Sobre a Jurema Sagrada e seus reinos
Continuando nossos estudos sobre as cidades/reinos da Jurema, é importante lembrarmos que essa classificação quanto cidades/reinos, varia de acordo com a rama e família de Jurema que é cultuada, na nossa casa eles são divididos em 12 reinos, cada reino com 3 cidades; cada cidade tem um caboclo como chefe, e cada reino tem seu dirigente (ponto a ser explorado mais à frente). Algumas cidades estão em estudo mais aprofundado com o Caboclo 7 Flechas, estas não serão trazidas por agora, mas em próximo texto.
Hoje iremos falar sobre Reino Angico, Reino do Tigre e Reino do Bom Florar.
4º Reino do Angico:
possuindo o nome de uma árvore muito utilizada e cultuada na Jurema Sagrada, o angico
também é conhecido como uma árvore de poder e ciência desde a época de Salomão.
Tanto nos trabalhos realizados no reino, quanto aqueles realizados de forma
física através da mesma, trazem consigo cura, limpeza espiritual e conhecimentos
(pontos que são comumente trabalhados no interno). Além do poder de cura, que a
proteção dos trabalhos desse reino traz para aqueles que lhe cultuam de forma
séria e correta, há fechamento de corpo e alma, protegendo os juremeiros de
todos os males terrenos e espirituais. Mestre Mulambo acrescenta que o éter, a
energia vital que anima todas coisas, essência pura que fortalece nossa relação
com os espíritos, sai daqui. Em relação aos mestres que aqui trabalham, é
importante destacar que possuem um conhecimento específico em manipulação dos
poderes encantados das águas e de feitiços ligados a alma, fazendo suas
limpezas e trabalhos profundos nas pessoas que cultuam o tal; trabalho esse
realizado por entidades como Mestra Aninha, Mestra Joana Pé de Chita, Sibamba e
vários outros.
5º Reino do Tigre: aqui
estão agrupados alguns espíritos que foram muito machucados quando encarnados,
tanto de forma física, quanto mental; que passaram por situações precárias de
sobrevivência. Estão alocados aqueles que foram massacrados, os feiticeiros que
tiveram seus corpos queimados em fogueiras por serem considerados bruxos, que
eram conhecidos pela sociedade opressora como os que desgraçaram a vida das
pessoas, traziam o mal e realizavam cultos demoníacos, como os cabalistas,
indígenas e dentre outros que cultuavam sua ancestralidade sem seguir
diretamente a igreja católica. Esse reino vibra sua energia no conflito, nas
diferenças, no caos; o que nos obriga a ter força, e consequentemente nos impulsiona
direto pro que necessitamos em momentos difíceis, de um jeito ou de outro. Os
espíritos que lá trabalham, nos auxiliam manipulando uma energia mais densa,
utilizando de magias nessa mesma proporção, que são capazes de diluir amarras,
estagnação, situações difíceis, e até supostamente impossíveis. Essa força é
muito utilizada em trabalhos que trazem o poder de aniquilação, principalmente
de energias negativas, vindas do externo e também da que está dentro de nós,
pra nos trazer de volta ao centro de tudo; com pensamentos e atitudes mais
leves.
6º Reino do Bom Florar:
parecido com o reino do Tanema, no ponto de transformação de energias, aqui existe
uma convivência muito requerida pela maioria das pessoas: uma forma de
convivência harmônica entre os animais, vegetais e humanos. Através do
conhecimento trazido pelos antigos pajés e mestre raizeiros, foi possível
trazer o equilíbrio entre todos os seres existentes da criação divina, e com a
influência de energia ali presente, temos entidades encantadas e de grande
vibração e luz. Mestre Mulambo diz que aqui é onde mais se encontra Preto Velho
juremeiro, aquele mandingueiro, que faz feitiço. Os mestres aqui possuem
atividades e características curativas, trazendo aos seus aprendizes os
conhecimentos e cuidados necessários para não serem afetados pelas mazelas do
corpo e da alma.
E por hoje finalizamos um pouco sobre os
mistérios da Jurema Sagrada, lembrando frequentemente de suas influências
perante o nosso dia a dia, trazendo a importância e necessidade de sempre voltarmos
os nossos pensamentos para atitudes positivas.
Que todos aqueles que trabalham na Jurema
Sagrada, elevando os conhecimentos e princípios estudados, possam proteger a
cada um, em cada qual. Que assim seja. Salve os Reis Malunguinho!
Lívia de Obaluaê
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