Dos
sistemas
O capítulo
IV da primeira parte do Livro dos Médiuns nos fala dos sistemas de negação que
os incrédulos e os inimigos do espiritismo criaram para “explicar” os fenômenos
espíritas que a cada dia eram mais evidentes. Usavam inclusive argumentos que
nem os espíritas tinham uma explicação uniforme para explicar tais fenômenos,
situação essa, natural, pois toda ciência nova gera diferentes interpretações
até que estabilize em algumas explicações mais uniformes.
São
apresentados também sistemas que mistificam os fenômenos ainda que para
enaltecê-los, como os que acreditam que se manifestam somente seres de luz, e
são apresentados sistemas mais racionais e que condizem mais com as observações
e estudos realizados a longo tempo. Ainda hoje é muito comum que incrédulos
tentem explicar o que desconhecem, sendo a umbanda alvo de diversos
preconceitos em função disso, vale a pena conferir cada um dos sistemas
apresentados pois tanto o espiritismo, desde suas primeiras manifestações, como
a umbanda nos dias de hoje são alvos de diversas delas, tais como, atribuir as
manifestações a forças malignas, a um auto hipnotismo dos médiuns, ao
charlatanismo etc.
Os fenômenos espiritas podem sem divididos em efeitos físicos e efeitos inteligentes. Os que não acreditam em espíritos não acreditam também nos efeitos inteligentes, uma vez que não reconhecem nada além da matéria e explicam os efeitos físicos com os quatro sistemas a seguir:
Sistema do charlatanismo: Nesse
sistema os incrédulos explicam os fenômenos alegando que todos são fruto de
enganação. Pois alguns dos efeitos podem e já foram imitados, sendo todos os
espíritas ingênuos e todos os médiuns, para eles, enganadores. Para esse
argumento o livro dos médiuns diz que os enganadores simulam várias coisas
reais para tirar vantagem, nem por isso as coisas reais que eles imitam deixam
de existir de verdade. Da mesma forma, não é porque alguns usam mal dos
conhecimentos espirituais que nada dele é verdadeiro. Além disso, o livro
comenta ainda que existem muitas pessoas de reputação inquestionável que
afastam tal hipótese.
Sistema da loucura: Outros
acreditam que os que não são charlatões são loucos, tendo a prepotência de se
achar tão lúcidos a ponto de poder definir quem é louco ou não. É verdade que algumas
pessoas, tanto do espiritismo como de qualquer outra religião ou crença possam
ficar loucas, mas isso nada prova contra a religião.
Sistema de alucinação: Alguns
dizem que na verdade não há o fenômeno, mas sim uma ilusão de ótica. Quando
dizem que viram uma mesa se erguer e se mover no ar, para eles, na verdade,
nada disso ocorreu. Tendo a pessoa sido enganada pelos próprios olhos. No
entanto, muitos já passaram por debaixo de tais mesas e puderam conferir que a
mesa estava realmente “flutuando” e muitos em conjunto viram as mesas se
movendo rapidamente, será que haveria uma ilusão de ótica de todos eles?
Sistema do músculo estalante: Para o
fenômeno de batidas em uma mesa, um cientista alegou que se tratava não de
batidas na mesa, mas sim “contrações voluntárias, ou involuntárias, do tendão
do músculo curto-perônio”. Ou seja, seria mais uma ilusão causada pelo próprio
corpo de quem vê o fenômeno. Para esse argumento o livro comenta que nem todos
que assistem ao fenômeno tem a faculdade de causar estalos com o referido
tendão e que não é possível um barulho no interior do observador se manifestar
em outro objeto distante desse. Além disso, mesmo que o fenômeno em questão
fosse explicado por isso, ainda haveria muitos outros que não poderiam ser
explicados da mesma forma.
Sistemas das causas físicas: Essa
teoria dizia que os movimentos de objetos poderiam ser explicados pelo
magnetismo, à eletricidade ou à ação de um fluido qualquer. Caso os fenômenos
fossem apenas físicos essa teoria poderia ter durado mais tempo, no entanto as
batidas e os fenômenos muitas vezes se mostravam inteligentes, não podendo ser
explicado puramente através de causas apenas físicas.
Sistema do reflexo: Surgiu
também a hipótese que o que o fenômeno expressava era o reflexo do pensamento
do próprio médium ou dos assistentes, mas isso com o tempo foi descartado, uma
vez que não era raro o fenômeno responder com pensamentos diversos dos que
acreditavam o médium e os assistentes. Além disso como explicar uma pessoa que
não sabe escrever se comunicar escrevendo por simples reflexos, ou respondendo
em línguas que desconhece etc.
Sistema sonambúlico: Já
nesse sistema acreditasse que o conhecimento transmitido nos fenômenos também
vem do médium, no entanto ele estaria em um estado alterado de consciência,
como em um estado de inspiração, uma sobre-excitação momentânea das faculdades
mentais. Ainda que o Livro dos Médiuns admita essa possibilidade, há casos que
não podem ser explicados por essa teoria, como os médiuns que escrevem
distraídos, como uma máquina, sem a mínima consciência do que estão escrevendo,
e os que escrevem sem saber escrever, por exemplo.
