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sábado, 31 de agosto de 2024

Os instrumentos de trabalho do Caboclo 7 Flechas

 Os instrumentos de trabalho do Caboclo 7 Flechas

Dando seguimento ao assunto sobre os instrumentos de trabalho dos guias e o cuidado com os mesmos, como dito no texto anterior, cada guia vai ter o seu material, seu motivo e sua forma única de utilizar aquele material, então você pode perguntar pro guia o motivo e a função do uso daquele material. Perguntado sobre a utilização e as funções dos seus materiais, o dirigente espiritual do nosso terreiro, o Caboclo 7 Flechas, respondeu o seguinte: 

  • Fumo: O fumo que ele utiliza hoje é feito com manjericão, alecrim, cravo,canela e um pouco de fumo. Todas as ervas utilizadas são ervas mornas e o motivo é que elas sendo mornas podem ser adicionadas de energia neutra ou alta, ficando assim mais fácil de manipular essa energia de acordo com a necessidade do trabalho que está sendo feito.

  • Cachimbo: Ele utiliza dois tipos de cachimbo. O de jurema preta é utilizado nos trabalhos gerais e o de angico é utilizado para trazer conhecimento e cura. Mas ele disse que a maior diferença é a forma como o cachimbo é fumado e o tipo de erva que compõe aquele fumo.

  • Bebidas: As bebidas trazem equilíbrio para o aparelho e auxiliam nos trabalhos. Ele utiliza dois tipos de bebida. A garrafada feita com manjericão e hortelã é utilizada para consultas no geral e a catuaba é utilizada para trabalhos mais específicos que demandam uma maior quantidade e manipulação energética.

  • Maraca e caxixi: Utilizados para dispersar energias negativas e sintonizar aquelas energias que estão fora de sintonia no consulente.

  • Chocalho de cascavel: Utilizado para tirar energias negativas (olho gordo, inveja) e também para despertar a visão daquele que apresenta a visão turva, por isso ele coloca o chocalho no olho da pessoa.

  • Cocar: O cocar traz a força das 7 flechas, a força do terreiro porque na época que ele foi feito todos aqueles que participavam do terreiro ajudaram a fazer o cocar e depositaram ali um pouco da sua energia. Apesar de grande parte das pessoas daquela época não estarem hoje, nós que fazemos parte do terreiro neste momento, somos frutos daquelas pessoas porque uma pessoa foi trazendo a outra, que trouxe a outra e assim por diante. Quando ele não utiliza o cocar é porque a energia da união e da força do terreiro está bem presente e não precisa ser trazida.

  • Arco e flecha: Utilizado para assentar energia e, quando necessário,  para apontar a direção para algo ou alguém que se encontra perdido.

  • Samambaia: A samambaia traz a força das matas e dos caboclos. Existem vários tipos de samambaias que nascem em diferentes tipos de solos, em diferentes tipos de lugares (tem samabaia que nasce no meio da mata, na pedreira, na beira do rio) e elas são como os caboclos que estão presentes em todos os lugares.

  • Pó de pemba: Utilizado para limpeza e energização. O segredo está no sopro e na intenção que se coloca na hora que vai soprar.


Perguntado se havia algum instrumento que ele utilizava  e que não estava representado na matéria. E ele disse usar duas grandes cobras, uma sucuri e uma coral que auxiliam durante todos os trabalhos trazendo força e também se alguma energia ou espírito precisar ser laçado durante os trabalhos, são elas que laçam. 

Perguntado também sobre a importância dos materiais de trabalho, ele disse que os instrumentos são importantes porque sem eles essa energia precisa ser retirada de algum outro lugar (geralmente do próprio médium e/ou do cambone) mas que antes de tudo o médium precisa saber trabalhar sem nenhum tipo de instrumento pra depois os instrumentos irem sendo introduzidos nos trabalhos dos guias. E sempre lembrando da humildade, o guia não precisa da saia mais enfeitada, da taça mais bonita, do melhor whisky, do melhor charuto, ele não precisa de nada disso pra trabalhar.

