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terça-feira, 30 de setembro de 2025

O sagrado feminino e masculino

 O sagrado feminino e masculino

    O sagrado feminino e o sagrado masculino são conceitos espirituais que representam as energias primordiais ligadas ao feminino e ao masculino, presentes em diversas tradições religiosas e filosóficas. Essas energias não se referem estritamente a gêneros biológicos, homem e mulher, mas a qualidades arquetípicas que coexistem em todo o universo.
    O sagrado feminino é associado a qualidades como: intuição, sensibilidade, receptividade, criação, fertilidade, nutrição, ciclos da vida e conexão com a natureza. Além de amor incondicional, compaixão e cura. É simbolizado por arquétipos como a Deusa Mãe, a Lua e a Terra. O sagrado masculino é vinculado à: ação, razão, força, proteção, coragem, disciplina, ordem, justiça, expansão, fogo criador e energia solar. É representado por figuras como o Pai Celestial, o Sol e a Montanha. A harmonia entre essas energias é vista como um estado de plenitude e equilíbrio.
    A seguir, exploraremos como essas forças são compreendidas em diferentes tradições religiosas e filosóficas. O Budismo reconhece o feminino como a sabedoria (prajna) e o masculino como a ação compassiva (karuna).No Budismo Tântrico, a união do feminino e masculino simboliza a iluminação. Muitas culturas xamânicas veem o sagrado feminino na Mãe Terra (Pachamama para os Incas) e no poder das curandeiras e xamãs. O sagrado masculino aparece em figuras como o Pai Céu ou o Grande Espírito, e na força dos guerreiros e líderes espirituais. O equilíbrio dessas forças é essencial para a harmonia da tribo e da natureza.
No Taoísmo o princípio do Yin (feminino, passivo, lunar) e do Yang (masculino, ativo, solar) reflete a dualidade e complementaridade do universo. Nenhuma dessas forças é superior à outra; a harmonia entre elas leva ao equilíbrio e à fluidez da vida. Na Filosofia Hermética e Alquimia o Princípio de Gênero, um dos sete princípios herméticos do Caibalion, afirma que “tudo tem seu princípio masculino e feminino”, e que esses princípios atuam em todas as esferas da existência. O masculino é o princípio ativo, gerador e criador, enquanto o feminino é o princípio passivo, receptivo e transformador. Na alquimia, a busca pelo equilíbrio entre o Sol (masculino) e a Lua (feminino) simboliza a união perfeita do ser, conhecida como "casamento alquímico".

Na Umbanda, o sagrado feminino e o sagrado masculino estão presentes na própria estrutura espiritual da religião, expressos por meio dos Orixás, guias espirituais e dos princípios de equilíbrio entre as forças da natureza. A Umbanda vê o feminino e o masculino como energias complementares, que não competem, mas se harmonizam. O equilíbrio entre essas energias é essencial, pois ambas são necessárias para a harmonia espiritual e terrena. Isso se manifesta nos rituais da Umbanda onde sempre se busca equilíbrio energético, respeitando a polaridade entre forças masculinas e femininas. Podemos ver de forma clara sobre a disposição dos médiuns no terreiro, os homens ficam dispostos do lado em que o sol nasce, pois carregam consigo predominante a energia do sagrado masculino que é representado pelo Sol. Já as mulheres ficam do lado oposto, carregando consigo de maneira predominante a força do sagrado feminino representada pela Lua. Isso nos lembra de que na Umbanda tudo tem fundamento.

Portanto, o sagrado feminino e o sagrado masculino representam forças universais que permeiam a existência e se manifestam de diferentes formas nas tradições religiosas e filosóficas. O equilíbrio entre essas energias é um caminho essencial para o desenvolvimento pessoal e espiritual, permitindo uma vida mais harmoniosa e conectada com o todo. Ao reconhecer e integrar essas qualidades dentro de si, o ser humano pode alcançar um estado de maior plenitude, sabedoria e autoconhecimento.