Sistema pessimista, diabólico ou
demoníaco: acredita-se nas comunicações inteligentes, porém que
somente os maus espíritos ou o diabo possam se comunicar. Essa teoria já teve
muitos adeptos e ainda hoje tem uma pequena influência. O Livro dos Médiuns nos
mostra que ela não faz sentido, uma vez que se Deus tudo pode, porque deixaria
que apenas as más influências se comunicassem, seria mais sensato pensar que
todos, tanto os bons quanto os maus têm essa faculdade. Outro aspecto que
contradiz essa teoria é o de, em muitas comunicações, os espíritos pregarem
apenas o bem e ensinarem formas de minimizar ou enfraquecer as influências
negativas, se apenas os maus se comunicassem seria muito inconveniente para
eles fornecer “armas” contra si mesmos.
Sistema otimista: Por
outro lado, nesse sistema acredita-se que todas as comunicações provêm dos bons
espíritos, uma vez que retirando a matéria, o espírito estaria com uma
sabedoria suprema, nada para ele sendo oculto. Os que creem nessa teoria sofrem
frustrações constantes ao verem manifestações de espíritos, não muito mais
evoluídos que homens ruins, se manifestando, podendo-se constatar isso através
do conteúdo de suas mensagens.
Sistema unispírita ou monoespírita: O
referido sistema é uma variante do sistema otimista, os que acreditam nele
creem que somente um espírito é responsável por todas as comunicações e
fenômenos, sendo esse espírito o próprio Cristo. Creem que quando há
comunicações desrespeitosas e ríspidas, tal espírito estaria testando os
ouvintes. O Livro dos Médiuns trata como absurdo esse sistema e até mesmo uma
blasfêmia com Cristo, uma vez que um espírito de tal grau de elevação seria
incapaz de se sujeitar a comunicações de tão baixa vibração. Ainda argumenta
que várias das comunicações são de parentes que já desencarnaram e que seria de
uma atitude incompatível e sem proposito o próprio cristo se prestar a iludir
os parentes de uma pessoa se passando por essa.
Sistema multispírita ou polispírita: Esse sistema é fruto de uma longa observação
e análise e é o que acreditam na maioria dos espiritualistas, é composto pelos
seguintes fundamentos:
·
Os fenômenos espíritas são produzidos por
inteligências extracorpóreas, às quais também se dá o nome de espíritos;
·
Os espíritos constituem o mundo invisível;
estão em toda parte; povoam infinitamente os espaços; temos muitos, de
contínuo, em torno de nós, com os quais nos encontramos em contato;
·
Os espíritos reagem incessantemente sobre o
mundo físico e sobre o mundo moral e são uma das potências da natureza;
·
Os espíritos não são seres à parte dentro da
criação, mas as almas dos que hão vivido na Terra ou em outros mundos, e que
despiram o invólucro corpóreo; donde se segue que as almas dos homens são espíritos
encarnados e que nós, morrendo, nos tornamos espíritos;
·
Há espíritos de todos os graus de bondade e de
malícia, de saber e de ignorância;
·
Todos estão submetidos à lei do progresso e
podem todos chegar à perfeição, mas, como têm livre-arbítrio, lá chegam em
tempo mais ou menos longo, conforme seus esforços e vontade;
·
São felizes ou infelizes, de acordo com o bem
ou o mal que praticaram durante a vida e com o grau de adiantamento que
alcançaram. A felicidade perfeita e sem mescla é partilha unicamente dos espíritos
que atingiram o grau supremo da perfeição;
·
Todos os espíritos, em dadas circunstâncias,
podem manifestar-se aos homens; indefinido é o número dos que podem
comunicar-se;
·
Os espíritos se comunicam por médiuns, que lhes
servem de instrumentos e intérpretes
· Reconhecem-se a superioridade ou a inferioridade dos espíritos pela linguagem que usam; os bons só aconselham o bem e só dizem coisas proveitosas; tudo neles lhes atesta a elevação; os maus enganam e todas as suas palavras trazem o cunho da imperfeição e da ignorância.
Sistema da alma material: Por último
esse sistema somente diz sobre uma opinião particular sobre a natureza da alma.
Para ele, alma e perispírito não seriam distintos. O perispírito seria a
própria alma que estaria a se depurar gradualmente. A doutrina espírita
considera o perispírito simplesmente como o envoltório fluídico da alma. Sendo
matéria o perispírito, se bem que muito etérea, a alma seria de uma natureza
material mais ou menos essencial, de acordo com o grau da sua purificação. O
sistema em questão não contradiz qualquer dos princípios fundamentais da doutrina
espírita, uma vez que não altera questões como o destino da alma; as condições
de sua felicidade futura.
Tendo
findado o estudo de todos esses sistemas de forma simplificada, fica claro que
somente a experiência real e contínua com a espiritualidade pode nos levar mais
perto do entendimento dos mistérios relacionados aos fenômenos espirituais.
Fica claro também que muitas das explicações dadas para explicar tais fenômenos
são extremamente sem fundamento, criada por pessoas que muitas vezes nem mesmo
viram esses fenômenos e, se viram, viram de forma parcial (apenas comunicações
de baixa ou alta vibração). Tudo isso gera um enorme preconceito com as
religiões espiritualistas como o espiritismo, a umbanda, o candomblé e outras
mais.
Axé
Ricardo
de Ogum Matinata
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