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segunda-feira, 17 de junho de 2024

Ensinamentos

 Ensinamentos

Caro leitor, uma das dificuldades que enfrentei quando conheci o terreiro de umbanda foi compreender que o conhecimento neste local não seria como eu já estava habituada. Venho de uma prática pessoal onde a pesquisa e o estudo acadêmico é indissociável. Sempre busquei compreender o porquê das coisas e especialmente buscar validação empírica para elas. Desta forma quando conheci a umbanda a falta de um livro que decodifica e explica o passo a passo daquela vivência me deixou por muito tempo de cabelo em pé. 
A oralidade e a observação dentro do terreiro são fundamentais para o aprendizado e desapegar da ideia de que o saber está presente apenas em livros ou estudos científicos me gerou bastante angústia. Um dos primeiros estudos que eu fiz (não por coincidência) foi com o seguinte tema: “a ausência de um livro sagrado na umbanda”, lembro de ter enfatizado neste estudo que mesmo com a ausência de um livro específico da doutrina de umbanda aos curiosos haveriam diversos livros disponíveis sobre os mais variados temas e assuntos relevantes. Hoje consigo perceber que na realidade esta afirmação nada mais era que meu ego tentando manter o controle sobre algo que eu não tinha.
Atualmente me pego rindo de mim mesma ao pensar que mal sabia eu que na realidade a umbanda não precisa de um livro com evidências de suas práticas, pois o fundamento da umbanda se encontra na vivência do terreiro. “Todo mundo quer umbanda, mas ninguém sabe o que umbanda. Umbanda tem fundamento, mas ninguém sabe o que é umbanda” diz um ponto tradicional dos terreiros de umbanda. E quando paro para refletir sobre isto volto a afirmar: não é possível conhecer a umbanda sem vivenciá-la!
Aos dispostos, cabem despir-se do ego e compreender que o conhecimento que buscamos da espiritualidade nos fornece de bom grado e sem muita expectativa. Observe as consultas que vocês têm com os guias, pensem situações onde podem não ter compreendido o que a espiritualidade queria lhe passar e muitas vezes ficou chateado e até mesmo com raiva, normalmente estes são os ensinamentos que depois de algum tempo passam a fazer sentido e a gente se sente abençoado e talvez até envergonhado pelo sentimento inicial que tivemos. Mas não se envergonhem foi APRENDIZADO, use-o para a MUDANÇA.
A espiritualidade trabalha de forma simples e ordenada, somos nós quem a complicamos tentando enquadrá-la na forma em que vemos o mundo e muitas vezes com medo de abrirmos mão de um suposto controle. A realidade é que não controlamos nada, a não ser nossas atitudes, desta forma se queremos aprender é preciso mudar, encarar nossas falhas, nossos erros, nosso egoísmo, nossa vaidade.

Axé!


Jéssica de Obaluaê


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