Layla de Omolu


quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Instrumentos de trabalho dos guias

 Instrumentos de trabalho dos guias

Inicio esse texto lembrando que nenhum guia espiritual precisa de nenhum material físico para trabalhar, quem precisa somos nós encarnados. Os guias são grandes conhecedores dos processos energéticos e sabem como manipular as diferentes energias em prol dos seus médiuns e dos consulentes que vêm buscar ajuda. Os instrumentos físicos auxiliam, principalmente o médium incorporado, durante os trabalhos. Exemplo: Precisa ser feita uma limpeza no consulente, o guia faz sem nenhum tipo de instrumento, mas se tem um fumo, a fumaça gerada pela queima daquele material vai “facilitar” o trabalho e demandar um menor gasto energético do médium, porque a energia gasta ali veio da manipulação da energia presente naquele fumo e não diretamente do médium.

Os instrumentos utilizados pelos guias dentro dos terreiros de Umbanda englobam todos os materiais físicos utilizados por aquela entidade durante os trabalhos. O tipo e a quantidade dos objetos vai variar de acordo com o arquétipo e também pode variar de espírito para espírito dentro de um mesmo arquétipo (nem todo Preto Velho usa bengala, chapéu ou bebe café; nem todo Exu usa capa, cartola ou bebe marafo). 

Além disso um mesmo elemento pode ser usado de formas diferentes por cada entidade, por exemplo uma entidade pode usar o fumo para abrir o campo energético e limpar o consulente, já outra pode usar o mesmo fumo para equilibrar o campo energético do consulente ou para qualquer outra finalidade que julgue necessária naquele momento, não há uma regra fixa. Dei o exemplo do fumo, mas também se aplica a bebidas, a rosários e qualquer outro material. Então, separando por algumas linhas vistas dentro da Umbanda, geralmente temos os seguintes instrumentos:

CABOCLOS

  • Cachimbo/ cigarro e fumos: O fumo traz a força vegetal e a força dos quatro elementos e podem ser utilizados para limpeza, descarrego destruição de campos magnéticos negativos, destruição de larvas e miasmas e quebra de vínculos de obsessão.

  • Arco e flecha: Podem ser utilizados para direcionar, desmanchar e assentar energias.

  • Bebidas: Podem ser utilizadas para equilibrar e recarregar as energias do médium durante os trabalhos.

  • Aqui um adendo sobre o texto encontrado neste blog, onde é explicado sobre o uso da bebida e do fumo dentro da Umbanda. Os guias manipulam a energia presente nesses materiais para limpeza do médium e do consulente (limpeza de energias negativas, energias acumuladas e larvas astrais), para a revitalização dos corpos espirituais e também para o alinhamento dos chakras.

  • Cocar: Podem ser utilizados para proteção do ori do médium e para trazer a força e a energia daquele guia.

  • Maraca ou Chocalho: Podem ser utilizados para limpeza, para dispersar energias acumuladas e equilibrar o que está fora de sintonia.

  • Guiadas: Podem ser utilizadas para a proteção do médium durante os trabalhos.

  • Ervas variadas: Podem ser utilizadas para inúmeras funções, dependendo da necessidade dos trabalhos.


PRETOS VELHOS

  • Cachimbo/fumos: Podem ser utilizados para limpeza, descarrego e energização.

  • Chapéus e lenços: Utilizados para proteger o ori do médium durante os trabalhos.

  • Bengalas: Podem ser utilizadas para limpeza dos consulentes, para direcionamento de energias e espíritos, para dissipar energias acumuladas e para concentrar a energia quando necessário.

  • Rosários e guiadas: Para proteção do médium, limpeza e energização dos consulentes (O preto velho pode fazer correr naquele rosário ou guiada a energia dele, pra fazer a limpeza do consulente).

