Resumo teórico do móvel das ações humanas
O livre arbítrio é um assunto sempre difícil de ser colocado em debate. Muitos semeiam a ideia de que “TUDO” já está escrito, predefinido e desta forma terá de ser. O homem não é conduzido ao mal porque está escrito, os atos realizados não estão antecipadamente dispostos como se Deus tivesse um ‘caderninho’, o que fazemos ou como agimos não resulta de uma sentença predeterminada, mas de nossos próprios atos.
Para sermos provados e buscarmos nossa própria evolução, podemos escolher uma existência onde estaremos sempre tendendo ao mal, tanto por influência de pessoas com as quais convivemos quanto ao meio onde estaríamos. Por mais que assim fosse, sempre teríamos uma escolha de seguir algo ou não, de seguir o “bem” ou o “mal”. Aí é que se encontra o livre arbítrio.
O livre-arbítrio se dá em dois âmbitos dispostos (e complementares): O espiritual e o corporal. No aspecto espiritual é quando um espírito, ainda em estado errante, escolhe (de acordo com a permissão divina) sua existência e as provações pelas quais deseja passar. No corporal é na possibilidade de ceder ou resistir às más tendências. Quando a alma cede à essas más tendências, está sucumbindo às provas que este mesmo escolheu superar quando ainda no espiritual.
Muito se fala da fatalidade, entendida como uma decisão prévia de todos os acontecimentos durante a vivência (sem a opção de mudar), ainda que sejam fatos poucos relevantes. Esta vai contra a ideia que temos de livre arbítrio, pois sendo assim, seres humanos seriam como robôs, sem vontade própria, somente máquinas programadas. Do que serviria a inteligência se tudo ocorresse fatalmente como definido anteriormente? Consequentemente não haveria bem ou mal, pessoas boas ou más, certo e errado, pecados e virtudes. Sendo assim, Deus não haveria de “castigar” por faltar ou “recompensar” por méritos, visto que não haveria uma escolha autônoma. Portanto, quais motivos teríamos de buscar melhorias e evolução?
Em um sentido mais amplo, a fatalidade tem sim uma finalidade que não seja a prescrição de uma vivência. Nesse caso, esta se dá no momento que obtivermos sucesso ou fracasso nas provações, ou seja, uma vitória uma ‘recompensa’ ou uma derrota, um ‘castigo’. “O detalhe dos acontecimentos está subordinado às circunstâncias que ele próprio provoca por seus atos”.
As pessoas buscam eximir-se da culpa dos próprios atos julgando que a razão destes, poderia seria o local de onde vieram, onde e com quem viveram, e que a culpa é exclusivamente disso. Dessa forma, desconsideram sua própria natureza (seu espírito e essência). No Espiritismo acredita-se que o livre-arbítrio é desenvolvido juntamente com o desenvolvimento da inteligência e implica um aumento pela responsabilização dos atos praticados por mais que possamos ser induzidos e tenhamos influências externas.
Essa teoria da causa é a que mais nos revela sobre nós mesmos, pois tendo a faculdade de ceder às más tendências, é que observamos nossa verdadeira essência, cedendo àqueles que não se deve e fechando as portas que estes usam ou resistindo e mostrando nossa própria força.
Trazemos ao corpo nossas imperfeições carregadas em espírito, a oportunidade de aqui estar novamente é para que possamos buscar melhorias e evolução moral. É justamente essas imperfeições que nos deixam abertas a ideias exteriores que nos induzem ao erro.
A espécie humana que compõe a terra é uma das raças menos evoluídas, juntamente com o planeta, um dos menos evoluídos, por isso a existência de mais maus do que bons espíritos. Considerando isto, deveríamos buscar ao máximo nossa melhora para que não retornemos a tal ponto de precisarmos por aqui passar mais uma vez. O caminho é duro, a jornada é longa, mas o ponto que chegada, o qual almejamos tanto, irá recompensar cada um que por aqui passar.
Voltando-se para a Umbanda, o termo mais usado para o seguinte assunto é “karma”. É considerado que tudo aquilo que se faz ou se fala, afetando a outro ou ao universo de alguma forma, por menos relevante que seja, retorna ao autor. Se você faz o bem, este voltará, se faz o mal, da mesma forma será. Esse fato se liga diretamente a nosso Orixá Xangô, aquele que traz a justiça, aquele que é imparcial e sempre definirá imparcialmente a reação de acordo com cada ato. Muito se fala sobre os Exus, outro tabu, debatem sobre serem bons ou maus, fazerem o bem ou o mal, deve-se ressaltar que Exu não é bom, não é mal,é justo. Trará para nós aquilo que merecemos. São conhecidos também por “Agentes do Karma”. Não acredite que terá amor, disseminando ódio, nem sequer bondade, espalhando maldade. Você é quem traça seu próprio caminho, faça o bem a outrem e isso é o que retornará a ti. Como muitos dizem por aí:
“A gente colhe o que planta”.
Junio de Oxalufã
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