Júllia de Iansã



segunda-feira, 29 de setembro de 2025

A linha dos marinheiros na Umbanda

 A linha dos marinheiros na Umbanda

    Na Umbanda, os marinheiros são entidades espirituais ligadas às águas e aos mares, trazendo uma energia de movimento e renovação representando a fluidez, à adaptação e à superação de desafios. Também simbolizam a resiliência e a capacidade de seguir em frente, mesmo diante das tempestades da vida. Eles possuem arquétipos bem marcantes, refletindo diferentes aspectos da vida marítima e da espiritualidade. Alguns dos principais arquétipos dos marinheiros na Umbanda incluem:
    O bêbado brincalhão: Representa o marinheiro que gosta de beber, rir e contar histórias, mas, na verdade, esconde uma profunda sabedoria. Seu jeito descontraído e às vezes até "tonto" simboliza a fluidez e a capacidade de se adaptar às situações. Ensina a desapegar dos problemas e a levar a vida com mais leveza.
    O comandante: Representa a liderança e a responsabilidade dentro da linha dos marinheiros. Ensina sobre disciplina, estratégia e como conduzir a própria vida com firmeza. Ajuda a organizar pensamentos e planos para que o consulente tenha mais direção.
    O pescador: Eles representam a paciência, a fé e a arte de saber esperar o momento certo para colher os frutos da vida. São guias que ajudam a "pescar" aqueles que estão perdidos espiritualmente, trazendo-os de volta ao caminho do equilíbrio e da luz.
    A sereia: Carregam um magnetismo especial trabalhando na área emocional, ajudando a despertar a autoestima, a autoconfiança e a cura de traumas afetivos. Auxiliam na harmonia dos relacionamentos, no equilíbrio entre emoção e razão e no desenvolvimento da sensibilidade mediúnica. Cada uma dessas manifestações possui um papel essencial na orientação espiritual, ajudando os consulentes a encontrarem equilíbrio e direção.

        Nos terreiros de Umbanda, os marinheiros costumam incorporar de maneira característica, simulando o balanço do mar e transmitindo uma energia vibrante. Suas manifestações reforçam a importância da confiança no destino e da entrega ao fluxo da vida, mostrando que, assim como no oceano, é preciso aprender a navegar com sabedoria e paciência.Apesar de sua abordagem leve, os marinheiros são guias espirituais sérios e comprometidos com o bem-estar dos consulentes.
          Eles ensinam que a vida, assim como o mar, exige equilíbrio entre firmeza e flexibilidade. Dessa forma, esse arquétipo reforça a importância da fé, da sabedoria intuitiva e da coragem para enfrentar os desafios com leveza e esperança. Além de trabalharem no campo emocional e energético, os marinheiros também possuem um papel de proteção espiritual. Eles ajudam a dissipar energias negativas, removendo obstáculos invisíveis e proporcionando uma sensação de alívio e renovação. Suas vibrações são especialmente eficazes para aqueles que se sentem perdidos ou sem direção, trazendo clareza e força para seguir em frente.
Natália de Iemanjá

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Guia de frente e Orixás de cabeça

 Guia de frente e Orixás de cabeça

Primeiramente, todos nós somos filhos de todos os Orixás. Todas essas energias Divinas guardam e regem  o ser humano a todo tempo. Portanto, quando alguém encontra o seu Orixá de Frente, Adjunto e Ancestral, sabe-se quais desses seres estão presentes em suas características, mas em nenhum momento significa que somente eles merecem respeito ou somente eles o guiarão nessa vida. 
Guia de frente: Principal entidade que conduz uma pessoa na vida terrena. Nas outras religiões representa o nosso anjo de guarda ou mentor , dentre outros. São os que mais transmitem mensagem através da intuição pelos médiuns protegidos. Na incorporação, é o guia que se tem mais firmeza/facilidade.
Orixá de frente: conduz o racional da pessoa. A energia pela qual veio nesta vida terrena para cumprir sua missão. É normalmente o orixá que mais transmite características físicas e  personalidade dos seus filhos. Desafios/dificuldades. O seu íntimo pode conter características deste orixá. E o orixá que mais demonstra a característica dos seus filhos.
Orixá adjunto: Orixá que equilibra as ações do orixá de frente. Responsável por equilibrar e amenizar essas energias. Representa o emocional de uma pessoa, ou seja, na sua intimidade ou nos momentos de descanso. Transmite na característica em menor quantidade. Pode indicar também missão e habilidades que a pessoa pode obter.
Orixá ancestral: Natureza íntima e ancestral. Independente da vida que esteja sempre irá nos acompanhar. Geralmente percebemos a força desse orixá nos momentos que estamos equilibrados e nada nos incomoda, ou seja, no momento de calmaria e tranquilidade em nossa vida.

