Ação
dos espíritos sobre a matéria
Dando
continuidade ao estudo do Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, falaremos hoje
sobre a ação dos espíritos sobre a matéria, tema do capítulo I, da segunda
parte.
Descartando
os argumentos materialistas, Kardec deixa uma reflexão já no início do
capítulo: por que seres inteligentes, que vivem de algum modo em nosso meio,
não poderiam de alguma maneira comprovar-nos sua presença? A crença de que os
espíritos vivem concomitantes a nós é antiga, de todos os povos e está, além
disso, confirmada nos livros sagrados. Nenhuma intuição sobreviveria por tanto
tempo se não fosse bem fundamentada.
O que
torna o fenômeno das manifestações dos espíritos incompreensível é pensar que a
matéria está ausente neles e, dessa forma, não poderiam agir materialmente. Devemos
nos lembrar que há no homem três componentes: a alma ou espírito, princípio
inteligente onde reside o princípio moral; o corpo, envoltório que reveste
temporariamente o espírito para objetivos providenciais; e o perispírito,
envoltório fluídico, semimaterial, um fio elétrico que liga a alma ao corpo.
Durante
a encarnação o perispírito serve como intermédio para todas as sensações que o
espírito percebe, serve para recepção e transmissão de pensamentos, sensações
etc. Ele adquire a forma humana e se apresenta, geralmente, sob a mesma forma de
quando estava encarnado, mas sua matéria não é rígida como a matéria do corpo,
é sutil, flexível, expansível e, por isso, tem a capacidade de se modificar de
acordo com a vontade do espírito e até mesmo passar do estado sólido para o
estado fluídico, alternativamente.
Podemos
concluir que o espírito tem, portanto, necessidade de matéria para agir sobre a
matéria e que o perispírito cumpre esse papel. Dessa forma todos os efeitos que
envolvem a ação dos espíritos sobre a matéria entram na ordem dos fatos naturais
e não há nada de sobrenatural na causa, que está inteiramente nas propriedades
semimateriais do perispírito.
Pela
ótica umbandistas percebemos a ação dos espíritos sobre a matéria da mesma
forma que Kardec nos apresenta. O espírito, após compreender sua situação de
desencarnado e adquirir certo grau de experiência, é capaz de se plasmar como
deseja e da forma que melhor convém para a realização de seus trabalhos. Apesar
de estarem sempre presentes, compartilhando do mesmo espaço, eles não se
mostram a qualquer pessoa a fim de não gerar estranheza nos descrentes e de
manter o equilíbrio entre os mundos. Como comprovação da existência e ação de
tais espíritos, temos os guias que se apresentam em nosso terreiro para trazer ensinamentos
aos que precisam de seu auxílio.
Axé.
Larissa
de Iansã e Pedro” de Xangô
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