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sábado, 29 de junho de 2024

Firmezas e Assentamentos

 Firmezas e Assentamentos

Conceitos que costumeiramente causam muita confusão, curiosidade e dúvidas, os assentamentos e firmezas, são maneiras de “ancorar” uma determinada energia, potência ou força.  A diferença entre esses conceitos está na durabilidade e na ligação com determinado local.

Um exemplo simples de firmeza está na firmeza para anjo de guarda que grande parte dos umbandistas fazem diariamente. Tal firmeza é uma conexão com a energia daquele ser com um ou alguns objetos e elementos afins a essa energia. A firmeza do anjo de guarda é simples pois muitas vezes é feita apenas a queima de uma vela imantada pela energia do pensamento, normalmente diariamente. E essa firmeza não tem que ser necessariamente realizada em um local específico e tem como objetivo trazer a energia de proteção do anjo de guarda para o dia de quem o firma. A firmeza pode ser feita também para guias, Orixás etc.

Já os assentamentos apesar de terem a mesma ideia de trazer uma determinada energia, já é algo fixo em determinado local. É comum ouvirmos falar em assentamentos de terreiros. Ou seja, toda casa precisa ter seus assentamentos que os liguem ininterruptamente com seus Orixás irradiadores, seus guardiões e guias principais. O assentamento pode ser enterrado no solo do ambiente, pode ser colocado em vasilhames de barro ou cerâmica (quartinhas), entre outros. Podem existir em uma casa assentamentos que somente o sacerdote tem conhecimento e também vários que estão à vista para todos. Normalmente os assentamentos não são feitos na casa dos religiosos, a não ser que seja detectada uma necessidade específica. É comum em tradições africanas que os assentamentos não sejam feitos pelos filhos de santo, mesmo quando necessário um assentamento particular, os sacerdotes é quem o fazem para eles.

É importante ressaltar que não é porque o assentamento é uma ligação fixa e ininterrupta que poderá ficar abandonado. Da mesma maneira que objetos imantados com energia tem que ser reenergizados, é necessário renovar a energia dos assentamentos, podendo ser pela renovação dos elementos de sua composição ou com energia mental.

O Congá (altar) dependendo da casa é um assentamento e pode em outras ser apenas firmado. Caso haja elementos trazendo energias fixados nele será um congá com assentamento, caso seja apenas ativado com a firmeza das velas acesas no dia de gira será um conga apenas firmado. 

Da mesma maneira ocorre nas tronqueiras (ponto de sustentação das forças da esquerda dentro de um terreiro), sendo nesse caso muito mais necessário que as forças estejam assentadas pois a proteção e a reciclagem energética da esquerda são fundamentais tanto no momento de gira como também no dia a dia, principalmente quando não estamos tão atentos a espiritualidade. É nos momentos de distração e fraquezas que as casas e membros estão mais suscetíveis a ataques.

Uma analogia interessante sobre a diferença dos assentamentos e firmezas é a de que o assentamento seria uma árvore plantada ao solo e que a firmeza seria uma planta em um vaso. A árvore trás sombra e frutos, mas está enraizada no local que foi plantada. Já a planta no vaso traz também as essências daquele vegetal, embora não consiga trazer toda potência que poderia se estivesse fixado no solo, mas que é o suficiente para as necessidades e pode ser colocado ou transportado para diferentes locais. E tanto a árvore quanto a planta necessitam de água e sais minerais para continuarem vivas, no entanto como no vaso estão disponíveis menores quantidades de nutrientes, é necessária uma maior frequência de adubação e irrigação.

Axé


Ricardo de Ogum Matinata


quinta-feira, 27 de junho de 2024

Tribos Brasileiras - Tupiniquins

 Tribos Brasileiras - Tupiniquins

A Umbanda cultua os nossos ancestrais brasileiros, sendo um deles os Caboclos, que são arquétipos dos índios brasileiros que habitavam nossas terras, com isso, vemos a importância do estudo de algumas tribos que viviam em nosso país, hoje vamos aprender mais sobre a Tribo dos Tupiniquins.