CONHECENDO OS DEFEITOS OS QUAIS PRECISAMOS MODIFICAR E APRIMORANDO NOSSAS QUALIDADES. MAIS FÁCIL DE DIRECIONAR

Pedro Eduardo de Nanã Buruquê


terça-feira, 23 de setembro de 2025

Espada de Ogum: A planta de proteção e força espiritual

 Espada de Ogum: A planta de proteção e força espiritual

A Espada de Ogum (ou Espada de São Jorge) é uma planta vastamente conhecida por seu poder de proteção espiritual e purificação energética. Com suas folhas longas e afiadas, ela simboliza a espada do orixá Ogum, o guerreiro que abre caminhos e afasta energias negativas. A Espada de Ogum (Sansevieria guineensis) é uma planta resistente, de fácil cultivo e manutenção, adaptável em qualquer ambiente, mesmo que com pouca luz e pouca rega. Muito utilizada em práticas espirituais, principalmente nas religiões de matriz africana como o Candomblé e a nossa Umbanda. Sua forma alongada lembra uma lâmina afiada, reforçando sua ligação com Ogum, o senhor do ferro e das batalhas.
Além de seu simbolismo espiritual, a planta também tem propriedades purificadoras do ar, sendo capaz de filtrar toxinas e melhorar a qualidade do ambiente em que se encontra. É muito comum vê-la em portas de entrada de casas, comércios e também quintais, servindo como um escudo contra más influências. Além de afastar as más energias, a espada de ogum também é capaz de atrair a prosperidade; suas folhas longas e verdes além de exalar beleza é uma poderosa arma na luta contra o mau-olhado, contudo, muito além da beleza ela traz um axé de proteção a qualquer ambiente.

A Espada de Ogum pode ser utilizada em banhos, defumações e oferendas para proteção e abertura de caminhos. Muitas pessoas colocam a planta perto da porta de casa para afastar energias ruins e garantir a presença da força de Ogum no lar. Uma observação muito importante que deve ser levada em consideração é que se trata de uma erva quente, portanto os banhos devem ser orientados e observados para não causar alergias cutâneas.

Algumas tradições recomendam que, ao plantar e regar a Espada de Ogum, seja feita uma oração ou saudação ao orixá, pedindo coragem, proteção e determinação. Mais do que uma planta decorativa, a Espada de Ogum é um símbolo de proteção, força e resiliência. Sua presença nos ambientes reforça a conexão natureza-divino com o orixá guerreiro, trazendo equilíbrio e segurança espiritual. Na busca por abrir caminhos e afastar influências negativas, cultivar essa planta pode ser um gesto poderoso de fé e respeito à energia de Ogum.

Erika de Ewá





segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Caboclo Canindé

 Caboclo Canindé 

Os Canindés são povos originários antigos que habitavam e ainda habitam a região Nordeste do Brasil, são originários das margens dos rios Cuius, Quixeramobim e Banabuiu de onde tiveram que migrar por causa de invasões dos portugueses. 
O nome Canindé deve se ao nome do chefe Canindé o qual foi principal líder da tribo dos Janduís, conduziu a tribo na resistência contra os portugueses no século XVII, fazendo com que os janduís fossem conhecidos como Canindés. Eram índios guerreiros e muito resistentes que por fim fizeram um acordo com os portugueses e mais tarde acabaram expulsos de seu território.

O Caboclo Canindé é uma entidade que trabalha na Umbanda e também é cultuado no Catimbó de Jurema, reconhecido como um dos guardiões da Jurema sagrada. Esta entidade que também atua no nosso terreiro e tem os orixás Ogum Rompe Mato, Oxóssi e Oxalá em sua coroa. Conduz seus atendimentos a abertura de caminhos e conselhos engrandecedores correlacionados ao amor próprio e visão das coisas e acontecimentos de forma simplificada e pontual. Ao falar do Caboclo Canindé, trata-se dos Canindés em geral, não apenas de um único nativo brasileiro, trazendo a força ancestral e espiritual sabedoria e conhecimentos dos Canindés. 

