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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Reis Malunguinho

 Reis Malunguinho

Hoje falaremos sobre Malunguinho, um ser histórico, líder quilombola, que viveu e lutou pelo seu povo. Que apesar de pouco conhecido, teve também grande relevância na história de nosso país, sendo símbolo de força e representatividade, tornando-se a entidade mais cultuada da Jurema Sagrada.

Em 1817, Pernambuco foi palco de uma revolução que, de forma bem resumida, foi resultado da insatisfação pernambucana com o domínio português. De 1817 a 1835 vários mucambos foram surgindo nas matas de Pernambuco, dando origem a um grande sistema de quilombos, chamado de Catucá.

Malunguinho era conhecido como líder do Catucá, responsável por organizar resgates para libertar escravos de senzalas e por proteger os quilombos, que representavam perigo ao governo provincial. Malunguinho era o principal estrategista da resistência, responsável por implementar emboscadas para proteção de seu povo contra os invasores. Uma estratégia muito conhecida era conhecida como estrepes, que consistia em um tipo de lança que eram enterradas no chão para dificultar a passagem. 

 

“Que mata é essa que nela eu vou entrar,

Que nela eu vou entrar, é com meus caboclinhos.

Reis Malunguinho, bote estrepe no caminho,

pra inimigo não passar.”

 

Malunguinho é uma palavra que tem origem no Kimbundo, língua falada em Angola, na África, e significa companheiro/parceiro de viagem, de lutas. Acreditasse que Malunguinho não tenha sido uma única pessoa e sim uma forma de referência aos líderes de Catucá. Dentre os líderes Malunguinho, o último conhecido foi João Batista, capturado e morto em 1835.

Apesar de todos os mistérios que rondam sua história e a falta de evidências concretas da sua existência, há registros que contam que Malunguinho foi ferido em uma emboscada, mas conseguiu escapar e se esconder na floresta, onde foi resgatado por índios e recebeu cuidados para se curar. Ele passou a viver um tempo na aldeia, onde aprendeu um pouco da cultura indígena e a ciência mística da Jurema. 

Devido a toda sua representatividade e relevância na resistência do Catucá, as pessoas que conviveram com Malunguinho (sua figura e o que representava) passaram a vê-lo como herói, como alguém digno de ser louvado,como um de seus ancestrais. A partir daí, Malunguinho tornou-se uma entidade da Jurema Sagrada, religião tipicamente nordestina. 

Reis Malunguinho é responsável pela chave mágica dos portões da Jurema e por sua abertura, pela proteção dos portais entre os mundos, por isso sempre chamamos por ele no início de nossos rituais. É conhecido como Reis, no plural, pois se apresenta como mensageiro de 3 mundos: Mata, Jurema e Encruzilhada.

Como Exu, vem abrindo os caminhos, desbravando e trazendo mensagem de cuidado e proteção. Como caboclo, trás os conhecimentos indígenas, toda a ritualística com as folhas, as plantas e a natureza em si. Como mestre, trás seus conhecimentos para gerenciar dificuldades, soluções para problemas que enfrentamos no cotidiano. Ele é quem ronda a mata para vencer as demandas, trazendo a ciência de cura e os caminhos seguros. 

Sobô Nirê Mafá, salve a coroa de Reis Malunguinho.

 

“Malunguinho, Malunguinho, 

mensageiro de três mundos.

Lá na mata ele é caboclo,

Na jurema ele é bom mestre,

Na encruza é guardião,

Pra ajudar os que merecem.”

Larissa de Iansã


terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Deus e a natureza

 Deus e a natureza

Olá, irmãos. Hoje decidi compartilhar com vocês uma reflexão que tive recentemente, que talvez seja óbvia para alguns e que nos é ensinado diariamente pelos guias de Umbanda, mas que levei um bom tempo para compreender de fato, que é sobre Deus e a natureza. 

Inicialmente, gostaria de chamar a atenção para a Era em que estamos encarnados. Vivemos em uma sociedade que está em constante movimento, em grandes cidades, cercados por construções, correndo de um lado para o outro em automóveis e sempre conectados ao mundo digital. 