Os índios tupiniquins eram uma das principais etnias indígenas que habitavam o litoral do Brasil quando os portugueses chegaram ao país, ocupando uma área que estendia-se pela costa do estado de São Paulo até o sul da Bahia. Eles eram conhecidos por sua cultura rica e complexa, incluindo sua habilidade na agricultura, cerâmica e na construção de habitações. Os tupiniquins também eram guerreiros habilidosos e se envolveram em conflitos com outras tribos e com os colonizadores europeus, sendo uma das primeiras tribos indígenas a ter contato com os portugueses. Inicialmente, esse contato foi marcado por curiosidade e trocas comerciais, mas logo se tornou conflituoso devido às tentativas de colonização e exploração portuguesas. 

Os tupiniquins resistiram ativamente à colonização portuguesa e lutaram contra os invasores europeus. Porém, as armas dos portugueses e as doenças trazidas pelos colonizadores causaram estragos significativos nas populações indígenas. Muitos tupiniquins foram escravizados ou mortos durante os conflitos.

A espiritualidade dos índios tupiniquins era profundamente conectada com a natureza e com o mundo espiritual. Eles acreditavam em divindades ligadas aos elementos naturais, como o sol, a lua, as estrelas, os rios e as matas. Além disso, praticavam rituais de reverência à natureza, como agradecimentos pelas colheitas, rituais de passagem e cerimônias de cura. A relação com os espíritos ancestrais também era importante, onde os xamãs desempenhavam um papel fundamental na comunicação com esses espíritos, para a cura e na orientação espiritual da comunidade. 

Na Umbanda é comum encontrar elementos e ritualísticas que refletem a espiritualidade indígena, como o uso de ervas medicinais, conexão com os  espíritos da natureza, reverência aos guias espirituais (que podem ter sido ancestrais tupiniquins) e também podemos observar que há um guia espiritual para direcionar os trabalhos naquele local, como por exemplo em nosso “Terreirinho” o Caboclo 7 Flechas. No entanto, é importante ressaltar que a Umbanda é uma religião que também incorpora várias outras influências. 

Por fim, pode-se perceber a importância de compreender a história dos nossos antepassados e nos dias atuais dentro dos terreiros de Umbanda ver a importância do trabalho que as entidades denominadas Caboclos nos trazem com toda essa bagagem de conhecimento histórico e de cura. 


Marina de Nanã Buruquê


segunda-feira, 24 de junho de 2024

Orixá Xangô

 Xangô


    Xangô é um Orixá muito conhecido e cultuado na Umbanda, atua na linha da justiça juntamente com Iansã. Considerado a força divina da justiça, dos raios, dos trovões e do fogo. Seu culto faz parte da cultura Iorubá, chegou ao Brasil através de africanos que vieram escravizados. Fisicamente Xangô é descrito como um Orixá jovem, forte e de grande agilidade. Xangô nos auxilia trazendo equilíbrio, senso de justiça, ajudando na resolução de problemas judiciais, estudos e trabalhos intelectuais.

    Em nossa casa comemoramos seu dia 24 de junho, sendo sincretizado com São João Batista. Xangô é Orixá do trovão e do fogo. Durante as festas de São João Batista, é comum o uso de fogueiras, fogos de artifício e outros elementos associados ao fogo. Essa similaridade de símbolos contribuiu para a associação entre Xangô e São João Batista. 

    São João Batista, em sua pregação também é visto como um defensor da justiça e da retidão moral. Ambos são figuras de autoridade e respeito, que facilita a associação simbólica entre eles.

    O dia da semana de Xangô é a quarta feira, suas cores são vermelho, branco e marrom. Seus elementos são o fogo, raios, trovões e as pedras. Como forma de demonstrar respeito e devoção usamos a saudação Kaô Kabecilê, que se traduz como venha saudar o rei. Os metais de Xangô são o cobre, ouro e chumbo. O símbolo do Orixá é o machado ou oxé. Podemos oferendar para o Orixá velas brancas, vermelhas e marrons além da cerveja escura, vinho tinto doce, licor de ambrosia e flores. Para despachar sua oferenda escolhemos seu ponto de força como por exemplo a pedreira, montanha ou cachoeira.

