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segunda-feira, 4 de agosto de 2025

LogunEdé

 LogunEdé

Na tradição iorubá, LogunEdé é um Orixá que engloba e personifica o equilíbrio entre dois mundos completamente diferentes. Ele permeia duas essências, absorvendo ambas para se tornar ele mesmo. Dançando entre os reinos de seu pai e sua mãe (Oxum e Oxóssi - conheça mais clicando aqui https://7flechasejurema.blogspot.com/2024/04/logunede.html ), conseguimos captar um pouquinho que seja da liberdade intrínseca do feiticeiro e caçador sanguinário. Sem limiar nenhum, sem o pensamento do outro, focado em si mesmo dentro da sua solitude contraditória, LogunEdé se completa por si só. Nele, os opostos se alternam, findando sua essência que acaba por ser despertada em seus filhos, fazendo com que o último dos Odés reconstrua a cabeça dos sem sorte, os abençoando, esse é meu pai.

LogunEdé ensina que a prosperidade que tanto conectam à ele vem de dentro. O reconhecimento da nossa existência, do nosso ser de forma única, é um culto a nós mesmo, se nós cultuamos, cultuamos Orixá. Assim ele permanece vivo em nós, guiando os caminhos e  possibilitando a perpetuação do axé. O prosperar exige coragem para abandonar o que nos limita. Os medos, as dúvidas, a falta de confiança em si, a zona de conforto, isso nos impede de fundir aquilo que nos é de merecimento, mas LogunEdé trás a força, a coragem e a determinação para que consigamos confiar no fluxo da vida. Caminhando junto dele, com elegância e a certeza de que cada passo dado é um passo rumo a onde deveríamos estar, isso é um gesto de confiança no nosso próprio poder, de lealdade para consigo mesmo.

Aos poucos, a compreensão de pertencimento no tudo e no todo vai se tornando mais palpável. O peso de viver sob as expectativas alheias vai se esvaindo como as águas límpidas de uma grande corredeira, que jorra mar afora em sua fúria a aceitação de quem somos, onde o príncipe da realeza africana, Deus da surpresa e do inesperado, acaba por trabalhar e permear o nosso íntimo. Quem tenta agradar a todos, perde a si mesmo. E LogunEdé me ensina todos os dias que a busca incessante pela aprovação do externo, pode se tornar uma prisão invisível que limita nosso crescimento e nos desvia do caminho. 

Muitas vezes o que buscamos está próximo, aceitar o nosso eu, sem a necessidade de se modelar para caber nos olhares, sem a necessidade de calcular passos para não parecer incoerente a sociedade, está em ser leal a nossa essência. Feito isso, a vida fica mais leve. Vamos desenvolvendo a sensibilidade de entendimento interno, tudo está em nós, e nós estamos no tudo.

Loci Loci Logun!

Laura de LogunEdé

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