Atributos da Divindade
Ainda no primeiro capítulo do livro dos espíritos, Allan Kardec questiona sobre os atributos da divindade. Primeiramente, temos que compreender que Deus (Olorum) não pode ser compreendido em sua totalidade por nós humanos encarnados, e também sabemos que essa compreensão no plano espiritual é bastante restrita. Relembro-me de uma conversa com o Exu Tranca Rua das Sete Ruas, onde ele disse que Deus está muito além da nossa compreensão e que esse entendimento para ele também é restrito. Deus existe e isso deve ser compreendido e não questionado. Deste modo, compreender a natureza íntima de Deus ainda não é possível para nós habitantes do plano material.
Kardec questiona, também, se algum dia os homens conseguirão compreender o mistério divino. A resposta é bastante astuta: “Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá.” A Umbanda propõe constantemente essa postura de reformulação pessoal para melhora e crescimento espiritual, o processo de mudança para a evolução espiritual é de suma importância para que possamos compreender a essência de Olorum. Lembrando que nós somos muito apegados às coisas terrenas, as quais não tem importância espiritual, e estas não nos auxiliam no processo de evolução espiritual. Precisamos nos apegar àquelas coisas que nos fazem crescer espiritualmente. No entanto, o processo de evolução espiritual não ocorre de uma vez, ele é gradativo e contínuo.
Compreender as perfeições divinas também é uma questão de maturidade. Nos primórdios da existência humana, nós tínhamos uma ideia deturpada do que é (ou de quem é) Deus. Ao passo que a humanidade desenvolve e o senso moral cresce, a compreensão divina também desenvolve. No entanto, compreender Deus sempre será de forma incompleta, mas à medida que o homem se desprende da matéria, se desapega das coisas mundanas e evolui espiritualmente, ele se vê um passo à frente no que diz respeito à compreensão divina.
Kardec finaliza esta parte do livro questionando sobre as qualidade divinas, se realmente Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom. Temos que entender que Deus está acima da nossa compreensão material. Nossa inteligência, nossos meios de comunicação, e até mesmo os nossos pensamento são restritos, ou seja, são limitados, então são com essas palavras que conseguimos caracterizar Deus.
Salta-me aos olhos quando dizemos que “Deus é eterno”. No entanto, quando tentamos entender a simples palavra “eterno” temos que eterno é algo que dura para sempre, ou seja, teve início e não terá fim. Mas Deus sempre existiu. Eterno seria pouco para caracterizá-lo.
Outra passagem que deve ser ressaltada, aqui, é quando se fala da soberania e da singularidade divina. Deus é único na Umbanda e nas demais religiões Afro-Brasileiras. A crença nos Orixás de nada exclui ou substitui a existência de Deus, relembrando que Orixás são emanações divinas. Ou seja, Oxum vem a ser a irradiação do amor de Deus, Oxóssi, irradia o conhecimento divino puramente dito, Xangô emana justiça, e assim por diante. Antes de louvar Orixás devemos sempre louvar Olorum (Deus).
Finalizando, “Deus é sempre justo e bom” , pois não há o “mal” ou o “ruim” quando falamos de Deus. Deus e seus mensageiros ,sejam eles os Orixás ou guias espirituais, fazem tudo sob a sustentação da justiça e do amor.
Victor de Oxumarê
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