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sábado, 5 de outubro de 2024

Sobre a Jurema Sagrada e seus reinos

 Sobre a Jurema Sagrada e seus reinos

    No último texto, falamos de uma forma mais ampla sobre as cidades/reinos da Jurema Sagrada; hoje, com o auxílio do Caboclo 7 Flechas nos estudos, trazemos uma análise mais profunda, com maior entendimento de sua estrutura e de como são cultuadas na nossa família.

    Variando de rama pra rama, família pra família e doutrina por doutrina, as cidades da Jurema têm cultos diferenciados. Na nossa casa, elas são divididas em 12 Reinos, e cada Reino tem 3 cidades. Cada cidade, tem uma entidade que a rege, aqui, todas são chefiadas por caboclos; e os reinos têm uma orientação de entidades maiores, que em outra oportunidade, faremos um estudo sobre.

    Nesse texto, apresentamos algumas características de 3 reinos, sendo o Reino do Juremá, Reino do Vajucá e Reino Tanema, juntamente com os mestres e entidades que ali trabalham.

1° Reino do Juremá: é o reino que comporta os primeiros catimbozeiros, aqueles que iniciaram o culto da Jurema Sagrada, que possuem o conhecimento base na formação do mesmo. Nesse Reino, é considerada a existência das: Cidade do Juremá, Cidade Campos Verdes e Cidade Estrela D'Alva. Aqui, estão presentes algumas entidades específicas que auxiliam em temas congregados as cidades, sendo Caiporas, Curupiras, Mestres Curandeiros, Casamenteiros e Mestres Parteiras, a forma de trabalho desses guias estão relacionados a uma forma de ajuda mais simpática, o qual auxilia o encarnado naquilo em que estiver tendo dificuldades para desenvolver. Aqui também existe alguns caboclos, os quais não possuem características de índios, mas que possuem um conhecimento vasto sobre remédios naturais, que surgem através da ancestralidade, estudo e manipulação das ervas. Por conseguinte, este reino tem um objetivo principal de auxiliar as pessoas trazendo a prosperidade, inteligência e, principalmente, despertar a ciência dos discípulos que estão de coração aberto para evoluir e aprender. Ao buscar a localização dessa cidade na árvore da Jurema, essa está localizada na semente.

2° Reino do Vajucá: ponto interessante a ser apreciado aqui, é que caso tenha a ciência da vidência, conseguirá observá-lo através do céu, falando até mesmo sobre a localização em que se encontra, como se diziam os antigos: ele fica na direção norte de quem está posicionado no RN ou no PB, conseguindo vê-lo quando o dia raiar e por poucos segundos. Aqui, há muitos mestres que viveram no RN e redondezas, eles se assemelham um com o outro pela vivência, além disso, a presença de pretos velhos e caboclos é bem grande. A composição “física” desse Reino está composta por 2 partes: a primeira é uma mata muito fechada, que possui alguns caboclos considerados “brabos”, e pelo outro lado, caatinga.

A manipulação de plantas e da própria terra, traz uma relação com preparo de fumo para os cachimbos, remédios (com ervas torradas e argilas) e outras misturas, sendo todos utilizados em diversos tipos de trabalhos espirituais, trazendo a cura e proteção para os discípulos. As cidades que estão inclusas nesse Reino são: Aldeia Vajucá, Aldeia Mata Virgem e Aldeia Arruda. Se analisarmos o nome de cada cidade é possível perceber a semelhança que ela tem em relação ao próprio Reino, uma vez que cada cidade traz um nome de planta ou algo que lembre a cura trazido pelas matas e seu conhecimento ensurdecedor.

3° Reino do Tanema: com características de transformação e equilíbrio, o Reino do Tanema muitas vezes é pronunciado de maneira errada como PANEMA. No tupi-guarani, Panema nos remete ao contexto de insucesso nas roças, plantações e na vida. No geral, mesmo em outras colocações, reflete o sentimento de frustração quando algo age da forma que não deveria, que não se produz o que se espera, tendo normalmente um viés negativo.

Pelo caboclo amazônico, Panema é o resultado da fusão de crenças indígenas e europeias, vinda especificamente da Península Ibérica, que se deu durante a colonização dos povos. Ela engloba alguns contextos, que hoje, entendemos como problemas existenciais, questões morais, organização da tribo e qualificação das experiências, isso tudo é pontuado, fazendo com que assim haja a transmutação necessária pra melhoria do próprio e por conseguinte, da tribo.

Aqui, entendemos sobre a importância do movimento, inclusive dos nossos pensamentos; mudanças positivas que fazem com que saiamos do estado de inercia pra que consigamos evoluir através da ação, sem medo dessa metamorfose.

Tanema também é o nome de uma língua oceânica quase extinta, encontrada na ilha de Vaniroko, uma província das ilhas de Salomão. Seus pouquíssimos falantes são velhos pescadores e agricultores da área.

No Reino de Tanema, encontramos algumas entidades como ciganos, curandeiros e pajés, dentre várias outras que trabalham utilizando os recursos da terra e dos animais. As cidades que fazem parte do mesmo, ainda não foram abertas ao nosso conhecimento.


Hoje entendemos um pouco mais sobre a estrutura dos reinos, cidades e o trabalho dos mesmos. É necessário que o conhecimento da Jurema seja plantado e despertado de forma sutil, para assim preencher a mente, trazendo a ciência pros nossos corações. Nos encontramos no próximo texto, com mais três outros Reinos da Jurema Sagrada. 

Que os Reis Malunguinho protejam e abençoe a todos, na força da Jurema Sagrada e de todos os Mestres Juremeiros. 

Axé!

Lívia de Obaluaê




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