da caça e, se preciso, recomeçar. Pois assim é o recomeço: um passo dado com sabedoria.
Que o conhecimento faça parte da minha jornada, e que eu jamais o use apenas em benefício próprio, para servir meu orgulho ou para ferir alguém. Pois todo conhecimento é prosperidade, e a fartura deve sempre alimentar o espírito.
Oxóssi, que sua flecha me mostre sempre a direção, me dando coragem de seguir adiante e me mostrando que cada tentativa é um aprendizado, e cada movimento carrega a sabedoria do que foi vivido antes.
Que eu tenha respeito pelas matas do meu ser, e que assim como o caçador, que estrategicamente planeja seus passos, eu saiba entrar e sair da floresta.
Que a luz de sua força brilhe sempre no meu caminhar, me dando discernimento e sabedoria. Que a disciplina esteja presente em minha vida, mostrando sempre que é preciso persistir, assim como as raízes que se mantêm vivas, prontas para renascer, mesmo após a árvore ser cortada.
Salve Oxóssi, que me direciona!


Camila de Iemanjá



segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Orixá Ogum

 Orixá Ogum

Uma lenda (Itás) conta sobre a criação da Terra (Ayé), o grande criador de tudo, pediu à Oxalá para que levasse areia para o espaço que deveria ser criado o planeta, que até então continha apenas água. Algumas versões desta lenda citam que primeiramente Olorum enviou Ogum, mas especificamente Ogum de Ronda, para que pudesse avaliar o terreno e garantir a segurança do local.

Orixá guerreiro, forte, de temperamento explosivo. Conhecido por ser o orixá da metalurgia, dos caminhos, da tecnologia e da agricultura. Ogum é irradiador, mas o que isso significa? Um orixá irradiador expande a virtude que carrega com sigo, em todas as linhas de atuação (Fé, amor, conhecimento, justiça, lei, geração e evolução). Ogum então deve possuir um senso implacável da Lei não é mesmo? Sim, isto é uma verdade, mas não chegou nesse local do panteão iorubá atoa. 

Outro itá, conta que após retornar para sua vila de uma caçada esperava ser recebido com muita festa, reverências e adoração porém isto não ocorreu, pelo contrário. Ao retornar para vila todos ficaram em absoluto silêncio com a chegada de Ogum... Ele ficou furioso porque aquela atitude era uma enorme falta de respeito, em um ato de impulsividade, dizimou todos os moradores da aldeia. Perguntou ao último aldeão o motivo do silêncio e este o lembrou que aquele dia, era um dia devocional estabelecido em homenagem à Ogum, onde todos ficavam em silêncio em respeito à sua pessoa.

        Ogum matou a todos de forma injusta, por obedecerem a lei por ele criada. Coberto de remorso, cravou sua espada no chão com toda sua força e seu coração. Neste momento Olorum o fez ORIXÁ. Assim Ogum se tornou o guardião da Lei. Quer dizer que os filhos de Ogum possuem uma bússola moral perfeita, correto? Na verdade não é bem assim. O Orixá vem para ensinar, ensinar aos encarnados sobre a impulsividade e a consequência de seus atos, ensinar que a lei dos filhos de terra não é a mesma Lei Divina e que fazemos de um todo, porém não sabemos tudo. Não temos capacidade para julgar certo e errado.  
        Ogum mostra as dificuldades que os encarnados possuem em lidar com as leis criadas por eles, tanto pelos homens em geral, quanto pelo próprio indivíduo, aquelas leis e crenças que tomamos como verdade e não desapegamos. 
        Os filhos de Ogum devem aprender a controlar a impulsividade e não alimentá-la. Por essas características, os escravos trazidos pelo Brasil viram muita semelhança com São Jorge, o santo guerreiro, que vence o dragão e as guerras. Que abre os caminhos e traz consigo as espadas. 