    Para finalizar, vamos falar um pouco sobre as características dos filhos de Xangô, que são pessoas firmes, enérgicas e seguras. Muitas vezes, se posicionam de maneira incisiva contra situações injustas, tanto em relação a eles quanto a outras pessoas. Gostam de dar conselhos e quando contrariados podem ficar nervosos. São considerados comilões, autoritários, briguentos mas não guardam rancor. Mas também são justos, carismáticos e divertidos. Podem demorar para tomar atitudes pelo medo de serem injustos com alguém.

Bruna de Xangô


quinta-feira, 20 de junho de 2024

A Umbanda cobra ?

 A Umbanda cobra ?


Essa pergunta sempre está presente no dia a dia dos praticantes das religiões de matriz africana. No candomblé, por exemplo, os atendimentos são cobrados, uma vez que o sacerdote ( ou Babalorixá) abre mão do trabalho profano que conhecemos, para se dedicar exclusivamente ao sacerdócio. Sendo assim, existe a cobrança para que possa manter os atendimentos e também seus gastos.

Quando a Umbanda foi anunciada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, foram também anunciados seus fundamentos. Dentre eles, foi anunciado que não seria cobrado por nenhum tipo de atendimento. Seguindo as orientações do anunciador da religião, os trabalhos não são cobrados em nenhuma casa de Umbanda. 

O sacerdote na Umbanda, chamado Pai de Santo, não abre mão de sua profissão, continua a trabalhar na vida profana. No entanto  A UMBANDA COBRA, cobra todos os dias, cobra a cada segundo. Cobra mais do que dinheiro, a Umbanda cobra COERÊNCIA. Coerência de suas atitudes em relação ao ponto onde quer chegar. Cobra seu posicionamento, cobra sua melhora, cobra na medida em que você está disposto a se doar.

A Umbanda cobra sua moral, cobra seu auto perdão. A cobrança está na dedicação e no enfrentamento de seus próprios medos e vaidades. A Umbanda cobra coerência, cobra transformação. Mas a umbanda também paga, um prêmio de valor inestimável, o amor próprio e a vida. 

Axé 


Pedro Maciel.’. de Xangô


segunda-feira, 17 de junho de 2024

Ensinamentos

 Ensinamentos

Caro leitor, uma das dificuldades que enfrentei quando conheci o terreiro de umbanda foi compreender que o conhecimento neste local não seria como eu já estava habituada. Venho de uma prática pessoal onde a pesquisa e o estudo acadêmico é indissociável. Sempre busquei compreender o porquê das coisas e especialmente buscar validação empírica para elas. Desta forma quando conheci a umbanda a falta de um livro que decodifica e explica o passo a passo daquela vivência me deixou por muito tempo de cabelo em pé. 
A oralidade e a observação dentro do terreiro são fundamentais para o aprendizado e desapegar da ideia de que o saber está presente apenas em livros ou estudos científicos me gerou bastante angústia. Um dos primeiros estudos que eu fiz (não por coincidência) foi com o seguinte tema: “a ausência de um livro sagrado na umbanda”, lembro de ter enfatizado neste estudo que mesmo com a ausência de um livro específico da doutrina de umbanda aos curiosos haveriam diversos livros disponíveis sobre os mais variados temas e assuntos relevantes. Hoje consigo perceber que na realidade esta afirmação nada mais era que meu ego tentando manter o controle sobre algo que eu não tinha.
Atualmente me pego rindo de mim mesma ao pensar que mal sabia eu que na realidade a umbanda não precisa de um livro com evidências de suas práticas, pois o fundamento da umbanda se encontra na vivência do terreiro. “Todo mundo quer umbanda, mas ninguém sabe o que umbanda. Umbanda tem fundamento, mas ninguém sabe o que é umbanda” diz um ponto tradicional dos terreiros de umbanda. E quando paro para refletir sobre isto volto a afirmar: não é possível conhecer a umbanda sem vivenciá-la!
Aos dispostos, cabem despir-se do ego e compreender que o conhecimento que buscamos da espiritualidade nos fornece de bom grado e sem muita expectativa. Observe as consultas que vocês têm com os guias, pensem situações onde podem não ter compreendido o que a espiritualidade queria lhe passar e muitas vezes ficou chateado e até mesmo com raiva, normalmente estes são os ensinamentos que depois de algum tempo passam a fazer sentido e a gente se sente abençoado e talvez até envergonhado pelo sentimento inicial que tivemos. Mas não se envergonhem foi APRENDIZADO, use-o para a MUDANÇA.
A espiritualidade trabalha de forma simples e ordenada, somos nós quem a complicamos tentando enquadrá-la na forma em que vemos o mundo e muitas vezes com medo de abrirmos mão de um suposto controle. A realidade é que não controlamos nada, a não ser nossas atitudes, desta forma se queremos aprender é preciso mudar, encarar nossas falhas, nossos erros, nosso egoísmo, nossa vaidade.