  • Bebidas:Coloco aqui bebidas de forma geral porque nem todo preto velho bebe café. Eles podem beber chá, cachaça, vinho ou outras bebidas. Podem ser utilizadas para equilibrar, limpar e recarregar as energias.

  • Estalar de dedos: Não é exclusivo dos pretos velhos mas é muito utilizado por eles. Vai criar um campo energético, dissipa energias, limpa, energiza e aumenta a potência da energia necessária no momento do trabalho.

EXUS E POMBOGIRAS

  • Bebidas: Também utilizadas para limpar, recarregar, equilibrar ali o consulente e o médium.

  • Fumos:  Utilizados para limpeza, descarrego e energização.

  • Vestimentas (capa,cartola,manto, saia etc): A cartola é utilizada para proteger o ori do médium. A capa simboliza o conhecimento e a sabedoria, geralmente é preta e vermelha mas pode ser de outra cor dependendo do tipo de trabalho que aquela entidade faz.

  • Tridente: Símbolo da neutralidade (um lado é positivo, o outro negativo e o meio neutro) mostrando que exu sempre trabalha com a neutralidade.

  • Punhal ou adaga: Utilizado para o corte de energias negativas.

  • Gargalhada: Considerada um mantra, ela consegue penetrar nos campos energéticos removendo as energias negativas.

BOIADEIROS

  • Bebidas: Podem ser utilizadas para equilibrar, limpar e recarregar as energias.

  • Fumos: Para limpeza, descarrego e energização

  • Chapéu: Utilizados para proteger o ori do médium durante os trabalhos.

  • Laço/ chicote: Utilizados para aprisionar espíritos desequilibrados, para dispersar energias negativas promovendo cortes de magias negativas com o estalar do chicote.

MARINHEIROS

  • Bebidas: Sobre a bebida dos marinheiros tem um trecho interessante de um texto publicado aqui no blog sobre os marinheiros que diz assim “... O uso da bebida dá fluidez e volatilidade às vibrações desses espíritos, expande seus campos magnéticos e possibilita a estabilização e o equilíbrio nas incorporações. Como os marinheiros vivem na irradiação aquática do mar, quando incorporam, parece-lhes que é o solo que está se movendo. Daí, com funções inversas, o álcool lhes dá estabilidade e equilíbrio para ficarem parados e darem atendimento às pessoas. O álcool tira o equilíbrio de uma pessoa. Mas, assim como o veneno de cobra é o único antídoto contra picadas de cobras, com os Marinheiros a ingestão de bebida alcoólica lhes dá estabilidade…”

  • Cachimbo e fumo:  Para limpeza, descarrego e energização

  • Chapéu: Para proteção do ori do médium durante os trabalhos.


Layla de Omolu

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Pretos Velhos

 Pretos Velhos

Hoje falaremos sobre nossos queridos e amados Pretos Velhos, espíritos dos nossos ancestrais que carregam uma história de sofrimento e muita luta! 

A linha dos Pretos Velhos traz a representação dos negros africanos que foram escravizados no período colonial, apesar de ter sido uma época de muita dor, eles se curaram, perdoaram e aprenderam muito com a vida que levaram; hoje na nossa umbanda, nos ensinam a suportar nossas dores com fé e paciência, nos ensinam sermos humildes, simples, generosos, respeitosos e principalmente a perdoar o próximo e a si mesmo. Nos acolhem e nos embalam com aquela energia sutil e calma que deixa nossos corações quentinhos e cheios de amor. 

Trazem além desses conhecimentos, o saber e a magia das ervas. São grandes curandeiros e benzedores. Na época do cativeiro, utilizavam o poder das ervas para curar as feridas, para fazer poções de sono que davam aos feitores para que pudessem fugir à noite, para curar doenças e mazelas adquiridas pelas condições insalubres em que viviam etc. 

Antes de começarmos a falar mais dessa linha, é importante lembrarmos que nem todo espírito que se manifesta na linha dos Pretos Velhos necessariamente foi escravizado e preto. 

