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quinta-feira, 28 de agosto de 2025

A samambaia e a proteção do Caboclo 7 Flechas

 A samambaia e a proteção do Caboclo 7 Flechas

Na força da mata e no sopro dos ventos, encontramos o espírito guerreiro do Caboclo 7 Flechas, uma entidade de luz que trabalha na linha da cura, proteção e abertura de caminhos. Sua presença é sentida na natureza, nas ervas sagradas e na energia das plantas que purificam e equilibram os ambientes. Entre elas, a samambaia se destaca como um escudo natural contra energias densas, sendo uma grande aliada na força espiritual de nossa casa.

Assim como o Caboclo 7 Flechas, que usa seus conhecimentos ancestrais para defender e fortalecer aqueles que o buscam, a samambaia é uma planta de proteção e resistência. Seu crescimento abundante e suas folhas vibrantes representam a vitalidade das matas, a renovação constante da energia e a ligação com os espíritos da floresta.

Em nossa casa espiritual, a presença da samambaia fortalece o campo vibracional, criando uma barreira contra influências negativas e harmonizando a energia do ambiente. Além disso, seu poder de purificação ajuda a manter o local sempre pronto para receber aqueles que chegam em busca de auxílio e equilíbrio.

O Uso da Samambaia:

• Proteção e Defesa Espiritual: Assim como o Caboclo 7 Flechas dispara suas sete flechas para quebrar demandas e afastar espíritos obsessores, a samambaia age como um filtro natural, dissipando energias ruins.

• Fortalecimento da Fé e Conexão Espiritual: Em nossas giras e

atendimentos espirituais, a presença da samambaia reforça a ligação com as

forças da mata, tornando os trabalhos ainda mais poderosos.

• Banhos e Defumações: Associada a ervas de limpeza, a samambaia pode ser usada para banhos energéticos ou defumações, ajudando na renovação da aura e na quebra de bloqueios espirituais. Trata-se de uma erva morna ou equilibradora.

Em nossa casa espiritual, trabalhamos sob a proteção do Caboclo 7 Flechas, um guerreiro incansável que nos ensina a ter coragem, determinação e fé. Assim como ele, a samambaia nos lembra da importância da resistência e da conexão com a natureza. Cada folha que se renova é um sinal de que a espiritualidade está sempre presente, cuidando, limpando e fortalecendo aqueles que se abrem para seu axé.

A samambaia não é apenas uma planta, mas um símbolo vivo da força da mata e da proteção dos caboclos. Em nossa Casa Caboclo 7 Flechas e Jurema, ela representa o equilíbrio entre o mundo material e espiritual, mantendo a energia sempre elevada para aqueles que buscam amparo, cura e evolução. Assim como no ponto que cantamos “vestimenta de caboclo é samambaia” nos reforça a ideia de que a verdadeira força dos caboclos vem da natureza, e sua vestimenta não é algo material, mas sim a própria energia das matas, representada pela samambaia. Que seu verde sempre floresça, e que a luz do Caboclo 7 Flechas nos guie sempre. 

Axé!

Erika de Ewá


terça-feira, 26 de agosto de 2025

Iemanjá

 Iemanjá

A senhora das águas salgadas e das profundezas, a grande mãe. O nome deriva do rio Yemonja sendo a junção de “Yèyé omo ejá” significando a mãe cujo seus filhos são peixes. Para um povo se estabelecer a água era fator crucial, os rios, riachos e córregos que seguem para o mar são lembranças importantes de fartura e união, mas também trazem seus perigos.

Na evolução, os primeiros micro-organismos que deram origem à vida vieram do mar. O mar é fonte de vida mas também traz recordações de dor e sofrimento, sendo chamado de “calunga grande" o grande cemitério. Muitos morreram e tiveram seus corpos e restos mortais jogados ao mar, um grande exemplo era o que acontecia com os navios negreiros, aqueles que morriam durante a travessia eram atirados ao mar. Fonte de grandes histórias e muita imaginação, abrigando animais que não conhecemos, navios e tesouros perdidos, monstros marinhos. O mar traz inúmeros segredos, sabemos mais sobre o espaço, as estrelas e as galáxias do que o fundo do mar.

