Os
Atabaques
Os tambores são instrumentos musicais de percussão formados por uma
armação oca, tendo, sobre essa, uma pele esticada que produzirá um som quando
for percutida. O som do atabaque vem da vibração do couro. Os primeiros tambores eram feitos de
troncos ocos, cobertos pelas bordas com peles de répteis ou couro de peixes,
sendo percutidos com as mãos. Com o desenvolvimento musical do ser humano, a grande
variedade de tamanhos, formas, tipos de couros e de métodos de fixação da pele
na madeira, foram surgindo.
Os tambores sempre tiveram funções diversas como a de transmitir alegria em festas populares, transmitir mensagens a distância e principalmente a função religiosa. Tidos como objetos sagrados, com poderes mágicos, mesmo atualmente sua confecção envolve rituais sagrados.
Em todo o mundo encontram-se religiões que utilizam este instrumento em seus cultos. Na China, há mais de 2.000 anos, usam-se tambores feitos de bronze nos rituais sagrados e cerimônias de casamento. No Japão um gigantesco tambor, chamado o-taiko, é percutido no ritual “Bate o Coração da Mãe-Terra”. Os nativos norte-americanos também associam os toques às batidas do coração da Mãe-Terra. Para os xamãs, o tambor é um veículo para invocação de espíritos, para curar e afastar as forças do mal.
O atabaque usado nos terreiros consiste em um tambor cilíndrico, ligeiramente cônico e comprido, a abertura maior é coberta por couro animal, esse couro pode ser de bode, boi ou búfalo (a escolha do couro vai depender do som que quer se produzir e da capacidade das tarraxas do atabaque de prender o material).
O nome do atabaque vem do árabe, at - tabaq, e significa
“prato”. Seu
som é condutor do axé dos orixás e guias. A vibração do couro e da madeira
interagem, gerando forças capazes de relacionar-se diretamente com as mais
variadas frequências vibratórias, de acordo com a necessidade dos trabalhos.
O primeiro terreiro fundado
por Pai Zélio e o Caboclo das 7 Encruzilhadas trabalhava sem atabaques, usando
apenas as palmas e cantos na sustentação das giras, alguns terreiros ainda mantêm
essa tradição. Outras tendas fundadas por Pai Zélio e o Caboclo das 7
Encruzilhadas, introduziram os atabaque devido, principalmente, à influência do
Candomblé.
Na Umbanda os atabaques são percutidos com as mãos, já no
Candomblé e nos terreiros de Umbanda traçada eles podem ser percutidos com
varetas feitas com madeira de goiabeira, chamadas de aguidavis ou podem
ainda ser percutidos de maneira alternada (usando uma das mãos e na outra mão
um aguidavi).
Os atabaques são sagrados e
devem ser respeitados, sua confecção terá a influência de alguns orixás. Na
madeira está presente o axé de Xangô, nos aros metálicos está presente o axé de
Ogum e Exu e no couro está presente o axé de Oxóssi.
O conjunto de atabaques no
terreiro é formado, geralmente por um trio, nos cultos de nação cada atabaque terá
um toque específico e uma obrigação, porém, isso não acontece na Umbanda.
Quando a casa usa mais de 3 atabaques, a sequência RUN, RUMPI e LÉ deve ser
respeitada (ao lado de um Run sempre um Rumpi e ao lado de um Rumpi sempre um
Lé). Sendo assim a disposição de 5 atabaques deve ser, seguindo da esquerda
para a direita: Lé - Rumpi - Run - Rumpi - Lé. Há casas que têm os 3 atabaques,
mas eles não são um conjunto, nesses casos são usados atabaques do mesmo
tamanho, geralmente do tamanho do Rumpi.
Os atabaques são de extrema
importância dentro do terreiro pois, são eles juntamente com a curimba que irão
movimentar a energia durante a gira. Cada atabaque terá um nome e será
consagrado a um orixá específico, variando de casa pra cada.
· RUN: O maior atabaque, de tom mais grave. Seu nome em iorubá significa
voz (ohùn) ou rugido (hùn). Na Tenda de Umbanda Caboclo 7 Flechas e Jurema esse
atabaque é consagrado à Oxum.
· RUMPI: Atabaque de tamanho médio e de tom mediano. Seu nome em iorubá
significa “rugido imediatamente” (hùn pi). Na Tenda de Umbanda Caboclo 7
Flechas e Jurema esse atabaque é consagrado à Oxalá.
· LÉ: É o menor atabaque e tem o som mais agudo. Seu nome na língua Ewe
(falada em Gana, Benim e Togo) faz alusão ao seu tamanho e significa “pequeno”.
Na Tenda de Umbanda Caboclo 7 Flechas e Jurema esse atabaque é consagrado à
Oxóssi.
Nos barracões de Candomblé o
Run é responsável pelos repiques feitos durante os toques enquanto Rumpi e Lé dão
suporte para manter o ritmo dos toques. Na Umbanda essa regra não é aplicada
porque os atabaques são tocados ao mesmo tempo e no mesmo ritmo, os repiques
podem ser feitos por qualquer um dos 3 atabaques. O instrumento na nação Angola
também pode ser chamado de Ilu, Angomba ou Engoma.
Como instrumentos sagrados
que são, devem sair do terreiro apenas para trabalhos específicos em pontos de
força na natureza (praia, cachoeira, pedreira, matas, etc). Não devem ser
tocados por pessoas despreparadas, podendo acarretar alterações energéticas.
A afinação dos atabaques é
primordial, a diferença de tonalidades entre eles, vindo do grave à aguda. Para
um bom equilíbrio é importante que haja harmonia sonora, ajustando-se a
afinação de acordo com a acústica do local.
Layla de Omolu
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