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quinta-feira, 28 de maio de 2020

Luanda


Luanda

               Compartilharei com vocês uma história contada pelo Preto Velho Pai Jacó de Aruanda, a qual tive a honra de ouvir para que pudesse transmitir a todos. História triste porém repleta de ensinamentos.
                Em seus tempos de encarnado Pai Jacó foi levado para "Luanda", lugar que, segundo ele, era muito bonito e ficava a beira mar, onde reinava principalmente o comércio de escravos que eram o produto de maior valor da época. 
             Os escravos eram levados para lá de todos os continentes, após perderem batalhas e virarem prisioneiros, por isso o ponto cantado diz: "Quando eu venho de Luanda eu não venho só". Eram poucos os que sobreviviam aos maus tratos e a falta de recursos nos navios negreiros, ou melhor, "tumbas flutuantes" e na tentativa de se manterem vivos bebiam água da chuva, comiam ratos ou até mesmo os restos mortais de irmãos que não haviam resistido.


                 Pai Jacó ressaltou que não eram somente negros os escravizados, mas também os pardos e qualquer um que fosse vulnerável aos brancos, isso mostra a diversidade dos Pretos Velhos, povo que sofreu sem jamais perder a fé.
               Quando chegavam em Luanda eram comercializados e transportados para o local onde trabalhariam, geralmente cafezais, fazendas ou casas de senhores brancos. Trabalhavam e apanhavam diariamente, eram torturados, mas contudo estavam vivos. Quando a noite chegava eles se ajoelhavam, tristes e pediam a Deus que um dia pudessem voltar para Luanda, lugar de paz e tranquilidade.
              Aruanda hoje, na Umbanda, é conhecida como o lugar onde habitam os espíritos de luz no mundo espiritual. Segundo Pai Jacó, para cada espírito a visão de Luanda/Aruanda será diferente pois cada um teve sua experiência e suas dores, mas para ele Luanda trás o sentimento de voltar pra casa. Com isso ele nos ensina a nunca perder a fé na vida, mesmo diante de todas as dificuldades.

Yasmin de Iansã


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