Assim é Iemanjá, uma senhora de segredos. De pontos positivos e negativos, de fatos que provavelmente nunca saberemos, civilizações perdidas, guerreiros e embarcações esquecidas. Mas também a fonte de esperança e luz e alimento. Iemanjá traz o elemento água, com a força, perseverança e adaptabilidade do elemento. Do ponto de vista esotérico podemos ir mais além, pois a água representa a vida e o subconsciente do ser humano, suas emoções reprimidas e seus pensamentos ocultos.

É a orixá irradiadora da geração, sendo complementada por Omolu, o senhor da morte, uma vez que para o novo ser gerado o antigo precisa morrer. Iemanjá traz a introspecção, a intuição e a ruminação dos pensamentos e sentimentos, bons ou ruins. Ao mergulharmos nas profundezas de nosso subconsciente, podemos ficar tristes com as sensações de enfrentarmos nossos próprios monstros marinhos, assim como a profundeza do oceano onde não chega luz, mas ainda assim existe vida. Mas porque faz isso, e o que fazer com isso ? GERAÇÃO, deixar que as águas as profundezas limpem nosso espírito para que posteriormente possamos emergir, voltando à luz da superfície. Trazendo um nosso novo eu para a praia.

Outro ponto a ser lembrado se refere ao alimento. Podemos fazer uma associação com o Cristianismo, Jesus Cristo era um pescador, assim como grande parte de seus apóstolos, o peixe não apenas o alimento do corpo físico mas, representa também o alimento espiritual trazido do fundo do mar. Iemanjá é uma mãe carinhosa, sentimental, é o caminho das correntes marítimas que guia os filhos. É acolhedora e forte. Entre seus instrumentos está um espelho de prata, virado sempre para seus filhos, mostrando a abdicação deste orixá. Aqui devemos ter cuidado, pois uma mãe cuidadora pode muitas vezes cuidar de si mesma, abrindo mão de sua saúde e conforto para ajudar os filhos. Trazendo o apego emocional como característica a ser trabalhada pelos seus filhos.

Pedro Maciel .’. de Xangô


segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Eucalipto

Eucalipto

O eucalipto é uma planta da família Myrtacea, gênero Eucalyptus.  Planta com múltiplas propriedades terapêuticas e uma ampla gama de aplicações.  Sua versatilidade faz dessa planta um excelente recurso na fitoterapia, aromaterapia e cuidados com a saúde em geral. Originário da Austrália, o eucalipto passou a ser cultivado em várias regiões do mundo devido ao seu alto valor comercial na indústria da celulose. É uma árvore de grande porte, que atinge até 70 metros de altura. Suas folhas são longas, finas e geralmente de cor verde-acinzentada. Seu aroma característico se deve aos óleos essenciais que são extraídos principalmente das folhas e galhos. 

O eucalipto é muito utilizado na fitoterapia, sendo conhecido principalmente, por sua eficácia no tratamento de problemas respiratórios, inflamações, dores musculares e articulares. Seus princípios bioativos (que são os compostos responsáveis por suas ações terapêuticas) conferem propriedades expectorantes e descongestionantes, broncodilatador, anti-inflamatórias, analgésicas, anti oxidantes e calmantes. Devido a alta concentração desses compostos, o óleo essencial de eucalipto é a forma mais comum de uso terapêutico da planta, sendo utilizado em inaladores, massagens e até mesmo em produtos de cuidados com a pele, mas as folhas também podem ser utilizadas no preparo de chás, sprays, etc.

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Sob a perspectiva de terapias energéticas, o eucalipto possui capacidade de limpeza e revitalização e purificação. Sua energia estimulante e desintoxicante pode ser utilizada na purificação de ambientes, para dissipar energias densas e restaurar o equilíbrio no ambiente e no corpo. Pode ser usado também no fortalecimento do campo áurico, na proteção contra influências externas e  na estimulação mental, melhorando o foco e proporcionando clareza em momentos de confusão.