Elementos utilizados pelos Pretos Velhos:

Rosário/Guiada: é onde circula a energia da entidade, quando colocada no consulente tem o poder de manipular as energias, adicionando ou retirando o que for necessário. As guiadas normalmente possuem as cores preto e branco e podem conter crucifixos, conta de lágrima, grãos de café, búzios, dentre outros;

Bengala: não é utilizada somente para a entidade apoiar-se, ela tem grande importância nos trabalhos espirituais. Ao bater a bengala no chão, o guia consegue abrir portais, encaminhar diversos espíritos e dissipar energias densas do local, sendo um instrumento de poder dos Pretos Velhos; 

Fumo/Café: o guia utiliza do poder das ervas contidas tanto no fumo quanto no café para diversos trabalhos. Com o fumo o Preto Velho limpa o corpo espiritual do médium e do consulente, retirando larvas astrais, limpando os chakras, destruindo campos magnéticos negativos, quebrando vínculo de obsessões e pode ser utilizado também para limpar o ambiente. Com o café o guia pode consagrar imagens e amuletos, manipular a energia do café para energizar ou descarregar algo e o médium. Lembrando que não são todos os pretos velhos que bebem café, alguns bebem chá, vinho, vai depender do que o guia necessitará para os trabalhos;

Chapéu/Lenço: utilizado para proteger o orí do médium durante os trabalhos;

Bater o pé/estalar os dedos: temos nas mãos os reflexos dos principais chakras do nosso corpo e nos pés também possuímos chakras, através deles temos as energias emanadas no estalar de dedos e no bater do pé. Quando o Preto velho estala seus dedos pode energizar, dissolver, curar, reequilibrar e retirar excessos de energias. Ao bater os pés ele consegue quebrar mandingas e abrir portais. 

Os Pretos Velhos trabalham na irradiação de diversos Orixás, sendo eles; 

Aruanda:  trabalham na força de Oxalá 

D’Angola: trabalham na força de Ogum 

Congo: trabalham na força de Iansã 

Matas: trabalham na força de Oxóssi 

Rios/Cachoeiras: trabalham na força de Oxum 

Calunga/das almas: trabalham na força de Omolu 

Pretos Velhos Quimbandeiros: trabalham muito com a força de Exu, são entidades mandingueiras, quebradores de demanda, Pretos Velhos feiticeiros – da boa feitiçaria, da boa magia.

O dia da semana destes espíritos é a segunda-feira, contudo o dia 13 de Maio é destinado a eles também. Sua saudação é "adorei as almas!" e as cores são preto e branco, que trazem a ideia do equilíbrio mental e espiritual.  O Orixá regente da linha dos Pretos Velhos é Obaluaê, logo, seu ponto de força é o cruzeiro das almas. Em geral, as oferendas são quitandas e café sem açúcar, mas sempre pergunte à entidade antes de fazer sua oferenda.  

Que o amor e a luz dos velhinhos nos acompanhem sempre! 

Adorei as Almas! 

 

Lays de Oxaguian


sábado, 24 de agosto de 2024

Guaco

Guaco

Popularmente conhecidas como guaco, guaco liso, cipó cAatinga ou erva de cobra as espécies Mikania glomerata e M. laevigata são subarbustos silvestres cujas folhas são compridas e espessas, apresentando coloração de verde-claro a coloração arroxeada e cinzento escuro, a depender da idade do arbusto. Costuma ser encontrado nas margens de rios e em matas, mas é uma planta de boa adaptação e cultivo doméstico, preferindo terrenos arenosos e úmidos.

O guaco é uma planta medicinal poderosa e, tal é a sua importância, que é considerada um medicamento fitoterápico (fitoterápicos são medicamentos obtidos integralmente a partir de plantas). Contém diversas propriedades fitoterápicas e é utilizado principalmente para o tratamento de enfermidades do trato respiratório, mas a seguir, irei apresentar algumas de suas propriedades menos conhecidas.

