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terça-feira, 26 de agosto de 2025

Iemanjá

 Iemanjá

A senhora das águas salgadas e das profundezas, a grande mãe. O nome deriva do rio Yemonja sendo a junção de “Yèyé omo ejá” significando a mãe cujo seus filhos são peixes. Para um povo se estabelecer a água era fator crucial, os rios, riachos e córregos que seguem para o mar são lembranças importantes de fartura e união, mas também trazem seus perigos.

Na evolução, os primeiros micro-organismos que deram origem à vida vieram do mar. O mar é fonte de vida mas também traz recordações de dor e sofrimento, sendo chamado de “calunga grande" o grande cemitério. Muitos morreram e tiveram seus corpos e restos mortais jogados ao mar, um grande exemplo era o que acontecia com os navios negreiros, aqueles que morriam durante a travessia eram atirados ao mar. Fonte de grandes histórias e muita imaginação, abrigando animais que não conhecemos, navios e tesouros perdidos, monstros marinhos. O mar traz inúmeros segredos, sabemos mais sobre o espaço, as estrelas e as galáxias do que o fundo do mar.

Assim é Iemanjá, uma senhora de segredos. De pontos positivos e negativos, de fatos que provavelmente nunca saberemos, civilizações perdidas, guerreiros e embarcações esquecidas. Mas também a fonte de esperança e luz e alimento. Iemanjá traz o elemento água, com a força, perseverança e adaptabilidade do elemento. Do ponto de vista esotérico podemos ir mais além, pois a água representa a vida e o subconsciente do ser humano, suas emoções reprimidas e seus pensamentos ocultos.

É a orixá irradiadora da geração, sendo complementada por Omolu, o senhor da morte, uma vez que para o novo ser gerado o antigo precisa morrer. Iemanjá traz a introspecção, a intuição e a ruminação dos pensamentos e sentimentos, bons ou ruins. Ao mergulharmos nas profundezas de nosso subconsciente, podemos ficar tristes com as sensações de enfrentarmos nossos próprios monstros marinhos, assim como a profundeza do oceano onde não chega luz, mas ainda assim existe vida. Mas porque faz isso, e o que fazer com isso ? GERAÇÃO, deixar que as águas as profundezas limpem nosso espírito para que posteriormente possamos emergir, voltando à luz da superfície. Trazendo um nosso novo eu para a praia.

Outro ponto a ser lembrado se refere ao alimento. Podemos fazer uma associação com o Cristianismo, Jesus Cristo era um pescador, assim como grande parte de seus apóstolos, o peixe não apenas o alimento do corpo físico mas, representa também o alimento espiritual trazido do fundo do mar. Iemanjá é uma mãe carinhosa, sentimental, é o caminho das correntes marítimas que guia os filhos. É acolhedora e forte. Entre seus instrumentos está um espelho de prata, virado sempre para seus filhos, mostrando a abdicação deste orixá. Aqui devemos ter cuidado, pois uma mãe cuidadora pode muitas vezes cuidar de si mesma, abrindo mão de sua saúde e conforto para ajudar os filhos. Trazendo o apego emocional como característica a ser trabalhada pelos seus filhos.

Pedro Maciel .’. de Xangô


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