Na maior parte dos dias, o único contato que temos com a natureza é com algumas árvores ornamentais espalhadas pela cidade, que mal observamos pela janela do carro. Observamos tão pouco o céu que nem sabemos em qual lua está. Não temos tempo (ou apenas nos falta interesse) para ver o sol nascer ou se por, para andar descalços na terra e, quem dirá, para se sentar e apreciar o vento, o som dos pássaros e toda experiência que essa simples prática poderia nos proporcionar. 

A questão é que viver desse modo faz com que nos distanciamos cada vez mais da natureza, enquanto em nossas práticas buscamos nos conectar a Deus. E o que seria a natureza senão Deus? Tudo o que a ancestralidade nos ensina está relacionado a isso. Estudamos os Orixás, os caboclos, da Jurema Sagrada... e por estarem desconectados demais do Todo, por vezes somos incapazes de compreender que tudo isso diz respeito a uma coisa só. 

Na Umbanda não se fala sobre “ser filho de Orixá”? Que nada mais é que dizer que temos a força de determinado Orixá presente em maior intensidade em nós. Se Orixás são representações de Deus na natureza, isso significa que somos, também parte da natureza e consequentemente, de Deus. 

Talvez, o que falta para nos sentirmos mais conectados à espiritualidade e a Deus, seja apenas parar um pouco para observar o mundo ao nosso redor, além dos muros de pedra. Fechar os olhos e sentir o sol, o vento e as fases da lua. Colocar os pés no chão, sentir o cheiro de uma planta e tomar um banho, de chuveiro mesmo, mas atento ao poder que a água tem de nos levar energeticamente. Parar de viver no automático e começar a buscar a presença de Deus nesses pequenos momentos do nosso dia. 

Axé.

Larissa de Iansã


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Amor materno

 Amor materno

A palavra caridade tem sua origem do latim “Caritas" que remete a uma forma de amor incondicional, quase materno. No grego possui associação com a palavra “Cháris" que pode ser associada à palavra GRAÇA. 

Sempre que penso nas palavras caridade me lembro de amor, como dito anteriormente, um amor materno. Acredito que o maior exemplo de caridade está ilustrado pela imagem de MÃE.

Nada no mundo físico se compara a abdicação de maternar. De gestar, de ser o lar de um novo ser. Abdicar de sua intimidade, de seu corpo, de suas vontades por algo novo, por algo minúsculo.

Vivemos hoje em uma sociedade de mudanças, onde tenta-se cada vez mais, igualar os direitos entre homens e mulheres. Preciso ter muito cuidado com a última sentença, igualar os direitos não é exigir esforços iguais ou tipos de trabalhos iguais entre homens e mulheres, é entender as condições inerentes a cada um. Caso contrário, exigir de um cadeirante que ele suba em uma árvore. 

A preocupação constante em manter o trabalho, com filhos quando a licença maternidade termina, em amamentar, alimentar, cuidar ser presente.

Pergunte a sua mãe, ou a figura materna que lhe traga maior afinidade, quantas noites ela não dormiu para cuidar, e precisou levantar cedo para o trabalho, por quantas vezes ela não pode chorar para que você pudesse chorar, ou quantos copos d'água ela deixou de tomar para que pudesse lhe oferecer.

Ouvi de um amigo um pouco “Mãe não fica doente", Será mesmo? Ou será que não demonstram estar doentes... Já abraçou sua mãe hoje ?

Pedro Maciel.’. de Xangô


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Mito da Criação – Guaranis

 Mito da Criação – Guaranis

Os grupos indígenas no Brasil, foram estudados e divididos de acordo com suas línguas. O termo Tupi se refere a um tronco linguístico, possuindo uma “família” linguística Tupi Guarani, possuindo três dialetos principais.

As mitologias de criação dos seres e do universo está presente em praticamente todos os povos. Apresentarei a vocês apenas uma delas, possuindo inúmeras derivações.