Seu dia é comemorado em 23 de abril e seu dia da semana é a terça feira. Existem diversas qualidades de Ogum, que são entrecruzamentos com as virtudes regidas por outros Orixás. O culto a estas qualidade do orixá guerreiro é amplamente explorada no Candomblé, a Umbanda agrupa essas qualidades de acordo com as características arquetípicas. Sua saudação principal é Ogunhê, que expressa força , respeito e devoção.

Pedro Maciel .’. de Xangô





quinta-feira, 11 de setembro de 2025

A linha dos boiadeiros na Umbanda

 A linha dos boiadeiros na Umbanda

O arquétipo do boiadeiro na Umbanda é uma figura que traz consigo a imagem de um trabalhador do campo, forte, destemido e sábio, cuja relação com a terra e com o gado simboliza resistência e proteção. Representando a figura do homem simples, porém imensamente capacitado pela experiência de vida rural, o boiadeiro é uma presença que exala autoridade, mas também compaixão, sendo visto como um guia protetor, especialmente nas áreas espirituais. Em suas manifestações, o boiadeiro evoca valores de força, trabalho árduo e liderança, sendo um elo entre o plano físico e o espiritual.
Esse arquétipo traz consigo várias figuras que refletem tanto as qualidades e características do boiadeiro quanto o ambiente rural e o vínculo com o trabalho no
campo. Algumas dessas figuras incluem o próprio boiadeiro simbolizado como alguém que, através de sua vida de esforço e dedicação, adquire sabedoria e habilidade para guiar os outros. O vaqueiro que é uma figura tradicional do sertão, muitas vezes retratado como alguém que percorre grandes distâncias e enfrenta desafios no campo com coragem e determinação. E a Amazona ligada ao arquétipo da mulher guerreira, forte, destemida e independente, que representa a força feminina e a proteção.
Os boiadeiros, tanto no contexto simbólico da Umbanda quanto na vida real, utilizam alguns utensílios que refletem sua relação com o campo, o gado e o trabalho árduo. Esses utensílios têm grande carga simbólica e são usados nas suas manifestações para mostrar sua habilidade, autoridade e conexão com a terra.

Alguns dos principais utensílios associados aos boiadeiros são:

Chicote: Utilizado para conduzir o gado, no plano espiritual, pode representar a força de comando e a autoridade do boiadeiro, além de ser um símbolo de proteção. Sua manifestação durante as incorporações de boiadeiros é um sinal de disciplina e controle sobre as energias que necessitam ser direcionadas de maneira firme e eficaz.

Bastão ou Vara: Utilizado tanto para dirigir os animais quanto para garantir a ordem nas atividades do campo. O bastão simboliza a firmeza, o equilíbrio e a liderança, com a função de manter a harmonia e garantir a proteção daqueles sob sua orientação.

Laço: O laço representa a habilidade de guiar e trazer de volta à ordem o que está fora de controle. Ele também pode simbolizar o poder de amarrar energias negativas, afastando o que é prejudicial e trazendo harmonia.

Chapéu de couro: O chapéu de couro remete à cultura do interior e ao trabalho árduo dos boiadeiros no campo. Nas incorporações espirituais, o chapéu pode indicar que o espírito incorporado é de um boiadeiro e que traz consigo a energia do campo, com sua força e sabedoria.

Em suma, os boiadeiros trazem consigo uma energia de firmeza e orientação, não apenas para guiar o gado, mas também para guiar os consulentes que os procuram. Eles são protetores, líderes e símbolos de coragem, sempre prontos para lidar com as dificuldades da vida com sabedoria. A presença do boiadeiro na Umbanda, portanto, é um reflexo da força, da sabedoria e da proteção que ele oferece aos que buscam sua orientação.

