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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Orixá Oxóssi

 Oxóssi, o Orixá caçador

    Oxóssi mora nas matas, é conhecido como o caçador de uma flecha só, aquele que não erra o seu alvo. Em uma das lendas mais conhecida sobre o Orixá caçador conta-se que:

 “Em tempos distantes, Odùdùwa, Rei de Ifé, chefiava o seu povo na festa da colheita dos inhames. Naquele ano a colheita havia sido farta, e todos em homenagem, deram uma grande festa comemorando o acontecido, comendo inhame e bebendo vinho de palma em grande fartura. De repente, um grande pássaro, pousou sobre o Palácio, lançando os seus gritos malignos, e lançando fardas de fogo, com intenção de destruir tudo que por ali existia. O reino caiu em pavor pelo fato de não terem oferecido uma parte da colheita as Àjès (feiticeira, portadoras do pássaro). O Rei então mandou convocar os caçadores mais famosos da região para que pudesse se ver livre daquele pássaro. O primeiro a chegar foi Osotadotá, o caçador das 50 flechas, ele era arrogante e cheio de si, e errou todas as suas investidas, desperdiçando suas 50 flechas. O segundo caçador foi Osotogi, com suas 40 flechas. Embriagado, o guerreiro também desperdiçou todas suas investidas contra o grande pássaro. Outro convidado para grande façanha de matar o pássaro, foi Osotogum, o guardião das 20 flechas. Fanfarrão, apesar da sua grande fama e destreza, atirou em vão 20 flechas, contra o pássaro encantado e nada aconteceu. Por fim, já com todos sem esperança, resolveram convocar o caçador de apenas uma flecha. A mãe deste caçador, sabia que a feiticeira vivia em cólera, e nada poderia ser feito para apaziguar sua fúria, vez que três dos melhores caçadores falharam em suas tentativas. Desta forma a mãe do caçador foi consultar Ifá e os Bàbálàwo. Eles disseram que seria necessário realizar oferendas a feiticeira, dizendo o seguinte: "Que o peito da ave receba esta oferenda" No exato momento, em que o seu filho dispararia a flecha contra a ave. Assim foi feito e enquanto o caçador atirava sua única flecha em direção ao pássaro, esse abria sua guarda recebendo a oferenda ofertada, recebendo também a flecha certeira e mortal, trazendo assim paz ao reino. Todos após tal ato, começaram a dançar e gritar de alegria: "Oxossi! Oxóssi!”(caçador do povo). A partir desse dia todos o reconheceram como o maior guerreiro de todas as terras, foi referenciado com honras e carrega seu título até hoje.” (trecho retirado do livro: Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi).

Desta forma falemos mais de Oxóssi. Orixá caçador que vive nas matas é responsável por prover a aldeia. Em nossa casa é o orixá irradiador na linha do conhecimento, sendo assim a centelha divina que nos faz mover em busca de novos desafios e interesses necessários para a nossa evolução.



    Oxóssi possui ainda domínio sobre as matas e os seres espirituais que nela habitam, incluindo minerais, vegetais e animais. Este orixá nos ensina sobre nossas raízes, emanando os sentidos de fraternidade, partilha e acolhimento. Também nos orienta na busca por nossos objetivos materiais, mas, sobretudo, aqueles relacionados aos propósitos existenciais, ele nos ensina a caçar a existência do nosso próprio ser. Também é considerado o patrono da linha dos caboclos devido à capacidade desses guias de luz de manipularem as energias minerais, animais e vegetais para promover a cura e o equilibro, mesmo que estes guias possam estar vinculados a outros Orixás.

    A cor de Oxóssi é o verde e seu elemento é a terra. Sua data comemorativa é 20 de janeiro, devido ao sincretismo com São Sebastião. O dia da semana são as quintas-feiras. Tem como símbolo o Ofá, um arco e flecha. Sua saudação é “Okê arô, Oxóssi”.

   Os filhos deste Orixá costumam serem alegres, calmos, amorosos e muito preocupados com todos os problemas. São bons conselheiros, não se recusam a ajudar o próximo, porém podem ter tendência a solidão e a introspecção. São faladores, ágeis e de raciocínio muito rápido. Sabem lutar e alcançar o que almejam. Apegados a suas coisas e sua família, tendem a assumir responsabilidades e a organizar facilmente atividades que assumem. Hesitam diante das dificuldades, mas tendem a enfrentá-las com a força de seu interior alegre e otimista. Normalmente são emocionalmente equilibrados, sabem se dominar, não costuma ser ciumentos e nem rancorosos, evitam revidar quando atacados, mas quando o fazem se tornam perigosos podendo ferir as pessoas com palavras e atitudes. Quando amam são zelosos e fiéis e não toleram ser enganados, são reservados, guardando quase que exclusivamente para si seus comentários e sensações, sendo discretos quanto ao seu próprio humor e disposição. São muito trabalhadores e honestos. Apreciam a natureza e prezam pela própria liberdade, ao mesmo tempo é marcado por um forte sentimento de dever e uma grande noção de responsabilidade sendo pessoas cheias de iniciativa e sempre em vias de novas descobertas ou de novas atividades. 

    A luta de quem tem Oxóssi como pai é a luta do cotidiano, do trabalho, da perseverança, da sobrevivência. São pessoas que não conseguem guardar segredo, além disso, precisam trabalhar a paciência. Curiosos e rápidos estão sempre em movimento, não gostam de ficar sem fazer nada e nem muito tempo no mesmo lugar. 

    Se você é filho desse orixá é o tipo que ouve conselhos com atenção e respeito, mas sempre faz o que quer e considera correto. Possui apreço por ficar e viver sozinho, sendo desconfiados e cautelosos com amizades e relacionamento, sendo assim demoram a confiar nas pessoas. Por gostar da solidão tendem a se isolar e observar tudo o que passa a sua volta. Curiosos percebem as coisas com rapidez, comportamento típico de um caçador, provedor de seu povo.



     Que Orixá Oxóssi possa nos guiar por meio a mata escura na busca por nós mesmos. Que Oxóssi trabalhe nossa paciência para que possamos compreender que tudo tem seu tempo e que nós cubra de prosperidade e fartura.

            Okê Arô Oxóssi!


Jéssica de Oxalá

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