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quinta-feira, 11 de julho de 2024

Estudo do livro: Ervas e Benzimento

 Estudo do livro: Ervas e Benzimento do autor Fábio Dantas
CAPÍTULO 1: Breve histórico das ervas


Neste capítulo o autor enuncia uma linha do tempo sobre os saberes que os seres humanos adquiriram sobre as mais diversas ervas ao longo da história da humanidade, destacando que as ervas sempre foram utilizadas para fins alimentares, medicinais e espirituais. Vale lembrar que a prática espiritual com ervas surgiu diante da necessidade de sobrevivência e da religiosidade dos povos antigos, pois acreditava-se que as curas por meio das plantas eram promovidas pelas divindades, que concediam aos humanos o conhecimento sobre os poderes curativos da natureza. Porém, não existe um consenso sobre o momento em que o homem passou a utilizar as plantas de forma medicinal.

Os primeiros registros sobre o tema estão em documentos suméricos e babilônicos, datados de mais de 3000 a.C., ambos retratam o saber de curandeiros e feiticeiros sobre as propriedades de diversas ervas. Posteriormente, escritos de 2800 a.C. produzidos pelo Chinês Shen Numg, descreve o uso de centenas de plantas medicinais na cura de variadas enfermidades.

No Egito há registros do primeiro curandeiro ilustre, Imhotep, médico do faraó Djoser, em torno de 2600 a.C., e em 1873 foi decifrado por Georg Ebers um papiro egípcio, que continha escritos relativos à preparação de remédios “para todas as partes do corpo humano”, sendo considerados o primeiro tratado médico documentado antes da era cristã. Já na Índia existem registros escritos nos Vedas, livros de registro da civilização hindu, por volta de 2500 a.C. que também mencionam o uso de ervas para a promoção da cura, mas o apogeu das ervas medicinais e magicas se deu em 1000 a.C..

Na Grécia, a mitologia se mistura à história das ervas, conta a lenda que o Centauro Quírion foi o primeiro herborista e boticário da humanidade e que o Deus Apolo teria confiado ao ser mitológico a educação de seu filho Asclépio, que viria a ser o Deus da mMedicina. Ainda na Grécia temos o médico e filósofo Hipócrates (460 a.C. - 377 a.C.) considerado o pai da Medicina. Além de Teofrasto, considerado o pai da Botânica, escreveu a história das plantas e descreveu 450 tipos de árvores, flores e ervas em geral.

Logo após o autor destaca que com o crescimento do Império Romano o saber também se deslocou para Roma e lá se estabeleceram os dois maiores herbolários da era cristã: Dioscórides e Galeno. O primeiro é considerado o fundador da farmacologia sendo o autor do principal livro sobre drogas medicinais do século I até o século XVIII. O segundo foi médico de imperadores como Marco Aurélio e Cômodo, entre outros. Escreveu mais de duzentas obras, sendo considerado o pai da fisiologia, descobriu como separar os princípios das plantas o qual é utilizado até hoje.

Com o declínio do Império Romano e a ascencao do império árabe, o conhecimento sobre ervas se destaca entre 980 – 1037 d.C. nas literaturas deste povo. Avicena ficou conhecido por mais de seis séculos como “o príncipe dos médicos”, sua fama veio muito cedo, aos 17 anos já era considerado mestre na arte de curar e segundo os registros usava Lavanda, Camomila e Menta em seus preparos.

Na Idade Média os mosteiros e conventos tornaram-se centros importantes de estudos, os livros e manuscritos existentes foram todos recolhidos e levados para posse das ordens religiosas, os membros destas passaram a utilizar os conhecimentos sobre o emprego das plantas medicinais, cultivando-as e utilizando como alimentos, bebidas e medicamentos. Destaca-se também que a busca por “especiarias”, que nada mais eram que temperos e ervas obtidas na Índia, datam o início das grandes navegações europeias. Nestas viagens o boticário Tomé Pires e o físico suíço Paracelso, fizeram descobertas que atravessaram a Idade Média e o Renascimento, ganhando força nas primeiras universidades que surgiram, pois naquele tempo as doenças eram tratadas com terapias vegetais.

Em relação ao aspecto religioso, o autor destaca que acreditava-se que as plantas possuíam propriedades ocultas e segredos revelados à humanidade pelos Deuses, daí a incorporação religiosa e mística do emprego das plantas para a cura de doenças.

Já no Brasil, quando os portugueses aqui desembarcaram encontraram nativos que usavam Ururcum para pintar o corpo e protegê-lo das picadas dos insetos, além de tingir seis objetos cerâmicos. O Padre José de Anchieta, em suas “cartas”, descreveu a riqueza da flora e da medicina indígena. A cultura religiosa indígena por meio das ervas foi associada à prática dos benzedores, curandeiros, rezadores e praticantes de religiões afro-brasileiras que também utilizavam as plantas em seus rituais. Devido à pluralidade religiosa brasileira, diversas religiões utilizam do poder das ervas. Desta forma, os indígenas nativos, o negro africano escravo e os portugueses mesclam o conhecimento de suas ervas, criando-se essa grande diversidade de medicina popular, misturado aos aspectos das três etnias.

O autor então conclui que para entender a energia das plantas é preciso ir além de tudo que conhecemos. As ervas possuem axé (força) e atuam energeticamente sobre o corpo espiritual das pessoas. Quando combinadas de maneira adequada, limpam a aura, trazem equilíbrio, seja no campo espiritual ou no material. Por tanto, sem folhas não há Orixá e não há seres humanos.


Jéssica Gomes de Obaluaê


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