Natália de Iemanjá


terça-feira, 9 de setembro de 2025

Ogum: O Orixá da guerra, do ferro e da proteção

 Ogum: O Orixá da guerra, do ferro e da proteção

Ogum é um dos mais poderosos e respeitados Orixás, especialmente no Candomblé e na Umbanda. Ele é o senhor dos metais, da guerra e da tecnologia, representando a força, a coragem e a determinação inabalável diante dos desafios da vida. Como guerreiro incansável, Ogum simboliza a luta pela justiça, abrindo caminhos e protegendo aqueles que pedem por sua ajuda.
Nas tradições iorubás, Ogum é associado ao ferro e às ferramentas que moldam o mundo, desde armas de combate, ferramentas agrícolas e a tecnologia. Ele é visto como aquele que desbrava territórios, rompendo obstáculos e garantindo progresso. Sua cor tradicional é o azul-escuro ou o verde (a depender da casa), e seu principal símbolo é a espada, representando sua natureza de combate e sua prontidão para defender seus filhos espirituais.
No Brasil, Ogum foi sincretizado com São Jorge (Sudeste e Sul do Brasil) e São Sebastião (Nordeste e parte do Norte), onde a devoção ao santo cristão se misturou com as tradições africanas já trazidas pelos povos escravizados. Assim como São Jorge é visto como um cavaleiro valente, Ogum é o defensor daqueles que enfrentam batalhas diárias, seja na vida pessoal, profissional ou espiritual.


        Quem tem Ogum como Orixá sente sua energia na determinação para conquistar objetivos e na resiliência para superar dificuldades. Ele inspira coragem para enfrentar adversidades, ensina a arte da estratégia (não apenas a força, mas a estratégia, conhecimento e inteligência emocional), e a necessidade de manter-se firme diante dos desafios. Sua saudação é a expressão “Ogunhê!”, que significa “Salve Ogum” ou “Viva Ogum”, quando você o saúda está reconhecendo a força desse orixá e se conectando com sua vibração guerreira.
        Os seus filhos são pessoas consideradas determinadas, corajosas e de espírito guerreiro, com personalidade forte e grande capacidade de enfrentar os desafios. Assim como seu orixá regente, eles não fogem de desafios e possuem uma força interior que os impulsiona a seguir em frente, mesmo diante das dificuldades. São aqueles que lutam pelo que querem, muitas vezes de forma acirrada, sem medir esforços para alcançar seus objetivos. Seus maiores desafios são controlar a impulsividade, agir com mais paciência, ser muito exigente consigo, ter necessidade de liderança.
            Ogum é muito mais do que um Orixá guerreiro, é símbolo do progresso, trabalho árduo e da fé inabalável na própria capacidade de vencer. Para aqueles que o seguem, Ogum é a luz que ilumina os caminhos, a espada que corta os males e a mão forte que protege nos momentos de necessidade. Ser um filho de Ogum é carregar dentro de si a essência de um guerreiro espiritual. Mesmo diante das maiores dificuldades, seguem em frente, pois tem a certeza de que nenhuma batalha é maior que a força que carregam consigo.
Erika de Ewá



segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Evolução espiritual

 Evolução espiritual

A evolução espiritual é um caminho de autoconhecimento e transformação. Refere-se ao processo contínuo de crescimento e aprimoramento da consciência e do ser interior, muitas vezes ligado ao desenvolvimento de uma compreensão mais profunda de si mesmo, do mundo ao seu redor e de aspectos transcendentais da vida, uma vez que todos esses aspectos se relacionam.
Esse conceito pode ter diferentes significados dependendo da perspectiva  que se adote, mas, de maneira geral, envolve a jornada do indivíduo em direção a um estado mais elevado de harmonia, sabedoria e conexão com algo maior do que o ego ou a identidade limitada.

A evolução espiritual também está relacionada à ideia de um propósito maior ou divino, ao qual os indivíduos se alinham à medida que se aproximam de sua verdadeira essência ou da experiência da unidade com o todo. É um processo que transcende a vida atual, pois o espírito evolui por meio de múltiplas encarnações, experiências e aprendizados, portanto, é uma jornada contínua.