O primeiro ser terrestre criado de acordo com a lenda, foi gerado e amamentado por  Jasuka, podendo ser representado como a chuva geradora e purificadora. De Jasuka surge Nhanderuvuçu, o Grande Avô Eterno. Este usava um diadema, do centro de seu diadema surge a Grande Avó Eterna, Nhande Jari.

Foram criados sete céus. Na terra, foram colocados como firmeza, fundação, uma cruz sustentadora, marcando os 4 pontos cardeais. Em cada ponto deste e no cruzamento dos mesmos, foi colocada uma bananeira. Junto com elas foram colocados seres divinos guardiões. Leste o fogo sagrado, norte a neblina, oeste as águas e sul o poder gerador, a grande mãe a grande Terra.

Nhanderuvuçu e Nhande Jari, habitavam a terra. Nhanderuvuçu pediu a Nhande jari que colhesse alimento, mas ela não foi. Em retaliação saiu da terra, indo para os sete céus. Sua partida alterou o equilíbrio e sustentação da Terra, A grande avó entoou o primeiro cântico, utilizando o tupuaku, instrumento feito com taquara, e a força deste foi capaz de harmonizar o mundo.

Dessa batida, Nhanderuvuçu, fez nascer o primeiro homem e a primeira mulher, fez também um plano intermediário entre a terra e os sete céus. Para chegar até esse plano intermediário, a alma deveria passar por uma ponte em forma de serpente. A alma para os guaranis seria o “nome", o Pajé da tribo entra em transe, ele revela o nome, o nome é o SER, é a essência. 

O pai de todos e a mãe de todos, ficaram responsáveis pela organização da terra. O pai de todos suspeitou que nossa mãe estava grávida de outro homem. Ele abandonou a terra e foi para o plano superior junto do Grande avô eterno, dizendo que ela deveria encontrar a morada dele. 

A grande mãe estava grávida de gêmeos e conseguia conversar com Guaracy, o mais velho. Guaracy conseguia guiar a mãe em busca do pai. A criança, ainda na barriga da mãe, pediu que ela colhesse uma flor amarela, mas ela não pegou.

Como punição, Guaracy apontou o caminho errado para a mãe, levando ela até o local onde as onças moravam. As onças mataram a mãe e as duas crianças nasceram, Guaracy e Jacy, os gêmeos eram imunes ao fogo e a ferimentos.

Ambos eram muito fortes e inteligentes. Em uma caçada, Jacy encontrou o “papagaio do bom falar”, que reconheceu os gêmeos, contando a história das crianças. Os gêmeos não lembravam que foram as onças que mataram sua mãe. 

Guaracy e Jacy foram em busca dos ossos de sua mãe para poder revivê-la, mas Jacy pegou os elementos equivocados. Para se vingar das onças fizeram uma armadilha, apenas uma onça, gestante, sobreviveu. Após isso, fizeram uma ponte de flechas para chegar ao plano, encontrando o Pai, Mãe e Avô de todos.

No plano superior estava acontecendo um ritual, em que apenas os escolhidos conseguiriam levantar a luz sagrada. As crianças assim o fizeram, sendo reconhecidas como legítimas pelo Pai. Dando então o Sol para Guaracy e a Lua para Jacy. Duas estrelas representam as onças que perseguem os dois, de acordo com a lenda as estrelas os perseguem para tentar matá-los.

Gostaria de deixar claro, que esta é apenas UMA versão, de uma dos inúmeros mitos da criação.

Pedro Maciel.’. de Xangô


terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

O filho pródigo

 O filho pródigo

Você muito provavelmente já ouviu a parábola do filho pródigo (Lucas 15,11-32). A parábola conta a história onde o filho mais novo pede que seu pai lhe dê sua parte da herança, para que ele possa “seguir seu caminho” o pai atende o pedido do filho. O filho mais novo então, sai da região de sua família para que possa usufruir da herança adiantada. Porém em certo momento o dinheiro acaba e o filho mais novo se vê em profunda dificuldade. Certo dia pediu abrigo e comida para um senhor, que o disse que poderia dividir o local a pocilga e a lavagem com os porcos, e assim o fez.