Okê Caboclo 

Thiago Costa de Oxossi



quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Marinheiros

 Marinheiros

A linha dos marinheiros possui ampla atuação na Umbanda, possuindo um arquétipo inconfundível. Se apresentam como marujos, marinheiros, pescadores, canoeiros, também conhecidos como povo d'água. São regidos por Iemanjá, a senhora dos mares, da água salgada, da calunga grande. A grande mãe, geradora de toda vida. Das grandes travessias, as grandes rotas, o mercantilismo náutico. 
Já pensou  que seria o mundo sem as grandes navegações? Não me refiro apenas às grandes navegações responsáveis por vários processos de colonização e comércio mas, também, as navegações regionais entre colônias, entre aldeias, entre povos ribeirinhos, à navegação para caça e subsistência. Essa falange nos traz a força e a esperança das chegadas e partidas, dos encontros e desencontros. Quando um navegante parte, ele não sabe o que lhe aguarda, não sabe quando ou mesmo se irá regressar. Pode partir para trazer alimento, levando todo respeito de seu povo e voltar sem nada.
O Navegante não possui controle sobre o clima, sobre as marés e correntezas, deve se preocupar apenas com seu barco, e confiar na sua tripulação. Confiar que cada um é capaz de fazer aquilo que lhe foi atribuído, seja limpar o convés, preparar o alimento ou limpar as armas. Em um navio não existe uma função mais digna ou mais importante que a outra, assim como em um terreiro de Umbanda.
Se guiam pelas estrelas, pelas constelações e pela lua. Se movimentam de acordo com os ventos e as correntes. E se o vento não soprar, se não encontrarem um correnteza, se o mar ficar “calmo de mais", o tempo passar, a água e o alimento acabarem? O sol escaldante, a tentação em beber a água do mar e temos a combinação perfeita para o começo da “história de pescador". Alguém ouviu o canto da sereia, terra à vista, os monstros marinhos. Será que são reais? Nessas situações o que resta é a fé nos dias melhores.
A falange dos marinheiros nos ensina a não desistir e estarmos preparados para as “viradas de vento" e para entrar ou sair da corrente. Devemos sempre estar prontos para levantar ou virar a vela quando o vento chegar.

A falange dos marinheiros nos ensina a não desistir e estarmos preparados para as “viradas de vento" e para entrar ou sair da corrente. Devemos sempre estar prontos para levantar ou virar a vela quando o vento chegar.

Outro fator muito importante é o conhecimento que esses espíritos trazem, devido ao contado com tantos povos, tantos lugares, tantas culturas. Mas nem tudo são flores. Os portos, locais de embarque e desembarque de pessoas e mercadorias, local de circulação de muito dinheiro, também traz seus perigos. Geralmente possuem muitas pessoas em situações complicadas, desabrigadas, abandonadas, que acabam cometendo abusos ou sendo abusadas das mais diversas formas.
Mar calmo não faz bom marinheiro, já dizia o ditado. Aguente as tempestades da vida, esteja preparado para levantar a vela quando a hora chegar, aprenda a hora de chegar e partir, e confie nas estrelas, no alto, pra lhe guiar.

Pedro Maciel .’. de Xangô



terça-feira, 16 de setembro de 2025

Oração a Oxóssi

 Oração a Oxóssi

Salve o senhor das matas, grande Odé, que me ensina todos os dias que a verdadeira prosperidade não é dinheiro e sustento.
Que assim como a flecha, que só atinge o seu alvo quando é puxada para trás, eu entenda que recuar também é avançar pois, na jornada da vida, o caminho não segue em linha reta e, nossas quedas e pausas, muitas vezes, são o impulso necessário para alcançar nossos objetivos.
Grande pai, que eu não me esqueça da força da natureza, que também está dentro de mim, e como a planta que deve ser regada, eu possa dia após dia, buscar fortalecer essa conexão, pois as matas nos trazem um convite à paciência, ao autoconhecimento e à renovação.
Mestre da precisão, que não atira sua flecha em vão, me guie com a sabedoria do caçador, que aprende a escutar a floresta, sentir o seu ritmo, respeitar o tempo certo da caça e, se preciso, recomeçar. Pois assim é o recomeço: um passo dado com sabedoria.
Que o conhecimento faça parte da minha jornada, e que eu jamais o use apenas em benefício próprio, para servir meu orgulho ou para ferir alguém. Pois todo conhecimento é prosperidade, e a fartura deve sempre alimentar o espírito.
Oxóssi, que sua flecha me mostre sempre a direção, me dando coragem de seguir adiante e me mostrando que cada tentativa é um aprendizado, e cada movimento carrega a sabedoria do que foi vivido antes.
Que eu tenha respeito pelas matas do meu ser, e que assim como o caçador, que estrategicamente planeja seus passos, eu saiba entrar e sair da floresta.
Que a luz de sua força brilhe sempre no meu caminhar, me dando discernimento e sabedoria. Que a disciplina esteja presente em minha vida, mostrando sempre que é preciso persistir, assim como as raízes que se mantêm vivas, prontas para renascer, mesmo após a árvore ser cortada.
Salve Oxóssi, que me direciona!