Existem práticas que podem auxiliar no processo de evolução espiritual, como a meditação, o cultivo da compaixão, a busca pela verdade interior, o desapego dos desejos materiais, a caridade e a transcendência das limitações do ego. 

A medida que evoluímos espiritualmente, desenvolvemos internamente e passamos a buscar uma maior conexão com a essência divina, além de compreendermos melhor a interconexão entre todas as coisas, promovendo um equilíbrio entre o mundo material e o espiritual.

Larissa de Iansã


quinta-feira, 4 de setembro de 2025

O fumo e a bebida na Umbanda

 O fumo e a bebida na Umbanda

Em um show de comédia stand up, o humorista Márcio Donato brinca sobre a primeira vez que foi em um terreiro de Umbanda dizendo que achou seu lugar, um lugar atabaque, bebidas e fumos... Era uma verdadeira festa. Em contrapartida, algumas pessoas que chegam pela primeira vez em uma casa de Umbanda, e observam os guias utilizando cachaça, whisky, cigarro, charuto, associam com coisas mundanas e viciosas, não retornando mais.
Mas por que isso acontece, por que algumas linhas utilizam esses instrumentos para seus trabalhos? O preconceito, senso comum e a ignorância nos fazem acreditar em duas respostas principais: Não existem espíritos ali, sendo charlatanismo e enganação, ou os espíritos ali são de alcoólatras, vagabundos…
Nenhuma das respostas do parágrafo anterior está correta. As bebidas e o fumo, seja ele através de charuto, cigarro de papel, cigarro de palha, possuem várias funções entre elas a de proteção. Os guias espirituais utilizam energia presentes nas ervas utilizadas, nos elementos da bebida, no fogo e magnetizam a essência dos elementos, protegendo assim o médium, os cambones e os consulentes. Podem fazer uma cortina de fumaça para levar a mente do consulente em viagens astrais em seu subconsciente, acessando locais ou memórias que serão importantes para o atendimento. A fumaça quando soprada com o cachimbo invertido vem carregado com a força daquele guia para aquele trabalho

O álcool é amplamente utilizado por ser extremamente volátil, podendo ser transmutado. Durante o processo de incorporação o médium doa muita energia física e espiritual para o trabalho, o guia utiliza a volatilidade da  bebida alcoólica para transmutar a energia disponibilizando auxílio  e proteção para o “cavalo".

A bebida e o fumo podem também ser utilizados como “iscas". Por serem elementos relacionados a abusos e vícios carnais, vários espíritos que estão mais densos, ainda muito ligados em suas vidas terrenas, acabam tendo atração por esses elementos, sendo mais fácil chegar até eles para que possam receber auxílio e serem encaminhados para o local adequado.

Mas e se o médium não consumir bebida alcoólica, seja por escolha ou por necessidade, o guia irá obrigá-lo a beber? Não, neste caso o fato deve ser comunicado ao guia chefe da casa, para que a situação possa ser adaptada, podendo ser feita outra bebida, ou até mesmo a utilização de outro instrumento de trabalho. No entanto, o gasto energético nessas situações será maior. Pra tudo na vida (e na morte) tem um jeito.

