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sábado, 6 de julho de 2024

Cobranças dentro da Umbanda

 Cobranças dentro da Umbanda

As cobranças financeiras dentro da religião de Umbanda sempre foram e sempre serão algo polêmico. Por um lado, é sabido que tudo tem custos e que uma casa seja da religião que for sempre necessitará de recursos financeiros para se manter. Tudo tem custo, água, luz, insumos de limpeza, velas, etc. Tendo isso em mente fica claro que é impossível uma casa viver somente do axé e da oração, dessa forma, se ela continua de pé é porque alguém está pagando as contas.

Por outro lado, a religião foi anunciada como sendo a “manifestação do espírito para a prática da caridade”. E assim sendo não estaria cumprindo sua missão existencial caso não acolhesse igualmente o que tem e o que não tem recursos para contribuir.

Analisando amplamente os dois vieses, fica claro que todo aquele que precisa ser acolhido, que precisa ouvir os conselhos dos guias espirituais e pedir sua proteção e orientações, deverá receber esse atendimento gratuitamente. Isso faz todo sentido quando se pensa que a sabedoria não é do médium e sim dos espíritos de luz. Podendo, se quiser e tiver condições, por gratidão, fazer doações que possam ajudar que o trabalho espiritual chegue em mais pessoas e em melhor qualidade.

Com isso definido ainda fica a dúvida de quem vai pagar a conta dos insumos necessários. Será que é o sacerdote que paga? Seria justo? Ele que doa seu tempo, sabedoria e esforço em prol do próximo sem ser pago(financeiramente) deve ainda pagar por isso? Fica claro que não, podem existir casas em que o sacerdote por ter uma excelente condição financeira e queira financiar o trabalho, mas não é a realidade da maioria.

A verdade é que as casas têm que ser criativas e encontrar métodos que permitam que seu trabalho seja sustentável. Várias além de compartilharem o conhecimento de forma pública e gratuita tem seus cursos pagos, o que já não é necessário ser por caridade, uma vez que ali sim exigiu uma dedicação, organização e conhecimento do próprio palestrante e equipe. Outras vivem de contribuições de seus membros internos que aceitam as condições quando ingressam na casa. E das quais se não tiverem condições podem ser isentos enquanto for necessário.

Existem ainda casas que fazem cobranças por tudo aquilo que for realizado fora da rotina da casa. Um exemplo seria um casamento em que seria algo que movimenta todos os recursos da casa, materiais e humanos, para o benefício de um casal, nesse caso não tendo que ser necessariamente por caridade. E claro que qualquer cobrança, mesmo por coisas particulares não devem ser de forma abusiva ou exploratória. Existe um termo que é utilizado para o pagamento desses trabalhos fora do comum que é pagar o “salve, o pé e mão”. O salve seria uma quantia pela gratidão, o pé seria os gastos do lugar onde você pisa e a mão seria o tempo gasto pelos envolvidos (mão de obra). Segundo o Sr. Exu 7 Catacumbas o grande problema é que muitas vezes o pagamento do “salve, pé e mão” dão lugar ao pagamento do “salve, do pé e da safadeza”. Ou seja, o grande problema é que muitos da espiritualidade se perdem querendo ter a fé como meio de vida, e normalmente uma vida de luxo, explorando aquele que está com dificuldades e isso não é, nunca foi e nem nunca será umbanda. 

Axé,


Ricardo de Ogum Matinata


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