O filho mais novo então se lembrou de seu pai e dos servos, e disse que retornaria para casa e imploraria para ser um servo na casa de seu pai, pois ali tinham abrigo e comida digna. O filho então retorna sendo recebido com festa por seu pai, gerando ciúme no filho mais velho. 

Há algum tempo meditei sobre esta parábola, e refleti sobre quantas vezes em nossos dias nos deitamos com os porcos para brigar pela lavagem. E se o filho mais novo não tivesse voltado, tivesse ficado na pocilga. Provavelmente se acostumaria com o local, com o alimento, e o que iria diferenciá-lo de um animal.

Quantas vezes estamos nas encruzilhadas, onde o Ego e a Vaidade são os obstáculos que precisamos transpor, mas o fazemos. Muitas vezes nos acostumamos com os locais, sujos, viciosos e animalescos, ficando cegos para a realidade que está em volta de nós, nos acostumamos a viver na pocilga. 

Este processo nunca ocorre da noite para o dia, é gradativo e quando vemos, já estamos presos a uma realidade de humilhação e sofrimento. Convido você a refletir se você está em um desses momentos, em um desses locais. 

Reflita, como está sua casa, seu quarto, seu local de trabalho etc. Mas principalmente, como está sua mente, está como uma pocilga ou como um local em festa, com alegria e celebração?

Pedro Maciel .’. de Xângo


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

O médium cético

 O médium cético

Popularmente médiuns são vistos como pessoas que têm “poderes especiais”, as quais geram “fenômenos” inexplicáveis à luz da ciência. Sendo alguns desses “fenômenos”, manifestações de espíritos desencarnados através da incorporação, psicografia etc. Apesar de que hoje muitas pessoas sabem que as manifestações mediúnicas não são “fenômenos” e nem “faculdades especiais”, uma vez que a mediunidade é uma faculdade inerente ao ser humano e suas manifestações se não comprovadas cientificamente, são muito bem explicadas por diversas tradições esotéricas e religiosas e “comprovadas” através da observação e prática. 

Como sabemos a mediunidade tem a ver com acoplamento dos chakras (pontos de energia localizados no duplo etérico) do médium e do espírito, com a reativação da glândula pineal e com o domínio do ser quanto a seu emocional e psicológico, permitindo que o guias espirituais se manifestem. O que poucos sabem é que mesmo esses “fenômenos” ocorrendo, não são inquestionáveis nem mesmo para o próprio médium que os manifesta.

Atualmente praticamente estão extintos os chamados médiuns inconscientes, que são aqueles que apagariam no momento da incorporação, tendo seu corpo dominado e controlado pelo espírito que se manifesta, e só retornando à consciência após o fim da incorporação. Desta forma a enorme maioria dos médiuns de hoje ou são semiconscientes ou conscientes, o que quer dizer que ou estão parcialmente presentes no momento das incorporações ou totalmente presentes. A incorporação é uma união das consciências do espírito e do médium, gerando uma terceira consciência. 

Brevemente podemos comentar que muitos médiuns iniciantes e visitantes gostariam de ser ou se consultar com médiuns inconscientes, por temerem que a manifestação do guia seja afetada pela consciência do médium. Vale lembrar que essa consciência é na verdade uma segurança para a incorporação e para a consulta, uma vez que um médium inconsciente jamais poderia distinguir se está incorporando um guia espiritual ou um espírito zombeteiro pois estaria apagado.

Chegamos ao ponto em que gostaríamos de falar sobre o médium cético. Como na incorporação o médium está presente, o médium cético, principalmente quando tem uma mediunidade mais sutil, normalmente terá maior dificuldade para se soltar no desenvolvimento mediúnico e dar vazão aos ensinamentos dos guias espirituais. Normalmente demorando mais nesse desenvolvimento e mesmo quando já desenvolvido e já prestando um trabalho espiritual, poderá ainda se questionar se não existe outra explicação para isso. 