Apesar de seus diversos benefícios, o uso do eucalipto deve ser feito de forma consciente. Em grandes quantidades  pode ser tóxico e seu uso deve ser evitado por crianças menores de 2 anos especialmente em forma concentrada (óleo essencial), além de ser contraindicado para gestantes e lactantes sem orientação profissional.

Larissa de Iansã


 

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

O Sagrado Feminino e Sagrado Masculino

 O Sagrado Feminino e Sagrado Masculino

    O sagrado feminino e masculino são movimentos espirituais que reconhecem a energia feminina e masculina presente em todos nós. Sim! Todos nós, temos as energias Yin (feminina) e Yang (masculina) e que precisam estar em equilíbrio para que possamos relacionar, criar, prosperar, usando em cada momento o potencial dessas energias ao nosso favor. Mas na maioria das vezes elas estão em desequilíbrio pelo sistema em que vivemos, pelas dores e pela inconsciência mesmo. Quando falamos em energia feminina e energia masculina, muitas pessoas acham que está ligado ao sexo biológico (está relacionado aos seus cromossomos e DNA), gênero (está relacionado em como você se percebe, como você se identifica) e orientação sexual (está relacionado pelo oque você sente atração, para onde sua sexualidade é orientada). E na verdade nenhum desses termos são trabalhados neste tema.
    As energias feminina e masculina, são energias primordiais, ou seja, elas vêm lá do começo. Quando o universo em que habitamos se manifestou. Essa manifestação veio de forma dupla, em duas partes que juntas se completam. Tudo se manifesta de forma dual, como a luz e a sombra, o dia e a noite, o sol e a lua. Quando houve essa manifestação, surgiu a polaridade das energias, a energia primordial feminina e a energia primordial masculina. Que são duas energias da criação, tem características diferentes e se completam, formando esse mundo que habitamos.
    Quando estamos no processo de autoconhecimento, precisamos entender, dominar, aceitar e desenvolver nossa energia em prevalência, quando fazemos isso, abrimos o campo para desenvolver a nossa energia menos prevalente, integrando uma a outra e encontrando o equilíbrio entre elas. Se avaliarmos o desenho do Yin-Yang, vamos encontrar um ponto preto na metade branca e um ponto branco na metade preta. Isso quer dizer que dentro do feminino existe o masculino, e que dentro do masculino existe o feminino.

Mas como saber qual é minha energia em prevalência? É a sua energia de descanso, aquela que te deixa confortável, que flui naturalmente. Já a energia secundária te exige um pouco mais de esforço. E quando você toma consciência de qual é sua energia prioritária e desenvolve ela, fica mais fácil de você trazer a secundária de forma consciente nos momentos que você precisa. Agora, vamos definir as características de uma e de outra, para que você possa compreender esse conceito. A Energia Feminina conduz o emocional, intuitivo e nutritivo. Promove empatia e habilidades de comunicação emocional. Está relacionada com a delicadeza, o cuidado e o amor, representando o mundo interno e a conexão com o mundo espiritual. Está relacionada com a lua. Por outro lado, a Energia Masculina é a ação, a lógica e objetividade. Favorece a clareza e a assertividade, além da força, a coragem, a proteção e o prover. Está relacionada com o sol e relaciona-se com resolver as coisas, estar presente, prestando atenção. Quando desenvolvemos o autoconhecimento, conseguimos trabalhar nosso equilíbrio e levamos a vida com mais leveza.

