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quinta-feira, 18 de abril de 2024

LogunEdé

 LogunEdé, o príncipe guerreiro

    Conhecido em terras iorubanas como grande guerreiro caçador, LogunEdé é filho de Oxum, e tem sua paternidade variada de acordo com a região em que é cultuado, aqui, o consideramos filho de Oxóssi. 
    Os cultos religiosos trazidos com escravos africanos, sofreram diversas modificações, e o desse Orixá, foi um deles. Vários arquétipos são empregados ao pequeno caçador, que ele é meio homem e meio mulher, que é metade Oxóssi e metade Oxum, mas Logun é ele por si só. Itans contam que este passava 6 meses com o pai e 6 meses com a mãe, absorvendo todo conhecimento de cada um. 


   Orixá masculino, guerreiro, estrategista, caçador e envolto de misticidade, é um adulto de baixa estatura, por isso muitas vezes é confundido com um menino. O menor dos Odés, clã de sagazes caçadores, como seu pai Oxóssi e Ogum, Logun foi o último deles, tendo oportunidade de aprender tudo com seus antepassados, sendo respeitado e admirado por sua destreza na caça, que foi desacreditada muitas vezes pelo seu tamanho. 
    Considerado o príncipe dos Orixás, LogunEdé significa “senhor guerreiro da cidade de Edé” (cidade no estado de Osun), e em outras traduções, “o grande guerreiro feiticeiro”. Sua mãe o ensinou tudo, encantamentos, feitiçaria e o segredo das águas doces, comportamentos, como a benevolência e doçura, opostos dos ensinamentos de seu pai, crescendo ele assim, dual. Nele, os opostos se alternam; como uma armadilha, ele encanta seu alvo com sua beleza, surpreende, é belo, imponente, enfeitiça e aí sim, ataca letalmente. Representa o encontro de naturezas distintas, sem que ambas percam sua essência, tendo, apesar de influência de ambas, uma identidade própria. Diferente dos outros Odés, é reconhecido por sua formosura, mas se assemelha aos seus por ser sanguinário.
    Toda sua indumentária, assim como a de Oxóssi, é repleta de magia, que era usada pra caminhar na mata de forma sorrateira e ter sucesso em suas lutas e caçadas sem correr perigo (magia esta vinda dos conhecimentos repassados por Ossain, senhor das folhas, á seu pai, e dos encantamentos aprendidos com sua mãe). LogunEdé possui o conhecimento dos elementos da natureza onde reinam seus pais, como florestas, matas, cachoeiras etc. e também do seu próprio, que fica nas margens dos rios, cursos d’água em geral, desde que tenham vegetação, sendo ali o encontro dos dois reinados dominantes por ele. 
   Na Nigéria, a cidade de LogunEdé se chama Ilexá, e é uma das mais prósperas da África. Anualmente se fazem encontros com devotos de todo continente pra celebrá-lo, cultuando seus ensinamentos, a mudança e a presença dele na vida de cada um, e também no território. Logun é o Orixá da prosperidade, abundância, do progresso. É acolhedor, mas muito metódico. Traz muitas vitórias e alegrias, mas também nos ensina que a vida é uma guerra, lutando todos os dias contra nosso pior inimigo: nós mesmos. A impaciência, arrogância, dúvida, atrapalha o nosso caminhar, e se não forem cuidadas, se expandem, passando a afetar nosso externo. O grande guerreiro feiticeiro, nos ensina a olhar pra dentro do caos, silenciar tudo pra sermos capazes de equilibrar mente, coração, ações e palavras; para que ajamos de forma correta, proferindo palavras adequadas, no momento conveniente.
    Em sua representação, LogunEdé traz em uma das mãos o Abebé (espelho de Oxum) e o Ofá (arco e flecha de Oxóssi) na outra. Suas cores são amarelo e verde, variando o verde com azul turquesa em terreiros que cultuam Oxóssi com essa cor. Traz em suas indumentárias pele de leopardo, remetendo a sua elegância enquanto caça e penas de pavão, animal em que se transmuta, assim como sua mãe. Tem como símbolo o cavalo-marinho, animal dado por sua avó (Iemanjá). Seu dia é quinta-feira, tendo como data comemorativa 19/04 e sendo sincretizado com Santo Expedito, o santo das causas impossíveis. Eles se assemelham pela devoção do povo ao clamar por ambos diante situações extremas. Sua saudação é “Logun ô akofá!” ou “Loci Loci Logun!”, que significa “brada príncipe guerreiro!”


    Os filhos desse Orixá, são corajosos, com sentidos aguçados, perceptivos e protetores. Apesar da dualidade do pai, que é o equilíbrio perfeito, tem tendência a desviar dos caminhos, pois são intensos e não sabem reconhecer que a estabilidade é algo positivo; tem momentos de doçura e leveza, outros de seriedade e solidão, isso faz com que passem a vida a buscar essa harmonia das energias, já que sempre vão transitar entre os polos de Oxum e Oxóssi, carregando também características desses Orixás, além das suas próprias. Costumam ser bem críticos, orgulhosos, prósperos e ter boa sorte. Tem uma beleza exótica, e um magnetismo grande, chamando atenção por onde passam, sendo bem sociais, tendo dons artísticos e manuais. Confiantes e indecisos, demoram a tomar uma decisão, pois analisam muito antes de jogar sua flecha, mas depois de determinada a rota, não voltam atrás. Se entrarem no polo negativo, podem se tornar preguiçosos, críticos para com os outros, sendo necessário usar seus instrumentos para melhora; com o abebé (espelho) olhar pra dentro de si, e se reorganizar. Com o ofá (arco e flecha), buscar o conhecimento pessoal e se guiar interna e externamente.
    Encerramos parafraseando o tropicalista Gilberto Gil: 
“LogunEdé é demais 
Sabido, puxou aos pais 
Astúcia de caçador 
Paciência de pescador 
LogunEdé é demais” 

Que LogunEdé nos abençoe, salve suas forças. Logun ô akofá!

Laura de LogunEdé

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