Tal afirmação pode parecer absurda, pois o médium cético parece por si só uma contradição, mas sim é possível e até mesmo comum. Todo Terreiro tem alguém (ou alguém) que se questiona demais e isso de certa  forma é até positivo. Aquele que se questiona se preocupa em prestar um trabalho de excelência e não tem a intenção de enganar ninguém. Nos dias atuais se tornou comum ver magos e médiuns que dizem que fazem e acontece, que com ele ninguém pode e que tem o domínio do mundo espiritual e material. Esse tipo de pessoa cresce porque muitas pessoas se impressionam fácil e montando um grande circo esses falsos médiuns conseguem enriquecer e prosperar em cima da credulidade e inocência das pessoas, não estão preocupados se a vida dos que o procuram será afetada, querem apenas chocar para ganhar novos seguidores e ganhar dinheiro.

O médium cético sabe que nenhuma verdade é absoluta e por mais que a sua experiência com a espiritualidade parece provar que os guias se manifestam e que trazem informações que de outra maneira não pareceriam possível, existem ainda outras possibilidades. Como uma auto hipnose ou um acesso a um inconsciente coletivo. Existem casas que testam suas entidades, mas mesmo dessa forma é impossível provar realmente. As pessoas creem no que estão dispostas, se abrem e colhem o que necessitam e querem. 

Ao questionar o senhor Caboclo 7 flechas sobre isso ele me disse algo parecido com “no dia em que você conseguir provar a sua existência, nós conseguiremos provar a nossa”. Achei muito interessante a resposta, pois como diz no filme matrix: “se chamamos de real tudo que podemos sentir, cheirar e tocar, então real são apenas sinais elétricos passando pelas sinapses de nossos cérebros”. Nossas cabeças são nossos universos, nos ligamos e vivemos aquilo que nos permitimos. 

No mundo espiritual essa ideia é ainda mais válida, pois é necessário ter fé, se você não tem fé sempre estará em uma luta permanente tentando entender detalhes e mecanismos. E quando se tem fé, não se precisa provar, só é preciso viver e sentir. E sabe que mesmo que nossas teorias estejam totalmente erradas, e que não exista incorporação ou espíritos, se o trabalho estiver ajudando pessoas tudo valeu a pena. Como diz o ponto de preto velho: “Quem tem fé tem tudo, quem não tem fé não tem nada”. 

Tudo é e nada é.

Axé

Ricardo de Ogum Matinata


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Omolu

 Omolu

Omolu é um Orixá muito respeitado dentro da Umbanda e também nas outras doutrinas Afro. Ele é representado geralmente por um senhor envolto de suas palhas sagradas. Este Orixá pode receber diversos nomes, como: Senhor das palhas, Senhor da cura, Senhor das doenças e dos enfermos, Xapanã. 

Omolu, traz sua força na irradiação da geração, juntamente com Iemanjá. Ele absorvedor e Iemanjá é a irradiadora da linha. Ele traz consigo o poder da cura, assim como Obaluaiê.

Muito se fala sobre as semelhanças de Omolu e Obaluaiê, o ponto importante é sabermos que esses Orixás ocupam planos distintos. Obaluaiê traça sua jornada no plano terreno, onde ele anda pelo mundo em busca de descobrir e aprender a cura das doenças da carne. Um ponto muito importante sobre esse Orixá, é que ele é associado à cura dos doentes e necessitados. 

As lendas dizem que ele nasceu coberto de chagas e por isso, usava as palhas para se cobrir e esconder suas feridas, quando foi crescendo andou pelo mundo, para aprender a arte da cura para as doenças físicas.

Já Omolu, trabalha no plano espiritual, onde sua cura é feita sobre as doenças da alma. As histórias contam que, após Obaluaiê andar pelo mundo e aprender a cura das doenças físicas, ele pede a Olorum para ir ao mundo espiritual e conhecer as demais curas espirituais. Assim, é criado Omolu, grande Orixá curador e defensor dos enfermos, ele é comumente associado a passagem e a morte.

Observamos que diversos Orixás possuem instrumentos, nos quais facilitam seu trabalho ou carregam um significado muito importante. Omolu, traz consigo o Xaxará, uma espécie de cetro, ele é feito de palhas trançadas, trazendo búzios e adornos relacionados à sementes e a terra. Sua utilidade é limpar e varrer as doenças, impurezas e males. 