Bruna de Obá









terça-feira, 19 de agosto de 2025

Espada de Ogum

 Espada de Ogum

    A Espada de Ogum (Sansevieria cylindrica ou Sansevieria trifasciata) é uma planta amplamente conhecida no Brasil e bem reconhecida em tradições de matriz africana. Seu nome está associado ao orixá Ogum, divindade guerreira do Candomblé e da Umbanda, simbolizando proteção e força espiritual. Além de sua relevância religiosa, a planta possui aplicações medicinais e é utilizada como elemento ornamental devido à sua resistência e fácil adaptação a solos e variações de temperatura, para além da beleza empoderada. Pertencente à família Asparagaceae, se destaca por suas folhas longas, rígidas e pontiagudas, que crescem verticalmente, lembrando uma lâmina, tal qual as pertencentes às armas de Ogum e São Jorge, divindades a quem a planta é relacionada. De fácil cultivo, é resistente à seca e exige poucos cuidados. É uma espécie purificadora do ar, removendo toxinas do ambiente.

Na medicina popular, seu uso mais comum é na forma de infusões e compressas, sendo atribuídas a ela propriedades cicatrizantes, anti-inflamatórias e antissépticas. Em algumas regiões, suas folhas são utilizadas para aliviar dores musculares e tratar infecções leves na pele, embora seja necessário cautela no consumo e preparo devido à presença de compostos potencialmente tóxicos em sua seiva. No contexto espiritual, a Espada de Ogum é utilizada como um poderoso amuleto de proteção. Acredita-se que suas folhas funcionam como um escudo contra energias negativas e influências espirituais indesejadas. Em muitas casas, a planta é posicionada na entrada, seja a sua direta ou com folhas em X, para assim afastar o mal e proporcionar segurança aos moradores e local. Também em rituais religiosos, é comum seu uso em banhos de descarrego, além da defumação, promovendo limpeza espiritual, abertura de caminhos e fortalecimento energético

Na nossa casa, Tenda de Umbanda Caboclo 7 Flechas e Jurema, algumas entidades trazem a planta de forma específica. Um exemplo, é o Caboclo Rompe Mato, que possui duas espadas de Ogum, utilizadas a todo momento como ferramenta de trabalho, atuando em vários contextos. Seu simbolismo de força e proteção faz dela um elemento essencial em diversas práticas culturais e religiosas, como por aqui. Seja como aliada na purificação de ambientes, na medicina popular ou nos rituais espirituais, ela continua a ser uma referência de resistência e equilíbrio entre o natural e o sagrado.

Lívia de Obaluaê


quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Patuá

 Patuá

O patuá tem uma história rica e profundamente ligada às tradições espirituais e culturais das religiões de matriz africana e de outras práticas espirituais ao redor do mundo. Sua origem remonta às antigas civilizações africanas, onde amuletos e talismãs foram criados e consagrados para fornecer proteção, cura, classificação e conexão com o sagrado. Esses, muitas vezes confeccionados com elementos da natureza, como ervas, pedras e pedaços de tecido, carregavam símbolos simbólicos e espirituais, sendo usados ​​como instrumentos de defesa contra energias negativas e reforço de pontos positivos.

Durante o período da escravidão, as práticas religiosas e culturais africanas foram trazidas ao Brasil pelos povos escravizados, que enfrentaram a repressão de suas tradições e a necessidade de adaptação em um novo ambiente hostil. Nesse contexto, o patuá tornou-se uma ferramenta espiritual de resistência, ocasionalmente não apenas como um amuleto de proteção contra as adversidades da vida, mas também como um símbolo de fé e conexão com as raízes ancestrais. Muitas vezes, o patuá era escondido ou camuflado em práticas sincréticas, misturando elementos africanos, indígenas e cristãos para preservar a espiritualidade em meio à opressão.

Na Umbanda e em outras religiões afro-brasileiras, o patuá ganhou um papel importante como objeto de trabalho espiritual. Ele é consagrado por guias e entidades, como os pretos velhos, caboclos ou exus, que canalizam sua energia e sabedoria para potencializar as propriedades do amuleto. Cada patuá é único e preparado de acordo com a necessidade de quem o utiliza, seja para proteção contra energias negativas, abertura de caminhos, fortalecimento espiritual, conexão com os orixás e entidades, cura ou equilíbrio energético.