Pedro Maciel .’. de Xangô


terça-feira, 2 de setembro de 2025

Domine sua mente

 Domine sua mente

O domínio da mente é um dos pilares para ser um médium equilibrado e preparado. Ele permite que as incorporações sejam mais autênticas, evitando mistificações e protege contra influências espirituais negativas. O desenvolvimento vem com a prática, a disciplina e o desejo sincero de servir à  espiritualidade com humildade e responsabilidade. Esse domínio dentro da Umbanda é um aspecto essencial para o desenvolvimento mediúnico e espiritual. Ele envolve o controle dos pensamentos, emoções e da própria percepção mediúnica para garantir que as incorporações e mensagens espirituais sejam mais fiéis e equilibradas. 
Na Umbanda, o médium é um intermediário entre os planos espiritual e material. Sem um bom domínio da mente, ele pode sofrer influências negativas, misturar conteúdos próprios com a comunicação da entidade ou até mesmo desenvolver um ego inflado, achando que o poder vem dele e não dos guias espirituais. Além disso, o terreiro é um ambiente de alta energia, onde diferentes vibrações espirituais circulam. 
Um médium sem controle mental pode absorver energias negativas e se sentir mal após os trabalhos, distorcer as mensagens das entidades, confundir percepções espirituais com criações do subconsciente e até mesmo ser facilmente influenciado por obsessores ou espíritos zombeteiros.
Ao controlar a mente, o médium consegue comunicar-se com o guia de forma mais clara, diferenciando seus pensamentos dos pensamentos de outros espíritos,   afastando-se de espíritos perturbadores. Para evitar interferências e garantir uma boa sintonia, o médium precisa desenvolver seu domínio mental através de práticas.
O médium deve manter pensamentos positivos e evitar padrões mentais destrutivos, como medo, insegurança e orgulho. Isso ajuda a atrair apenas entidades de luz e bloquear energias negativas. Exercícios de foco e atenção ajudam o médium a perceber melhor a vibração da entidade e a não se deixar levar por distrações. Práticas como respiração consciente e visualização são úteis. Emoções descontroladas, como raiva, tristeza ou ansiedade, podem interferir na mediunidade. O médium precisa aprender a separar seus sentimentos pessoais da energia das entidades.
Durante a incorporação, o médium deve permitir que a entidade se manifeste sem forçar ou interferir. Mas ao mesmo tempo, precisa manter um nível de atenção para evitar excessos ou exageros. Conhecer as próprias fragilidades ajuda a evitar que o médium projete suas inseguranças na mediunidade. Terapia, meditação e reflexão podem auxiliar nesse processo.
Quanto mais o médium entende sobre a espiritualidade e as linhas de trabalho da Umbanda, menos dúvidas terá durante as incorporações. O estudo fortalece a fé e melhora a sintonia com os guias.
Um médium que se sente superior aos outros pode começar a inventar mensagens ou agir de forma teatral. O verdadeiro médium sabe que é apenas um canal e mantém a humildade. O controle mental não deve ser praticado apenas dentro do terreiro, mas na vida cotidiana. O médium deve evitar ambientes e hábitos que possam prejudicar sua vibração, como o excesso de negatividade e reclamações, o uso excessivo de álcool ou drogas, que afetam a mediunidade, e relacionamentos tóxicos que sugam sua energia, e a falta de fé e dúvidas constantes sobre o trabalho espiritual.
 Tauhane de Oxum




segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Arquétipo Boiadeiro

Arquétipo Boiadeiro

O arquétipo do Boiadeiro está profundamente enraizado na cultura brasileira, especialmente nas tradições espirituais como na Umbanda. Representa figuras rústicas, fortes e corajosas, ligados à vida no campo, à lida com o gado e à vida simples, mas cheia de sabedoria e respeito pela natureza.
Na espiritualidade, os Boiadeiros são conhecidos por sua proteção, determinação e senso de justiça. São espíritos de trabalhadores rurais, vaqueiros e tropeiros, que carregam consigo a experiência de vidas árduas, onde aprenderam a enfrentar desafios com bravura e resiliência. Seu arquétipo simboliza a força que guia e protege, ajudando a superar obstáculos com coragem e disciplina.

        No campo psicológico, o Boiadeiro representa aquele que conduz, que lidera com firmeza e que tem um profundo senso de responsabilidade. Ele ensina a necessidade de domínio sobre os próprios instintos, mostrando que é possível ser forte sem ser cruel, e que a verdadeira liderança vem do equilíbrio entre autoridade e compaixão. Assim, o arquétipo do Boiadeiro nos inspira a trilhar nossos caminhos com determinação, sempre atentos ao que precisa ser conduzido em nossas vidas, seja no trabalho, nos relacionamentos ou no autoconhecimento.