Curiosidades:

- Saudação: Atotô, significa “silêncio”, termo utilizado para demonstrar respeito e reverência por este Orixá. Sua tradução seria: “Silêncio, meu senhor, está em terra”.

- Seu ponto de força é a calunga e o cruzeiro, pois estes representam a passagem para o outro plano;

- Está associado a terra e a cura contra as doenças;

- É sincretizado com São Lázaro e em algumas outras doutrinas com São Roque;

- Cores: Preto e branco;

- Dia da semana: Segunda-feira; 

- Data de comemoração: 16 de agosto.

 Leonardo Moura” de Oxóssi


terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Obaluâe

 Obaluâe

Obaluaê, é conhecido como Xapanã, é um Orixá que tem em sua essência a sabedoria e a cura das doenças. Na matriz africana ele é muito respeitado e temido por alguns, por ser o senhor da morte e da passagem.

Ao nascer, Obaluaê foi acometido pela doença de chagas, seu corpo era coberto por feridas e machucados. Ele sentia vergonha de sua aparência e isso o fez se afastar das pessoas, pois tinha medo de ser julgado.  Em uma das lendas que retratam esse Orixá, conta que ele  retorna para a aldeia onde nasceu e encontra todos os Orixás em festa. Com medo e vergonha ele prefere não entrar na festa e fica escondido observando os Orixás. 

Ogum, observou ele e vendo ele triste por não estar participando, providenciou a ele uma grande veste de palha, na qual cobria suas feridas e escondia seu rosto.  Assim, Obaluaê entra no salão e é recebido por Iansã. Ela começou a dançar ao lado dele, com sua dança ela traz uma forte ventania que levanta as palhas da vestimenta de Obaluaê e revela as feridas em  sua pele. Nesse momento, as feridas de Obaluaê saltam para fora de sua pele e são transformadas em pipocas, que cobriram o chão do palácio onde todos os Orixás estavam. Como forma de agradecimento, Obaluaê dá a Iansã o domínio sobre os mortos e afastar os Eguns para o reino dos mortos.

Obaluaê é o sol, a quentura e o calor que irradia dele, é o senhor das pestes e das doenças. É o rei da terra e conhecedor das curas. 

Os filhos desse Orixá apresentam uma aparência mais velha e parecem ter mais idade do que realmente possuem. São pessoas doces, porém podem ser mal-humoradas e reclamões. Quando querem algo, fazem de tudo para conquistar e ajudam a todos, que precisam de apoio. Seus filhos podem trazer consigo problemas de saúde ou doenças desde pequenos. Possuem uma ligação com a cura. 

Esse grande Orixá traz sua força da evolução e do conhecimento, para trabalhar com as santas almas. A linha de Pretos Velhos, pode irradiar sua força através de diversos Orixás, porém, Omolu e Obaluaê são os principais. Trazem consigo a sabedoria e ajudam nas feridas do corpo e da alma daqueles que precisam de socorro. 

Curiosidades : 

- Seu dia é: Segunda-Feira.

- Suas cores são: Preto e branco.

- Seu instrumento é o xaxará, ele é utilizado para curar e limpar energias ruins.

- Sua saudação é: Atotô Obaluaê. 

- Oferenda principal : Pipoca.

- Ponto de força : Cemitérios.

 Leonardo Moura” de Oxóssi


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Chakras Básicos

 Chakras Básicos

O estudo dos chakras e dos pontos de força do nosso corpo energético, teve seus estudos elaborados a milênios de séculos atrás, seus primeiros registros são encontrados no Oriente. Em uma definição básica, chakra significa roda que gira ou movimento cíclico. A função dos chakras é equilibrar nosso campo energético e trazer uma harmonia para nós.

Dentro dessa linha de pesquisa e estudo, nós possuímos 07 chakras principais e 21 secundários, sendo eles; Coronário, Frontal, Laríngeo, Cardíaco, Plexo solar, Umbilical e básico.  Cada um destes chakras, possuem sua importância e função e será sobre eles que trataremos agora.