Axé!


Jéssica de Obaluaê


quinta-feira, 13 de junho de 2024

Cangaceiro do Capão Comprido

 Cangaceiro do Capão Comprido

O Cangaceiro do Capão Comprido foi um dos cangaceiros do cangaço de Lampião, seu nome é Ângelo Emídio da Silva, era natural de Pernambuco. Ele participou de diversos ataques na cidade de Vila Bela em Pernambuco, dentre eles; o tiroteio da Fazenda Abóboras no município de Vila Bela em Pernambuco, onde tombaram os cangaceiros Lupércio, Vicente da Penha, Victor e Juruti; participou também do ataque a Fazenda Serra Vermelha no município de Vila Bela, em Pernambuco. 
Em 1 de agosto de 1926, seu nome consta do rol dos denunciados no processo que foi instaurado no cartório de Vila Bela para apurar os crimes ali cometidos. Também participou no ataque da Fazenda Taperas no município de Vila Bela, em Pernambuco, quando foram eliminadas 11 pessoas da família Gilo. Em 26 de agosto de 1926, seu nome fez parte do boletim geral número 264, de 22 de novembro de 1926, constando a relação de: “BANDIDOS CAPTURADOS PELA AÇÃO DO MAJOR TEÓFILO TORRES”, foi transferido para penitenciária do Recife em Pernambuco em 28 de março de 1928, onde cumpriu pena e se regenerou-se não se tendo notícias do seu paradeiro.
Isso tudo são biografias e histórias nas quais foram encontradas na internet. Mas em conversa com o guia Cangaceiro do Capão Comprido, ele nos disse um pouco sobre como foi sua vida. Cangaceiro do Capão Comprido foi realmente um dos cangaceiros de Lampião, mas antes de ser cangaceiro era um homem “de bem”, tinha uma esposa e uma filha, mas uma certa vez ele teve a infelicidade de ver sua esposa e filha sendo estupradas e mortas em sua frente, sem dó nem piedade. 
Daí em diante tomou a decisão de fazer parte do cangaço a fim de se vingar de quem lhe fez o mal, foi atrás da sua meta, nesse período de obsessão incessante teve diversas guerras, uma na qual perdeu um olho, por isso o ele vem trazendo em seu arquétipo um tapa olho, foi lhe enfiando uma garrafa em um dos olhos por isso ocasionou  na a perda de visão. Por fim diante tantas batalhas Cangaceiro do Capão conseguiu se vingar de quem tanto almejava a vingança, mas ele relata que após ter tido esse feito a vida passou a não fazer sentido, se sentia só e sem rumo, o que lhe levou ao suicídio, após esse capítulo deste suicídio relata que passou por um processo de aprendizagem, acredito que seja em umbral, pois foi muito sofrimento até se tornar um espírito de luz e passar a entender o que realmente importa.
Hoje Cangaceiro do Capão Comprido é um espírito de luz que trabalha na Umbanda, a fim de fazer o bem, nos traz ensinamentos com aquele jeitinho “arretado” , trazendo o amor e a caridade. 