A característica principal dessa planta é o efeito expectorante e broncodilatador, que causa um relaxamento nas vias aéreas, sendo benéfica para aliviar sintomas de doenças respiratórias, como asma e bronquite, além de ajudar a eliminar o muco causado por gripes e resfriado. Para essa finalidade, utiliza-se habitualmente chás de infusão das folhas, podendo ser feito com ervas secas, mas preferencialmente frescas. Além disso, seu chá pode ser usado também para gargarejo, por conter ação anti-inflamatória, melhorando inflamações na boca e faringe. 

O guaco também possui propriedades antialérgicas, vasodilatadoras, anticoagulantes e analgésicas, podendo ser usado em forma de chá ou tintura como adjuvante no tratamento de alergias e dores diversas, reumatismos, trombose, hipertensão arterial e outras. Alguns estudos apontam também o uso do óleo essencial de Guaco no tratamento de candidíase, devido a sua atividade antimicrobiana em alguns tipos específicos de bactérias. 

Por ser uma planta de ações biológicas poderosas, seu uso deve ser cauteloso. No caso dos chás (infusão), a recomendação é que seu consumo não exceda 2 xícaras por dia pois, em quantidades exageradas, pode provocar reações adversas, como aumento dos batimentos cardíacos, vômitos e diarreia e seu uso não deve ser feito por mais de 20 dias consecutivos. Outras formas de uso, como tinturas, extratos e xaropes, devem ser utilizadas sob orientação de um fitoterapeuta.

O uso do guaco deve ser evitado por pessoas que utilizam medicamentos anticoagulantes, mulheres no período menstrual, devido a sua ação anticoagulante, podendo ocasionar hemorragias. É contraindicado para crianças menores de 1 ano, gestantes, lactantes e pessoas com doenças hepáticas. Além disso, pode reduzir efeitos de medicamentos como antibióticos e quimioterápicos.

Se tratando de propriedades energéticas, o guaco é considerado uma erva quente, de ativação, podendo ser bem utilizada em banhos e defumações (em nossa casa esses trabalhos devem ser feitos somente sob orientação da espiritualidade) e, considerando sua gama de propriedades terapêuticas, essa erva carrega predominantemente a energia do Orixá Obaluaê.

O estudo das ervas é primordial, uma vez que são constantemente usadas nos trabalhos de Umbanda, podendo também ser muito úteis no tratamento de enfermidades do nosso corpo físico. Espero ter conseguido transmitir a vocês um pouco dos meus conhecimentos a respeito dessa planta tão poderosa. 

Axé.


Larissa de Iansã

 

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Como estudar Umbanda?

 Como estudar Umbanda?


Toda manifestação religiosa, para ser compreendida, é necessário que se conheça suas origens e raízes, para então, entender a formação que levou as atuais formas de ritos e rituais. Como a Umbanda é uma religião brasileira que surge da junção de diversas manifestações religiosas e a espiritualidade torna livre a forma de ritos e rituais, desde que respeite a premissa do amor e caridade, então temos espalhado em todo o país diversas variações com o mesmo intuito, manifestar o espírito para praticar a caridade. Mas como entender e onde buscar? Tudo está no ESTUDO!

A origem da palavra “estudo” no Latim é STUDIUM, que significa “ato de estar ocupado com alguma coisa, aplicação, zelo e cuidado”. Portanto, quando nos dedicamos ao estudo, estamos aplicando esforço e atenção para aprender e compreender algo. É uma bela conexão entre o passado e o presente, e é o que a Umbanda ensina, aprendendo com os antepassados. Existem várias formas de se aprender Umbanda, dentre essas formas citarei algumas importantes.

Escutar pontos cantados. Sim, escutar os pontos cantados com a vibração que ressoa de cada ponto, entendendo sua letra e o que ele quer manifestar ajuda a compreender as raízes da Umbanda. Porém, não se deve escutar como uma música qualquer e sim como uma forma de oração, onde ressoa os mantos através da melodia e da letra.