O Chakra Coronário está localizado no topo da cabeça, ele é a conexão entre o plano terreno e o mundo espiritual. A sua cor é violeta e quando desequilibrado, pode gerar desconexão com o espírito, falta de crença, depressão e fobias. Quando equilibrado, traz mais sensitividade, bem-estar, melhor consciência e equilíbrio. O chakra coronário é o principal chakra do corpo humano, ele está ligado diretamente ao cérebro e trabalha com nossa conexão com o mundo espiritual.

O Chakra Frontal, também chamado de terceiro olho, está ligado a intuição e a clarividência, telepatia e visão espiritual. Sua cor é o azul escuro, quando desequilibrado, pode gerar bloqueio de criatividade, dificuldade de raciocínio, esquecimento e falta de clareza nos pensamentos.

Chakra Laríngeo, encontra-se localizado na garganta, ligado ao elemento éter Está intimamente ligado à fala e expressão. Sua cor é o azul claro, se equilibra, gera liberdade e criatividade, e promove uma expressão segura e confiante. Quando desequilibrado, pode gerar dificuldade de expressão, tornando a pessoa retraída e trazendo a ela a insegurança. 

O Chakra Cardíaco está associado ao elemento ar, ele se localiza no centro do peito e é associado ao coração. Sua cor é o verde e quando equilibrado gera compaixão pelas outras pessoas e traz consigo o sentimento de perdoar ao próximo. Por outro lado, quando desequilibrado traz raiva, ciúme e medo. Dificuldade de expressar sentimento e emoções, pode também gerar sintomas físicos como, problemas cardíacos e pulmonares. 

Já o Chakra Gástrico está intimamente ligado ao sistema digestivo, é associado aos alimentos que ingerimos e as questões emocionais. Sua cor é o amarelo e quando desequilibrado pode gerar problemas estomacais, compulsões e inquietação. Quando bem trabalhado, traz tranquilidade, harmonia e sentimento relacionados à paz.

O Chakra Umbilical, também chamado de chakra sexual ou sacro, está localizado a dois dedos abaixo do umbigo. Sua cor é o laranja, está associado aos órgãos de reprodução. Sua cor é o laranja e quando desequilibrado, pode gerar falta de criatividade, problemas com impulsos e desejos. Quando bem equilibrado, traz a capacidade de expressar sentimentos e desejos, bem como manter uma expressão saudável dentro de cada indivíduo.

Por fim, o Chakra Básico, como seu próprio nome diz, é a base, localizado na base da coluna. Sua cor é o vermelho e tem como elemento a terra, sua função é trazer o movimento e força vital. Quando desequilibrado, gera compulsões obsessivas de prazer, sem pensar nas consequências, gera raiva, violência e irritação. Quando bem trabalhado, gera gratidão, respeito e melhora de confiança, respeito e força interior.

Para podermos equilibrar nossos chakras e manter uma boa vibração é bem simples. Apenas devemos orar e vigiar, devemos tomar cuidado com nossas ações e escolhas, pois ela influencia diretamente em nosso cotidiano. Aderir a práticas saudáveis, boa alimentação, meditação e se conectar consigo mesmo, são ótimos exemplos de como melhorar e alinhar nossos chakras.


RESUMO : 

  1. Coronário: Localizado no topo da cabeça, ao qual chamamos comumente como Ori.

  2. Frontal: o “terceiro olho’’, localizado na testa.

  3. Laríngeo: Localizado na garganta.

  4. Cardíaco: Ligado ao coração.

  5. Gástrico ou Plexo: Localizado na boca do estômago.

  6. Umbilical: Dizem estar assimétricamente dois dedos abaixo do umbigo.

  7. Básico: Sexual ou telúrico, localizado no períneo.

 Leonardo Moura” de Oxóssi


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Como manter uma boa energia

 Como manter uma boa energia

Manter uma boa energia é fundamental para todos nós, quando descobrimos isso, ganhamos super poderes, que nos ajudam em nosso cotidiano. Quando estamos de bem conosco mesmos, as coisas ganham mais brilho e ficam mais fáceis de lidar. Todo mundo gosta de uma pessoa de bom humor, educada e simpática, esses pequenos detalhes fazem toda diferença em nosso campo vibracional.