Camila de Iemanjá



segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Orixá Ogum

 Orixá Ogum

Uma lenda (Itás) conta sobre a criação da Terra (Ayé), o grande criador de tudo, pediu à Oxalá para que levasse areia para o espaço que deveria ser criado o planeta, que até então continha apenas água. Algumas versões desta lenda citam que primeiramente Olorum enviou Ogum, mas especificamente Ogum de Ronda, para que pudesse avaliar o terreno e garantir a segurança do local.

Orixá guerreiro, forte, de temperamento explosivo. Conhecido por ser o orixá da metalurgia, dos caminhos, da tecnologia e da agricultura. Ogum é irradiador, mas o que isso significa? Um orixá irradiador expande a virtude que carrega com sigo, em todas as linhas de atuação (Fé, amor, conhecimento, justiça, lei, geração e evolução). Ogum então deve possuir um senso implacável da Lei não é mesmo? Sim, isto é uma verdade, mas não chegou nesse local do panteão iorubá atoa. 

Outro itá, conta que após retornar para sua vila de uma caçada esperava ser recebido com muita festa, reverências e adoração porém isto não ocorreu, pelo contrário. Ao retornar para vila todos ficaram em absoluto silêncio com a chegada de Ogum... Ele ficou furioso porque aquela atitude era uma enorme falta de respeito, em um ato de impulsividade, dizimou todos os moradores da aldeia. Perguntou ao último aldeão o motivo do silêncio e este o lembrou que aquele dia, era um dia devocional estabelecido em homenagem à Ogum, onde todos ficavam em silêncio em respeito à sua pessoa.

        Ogum matou a todos de forma injusta, por obedecerem a lei por ele criada. Coberto de remorso, cravou sua espada no chão com toda sua força e seu coração. Neste momento Olorum o fez ORIXÁ. Assim Ogum se tornou o guardião da Lei. Quer dizer que os filhos de Ogum possuem uma bússola moral perfeita, correto? Na verdade não é bem assim. O Orixá vem para ensinar, ensinar aos encarnados sobre a impulsividade e a consequência de seus atos, ensinar que a lei dos filhos de terra não é a mesma Lei Divina e que fazemos de um todo, porém não sabemos tudo. Não temos capacidade para julgar certo e errado.  
        Ogum mostra as dificuldades que os encarnados possuem em lidar com as leis criadas por eles, tanto pelos homens em geral, quanto pelo próprio indivíduo, aquelas leis e crenças que tomamos como verdade e não desapegamos. 
        Os filhos de Ogum devem aprender a controlar a impulsividade e não alimentá-la. Por essas características, os escravos trazidos pelo Brasil viram muita semelhança com São Jorge, o santo guerreiro, que vence o dragão e as guerras. Que abre os caminhos e traz consigo as espadas. 

Seu dia é comemorado em 23 de abril e seu dia da semana é a terça feira. Existem diversas qualidades de Ogum, que são entrecruzamentos com as virtudes regidas por outros Orixás. O culto a estas qualidade do orixá guerreiro é amplamente explorada no Candomblé, a Umbanda agrupa essas qualidades de acordo com as características arquetípicas. Sua saudação principal é Ogunhê, que expressa força , respeito e devoção.