Ana Carolina de Xangô

segunda-feira, 10 de junho de 2024

O Catimbó de Jurema

 O Catimbó de Jurema

O catimbó de jurema sagrada é uma religião que foi fundada entre os séculos XVI e XVII no nordeste brasileiro, a religião deu origem aos povos indígenas, europeus e africanos. O catimbó de jurema baseia-se no culto em torno  da árvore de jurema, o que é a árvore jurema? A árvore jurema é uma planta sagrada, para nós umbandistas, catimbozeiros e católicos. Uma curiosidade é que a coroa de espinhos de Jesus foi feita com galhos de Jurema. 
Os trabalhos espirituais que ocorrem ao culto de jurema são muitas vezes realizados em rodas, os médiuns ficam girando em volta do trabalho que está sendo realizado, assim chamado de jurema de roda. Outra forma  que este trabalho ocorre é a jurema de chão, quando todos os médiuns ficam sentado em volta do trabalho e os instrumentos de trabalhos, como os maracás (um instrumento musical) os cachimbos de jurema e angico (utilizados para limpezas e para firmar os trabalhos), as bebidas como o licor de jurema (uma bebida feita pelos mestres juremeiros com a finalidade de levar o nós encarnados a conexão com o mundo espiritual) ficam dispostos no centro da roda.
Os guias espirituais que se manifestam nestes trabalhos são os mestres juremeiros, mas não se apegue nisso pois na jurema pode ocorrer uma mistura entre os mestres, princesas, caboclos, pretos velhos, boiadeiros, marinheiros, ciganos, malandros, entre outros. A manifestação mais comum é dos Mestres Juremeiros, eles que trazem consigo muito conhecimento e fazem trabalhos muitas vezes direcionados a limpezas espirituais. Os mestres gostam muito de cantar e dançar e em cada rezo cantados por eles trazem um ensinamento diferente. 
Saravá Jurema Sagrada

Emily de Oxumarê 

 

quinta-feira, 6 de junho de 2024

O Jaguar

 O Jaguar


Olá meus irmãos, hoje gostaria de convidá-los a uma nova reflexão, feita a cerca de uma música espiritualista “onde o jaguar espreita ” do artista Advan Haschi. Alguns pontos dessa canção me chamaram a atenção, hoje vou falar de um deles em particular.
“Onde eu bebo água o jaguar espreita, Eu o vejo, sou um Caçador”
Para alguns pode ser apenas um trecho bonito, mas vamos avaliar com maior profundidade. Em florestas, matas e savanas, o ponto de convergência de praticamente todos os animais são os rios, córregos e riachos. O alimento, seja frutos, ou animais, pode ser encontrado em meio a selva. Já água não.  O local onde tomam água  é perigoso, podem não ver o predador escondido na água ou por entre a mata ciliar.
Quando se abaixam para beber água, não tem mais a visão periférica, não conseguem observar o que está a sua volta, apenas seu próprio reflexo na lâmina d’água, ficando assim mais vulneráveis. Conosco não é diferente,  pensamentos intrusivos, a angústia, sentimentos negativos de incapacidade e inferioridade são constantemente utilizados como armas de espíritos que estão perdidos, e se alimentam de tal energia. Quando “bebemos água” nossas defesas estão baixas, nos sentimos seguros por um momento, e somos atacados sem percebermos.

Muitas vezes deixamos pequenas brechas, sejam físicas ou espirituais. Muitas vezes estamos tão focados em nossa própria imagem refletida na lâmina d’água que não vemos o ataque. Narciso na mitologia grega se afogou, apaixonado com a beleza de seu próprio reflexo. Quando estamos em momentos bons, muitas vezes não damos à devida importância as orações, as defesas, e são nesses momentos que os ataques começam. Podem vir pequenos e sorrateiros, ou certeiros e devastadores como o ataque do jaguar. 

Por tanto, não dê chances ao azar. “ orai e vigiai”. Não se iluda com o reflexo de seu ego na lâmina d’água.  A vida é uma grande floresta, uma grande selva, esteja atento e lembre-se que ninguém conhece a mata e seus segredos, melhor que os Caboclos, que a protegem.

