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terça-feira, 22 de junho de 2021

O maravilhoso e o sobrenatural

 

O maravilhoso e o sobrenatural

 

Dando continuidade ao estudo do Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, falaremos hoje do capítulo II, das Noções Preliminares, cujo título é “O maravilhoso e o sobrenatural”.

            O maravilhoso ou sobrenatural, para nós encarnados, é tudo aquilo que não pode ser explicado pelas leis da natureza, pelas leis materiais. Por não sabermos toda a extensão da lei divina, não sabemos dizer o quanto ambas estão interligadas ou onde termina uma e começa a outra.

Desde o princípio da humanidade foram relatadas experiências e manifestações de comunicação com os espíritos e durante toda a história, enquanto essas experiências aconteciam, havia pessoas para desacreditar da veracidade desses acontecimentos que não podiam ser explicados pelas leis materiais nas quais esses críticos se fundamentavam.

Os espíritos pensam, conseguem manipular energia e mover a matéria, assim como são capazes de transmitir mensagens. Tudo isso é natural a eles, não há nada de sobrenatural ou maravilhoso, afinal, todas essas habilidades são inerentes à lei que os rege. Para alguém que não detém o conhecimento necessário para compreender, pode parecer que a manipulação de energia feita por um espírito é algo sobrenatural, mas na verdade, por desconhecermos a integralidade das leis naturais e maior ainda ser nosso desconhecimento da lei divina, não podemos afirmar se essas ações dos espíritos quebram tais leis.

Podemos analisar o exemplo do espírito que faz levitar uma mesa. Ao fazer levitar a mesa, o espírito então não estaria quebrando uma lei natural, que é a lei da gravidade? Como resposta o espírito revelador nos diz que a humanidade já fez coisas que eram consideradas impossíveis, como o telégrafo e posteriormente o telefone ou como o avião. Como podemos dizer que algo que é desconhecido a nós, como um fluido ou uma forma de energia, não possa balancear a força da gravidade e fazer levitar aquela mesa? Chamamos de sobrenatural aquilo que foge à nossa compreensão como lei natural, mas, justamente por desconhecermos a extensão dessa lei, não podemos afirmar que algo é impossível, segundo ela.



E como podemos afirmar que existe o envolvimento de um espírito em algum acontecimento, como no exemplo citado acima? Para todo efeito inteligente há uma causa inteligente. Se uma mesa levitou, certamente há causa para que aquela mesa tenha levitado. Nada acontece por acaso e o espírito consegue influenciar no mundo físico dessa forma graças ao seu corpo fluídico. Quando morremos nossa alma deixa nosso invólucro material feito de carne e ossos e volta à sua forma etérea natural, ou seja, adquirem novamente seu corpo fluídico, formado totalmente por energia e, utilizando desse corpo fluídico, se valendo da influência dessa energia, o espírito é capaz de interferir no mundo material. Afinal, tudo é energia.

Em seguida o espírito indica que os céticos que atacam religiões que se baseiam na manifestação dos espíritos se fundamentam no materialismo, negam a existência da alma e, por não aceitar os efeitos da existência da alma, essas pessoas consideram absurdos os “fatos maravilhosos”. Mas como pode alguém afirmar que algo é absurdo ou inexistente se não se dedicou a estudar sobre aquilo? E aqui o espírito nos deixa um valioso ensinamento: “Que peso tem a opinião daquele que fala sobre aquilo que não sabe?”. Se você não tem conhecimento sobre o assunto ou se não viu o outro lado, não se deve falar nada pois não sabe do que fala.

Somente com tempo e estudo se adquire conhecimento de qualquer ciência. Não se pode aprender nem compreender a espiritualidade de uma hora para outra, esse conhecimento requer tempo e muito estudo. Quem não se dedica a tal estudo não tem moral para discutir se baseando em uma ou outra experiência vivida, quanto mais se sabe sobre determinado assunto, menos chances de falar besteira sobre. Não se pode considerar um crítico sério o indivíduo que não tenha visto, estudado e observado os fenômenos, assim como uma pessoa de dentro da religião. A pessoa tem que questionar por meio de argumentos, questionamentos esses que apresentem argumentos de causa mais lógica do que a explicada pelo espiritismo e não por negacionismo.

Em outra parte do capítulo o espírito esclarece que todos os fenômenos espirituais são baseados na sobrevivência da alma após o desencarne e a manifestação dela. Além disso, também explica que todos os fenômenos devem ser analisados com extremo cuidado, senso crítico e muito bem fundamentados nos estudos espirituais, pois é essa análise cuidadosa que permite a identificação de farsantes.



Em seguida, o espírito aborda a questão dos milagres. O significado original da palavra “milagre” seria “algo extraordinário, surpreendente e admirável”, no entanto, com o passar do tempo, esse significado foi mudando e hoje podemos afirmar que seu significado é “ato de poder divino, algo que não podemos explicar utilizando as leis naturais”. Hoje em dia, a palavra “milagre” normalmente é utilizada para descrever algo tão surpreendente que não conseguimos explicar ou que desconhecemos a causa.

Diferente dos fenômenos espirituais, o milagre não pode ser explicado, são infrequentes e isolados. Por exemplo, um homem que foi dado como morto e ressuscita, se já não havia nele qualquer sopro de vitalidade e por intervenção divina ele volta à vida, isso é um fato milagroso. No entanto, se ainda havia ali qualquer resto de vida, como no caso de uma pessoa que sofreu uma parada cardíaca e por ação de um médico o coração volta a bater, temos ali uma ação natural já que naquela pessoa ainda existia vitalidade latente. Então, para os leigos, o que ocorreu ali entre o médico e o paciente foi um milagre, mas para quem estudou, sabe que somente um fenômeno natural ocorreu.

Analisando os ensinamentos pela ótica umbandista podemos perceber várias similaridades. Na Umbanda vemos as manifestações dos espíritos como algo comum, uma vez que plano espiritual e material acontecem simultaneamente, se sobrepondo um ao outro e diferenciando-se por escalas energéticas. Dessa forma, na nossa religião, consideramos que o “maravilhoso ou sobrenatural” sejam apenas acontecimentos dos quais muitas vezes não temos capacidade de observar profundamente, pelo fato de estarem em esferas energéticas distintas da nossa enquanto encarnados.

 

Layla de Omolu

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