O patuá também carrega consigo o simbolismo da simplicidade e da conexão com a natureza, valores centrais em muitas tradições espirituais. Ele nos lembra que a força espiritual pode ser encontrada nas coisas mais simples e puras, como uma erva colhida com intenção ou uma oração feita com fé.

Muitas vezes relacionado a linha dos pretos velhos, ressaltados em pontos como no trecho: “com seu patuá e figa de guiné, vovó vem de Aruanda pra salvar filhos de fé”, por representar a resistência, fé e simplicidade que esses espíritos transmitiram ao longo de suas existências. Os pretos velhos são fontes de amparo espiritual e sabedoria, o patuá se torna um símbolo de proteção e conexão com as forças ancestrais, refletindo a essência da espiritualidade que eles representam na Umbanda. Esses guias ensinam que é possível encontrar força nas coisas mais simples e puras, como a fé, a humildade e o respeito às forças da natureza. Da mesma forma, o patuá, apesar de ser um objeto pequeno e discreto, carrega em si uma poderosa energia espiritual, capaz de proteger e fortalecer quem o utiliza.

Hoje, o patuá continua a ser um elemento importante nas práticas espirituais afro-brasileiras, representando não apenas proteção e equilíbrio, mas também a resistência cultural e a riqueza espiritual dos povos que deram origem a essas tradições. Ele é um símbolo vivo de conexão entre o sagrado, a natureza e a ancestralidade, perpetuando ensinamentos que transcendem gerações e continuando a guiar e proteger aqueles que acreditam em seu poder.

Renata de Iansã

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Obí

 Obí

Na cultura africana, especialmente entre os povos de origem iorubá, o obí é um fruto sagrado com profundo significado espiritual, cultural e religioso. Ele é considerado um símbolo de pureza, equilíbrio, proteção e comunicação com o divino, desempenhando um papel central nos rituais e práticas espirituais. O obí é geralmente associado ao obí abatá, que é a noz-de-cola, que na língua bantu é chamada de kezu ou makezu, e em Yorubá, chamado de obí.


O uso do obí na cultura africana está relacionado principalmente a práticas divinatórias e ao estabelecimento de comunicação com os Orixás ou ancestrais (com exceção ao orixá Xangô, como conta um itã sobre ele). Ele é utilizado no jogo de obí, uma forma de oráculo simples, mas extremamente respeitado, em que o fruto é cortado em quatro partes e lançado para interpretar a vontade das divindades ou obter respostas espirituais sobre situações específicas. A disposição das metades do fruto é lida como mensagens ou orientações, podendo indicar aprovação, negação ou necessidade de mais esclarecimentos.

Além de ser um instrumento divinatório, o obí tem um papel significativo em rituais de purificação, oferendas e iniciações. Ele é usado para afastar energias negativas, equilibrar forças espirituais e reforçar pedidos feitos às divindades. Por seu simbolismo de paz e harmonia, o obi é oferecido como presente em momentos de reconciliação, festividades e eventos importantes, reforçando a união e os laços comunitários.

Na cosmologia africana, o obí é visto como um elemento carregado de axé sendo utilizado em práticas que conectam os seres humanos ao divino e à natureza. Ele também é valorizado por sua ligação com a verdade e a justiça, pois acredita-se que sua energia sempre revelará o que é certo e justo em uma situação. Assim, o obí é muito mais do que um fruto na cultura africana. Ele é um canal sagrado de comunicação e equilíbrio espiritual, sendo reverenciado como um elo poderoso entre os seres humanos, os ancestrais e as forças divinas que regem o universo.

Na Umbanda, o obí é usado por algumas casas em cerimônias para firmar trabalhos espirituais e harmonizar energias. Ele é cortado em pedaços e jogado em um processo chamado "jogo de obí". A posição e a disposição das partes do fruto após o lançamento são interpretadas como mensagens diretas dos guias espirituais, ajudando na tomada de decisões ou na orientação sobre como proceder em determinadas situações.

