O maravilhoso e o sobrenatural
Dando continuidade ao estudo do Livro dos Médiuns, de Allan
Kardec, falaremos hoje do capítulo II, das Noções Preliminares, cujo título é “O maravilhoso e o sobrenatural”.
O
maravilhoso ou sobrenatural, para nós encarnados, é tudo aquilo que não pode
ser explicado pelas leis da natureza, pelas leis materiais. Por não sabermos
toda a extensão da lei divina, não sabemos dizer o quanto ambas estão
interligadas ou onde termina uma e começa a outra.
Desde o princípio da humanidade foram
relatadas experiências e manifestações de comunicação com os espíritos e
durante toda a história, enquanto essas experiências aconteciam, havia pessoas
para desacreditar da veracidade desses acontecimentos que não podiam ser
explicados pelas leis materiais nas quais esses críticos se fundamentavam.
Os espíritos pensam, conseguem
manipular energia e mover a matéria, assim como são capazes de transmitir
mensagens. Tudo isso é natural a eles, não há nada de sobrenatural ou
maravilhoso, afinal, todas essas habilidades são inerentes à lei que os rege.
Para alguém que não detém o conhecimento necessário para compreender, pode parecer
que a manipulação de energia feita por um espírito é algo sobrenatural, mas na
verdade, por desconhecermos a integralidade das leis naturais e maior ainda ser
nosso desconhecimento da lei divina, não podemos afirmar se essas ações dos
espíritos quebram tais leis.
Podemos analisar o exemplo do espírito que faz levitar uma mesa. Ao fazer levitar a mesa, o espírito então não estaria quebrando uma lei natural, que é a lei da gravidade? Como resposta o espírito revelador nos diz que a humanidade já fez coisas que eram consideradas impossíveis, como o telégrafo e posteriormente o telefone ou como o avião. Como podemos dizer que algo que é desconhecido a nós, como um fluido ou uma forma de energia, não possa balancear a força da gravidade e fazer levitar aquela mesa? Chamamos de sobrenatural aquilo que foge à nossa compreensão como lei natural, mas, justamente por desconhecermos a extensão dessa lei, não podemos afirmar que algo é impossível, segundo ela.
E como podemos afirmar que existe o
envolvimento de um espírito em algum acontecimento, como no exemplo citado
acima? Para todo efeito inteligente há uma causa inteligente. Se uma mesa
levitou, certamente há causa para que aquela mesa tenha levitado. Nada acontece
por acaso e o espírito consegue influenciar no mundo físico dessa forma graças
ao seu corpo fluídico. Quando morremos nossa alma deixa nosso invólucro
material feito de carne e ossos e volta à sua forma etérea natural, ou seja,
adquirem novamente seu corpo fluídico, formado totalmente por energia e,
utilizando desse corpo fluídico, se valendo da influência dessa energia, o
espírito é capaz de interferir no mundo material. Afinal, tudo é energia.
Em seguida o espírito indica que os
céticos que atacam religiões que se baseiam na manifestação dos espíritos se
fundamentam no materialismo, negam a existência da alma e, por não aceitar os
efeitos da existência da alma, essas pessoas consideram absurdos os “fatos
maravilhosos”. Mas como pode alguém afirmar que algo é absurdo ou inexistente
se não se dedicou a estudar sobre aquilo? E aqui o espírito nos deixa um
valioso ensinamento: “Que peso tem a opinião daquele que fala sobre aquilo que
não sabe?”. Se você não tem conhecimento sobre o assunto ou se não viu o outro
lado, não se deve falar nada pois não sabe do que fala.
Somente com tempo e estudo se adquire
conhecimento de qualquer ciência. Não se pode aprender nem compreender a
espiritualidade de uma hora para outra, esse conhecimento requer tempo e muito
estudo. Quem não se dedica a tal estudo não tem moral para discutir se baseando
em uma ou outra experiência vivida, quanto mais se sabe sobre determinado
assunto, menos chances de falar besteira sobre. Não se pode considerar um
crítico sério o indivíduo que não tenha visto, estudado e observado os fenômenos,
assim como uma pessoa de dentro da religião. A pessoa tem que questionar por
meio de argumentos, questionamentos esses que apresentem argumentos de causa
mais lógica do que a explicada pelo espiritismo e não por negacionismo.
Em outra parte do capítulo o espírito esclarece que todos os fenômenos espirituais são baseados na sobrevivência da alma após o desencarne e a manifestação dela. Além disso, também explica que todos os fenômenos devem ser analisados com extremo cuidado, senso crítico e muito bem fundamentados nos estudos espirituais, pois é essa análise cuidadosa que permite a identificação de farsantes.
Em seguida, o espírito aborda a
questão dos milagres. O significado original da palavra “milagre” seria “algo extraordinário, surpreendente e admirável”, no
entanto, com o passar do tempo, esse significado foi mudando e hoje podemos
afirmar que seu significado é “ato de poder divino, algo que não podemos
explicar utilizando as leis naturais”. Hoje em dia, a palavra “milagre” normalmente é utilizada para
descrever algo tão surpreendente que não conseguimos explicar ou que
desconhecemos a causa.
Diferente dos fenômenos espirituais,
o milagre não pode ser explicado, são infrequentes e isolados. Por exemplo, um
homem que foi dado como morto e ressuscita, se já não havia nele qualquer sopro
de vitalidade e por intervenção divina ele volta à vida, isso é um fato
milagroso. No entanto, se ainda havia ali qualquer resto de vida, como no caso
de uma pessoa que sofreu uma parada cardíaca e por ação de um médico o coração
volta a bater, temos ali uma ação natural já que naquela pessoa ainda existia
vitalidade latente. Então, para os leigos, o que ocorreu ali entre o médico e o
paciente foi um milagre, mas para quem estudou, sabe que somente um fenômeno
natural ocorreu.
Analisando os ensinamentos pela ótica
umbandista podemos perceber várias similaridades. Na Umbanda vemos as
manifestações dos espíritos como algo comum, uma vez que plano espiritual e
material acontecem simultaneamente, se sobrepondo um ao outro e diferenciando-se
por escalas energéticas. Dessa forma, na nossa religião, consideramos que o
“maravilhoso ou sobrenatural” sejam apenas acontecimentos dos quais muitas
vezes não temos capacidade de observar profundamente, pelo fato de estarem em
esferas energéticas distintas da nossa enquanto encarnados.
Layla de Omolu
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