Leitura de livros. Como a Umbanda é uma religião considerada jovem, anunciada em 1908, temos poucas obras literárias se compararmos com as outras religiões tradicionais, mas aí encontra-se uma grande chave para o estudo, compreender as diversas vertentes das religiões tradicionais com seus vários livros sagrados. Essa compreensão da diversidade religiosa vai auxiliar a entender também como é a Umbanda. Lembrando sempre que livros não são verdades absolutas, são pontos de vista de cada autor e você deve criar o seu ponto de vista a partir das diversas formas de estudo e compreensão.

Podcast, vídeos na internet e cursos. São formas que atualmente a grande maioria dos jovens buscam o conhecimento, porém existe algo bem traiçoeiro nessas fontes, que é o âmbito financeiro e a disseminação por partes de pessoas sem conhecimentos de inverdades com intuito de serem assistidas e estar na mídia. Então essas formas são aconselháveis apenas depois que você já tem uma estrutura de conhecimento para poder ter o senso crítico e separar o “joio do trigo”.

Escutar pessoas mais velhas. Toda pessoa mais velha tem alguma experiência de vida a lhe oferecer, então sempre tire um tempo para ouvi-las, o passado é a chave para as portas do futuro, então não pense que está perdendo tempo, mas preste atenção que aprenderá muito e evitará tropeços com o aprendizado daqueles que já viveram mais.

Prática dentro de um Terreiro. Sem nenhuma dúvida essa é a mais importante de todas, onde a vivência supera a teoria, então o seu maior conhecimento vai ser extraído na sua vivência no terreiro, todo tempo dentro do terreiro você deve lembrar que é um estudo para a vida, “ato de estar ocupado com alguma coisa, aplicação, zelo e cuidado”, nesse estudo você deve aprender a respeitar e conhecer as regras do terreiro, pois toda regra é criada com um fundamento, você deve aplicar-se em estar naquele tempo totalmente presente, não apenas com seu corpo físico, mas também sua mente e espírito, deve evitar distrações, conversas que não sejam sobre a evolução e aprendizado, saber ouvir os mais velhos, seus dirigentes do plano físico e os espíritos que vem trazer a luz da sabedoria do plano espiritual, saber zelar por todo o sagrado e sempre ter cuidado, pensar duas vezes antes de falar e executar tarefas, para que, então você extraia para sua vida fora do terreiro toda sabedoria que ali tem a oferecer.

Com a evolução vão surgindo novas formas de aprendizado, mas no fim todos estão sempre em busca de compreender a vida e nossas interações com o mundo físico e espiritual, sendo um processo diário, onde a busca sempre recairá sobre a própria consciência que é o resultado de nossos estudos. 

Pai Igor de Oxum ∴


segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Formas de pensar

 Formas de pensar

Você já ouviu falar sobre “ formas pensamentos” ? Este conceito está presente nas doutrinas espiritualistas, possuindo grande importância. O conceito das formas de pensamentos está diretamente ligado à primeira lei hermética, do mentalismo. Tudo aquilo que pensamos, que alimentamos irá se concretizar, seja para o bem seja para o mal. Controlar e doutrinar os próprios pensamentos é fundamental para que possamos evoluir.

As formas pensamentos estão também relacionadas ao conceito de egrégora. Mas o que são essas formas? Utilizarei aqui alguns exemplos para tornar o entendimento mais didático. Imagine que todos os pensamentos de sua mente geram uma pequena névoa acima de sua cabeça, cada névoa poderá ter uma cor ou cheiro específico. Se for um pensamento agradável, o cheiro será agradável e vice-versa. Conforme estes pensamentos são alimentados a densidade dessa névoa aumenta, até que se torna formas conhecidas, podendo remeter a vícios ou a algo positivo. As névoas que se tornam mais densas, vão se impregnando no ambiente, aderindo às paredes, portas, móveis... Isto cria um ciclo. Pensamentos impregnam os ambientes, ambientes irão influenciar nossos pensamentos.