O obí, assim, é muito mais do que um simples fruto. Ele é um canal de diálogo com o sagrado, uma ferramenta de equilíbrio espiritual e um símbolo de respeito às tradições ancestrais. Sua presença nos rituais reforça o elo entre os praticantes da Umbanda, os Orixás e as forças da natureza, fortalecendo a fé e a conexão espiritual.


Renata de Iansã





segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Calêndula

 Calêndula

A calêndula (também conhecida como bem-me-quer, mal-me-quer, maravilha, margarida dourada ou verrucária) é uma erva de forte energia espiritual, amplamente utilizada na Umbanda por suas propriedades de purificação, proteção e renovação. Com suas flores douradas, que remetem ao brilho do sol, a calêndula é conhecida por atrair boas energias e afastar vibrações negativas. Na tradição umbandista, essa planta é frequentemente associada a Oxum, devido à sua relação com a prosperidade, a feminilidade e a cura emocional, mas também pode ser ligada a Iansã, por sua energia de renovação e transformação.

Tem ações anti-inflamatórias, adstringentes, vulnerária, fungicida, colagoga e emenagoga e é considerada uma das melhores ervas para curar problemas cutâneos locais. Pode ser usada quando houver inflamação na pele, seja por infecção ou por ferimentos, pode ser usada em sangramentos externos ou feridas e contusão ou distensão. Indicado também em tratamentos de queimaduras leves e escaldaduras. 

São usadas através de loção, cataplasma ou compressa. Já internamente, pode tratar inflamações digestivas e ulceras gástricas ou duodenais. Como colagoga ameniza problemas relacionados a vesícula biliar e também alguns distúrbios digestivos vagos classificados como indigestão. A calêndula tem uma intensa atividade antifúngica e pode ser usada interna e externamente para combater uma variedade de infecções. Como emenagoga, é conhecida por amenizar problemas de menstruação atrasada e cólicas, em geral é reguladora do processo menstrual.

Na Umbanda, a calêndula é usada em banhos energéticos para fortalecer o campo espiritual, eliminar a inveja e trazer mais vitalidade ao corpo e à alma. Suas ações secas podem ser queimadas em defumações para purificar ambientes e equilibrar as energias, sendo muito utilizadas em rituais de limpeza espiritual. Além disso, a calêndula tem um papel importante na cicatrização emocional, ajudando aqueles que passaram por momentos difíceis e destaques de fortalecimento interior. Seu uso também se estende às ofertas, onde é colocado para reforçar pedidos de amor, equilíbrio e bem-estar. Como uma erva de luz, a calêndula carrega em si o simbolismo da renovação e da positividade, sendo um recurso valioso para quem busca harmonia e conexão.


Renata de Iansã

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Alteia

 Alteia

A alteia (Althaea officinalis) também conhecida como malva-branca é uma planta de grande valor tanto na medicina natural, nas práticas espirituais, incluindo a Umbanda de Jurema. Com propriedades emolientes e anti-inflamatórias, a alteia é tradicionalmente empregada em chás e banhos para aliviar dores, inflamações e problemas respiratórios, além de atuar como um poderoso agente de limpeza espiritual.

A Raiz é utilizada como demulcente, diurética, emoliente e vulnerária e as folhas como demulcente, expectorante, diurética e emoliente. A elevada quantidade de mucilagem (substância viscosa, pegajosa e rica em polissacarídeos, presente em algumas plantas e algas) da alteia faz dela um excelente demulcente a ser usado sempre que essa propriedade se faz necessária. A raiz é usada para tratar problemas digestivos e cutâneos e a folha trata pulmões e o sistema urinário. Em inflamações do trato digestório, como inflamações da boca, gastrite, úlcera péptica, enterite, colite recomenda-se a raiz e para tratar bronquite, catarro nas vias respiratórias, tosse, a alteia é considerada uma alternativa viável e em episódios de uretrite e cálculos renais, a folha age como sedativo. Essa erva ameniza as irritações da membrana mucosa onde quer que se manifestem. Externamente as raízes são indicadas também em tratamentos de varizes e úlceras, abcessos e furúnculos. 

