Sacrifícios
Ainda do capítulo II, “da lei de adoração”, Kardec pergunta aos espíritos como o homem foi levado a crer que um sacrifício pudesse agradar a Olorum. Os espíritos responderam que, a princípio, fazia-se isso devido à falta de crescimento moral e à predominância da matéria sobre o espírito. Com a moral pouco desenvolvida, primeiro começou-se a sacrificar animais e mais tarde homens a fim de agradar o Criador, pois a princípio não o reconheciam como fonte de bondade. E, também, quando queremos agradar a alguém escolhemos aquilo que de melhor temos para entregar ao próximo.
Na pergunta 670, Kardec pergunta se alguma vez esses sacrifícios podiam ter agradados a Deus e a resposta é que não. Porém Zambi não os julgava, pois reconhecia seus filhos ainda como ignorantes. Portanto levava-se em consideração a intenção que presidiu o ato. Mais tarde, com o conceito moral aprimorado, o homem foi levado a rever seus atos praticados através dos sacrifícios e repará-los, enquanto outros, por sua vez, compreendiam o mal que praticavam e continuavam a fim de satisfazer suas paixões e prazeres.
Em seguida, é questionado a respeito das guerras santas, tendo o princípio de que elas são travadas a fim de mostrar ao outro a verdade de um Deus que acredita. Em resposta, dizem que esses atos são influenciados através de maus Espíritos e que isso contravém a vontade do Altíssimo. Zambi pede para que amemos o outro como a nós mesmos, portanto como faremos que o outro reconheça a presença do Criador em cada um de nós se mostrarmos a nossa perversidade e não o nosso amor? Portanto as ditas “guerras santas” é um ato falho da humanidade ainda imoral em tentar, pela força, mudar a ideia do outro. Os espíritos esclarecedores ainda dizem que nossos atos devem ser condizentes com nossas ações através do evangelho de Jesus.
Questionado é também se oferendas feitas de elementos naturais e alimentos da terra teriam mais valia do que sacrificar seres. Em resposta disseram que mais agradável é, pois não ocorre o derramamento de sangue de vítimas. E em seguida continua com a seguinte frase “... a prece proferida do fundo da alma é cem vezes mais agradável a Deus do que todas as oferendas que lhe possais fazer”.
Na pergunta 673 Kardec finaliza com a pergunta: “Não seria um meio de tornar essas oferendas agradáveis a Deus consagrá-las a minorar os sofrimentos daqueles a quem falta o necessário e, neste caso, o sacrifício dos animais, praticado com fim útil, não se tornaria meritório, ao passo que era abusivo quando para nada servia, ou só aproveitava aos que de nada precisavam? Não haveria qualquer coisa de verdadeiramente piedoso em consagrar-se aos pobres as primícias dos bens que Deus nos concede na Terra?” Em resposta, os Espíritos esclarecem que o melhor meio de honrar Olorum é praticar o bem. Deus ama o simples e o melhor que podemos fazer é seguir os passos de Jesus.
Vale ressaltar que na Umbanda, não há a prática de sacrifícios, isso se da desde de sua fundação. E nas religiões cujas práticas ocorrem, como é o caso do Candomblé assim o fazem carregando todo um fundamento que deve ser respeitado. Portanto, como cabe somente a Deus julgar cada um de nós, lembremos que quando praticados, existe todo um preparo e um fundamento, por isso merece o nosso respeito e compreensão.
Ryan de Oroiná
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