Por isso, a importância de vigiar os pensamentos e definir locais específicos para determinadas atividades. Sua casa não é um local para levar pensamentos do trabalho, caso trabalhe em casa, defina um cômodo específico, um horário de trabalho. O ideal seria definir um local para cada atividade. Para aqueles que possuem clarividência é possível visualizar estas formas, como pequenas cenas de um filme, pairando no ar. Aqueles que passam muito tempo em carros também devem vigiar os pensamentos, para que o ambiente não seja contaminado.

Antes de dormir, é importante ter uma pausa, se desligar. Durante o sono as formas pensamentos também são criadas. Reserve alguns antes de se deitar para refletir, fazer uma leitura edificante, uma meditação.

Axé 


Pedro Maciel .’. de Xangô


sábado, 17 de agosto de 2024

Não dá para ter tudo

 Não dá para ter tudo

Acredito que quando iniciamos nossa jornada rumo à evolução espiritual, uma das maiores dificuldades que encontramos é renunciar a algumas coisas que faziam parte das nossas vidas. Não é fácil renunciar a hábitos que nos acompanham há muito tempo e dos prazeres momentâneos que causam. Essa dificuldade se dá principalmente porque abrir mão desses hábitos (que são muitas vezes deletérios) dá a sensação de que estamos perdendo e caminhando para uma vida monótona e sem graça.

Um exemplo disso, é abrir mão de festas e lazer numa sexta-feira à noite para estar presente em um terreiro de Umbanda ou parar de beber/fumar porque te disseram que isso está dificultando seu trabalho espiritual. Existem aqueles que podem não estar dispostos a tamanhas mudanças na vida e está tudo bem. Cada qual no seu tempo. 

Mas afinal, porque não podemos equilibrar os pratos e faltar aos trabalhos quando quisermos, manter o estilo de vida, continuar frequentando os mesmos lugares de sempre…?  A resposta é simples: não dá para ter tudo. Quero deixar claro aqui que a Umbanda (mais especificamente nossa casa) não nos obriga a nada, aceitamos as responsabilidades porque queremos, mas alguns hábitos são incompatíveis com essa escolha. 

Quando algum guia espiritual nos diz que devemos mudar nosso estilo de vida, abandonar vícios, ter atenção ao que comemos, aos lugares que frequentamos e as pessoas com quem nos relacionamos, podemos a primeiro momento achar que estamos perdendo por seguir esse conselho pois não conseguimos mensurar o impacto positivo que essas mudanças podem ter em nossas vidas. 

Muitos reclamam da falta de saúde, mas não estão dispostos a mudar a alimentação ou praticar uma atividade física. Reclamam que se sentem sempre pesados, mas não querem parar de frequentar ambientes com energia de baixa vibração. Dizem que não conseguem abandonar os vícios porque convivem com outras pessoas iguais, mas não estão dispostos a cortar relações com essas pessoas e assim por diante.

Enfim, não dá para ter tudo. Quando escolhemos algo, automaticamente abandonamos outra coisa, mas algumas escolhas são necessárias para virarmos o jogo e alcançarmos o que almejamos. Quem olha de fora pode não entender o motivo de fazermos o que fazemos e pensar que estamos “presos” a regras, mas quando temos fé e decidimos fazer as mudanças necessárias em nossas vidas, compreendemos que na verdade isso sim é liberdade.


Larissa de Iansã


quinta-feira, 15 de agosto de 2024

O Perdão

O Perdão 


O perdão nada mais é que se libertar. Se libertar daquela energia, daquilo que emana para o outro. 

O perdão fará bem para o outro sim, mas fará muito mais para você. 

Você emana aquele sentimento ruim para o próximo, mas o mais afetado é você. 