Pedro Maciel .’. de Xangô





quinta-feira, 11 de setembro de 2025

A linha dos boiadeiros na Umbanda

 A linha dos boiadeiros na Umbanda

O arquétipo do boiadeiro na Umbanda é uma figura que traz consigo a imagem de um trabalhador do campo, forte, destemido e sábio, cuja relação com a terra e com o gado simboliza resistência e proteção. Representando a figura do homem simples, porém imensamente capacitado pela experiência de vida rural, o boiadeiro é uma presença que exala autoridade, mas também compaixão, sendo visto como um guia protetor, especialmente nas áreas espirituais. Em suas manifestações, o boiadeiro evoca valores de força, trabalho árduo e liderança, sendo um elo entre o plano físico e o espiritual.
Esse arquétipo traz consigo várias figuras que refletem tanto as qualidades e características do boiadeiro quanto o ambiente rural e o vínculo com o trabalho no
campo. Algumas dessas figuras incluem o próprio boiadeiro simbolizado como alguém que, através de sua vida de esforço e dedicação, adquire sabedoria e habilidade para guiar os outros. O vaqueiro que é uma figura tradicional do sertão, muitas vezes retratado como alguém que percorre grandes distâncias e enfrenta desafios no campo com coragem e determinação. E a Amazona ligada ao arquétipo da mulher guerreira, forte, destemida e independente, que representa a força feminina e a proteção.
Os boiadeiros, tanto no contexto simbólico da Umbanda quanto na vida real, utilizam alguns utensílios que refletem sua relação com o campo, o gado e o trabalho árduo. Esses utensílios têm grande carga simbólica e são usados nas suas manifestações para mostrar sua habilidade, autoridade e conexão com a terra.

Alguns dos principais utensílios associados aos boiadeiros são:

Chicote: Utilizado para conduzir o gado, no plano espiritual, pode representar a força de comando e a autoridade do boiadeiro, além de ser um símbolo de proteção. Sua manifestação durante as incorporações de boiadeiros é um sinal de disciplina e controle sobre as energias que necessitam ser direcionadas de maneira firme e eficaz.

Bastão ou Vara: Utilizado tanto para dirigir os animais quanto para garantir a ordem nas atividades do campo. O bastão simboliza a firmeza, o equilíbrio e a liderança, com a função de manter a harmonia e garantir a proteção daqueles sob sua orientação.

Laço: O laço representa a habilidade de guiar e trazer de volta à ordem o que está fora de controle. Ele também pode simbolizar o poder de amarrar energias negativas, afastando o que é prejudicial e trazendo harmonia.

Chapéu de couro: O chapéu de couro remete à cultura do interior e ao trabalho árduo dos boiadeiros no campo. Nas incorporações espirituais, o chapéu pode indicar que o espírito incorporado é de um boiadeiro e que traz consigo a energia do campo, com sua força e sabedoria.

Em suma, os boiadeiros trazem consigo uma energia de firmeza e orientação, não apenas para guiar o gado, mas também para guiar os consulentes que os procuram. Eles são protetores, líderes e símbolos de coragem, sempre prontos para lidar com as dificuldades da vida com sabedoria. A presença do boiadeiro na Umbanda, portanto, é um reflexo da força, da sabedoria e da proteção que ele oferece aos que buscam sua orientação.

Natália de Iemanjá


terça-feira, 9 de setembro de 2025

Ogum: O Orixá da guerra, do ferro e da proteção

 Ogum: O Orixá da guerra, do ferro e da proteção

Ogum é um dos mais poderosos e respeitados Orixás, especialmente no Candomblé e na Umbanda. Ele é o senhor dos metais, da guerra e da tecnologia, representando a força, a coragem e a determinação inabalável diante dos desafios da vida. Como guerreiro incansável, Ogum simboliza a luta pela justiça, abrindo caminhos e protegendo aqueles que pedem por sua ajuda.
Nas tradições iorubás, Ogum é associado ao ferro e às ferramentas que moldam o mundo, desde armas de combate, ferramentas agrícolas e a tecnologia. Ele é visto como aquele que desbrava territórios, rompendo obstáculos e garantindo progresso. Sua cor tradicional é o azul-escuro ou o verde (a depender da casa), e seu principal símbolo é a espada, representando sua natureza de combate e sua prontidão para defender seus filhos espirituais.
No Brasil, Ogum foi sincretizado com São Jorge (Sudeste e Sul do Brasil) e São Sebastião (Nordeste e parte do Norte), onde a devoção ao santo cristão se misturou com as tradições africanas já trazidas pelos povos escravizados. Assim como São Jorge é visto como um cavaleiro valente, Ogum é o defensor daqueles que enfrentam batalhas diárias, seja na vida pessoal, profissional ou espiritual.