Tauhane de Oxum












quinta-feira, 28 de agosto de 2025

A samambaia e a proteção do Caboclo 7 Flechas

 A samambaia e a proteção do Caboclo 7 Flechas

Na força da mata e no sopro dos ventos, encontramos o espírito guerreiro do Caboclo 7 Flechas, uma entidade de luz que trabalha na linha da cura, proteção e abertura de caminhos. Sua presença é sentida na natureza, nas ervas sagradas e na energia das plantas que purificam e equilibram os ambientes. Entre elas, a samambaia se destaca como um escudo natural contra energias densas, sendo uma grande aliada na força espiritual de nossa casa.

Assim como o Caboclo 7 Flechas, que usa seus conhecimentos ancestrais para defender e fortalecer aqueles que o buscam, a samambaia é uma planta de proteção e resistência. Seu crescimento abundante e suas folhas vibrantes representam a vitalidade das matas, a renovação constante da energia e a ligação com os espíritos da floresta.

Em nossa casa espiritual, a presença da samambaia fortalece o campo vibracional, criando uma barreira contra influências negativas e harmonizando a energia do ambiente. Além disso, seu poder de purificação ajuda a manter o local sempre pronto para receber aqueles que chegam em busca de auxílio e equilíbrio.

O Uso da Samambaia:

• Proteção e Defesa Espiritual: Assim como o Caboclo 7 Flechas dispara suas sete flechas para quebrar demandas e afastar espíritos obsessores, a samambaia age como um filtro natural, dissipando energias ruins.

• Fortalecimento da Fé e Conexão Espiritual: Em nossas giras e

atendimentos espirituais, a presença da samambaia reforça a ligação com as

forças da mata, tornando os trabalhos ainda mais poderosos.

• Banhos e Defumações: Associada a ervas de limpeza, a samambaia pode ser usada para banhos energéticos ou defumações, ajudando na renovação da aura e na quebra de bloqueios espirituais. Trata-se de uma erva morna ou equilibradora.

Em nossa casa espiritual, trabalhamos sob a proteção do Caboclo 7 Flechas, um guerreiro incansável que nos ensina a ter coragem, determinação e fé. Assim como ele, a samambaia nos lembra da importância da resistência e da conexão com a natureza. Cada folha que se renova é um sinal de que a espiritualidade está sempre presente, cuidando, limpando e fortalecendo aqueles que se abrem para seu axé.

A samambaia não é apenas uma planta, mas um símbolo vivo da força da mata e da proteção dos caboclos. Em nossa Casa Caboclo 7 Flechas e Jurema, ela representa o equilíbrio entre o mundo material e espiritual, mantendo a energia sempre elevada para aqueles que buscam amparo, cura e evolução. Assim como no ponto que cantamos “vestimenta de caboclo é samambaia” nos reforça a ideia de que a verdadeira força dos caboclos vem da natureza, e sua vestimenta não é algo material, mas sim a própria energia das matas, representada pela samambaia. Que seu verde sempre floresça, e que a luz do Caboclo 7 Flechas nos guie sempre. 

Axé!

Erika de Ewá


terça-feira, 26 de agosto de 2025

Iemanjá

 Iemanjá

A senhora das águas salgadas e das profundezas, a grande mãe. O nome deriva do rio Yemonja sendo a junção de “Yèyé omo ejá” significando a mãe cujo seus filhos são peixes. Para um povo se estabelecer a água era fator crucial, os rios, riachos e córregos que seguem para o mar são lembranças importantes de fartura e união, mas também trazem seus perigos.

Na evolução, os primeiros micro-organismos que deram origem à vida vieram do mar. O mar é fonte de vida mas também traz recordações de dor e sofrimento, sendo chamado de “calunga grande" o grande cemitério. Muitos morreram e tiveram seus corpos e restos mortais jogados ao mar, um grande exemplo era o que acontecia com os navios negreiros, aqueles que morriam durante a travessia eram atirados ao mar. Fonte de grandes histórias e muita imaginação, abrigando animais que não conhecemos, navios e tesouros perdidos, monstros marinhos. O mar traz inúmeros segredos, sabemos mais sobre o espaço, as estrelas e as galáxias do que o fundo do mar.

