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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Sobre a Jurema Sagrada e seus reinos

Sobre a Jurema Sagrada e seus reinos

    Seguindo nossos estudos sobre os reinos da Jurema Sagrada, hoje iremos tratar sobre: Reino Uruba, Reino das 7 Covas de Salomão e Reino do Rio Verde.

    Sendo canal de extrema energia para aprendizagem e realização dos trabalhos, no plano espiritual e terreno, entendemos aqui um pouco mais sobre a estrutura desses reinos. Frisamos que essa classificação quanto cidades/reinos, varia de acordo com a rama e família de Jurema cultuada. Na nossa casa eles são divididos em 12 reinos, cada reino com 3 cidades; cada cidade tem um caboclo como chefe, e cada reino tem seu dirigente (ponto a ser explorado mais à frente). Algumas cidades estão em estudo mais aprofundado com o Caboclo 7 Flechas e Mestre Mulambo, e serão trazidas num futuro próximo.


7º Reino Uruba: aqui encontramos espíritos relacionados a cultura negra, no contexto do quilombo, que assim se juntaram e se organizaram. Eram negros africanos, negros judeus, índios e brancos foragidos, sendo povos que se encontravam desfavorecidos enquanto encarnados e que passaram dificuldade em relação a forma de relação com a sociedade e o meio da época. Nas terras deste reino existem muitos Vodouns e Pretos Velhos, que representam e resgatam a ancestralidade, tradição e história dos pertencentes de quilombos. Nesse contexto, Mestre Mulambo contou que há predominância de espíritos negros, de origem Efon (povo presente no Candomblé, nação de origem nagô [iorubá]), e povos africanos no geral, que vieram para o Brasil escravizados. Ẹ̀fọ̀n, é uma cidade nigeriana localizado no Estado de Èkìtì. A palavra Èkìtì deriva de Òkètì, que significa: "montanhoso", justificando assim, a região acidentada, montanhosa, com vários rios e corredeiras, que favorece o culto as divindades àwọn Òkè (das montanhas), as divindades das águas, e aos àwọn Òrìṣà Funfun (Orixás que usam a cor branca), como; Òrìṣà Olúfọ́n, ou Òṣàlúfọ́n. Aqui no Brasil, o culto Ẹ̀fọ̀n, chegou através dos africanos oriundos de Èkìtì-Ẹ̀fọ̀n; a Princesa Adébòlú, e o Bàbá Irufá. Como seus antepassados tinham uma vinculação com montanhas e algumas forças ocultas da natureza, isso foi retratado na ambientação do reino, o que nesse contexto, com toda sua riqueza de saberes, faz do local cheio de mistério e vivendo a magia do povo preto, que trazem conhecimento, força e o poder da mandinga, de fazer magia com qualquer material.

8º Reino das 7 Covas de Salomão: possuindo uma relação muito forte com a energia original da Jurema Sagrada, os espíritos aqui pertencentes possuem uma força principiológica, que traz conhecimentos ocultos utilizados apenas no plano espiritual durante os rituais da Jurema. Sendo o berço da ciência profética e mística do culto, Mestre Mulambo diz que tal reino possui espíritos que participam dos pilares das ciências ocultas, os Mestres do Princípio, e por aqui passam povos de grande mistério, que buscam e partilham sabedoria para sua jornada e, também, preservação de práticas da ancestralidade. Dentre esses, encontramos em grande maioria o povo cigano e os judeus, existindo outros também que utilizam da ciência da Jurema pra preservação da memória de seu povo. É um reino que possui muitos mistérios; os trabalhos são feitos com cantos específicos, em forma de ladainha, ou em silêncio. Sua localização muda de 12 em 12 horas, mas apenas catimbozeiros de grande ciência conseguem contato para conseguir trabalhar com os mestres e as energias deste lugar.

9º Reino do Rio Verde: caracterizado pelas matas virgens e ilhas de matas densas, uma vez que a cidade encantada deste reino está debaixo d’água, existe uma influência da força feminina muito grande, que permeia os moradores daqui, são os encantados, como saci, botos, caravelas, sereias e ondinas e diversos outros seres místicos. Diferentemente dos outros que já passaram por aqui, no Rio Verde existem aldeias ao invés de cidadãs, sendo elas:

1- Aldeia do Rio Verde

2- Aldeia do Riacho Bonito

3- Aldeia das Ondinas

    Advindo de forma subterrânea, com provimento das águas, mesmo com a sua posição e localização, ainda existe uma ilha no meio do referido Reino, onde se tem muito rios e florestas que são fontes de muita força e conhecimento, utilizado pelos caboclos para absorver ciência e utilizar em seus rituais e cultos referente a Jurema Sagrada. Uma característica muito interessante, é que aqui se trabalha com a purificação das almas, o que é representado por uma pena, representando sabedoria e evolução. Esse reino possui uma ligação muito forte com os príncipes e também para com a rainha da nação Aurora, que é até retratado através da denominação de rios, por ex., e pela sua conexão com o feminino, acredita-se que seu chefe seja uma mulher, comumente chamada de Rainha Aurora.

    Trazendo a ciência para expansão de conhecimento, encerro mais esse texto. No próximo estudo, falaremos sobre os últimos 3 reinos da Jurema Sagrada. Que os reis Malunguinho abençoem e protejam a todos.

 Saravá os Mestres!

Lívia de Obaluaê

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