HÁBITOS SAUDÁVEIS:

- Ter uma boa noite de sono.

- Sorrir.

- Agradecer.

-  Estar próximo de pessoas que você goste.

- Tirar um tempo para si.

- Se conectar com sua fé.

A prática da meditação está intimamente relacionada ao equilíbrio emocional e relaxamento, quando meditamos criamos uma conexão em nosso eu interior e eu exterior. A prática da meditação, acalma e equilibra os chakras, pratique você mesmo;

  1. Procure um local calmo e sereno;

  2. Escolha uma posição confortável;

  3. Coloque uma música ou ruído ambiente;

  4. Busque concentrar na sua respiração;

  5. Tente ao máximo limpar seus pensamentos;

  6. Aproveite o momento e repita os passos anteriores.

Quando tratamos de nossa saúde, devemos ficar muito atentos às pequenas coisas, assim, devemos aprender a aproveitar as coisas de modo mais simples ser gratos por elas. Devemos lembrar que toda mudança começa do interior, quando estamos bem conosco mesmo, conseguimos ajudar as outras pessoas.

 Leonardo Moura” de Oxóssi


terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Pretos Velhos

 Pretos Velhos

A linha dos pretos velhos é uma das mais queridas dentro de nossa Umbanda. Com sua fala mansa e carinho descomunal, os Pretos Velhos vêm ao Terreiro para trazer sua sabedoria e amor.

A linha dos Pretos Velhos é regido por Omolu/Obaluaê, Orixás que trabalham na cura das doenças e aflições, porém nada impede que um Preto Velho ou uma Preta Velha, traga a força de outro Orixá. Esse aspecto é muito individual e representará, com qual tipo de trabalho aquele preto velho vai desempenhar de forma principal.

No início da Umbanda, esses espíritos ganharam espaço e autonomia para trabalharem, pois naquela época, em diversas casas de doutrinas diferentes, não se aceitava a manifestação de ex escravos e índios, porque para eles, esses espíritos não eram evoluídos, visão advinda principalmente das doutrinas espíritas. Após a anunciação da Umbanda pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas, essas entidades puderam trabalhar, trazer seu conhecimento, ensinar aos filhos de fé e também aqueles que procuravam auxílio nas santas almas benditas.

A linha dos Pretos Velhos, nos ensina que a fé e humildade são as maiores virtudes que uma pessoa pode ter. Quando se  aprende a respeitar e a ouvir os conselhos de coração aberto, tudo se torna mais fácil. Os espíritos que trabalham nessa falange, são chamados carinhosamente de avós ou pais. 

Os pretos nos ensinam que a resiliência e perseverança, fornecem às pessoas a força para vencer as adversidades que a vida apresenta. Eles são a prova disso, mesmo no cativeiro, sofrendo, apanhando, passando fome e frio, trabalhando incessantemente, arrancados de suas famílias e longe de sua terra. Eles mostraram que a esperança e a fé eram mais importante que o sofrimento momentâneo, assim, levaram suas vidas em meio ao cativeiro, rezando a Deus, a Nossa Senhora e pedindo para as Santas Almas intercederem por eles.

Essa linha é conhecedora da cura através de chás e ervas, utilizam da pemba para riscar seu ponto e ativar as energias que são necessárias para o trabalho e trazem a vela, como uma luz para caminhar em meio a escuridão. 

CURIOSIDADES:

  1. Seu dia da semana é a segunda-feira;

  2. Orixá regente da linha : Omolu/Obaluaê;

  3. Cores: Preto e branco;

  4. Oferendas:  Bolo, biscoitos, café;

  5. Saudação: Adorei as Almas.

Que a força e o abraço de todos os Pretos Velhos possam nos curar e trazer o conforto e o amor gigantesco presente nessa linda e querida linha de trabalho. 

ADOREI AS ALMAS !!!

 Leonardo Moura” de Oxóssi