Percepções, Sensações e Sofrimentos dos Espíritos
Neste tópico trataremos das percepções, sensações e sofrimentos dos espíritos, livro III, capítulo I, do Livro dos Espíritos de Allan Kardec, traduzido por José Herculano Pires.
Depois que o espírito está no mundo dos espíritos, tem não somente as percepções que tinha enquanto ainda estava neste mundo. O que faz com que aumente sua percepção é justamente não ter mais o corpo físico, pois este, por ter impurezas pode obstar a inteligência. Quanto mais evoluído, mais o espírito sabe das coisas, e este saber não é limitado. Porém, quanto menos evoluído mais ignorante é o espírito. Os espíritos não necessitam de luz externa para ter visão, veem por uma luz interna, sendo que para eles não há trevas, nem claridade. Os espíritos conseguem ver em várias camadas, além de ver como nós, conseguem ver além, pois nada é obscuro a eles.
Em relação ao tempo, os espíritos não vivem o mesmo tempo que nós, por isso, não se apegam a datas ou épocas. Sendo assim, os espíritos não fazem ideia do presente como nós. No que diz respeito ao passado, os espíritos podem ter uma maior inteligência, pois não têm mais o empecilho do corpo físico, como dito anteriormente, mas ainda assim não sabem de todas as coisas. O conhecimento dos espíritos a respeito do futuro está sempre a depender de sua evolução. Os espíritos podem ver o futuro, mas nem sempre podem revelar o que foi visto. Quando é permitido que o espírito veja o futuro, ele o vê como se fosse no presente. Mesmo os espíritos que veem o futuro, não podem o ver completamente, pois isto seria perfeição. Perfeição absoluta somente Deus detém, além de guardar coisas que somente Ele, como Ser soberano sabe.
Os espíritos superiores veem Deus e o compreendem, enquanto que os inferiores apenas o sentem. Portanto, um espírito inferior muitas vezes pode saber que Deus proibiu ou permitiu ter alguma atitude. Isso acontece pela sensitividade que o espírito tem, mesmo sem vê-lo, consegue entendê-lo. Assemelha-se com o que acontece conosco, quando temos uma intuição, pressentimentos. Quando vai transmitir essas orientações, Deus o faz por espíritos superiores, que têm grau maior de instrução, e estes sim direcionam aos inferiores a eles.
Perceptíveis a sons bem como a visão, todos os sentidos humanos são atribuídos a eles, a diferença é que quando está em forma humana, os sentidos se dão pela forma orgânica, enquanto que quando são em espíritos, os sentidos apenas se manifestam. Os espíritos menos evoluídos podem ver ou ouvir tudo, mesmo o que lhe é desagradável, mas os espíritos mais evoluídos têm a faculdade de ver e ouvir o que quiserem. De forma mais específica, os espíritos não são sensíveis à música que ouvimos apesar de poder ouvi-la da mesma forma. Os espíritos mais evoluídos podem ouvir uma música celeste, equiparada à música que conhecemos, mas de forma muito mais sublime, bela e suave. No que tange às belezas naturais, os espíritos são sensíveis e muito além das belezas naturais que conhecemos, existem diversas que eles podem ver.
É de conhecimento dos espíritos todas as nossas necessidades e sofrimentos físicos, mas eles não os sofrem, por estarem em condição de espírito. Os espíritos também não têm necessidade de descansar o corpo como os seres vivos, mas ainda têm necessidade de descanso, por isso não se mantêm em atividade constante, em determinados momentos seus pensamentos não são direcionados a nada. Seu descanso se dá por esse meio, por não terem corpo físico e sua atividade ser inteiramente intelectual. Mesmo perecendo desse repouso, não é possível comparar ao do corpo material. Os sofrimentos dos espíritos, que lhe causam cansaço, são em forma de angústias morais, que lhes ferem mais do que no corpo físico. Quando alguns espíritos chegam a se queixar de frio ou calor, por exemplo, são apenas lembranças do que sofreram durante a vida, lembranças que são tão sofridas quanto quando foram realidade.
Quando trazemos todo este ensinamento acerca dos espíritos para a Umbanda, é visualizado de forma clara como é possível um Preto Velho incorporado dar um conselho, um Exu auxiliar na abertura de caminhos e assim por diante em todas as linhas de trabalho. São fundamentos que confirmam a presença dos espíritos e nos fazem entender várias coisas que nos são ditas e como são ditas. Tudo tem um porquê.
Adriele de Iansã
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