É você quem está sentindo aquela raiva, mágoa, tristeza, rancor, e isso afetará em sua vida, pois começará a vibrar no negativo. 

Comece a perdoar, e comece por você.  


Ana Rates de Iemanjá


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Livre-Arbítrio

 Livre-Arbítrio

O livre-arbítrio nada mais é do que nossa liberdade, seja de tomar decisões, fazer escolhas e etc. 

Mas devemos ter em mente que tudo que fizermos terá consequências, sejam elas boas ou ruins. 

Somos livres para agir como quisermos mas sempre haverá consequências, então pense sempre antes de agir, de falar, de decidir. 

Pense sempre que “O plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória” 


Ana Rates de Iemanjá


sábado, 10 de agosto de 2024

As Incertezas da Espiritualidade

 As Incertezas da Espiritualidade

Um grande perigo que permeia os estudos sobre espiritualidade, é tomar como verdade única e irrefutável tudo aquilo que ouvimos. Quando se trata de espiritualidade, devemos ter em mente que nada é uma certeza, tudo depende. Isso não significa que os ensinamentos que nos são passados sejam irreais ou errados, significa apenas que pode mudar a depender do contexto. 

Sei que isso gera uma certa confusão, afinal, seria mais fácil aprendermos sobre determinado assunto e sabermos que sempre acontece daquela forma, mas não é assim que funciona. Devemos ter isso em mente até mesmo quando formos ler livros espiritualistas que contam um pouco sobre o plano espiritual. Não é porque um espírito definiu de uma forma, que seja igual para todos.

Podemos pegar como exemplo o início e o fim da vida encarnados. Há espíritos que no início da vida encarnam no momento da concepção e outros que só encarnam próximo ao momento do nascimento. Da mesma forma, há espíritos que deixam o corpo físico milésimos de segundos antes de uma morte súbita pois não precisam sentir a dor que sentiriam se ali estivessem e aqueles que, em caso de doenças neurodegenerativas, vão se desligando do corpo aos poucos durante anos, até que no momento da morte já estejam praticamente prontos para seguir. 

Após o desencarne, há espíritos que permanecem no umbral durante anos, revivendo seus arrependimentos até conseguirem se perdoar pelos erros cometidos, outros que vagam por aí, tão apegados ao plano físico que nem percebem que já desencarnaram. Tudo depende.

Outro exemplo é o processo de desenvolvimento mediúnico. Para alguns médiuns o processo pode parecer mais rápido e fácil que para outros e isso não significa que existam melhores ou piores pois a “velocidade” desse processo dependerá da necessidade de cada um. Alguns médiuns entram para a corrente mediúnica e dentro de algumas semanas já estão incorporando várias linhas de trabalho, outros que demoram anos até que começarão a trabalhar incorporados e existem aqueles que não irão incorporar pois não há necessidade disso em seu desenvolvimento espiritual. 

Não é porque em uma casa de Umbanda acredita-se que os guias espirituais que constituem a coroa mediúnica de um médium o acompanham após sua saída da casa, que aconteça sempre assim. Em nossa casa mesmo, nos foi passado que os espíritos são trabalhadores da casa, que irão se manifestar caso seja necessário, independente de tal médium estar ou não ali.

Vemos isso também nas incorporações, nos arquétipos dos guias, instrumentos de trabalho. Não é porque normalmente os pretos velhos bebem café, que todos tenham que beber. Não é porque um caboclo chega bradando e dançando, que todos o façam. Dentro da mesma linha de trabalho existe uma infinidade de falanges de trabalho, com arquétipos diferentes que também poderão variar de médium para médium.

Essas incertezas exigem uma confiança maior da nossa parte, uma vez que nada é concreto e precisamos constantemente nos questionar, além de demandar maior flexibilidade da nossa parte, para aceitarmos que nem tudo é igual para todo mundo e que não devemos comparar situações e experiências. 


Larissa de Iansã