Na espiritualidade, a alteia é vista como uma erva de purificação e equilíbrio, auxiliando na harmonização das energias e na proteção contra vibrações negativas. Seu uso em defumações e banhos serve para limpar o campo áurico e fortalecer a conexão com guias espirituais, promovendo uma sensação de paz e serenidade. Algumas tradições a relacionam com orixás ligados à cura e ao amor, como Oxum e Obaluaê, pois sua energia é suave e regeneradora. Além disso, a alteia tem um simbolismo ligado à renovação e ao acolhimento, sendo utilizado em rituais para aliviar dores emocionais.

Renata de Iansã

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Pontos riscados

 Pontos riscados

Muitos historiadores que pesquisam sobre os pontos riscados acreditam que eles fazem parte de um sistema de escrita gráfica Kongo, que originalmente surgiram como códigos compartilhados que envolvem cosmologia, mitologia e filosofia africana. Esses pontos trazem memórias coletivas, mitos e conhecimentos ancestrais, sendo um fundamento importante para desenvolver as culturas africanas. Os pontos riscados são desenhos feitos com pembas por guias incorporados em seus aparelhos e desempenham muitas funções. O povo Iorubá acredita que eles invocam diversos espíritos, como deusas e deuses. Posteriormente, seus ensinamentos e conhecimentos vieram com os povos escravizados para o Brasil e continuou-se com a crença de que os pontos riscados invocavam não só os deuses Iorubás, mas também invocavam espíritos indígenas, negros escravizados, boiadeiros, marinheiros, pombogiras, exus, baianos, ciganos.


Esses pontos possuem diversos significados diferentes, fazendo o uso de uma linguagem simbólica dos Orixás, formando uma escrita mágica, uma geometria sagrada, na qual cada símbolo representa uma força da criação, uma divindade e/ou uma força natural. São portais de energia positiva, símbolos de poder e de proteção, eles nos contam a identidade de cada guia, a sua história, em qual força trabalha e expressa a força dos Orixás. Cada entidade possui um ponto riscado para sua identificação, mas podem ter outros pontos para seus diversos trabalhos. Para mais que identificação espiritual, quando o aparelho risca o ponto, está mobilizando a falange que aquele guia trabalha, direcionando a energia mobilizada para o objetivo realizado, os pontos que são usados para outros fins, são mais restritos, utilizados somente em ocasiões que o guia precisa fazer algum trabalho específico.

Os guias espirituais preferem trabalhar com espaços mágicos fechados ou circulares porque assim suas irradiações ficam contidas dentro do círculo e não interferem com outros espaços mágicos riscados por outros guias dentro do mesmo espaço físico coletivo. 

Existem os pontos para firmar uma sessão, que são feitos quando a entidade define um orixá(s) que irão reger aquele trabalho. É interessante prestarmos atenção nos símbolos e nos tamanhos dos mesmos, pois símbolos do mesmo tamanho indicam a regência equilibrada dos Orixás naquele trabalho, já símbolos de tamanhos diferentes, podem nos dizer que um Orixá é regente, tendo um símbolo maior e podem ter forças complementares para aquele trabalho, trazendo símbolos menores. 

Há também os pontos de atração (ou irradiação) que são utilizados para direcionar energia, visando uma pessoa ou um grupo, tendo um assunto específico como saúde mental ou física, proteção espiritual, quebra de demandas, descarregos. Por fim, os pontos emblemáticos são a identificação do guia, e através dele que o guia irá apresentar sua regência vibratória. É importante lembrarmos que os símbolos do ponto riscado em conjunto formam diferentes mensagens, muitos podem ser semelhantes, com os mesmos símbolos, mas podem possuir mensagens completamente diferentes. 