        Quem tem Ogum como Orixá sente sua energia na determinação para conquistar objetivos e na resiliência para superar dificuldades. Ele inspira coragem para enfrentar adversidades, ensina a arte da estratégia (não apenas a força, mas a estratégia, conhecimento e inteligência emocional), e a necessidade de manter-se firme diante dos desafios. Sua saudação é a expressão “Ogunhê!”, que significa “Salve Ogum” ou “Viva Ogum”, quando você o saúda está reconhecendo a força desse orixá e se conectando com sua vibração guerreira.
        Os seus filhos são pessoas consideradas determinadas, corajosas e de espírito guerreiro, com personalidade forte e grande capacidade de enfrentar os desafios. Assim como seu orixá regente, eles não fogem de desafios e possuem uma força interior que os impulsiona a seguir em frente, mesmo diante das dificuldades. São aqueles que lutam pelo que querem, muitas vezes de forma acirrada, sem medir esforços para alcançar seus objetivos. Seus maiores desafios são controlar a impulsividade, agir com mais paciência, ser muito exigente consigo, ter necessidade de liderança.
            Ogum é muito mais do que um Orixá guerreiro, é símbolo do progresso, trabalho árduo e da fé inabalável na própria capacidade de vencer. Para aqueles que o seguem, Ogum é a luz que ilumina os caminhos, a espada que corta os males e a mão forte que protege nos momentos de necessidade. Ser um filho de Ogum é carregar dentro de si a essência de um guerreiro espiritual. Mesmo diante das maiores dificuldades, seguem em frente, pois tem a certeza de que nenhuma batalha é maior que a força que carregam consigo.
Erika de Ewá



segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Evolução espiritual

 Evolução espiritual

A evolução espiritual é um caminho de autoconhecimento e transformação. Refere-se ao processo contínuo de crescimento e aprimoramento da consciência e do ser interior, muitas vezes ligado ao desenvolvimento de uma compreensão mais profunda de si mesmo, do mundo ao seu redor e de aspectos transcendentais da vida, uma vez que todos esses aspectos se relacionam.
Esse conceito pode ter diferentes significados dependendo da perspectiva  que se adote, mas, de maneira geral, envolve a jornada do indivíduo em direção a um estado mais elevado de harmonia, sabedoria e conexão com algo maior do que o ego ou a identidade limitada.

A evolução espiritual também está relacionada à ideia de um propósito maior ou divino, ao qual os indivíduos se alinham à medida que se aproximam de sua verdadeira essência ou da experiência da unidade com o todo. É um processo que transcende a vida atual, pois o espírito evolui por meio de múltiplas encarnações, experiências e aprendizados, portanto, é uma jornada contínua.

Existem práticas que podem auxiliar no processo de evolução espiritual, como a meditação, o cultivo da compaixão, a busca pela verdade interior, o desapego dos desejos materiais, a caridade e a transcendência das limitações do ego. 

A medida que evoluímos espiritualmente, desenvolvemos internamente e passamos a buscar uma maior conexão com a essência divina, além de compreendermos melhor a interconexão entre todas as coisas, promovendo um equilíbrio entre o mundo material e o espiritual.

Larissa de Iansã


quinta-feira, 4 de setembro de 2025

O fumo e a bebida na Umbanda

 O fumo e a bebida na Umbanda

Em um show de comédia stand up, o humorista Márcio Donato brinca sobre a primeira vez que foi em um terreiro de Umbanda dizendo que achou seu lugar, um lugar atabaque, bebidas e fumos... Era uma verdadeira festa. Em contrapartida, algumas pessoas que chegam pela primeira vez em uma casa de Umbanda, e observam os guias utilizando cachaça, whisky, cigarro, charuto, associam com coisas mundanas e viciosas, não retornando mais.
Mas por que isso acontece, por que algumas linhas utilizam esses instrumentos para seus trabalhos? O preconceito, senso comum e a ignorância nos fazem acreditar em duas respostas principais: Não existem espíritos ali, sendo charlatanismo e enganação, ou os espíritos ali são de alcoólatras, vagabundos…
Nenhuma das respostas do parágrafo anterior está correta. As bebidas e o fumo, seja ele através de charuto, cigarro de papel, cigarro de palha, possuem várias funções entre elas a de proteção. Os guias espirituais utilizam energia presentes nas ervas utilizadas, nos elementos da bebida, no fogo e magnetizam a essência dos elementos, protegendo assim o médium, os cambones e os consulentes. Podem fazer uma cortina de fumaça para levar a mente do consulente em viagens astrais em seu subconsciente, acessando locais ou memórias que serão importantes para o atendimento. A fumaça quando soprada com o cachimbo invertido vem carregado com a força daquele guia para aquele trabalho

O álcool é amplamente utilizado por ser extremamente volátil, podendo ser transmutado. Durante o processo de incorporação o médium doa muita energia física e espiritual para o trabalho, o guia utiliza a volatilidade da  bebida alcoólica para transmutar a energia disponibilizando auxílio  e proteção para o “cavalo".