Assim é Iemanjá, uma senhora de segredos. De pontos positivos e negativos, de fatos que provavelmente nunca saberemos, civilizações perdidas, guerreiros e embarcações esquecidas. Mas também a fonte de esperança e luz e alimento. Iemanjá traz o elemento água, com a força, perseverança e adaptabilidade do elemento. Do ponto de vista esotérico podemos ir mais além, pois a água representa a vida e o subconsciente do ser humano, suas emoções reprimidas e seus pensamentos ocultos.

É a orixá irradiadora da geração, sendo complementada por Omolu, o senhor da morte, uma vez que para o novo ser gerado o antigo precisa morrer. Iemanjá traz a introspecção, a intuição e a ruminação dos pensamentos e sentimentos, bons ou ruins. Ao mergulharmos nas profundezas de nosso subconsciente, podemos ficar tristes com as sensações de enfrentarmos nossos próprios monstros marinhos, assim como a profundeza do oceano onde não chega luz, mas ainda assim existe vida. Mas porque faz isso, e o que fazer com isso ? GERAÇÃO, deixar que as águas as profundezas limpem nosso espírito para que posteriormente possamos emergir, voltando à luz da superfície. Trazendo um nosso novo eu para a praia.

Outro ponto a ser lembrado se refere ao alimento. Podemos fazer uma associação com o Cristianismo, Jesus Cristo era um pescador, assim como grande parte de seus apóstolos, o peixe não apenas o alimento do corpo físico mas, representa também o alimento espiritual trazido do fundo do mar. Iemanjá é uma mãe carinhosa, sentimental, é o caminho das correntes marítimas que guia os filhos. É acolhedora e forte. Entre seus instrumentos está um espelho de prata, virado sempre para seus filhos, mostrando a abdicação deste orixá. Aqui devemos ter cuidado, pois uma mãe cuidadora pode muitas vezes cuidar de si mesma, abrindo mão de sua saúde e conforto para ajudar os filhos. Trazendo o apego emocional como característica a ser trabalhada pelos seus filhos.

Pedro Maciel .’. de Xangô


segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Eucalipto

Eucalipto

O eucalipto é uma planta da família Myrtacea, gênero Eucalyptus.  Planta com múltiplas propriedades terapêuticas e uma ampla gama de aplicações.  Sua versatilidade faz dessa planta um excelente recurso na fitoterapia, aromaterapia e cuidados com a saúde em geral. Originário da Austrália, o eucalipto passou a ser cultivado em várias regiões do mundo devido ao seu alto valor comercial na indústria da celulose. É uma árvore de grande porte, que atinge até 70 metros de altura. Suas folhas são longas, finas e geralmente de cor verde-acinzentada. Seu aroma característico se deve aos óleos essenciais que são extraídos principalmente das folhas e galhos. 

O eucalipto é muito utilizado na fitoterapia, sendo conhecido principalmente, por sua eficácia no tratamento de problemas respiratórios, inflamações, dores musculares e articulares. Seus princípios bioativos (que são os compostos responsáveis por suas ações terapêuticas) conferem propriedades expectorantes e descongestionantes, broncodilatador, anti-inflamatórias, analgésicas, anti oxidantes e calmantes. Devido a alta concentração desses compostos, o óleo essencial de eucalipto é a forma mais comum de uso terapêutico da planta, sendo utilizado em inaladores, massagens e até mesmo em produtos de cuidados com a pele, mas as folhas também podem ser utilizadas no preparo de chás, sprays, etc.

