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sábado, 3 de agosto de 2024

Entidade Pombogira Mirim

 Entidade Pombogira Mirim

Pouco se fala sobre essa linha de trabalho na Umbanda e, provavelmente por esse motivo, existe um certo preconceito e falta de compreensão sobre seus trabalhos. Por isso, hoje vamos desmistificar um pouco sobre o assunto.

“Mirim” em Tupi significa “pequeno” e eles recebem essa denominação pois muitas vezes se plasmam aos médiuns videntes como adultos de baixa estatura, pigmeus. Ao contrário do que muitos pensam, as linhas “mirins” (Pombogiras e Exus mirins) não são constituídas por espíritos de crianças, como erês. 

Em alguns terreiros, acredita-se que sejam seres encantados, espíritos que nunca estiveram encarnados e que são chamados de mirins pois se identificam com os trabalhos das linhas de esquerda e atuam os auxiliando em seus trabalhos. Em nossa casa, porém, acreditamos que são espíritos que já estiveram encarnados, assim como qualquer outro, e que foram designados a esse trabalho pela espiritualidade maior. 

Apesar de normalmente associamos “mirim” a algo infantilizado, indefeso, não se engane. Os trabalhos dessas linhas são de extrema importância na Umbanda, como limpezas pesadas, defesa e outros. 

Os mirins são a origem de tudo, a essência, enquanto Pombogira acende a chama da mudança interna nas pessoas, Pombogira mirim é quem irá fazer surgir o interesse de mudança. Tudo nasce de uma intenção/interesse, um interesse bom gera pensamentos, sentimentos e atitudes boas, consequentemente, gerando reações positivas em nossas vidas. 

Os trabalhos de Pombogira Mirim variam de acordo com as falanges, mas de forma geral, são relacionados a falta de harmonia e descontrole emocional das pessoas, comportamentos descontrolados, seja pelo excesso ou pela falta de sentimentos, desvendando assuntos ocultos que muitas vezes os próprios consulentes desconhecem, mas que os impedem de progredir e viver em harmonia. 

Assim como as pombogiras, trazem um arquétipo de mulher independente, porém não se apresentam de forma tão sensual. Seu arquétipo se assemelha a de uma adolescente, hora risonha e, até certo ponto brincalhona, hora com ar debochado e sombrio. Há quem diga que os mirins possuem um arquétipo de rebeldia, de caráter briguento, que fala palavrões e que são, muitas vezes, desrespeitosos, mas devo alertar que esse tipo de comportamento não se atribui, em hipótese alguma, ao arquétipo dos mirins. O que explica essas manifestações desvirtuadas na verdade é a falta de preparo do médium que os recebe, uma vez que a incorporação dessas linhas mexe muito com o mental dos médiuns. 

Durante o processo de incorporação existe a formação de uma terceira pessoa, que é a junção do guia espiritual ali incorporado e do médium que o recebe. Como os mirins trabalham com a essência, a geração e manipulação de intenções e interesses, em sua incorporação tendem a trazer à tona o que o médium tem em seu íntimo. Se o médium for uma pessoa que em sua vida fala muitos palavrões, mal-educado e irreverente, com certeza não terá controle diante da incorporação e manifestará essas características de forma descontrolada. 

Existem muitos mitos e mistérios que permeiam a linha das Pombogiras mirins, provavelmente pelo fato de não se manifestarem muito nos terreiros e devido também a todo histórico que envolve sua incorporação. Espero ter esclarecido um pouco dessas dúvidas e conseguido despertar em vocês o interesse pela busca por mais conhecimento sobre essa linha de trabalho. 

A linha das Pombogiras Mirins é regida pelo Orixá Pombogira Mirim e os espíritos que nela trabalham se apresentam em giras e esquerda, juntamente com Exus, Pombogiras e Exus Mirins e os espíritos que nela trabalham costumam se apresentar com nomes no diminutivo, como Rosinha Caveira, Padilhinha, Mulambinho, etc. Outra confusão comum é achar que Pombogira Mirim e Pomboriga Menina são a mesma coisa. Pombogira mirim é uma linha de trabalho, Pombogira menina é uma falange que trabalha na linha das Pombogiras. Em suas manifestações costumam fumar cigarros e têm preferência por bebidas adocicadas, geralmente com mel adicionado, para trazer mais doçura aos trabalhos que por vezes são mais pesados.

Axé!


Larissa de Iansã


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