A bebida e o fumo podem também ser utilizados como “iscas". Por serem elementos relacionados a abusos e vícios carnais, vários espíritos que estão mais densos, ainda muito ligados em suas vidas terrenas, acabam tendo atração por esses elementos, sendo mais fácil chegar até eles para que possam receber auxílio e serem encaminhados para o local adequado.

Mas e se o médium não consumir bebida alcoólica, seja por escolha ou por necessidade, o guia irá obrigá-lo a beber? Não, neste caso o fato deve ser comunicado ao guia chefe da casa, para que a situação possa ser adaptada, podendo ser feita outra bebida, ou até mesmo a utilização de outro instrumento de trabalho. No entanto, o gasto energético nessas situações será maior. Pra tudo na vida (e na morte) tem um jeito.

Pedro Maciel .’. de Xangô


terça-feira, 2 de setembro de 2025

Domine sua mente

 Domine sua mente

O domínio da mente é um dos pilares para ser um médium equilibrado e preparado. Ele permite que as incorporações sejam mais autênticas, evitando mistificações e protege contra influências espirituais negativas. O desenvolvimento vem com a prática, a disciplina e o desejo sincero de servir à  espiritualidade com humildade e responsabilidade. Esse domínio dentro da Umbanda é um aspecto essencial para o desenvolvimento mediúnico e espiritual. Ele envolve o controle dos pensamentos, emoções e da própria percepção mediúnica para garantir que as incorporações e mensagens espirituais sejam mais fiéis e equilibradas. 
Na Umbanda, o médium é um intermediário entre os planos espiritual e material. Sem um bom domínio da mente, ele pode sofrer influências negativas, misturar conteúdos próprios com a comunicação da entidade ou até mesmo desenvolver um ego inflado, achando que o poder vem dele e não dos guias espirituais. Além disso, o terreiro é um ambiente de alta energia, onde diferentes vibrações espirituais circulam. 
Um médium sem controle mental pode absorver energias negativas e se sentir mal após os trabalhos, distorcer as mensagens das entidades, confundir percepções espirituais com criações do subconsciente e até mesmo ser facilmente influenciado por obsessores ou espíritos zombeteiros.
Ao controlar a mente, o médium consegue comunicar-se com o guia de forma mais clara, diferenciando seus pensamentos dos pensamentos de outros espíritos,   afastando-se de espíritos perturbadores. Para evitar interferências e garantir uma boa sintonia, o médium precisa desenvolver seu domínio mental através de práticas.
O médium deve manter pensamentos positivos e evitar padrões mentais destrutivos, como medo, insegurança e orgulho. Isso ajuda a atrair apenas entidades de luz e bloquear energias negativas. Exercícios de foco e atenção ajudam o médium a perceber melhor a vibração da entidade e a não se deixar levar por distrações. Práticas como respiração consciente e visualização são úteis. Emoções descontroladas, como raiva, tristeza ou ansiedade, podem interferir na mediunidade. O médium precisa aprender a separar seus sentimentos pessoais da energia das entidades.
Durante a incorporação, o médium deve permitir que a entidade se manifeste sem forçar ou interferir. Mas ao mesmo tempo, precisa manter um nível de atenção para evitar excessos ou exageros. Conhecer as próprias fragilidades ajuda a evitar que o médium projete suas inseguranças na mediunidade. Terapia, meditação e reflexão podem auxiliar nesse processo.
Quanto mais o médium entende sobre a espiritualidade e as linhas de trabalho da Umbanda, menos dúvidas terá durante as incorporações. O estudo fortalece a fé e melhora a sintonia com os guias.
Um médium que se sente superior aos outros pode começar a inventar mensagens ou agir de forma teatral. O verdadeiro médium sabe que é apenas um canal e mantém a humildade. O controle mental não deve ser praticado apenas dentro do terreiro, mas na vida cotidiana. O médium deve evitar ambientes e hábitos que possam prejudicar sua vibração, como o excesso de negatividade e reclamações, o uso excessivo de álcool ou drogas, que afetam a mediunidade, e relacionamentos tóxicos que sugam sua energia, e a falta de fé e dúvidas constantes sobre o trabalho espiritual.
 Tauhane de Oxum