6.600+ Floresta De Eucalipto Nova Gales Do Sul Austrália fotos de stock,  imagens e fotos royalty-free - iStock

Sob a perspectiva de terapias energéticas, o eucalipto possui capacidade de limpeza e revitalização e purificação. Sua energia estimulante e desintoxicante pode ser utilizada na purificação de ambientes, para dissipar energias densas e restaurar o equilíbrio no ambiente e no corpo. Pode ser usado também no fortalecimento do campo áurico, na proteção contra influências externas e  na estimulação mental, melhorando o foco e proporcionando clareza em momentos de confusão.

Apesar de seus diversos benefícios, o uso do eucalipto deve ser feito de forma consciente. Em grandes quantidades  pode ser tóxico e seu uso deve ser evitado por crianças menores de 2 anos especialmente em forma concentrada (óleo essencial), além de ser contraindicado para gestantes e lactantes sem orientação profissional.

Larissa de Iansã


 

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

O Sagrado Feminino e Sagrado Masculino

 O Sagrado Feminino e Sagrado Masculino

    O sagrado feminino e masculino são movimentos espirituais que reconhecem a energia feminina e masculina presente em todos nós. Sim! Todos nós, temos as energias Yin (feminina) e Yang (masculina) e que precisam estar em equilíbrio para que possamos relacionar, criar, prosperar, usando em cada momento o potencial dessas energias ao nosso favor. Mas na maioria das vezes elas estão em desequilíbrio pelo sistema em que vivemos, pelas dores e pela inconsciência mesmo. Quando falamos em energia feminina e energia masculina, muitas pessoas acham que está ligado ao sexo biológico (está relacionado aos seus cromossomos e DNA), gênero (está relacionado em como você se percebe, como você se identifica) e orientação sexual (está relacionado pelo oque você sente atração, para onde sua sexualidade é orientada). E na verdade nenhum desses termos são trabalhados neste tema.
    As energias feminina e masculina, são energias primordiais, ou seja, elas vêm lá do começo. Quando o universo em que habitamos se manifestou. Essa manifestação veio de forma dupla, em duas partes que juntas se completam. Tudo se manifesta de forma dual, como a luz e a sombra, o dia e a noite, o sol e a lua. Quando houve essa manifestação, surgiu a polaridade das energias, a energia primordial feminina e a energia primordial masculina. Que são duas energias da criação, tem características diferentes e se completam, formando esse mundo que habitamos.
    Quando estamos no processo de autoconhecimento, precisamos entender, dominar, aceitar e desenvolver nossa energia em prevalência, quando fazemos isso, abrimos o campo para desenvolver a nossa energia menos prevalente, integrando uma a outra e encontrando o equilíbrio entre elas. Se avaliarmos o desenho do Yin-Yang, vamos encontrar um ponto preto na metade branca e um ponto branco na metade preta. Isso quer dizer que dentro do feminino existe o masculino, e que dentro do masculino existe o feminino.

Mas como saber qual é minha energia em prevalência? É a sua energia de descanso, aquela que te deixa confortável, que flui naturalmente. Já a energia secundária te exige um pouco mais de esforço. E quando você toma consciência de qual é sua energia prioritária e desenvolve ela, fica mais fácil de você trazer a secundária de forma consciente nos momentos que você precisa. Agora, vamos definir as características de uma e de outra, para que você possa compreender esse conceito. A Energia Feminina conduz o emocional, intuitivo e nutritivo. Promove empatia e habilidades de comunicação emocional. Está relacionada com a delicadeza, o cuidado e o amor, representando o mundo interno e a conexão com o mundo espiritual. Está relacionada com a lua. Por outro lado, a Energia Masculina é a ação, a lógica e objetividade. Favorece a clareza e a assertividade, além da força, a coragem, a proteção e o prover. Está relacionada com o sol e relaciona-se com resolver as coisas, estar presente, prestando atenção. Quando desenvolvemos o autoconhecimento, conseguimos trabalhar nosso equilíbrio e levamos a vida com mais leveza.

Bruna de Obá