Alguns símbolos são usados por mais de um Orixá, nesse caso precisamos observar os outros elementos do ponto riscado para entender o que está sendo passado para nós. Por exemplo:

● Espada: Ogum, Oxaguian, Iansã, Obá;

● Ofá: Oxóssi, Logun Edé, Ewá;

● Arco e flecha: Oxóssi, Logun edé e caboclos (as) (o arco e flecha é mais usado em pontos de caboclos, enquanto o Ofá é mais visto em pontos de Orixás;

● Lança: Ogum, Ewá;

● Raio: Xangô, Iansã, Oxum Opará;

● Livro: Xangô;

● Escudo: Ogum e Obá;

● Balança: Xangô e Exu;

● Concha: Iemanjá;

● Corações entrelaçados: Nanã;

● Cobra: Ewá e Oxumarê;

● Tridente: Exu e Pombagira;

● Ampulheta: Tempo;

● Estrela de David: Oxalá;

● Folhas: Ossain;

● Sol: Oxalá e Omolu;

● Ondas: Nanã, Iemanjá, Ogum Beira Mar/Sete Ondas;

● Coração: Oxum, Oxalá, Ogum Iara;

Para nós umbandistas, saber interpretar um ponto é conectar-se com as forças ancestrais e aprender como esses espíritos de luz trabalham, quem são eles e o que eles trazem de ensinamento.

Isabela de Iansã


segunda-feira, 4 de agosto de 2025

LogunEdé

 LogunEdé

Na tradição iorubá, LogunEdé é um Orixá que engloba e personifica o equilíbrio entre dois mundos completamente diferentes. Ele permeia duas essências, absorvendo ambas para se tornar ele mesmo. Dançando entre os reinos de seu pai e sua mãe (Oxum e Oxóssi - conheça mais clicando aqui https://7flechasejurema.blogspot.com/2024/04/logunede.html ), conseguimos captar um pouquinho que seja da liberdade intrínseca do feiticeiro e caçador sanguinário. Sem limiar nenhum, sem o pensamento do outro, focado em si mesmo dentro da sua solitude contraditória, LogunEdé se completa por si só. Nele, os opostos se alternam, findando sua essência que acaba por ser despertada em seus filhos, fazendo com que o último dos Odés reconstrua a cabeça dos sem sorte, os abençoando, esse é meu pai.

LogunEdé ensina que a prosperidade que tanto conectam à ele vem de dentro. O reconhecimento da nossa existência, do nosso ser de forma única, é um culto a nós mesmo, se nós cultuamos, cultuamos Orixá. Assim ele permanece vivo em nós, guiando os caminhos e  possibilitando a perpetuação do axé. O prosperar exige coragem para abandonar o que nos limita. Os medos, as dúvidas, a falta de confiança em si, a zona de conforto, isso nos impede de fundir aquilo que nos é de merecimento, mas LogunEdé trás a força, a coragem e a determinação para que consigamos confiar no fluxo da vida. Caminhando junto dele, com elegância e a certeza de que cada passo dado é um passo rumo a onde deveríamos estar, isso é um gesto de confiança no nosso próprio poder, de lealdade para consigo mesmo.

Aos poucos, a compreensão de pertencimento no tudo e no todo vai se tornando mais palpável. O peso de viver sob as expectativas alheias vai se esvaindo como as águas límpidas de uma grande corredeira, que jorra mar afora em sua fúria a aceitação de quem somos, onde o príncipe da realeza africana, Deus da surpresa e do inesperado, acaba por trabalhar e permear o nosso íntimo. Quem tenta agradar a todos, perde a si mesmo. E LogunEdé me ensina todos os dias que a busca incessante pela aprovação do externo, pode se tornar uma prisão invisível que limita nosso crescimento e nos desvia do caminho. 

Muitas vezes o que buscamos está próximo, aceitar o nosso eu, sem a necessidade de se modelar para caber nos olhares, sem a necessidade de calcular passos para não parecer incoerente a sociedade, está em ser leal a nossa essência. Feito isso, a vida fica mais leve. Vamos desenvolvendo a sensibilidade de entendimento interno, tudo está em nós, e nós estamos no tudo.

Loci Loci Logun!

Laura de LogunEdé