Por tanto, olhos e ouvidos, físicos e espirituais  atentos. “Orai e vigiai”


Pedro Maciel de Xangô .’.



segunda-feira, 3 de junho de 2024

Orixá Obá

 Orixá Obá 

    Obá é uma Orixá que na Umbanda atua na linha do conhecimento, absorvendo os conhecimentos que seriam usados de forma desvirtuosa. Quando uma pessoa é auxiliada por Obá, começa a perder o foco e raciocínio com relação aos conhecimentos que seriam usados para prejudicar. A Orixá traz o equilíbrio para que Oxóssi possa despertar o interesse em buscar outros conhecimentos necessários que vão redirecionar para o caminho correto.
    O arquétipo de Obá é de uma guerreira e a Orixá  tem sincretismo religioso com Santa Joana D’Arc. Sua data comemorativa é dia 30 de maio, seu dia da semana é quinta feira. Sua saudação é Obá Xiré Yá ou Akiro Obá Yê, que significa eu saudo o seu conhecimento senhora da terra. Em nossa casa as cores que representam Obá são magenta e marrom terroso, seus elementos são a terra e o vegetal.
    Segundo a mitologia Iorubá, Obá venceu batalhas contra orixás masculinos muito fortes, perdendo injustamente apenas para Ogum. Demonstrando que apesar de ser uma grande guerreira, traz consigo uma grande ingenuidade. A mitologia conta que Obá desafiou Ogum, e ele conhecendo a força que Obá tem  procurou os babalaôs que o orientaram a preparar uma oferenda  com espigas de milho e quiabos, pilados juntos formando uma massa escorregadia. Então Ogum preparou a oferenda e colocou próximo de onde iria acontecer a batalha. No momento em que  Obá estava dominando a batalha, Ogum levou-a até a oferenda, Obá pisou na oferenda escorregou e caiu, Ogum aproveitou para dominar e vencer a batalha, tornando ali o primeiro homem a ganhar uma batalha contra Obá.   
    A mitologia Iorubá também conta que Obá foi casada com Xangô, o mesmo tinha mais duas esposas Iansã e Oxum. E que  Obá tinha inveja de Oxum por ser a esposa preferida de Xangô, então Obá foi até Oxum e perguntou o que ela fazia para ser tão querida pelo marido. Oxum então respondeu com malícia que o segredo seria preparar uma sopa  para Xangô juntamente com uma de suas orelhas. E assim Obá fez, demonstrando mais uma vez sua ingenuidade. Ao servir a sopa para Xangô, ele ficou muito bravo quando percebeu que ali tinha uma das orelhas de Obá. Oxum e Obá ficaram assustadas com a reação do marido e fugiram, se transformaram em rios que hoje leva seus nomes e ficam localizados no continente africano. O encontro desses dois rios faz com que as águas fiquem agitadas, acreditam que a turbulência seja causada pela rivalidade entre as duas Orixás.
    Quando observamos a imagem de Obá, percebemos que com sua mão ou escudo ela está tampando sua orelha esquerda, usa também um lenço em sua cabeça e segura em sua mão direita uma espada. 

    Agora vamos falar pouco sobre as características de seus filhos que são simples em estilo de vida, são leais, determinados, considerados sábios, mas também teimosos. Os filhos de Obá são sinceros e muitas vezes podem até magoar outras pessoas por não terem filtro em falar o que pensa. São ciumentos, bondosos, mas também podem se tornar vingativos. Quando se trata de amizade e relacionamento amoroso podem ser ingênuos. Lembrando que essas características não são do Orixá e sim dos seus filhos.
    Com esse estudo pude refletir o quanto é importante o autoconhecimento para que possamos modificar o que é necessário para nossa evolução, descobrir qual Orixá rege sua coroa é uma responsabilidade, mas também é um facilitador para que você possa analisar suas dificuldades, mas também valorizar suas qualidades. Me fez refletir também sobre o julgamento, pois sempre tem algo de positivo para ser extraído do outro e algo negativo que precisa ser modificado em você.

Bruna de Obá