Sobre a Jurema Sagrada e seus reinos
Hoje falaremos sobre os últimos três, dos doze Reinos da Jurema Sagrada. Frisamos que essa classificação quanto cidades/reinos, varia de acordo com a rama e família de Jurema cultuada. Na nossa casa eles são divididos em 12 reinos, cada reino com 3 cidades; cada cidade tem um caboclo como chefe, e cada reino tem seu dirigente (ponto a ser explorado mais à frente). Algumas cidades estão em estudo mais aprofundado com o Caboclo 7 Flechas e Mestre Mulambo, e serão trazidas num futuro próximo.
Explicando um pouco melhor suas estruturas, a importância e trabalho de cada um, além das cidades, os reinos tratados hoje são: Reino do Acaes, Reino do Canindé e Reino de Tronos.
10º Reino do Acaes: de grande importância,
principalmente em relação ao culto da Jurema de forma incorporada, é
considerado o marco do Reinado dos Mestres na Terra. Nesse contexto, entende-se
que este foi o início; a partir dele se assentou as alianças com os encantes,
para se firmar contato, com o conhecimento e o intercâmbio entre os Reinados da
Jurema Sagrada. Dito por Mestre Mulambo como não só morada, mas também o portão
de entrada e passagem para os Mestres mais importantes dos primórdios dos
cultos da Jurema no Nordeste (Mestre Manoel Cadete, Mestre Machado Bravo,
Mestre José Phelintra).
11º Reino do Canindé: ligado a importância em razão dos cortes realizados no rito da Jurema, observamos que há uma unificação das várias etnias de índios em uma única área, o qual passam a viver em uma harmonia cultural, com diversidade enorme de espíritos e manifestações, trazendo a pajelança e mitos, cada qual a sua maneira. Alguns consideram que quem rege esse Reino é o Rei Canindé, considerado o filho de Tupã, Senhor das Festas, bebidas e guerras.
O corte na Jurema Sagrada é comum, fazendo parte da ritualística e tendo fundamento. No reino do Canindé, morada de tantos povos com costumes diferentes, há muitas práticas parecidas mesmo entre tanta particularidade, e as oferendas envolvendo corte, são uma delas. Os Yanomami, Suruwaha, Ticuna e Bororo, são exemplos disso, mas cada um na sua fundamentação, com seu rito, praticavam assim sua ancestralidade e contato com o outro lado. Ao adentrar os mistérios do reino, é possível entender a necessidade de tal.
12º Reino de Tronos: misterioso e oculto pela maioria dos juremeiros, a forma de organização e centralização das entidades que ali trabalham é diferente; se dividem em Reinados, Tronos e Potestades do mundo espiritual. Entendido como residência e lugar de trabalhos de ANJOS (de todas as espécies), aqui há poderes divinos, lidas utilizando a energia e magia de forma mais sutil; guardam dogmas de alta magia, e é uma fonte de purificação da espiritualidade do culto a Jurema Sagrada. Muito procurado quando está em guerras espirituais.
Alguns pontos importantes esclarecidos pelo Mestre Mulambo por exemplo, é que na nossa casa, Tenda de Umbanda Caboclo 7 Flechas e Jurema, praticamos a ciência da jurema, conectando-a aos nossos trabalhos de Umbanda, aplicando o conhecimento que a mesma nos traz. Não temos assentamento da religião, nem passamos pelo tombamento (ritual iniciático), o que não nos impede de praticá-la, com algumas ressalvas e sempre orientados pelos guias. De uma forma bem grosseira, é como se no nosso chão, pedíssemos licença e convidássemos as entidades de Jurema pra auxiliarem nos trabalhos, e essas que no terreiro já agem, que em sua maioria, em algum momento tiveram contato com a religião, trabalham nessa força. Isso explica alguns espíritos que se apresentarem tanto na Umbanda quanto na Jurema, adequando sua vibração de acordo com o ritual. Por esse motivo, também não há corte no chão.
Esse estudo foi feito através de leituras, conversas com
entidades e auxílio direto do Caboclo 7 Flechas e também do Mestre Mulambo. Que
a força dos Reis Malunguinho nos proteja e abençoe.
Saravá os Mestre! Okê Caboclo!
Lívia de Obaluaê
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