Esquecimento do passado
Vemos
muito no meio espírita, umbandista e no meio reencarnacionista, de modo geral,
a curiosidade em saber ”o que fomos” no passado. Este tema é tratado no Livro
dos Espíritos, Capítulo Sete da Segunda Parte. Allan Kardec começa o assunto
questionando aos Espíritos Superiores o motivo pelo qual não nos lembramos do
nosso passado, e mais adiante pergunta se tomaremos consciência dessas
lembranças futuramente.
Como
sabemos, o nosso livre arbítrio é proporcional ao nosso grau de adiantamento
intelectual e, principalmente, moral. Então, não poderia ser diferente nesse
quesito. O esquecimento do passado, meus amigos, é um presente de Deus. Você já
imaginou como seria você estar encarnado agora, dentro da sua casa, e olhar
para aquele familiar que hoje você está aprendendo a amar, mas que ainda tem
uma certa dificuldade, e saber que em um
passado distante ele te fez algo muito grave, ou você a ele? Iria dificultar
ainda mais a sua caminhada ao lado desse ser. No âmbito familiar,
principalmente, temos esses casos de diferenças do passado e que hoje esses
seres caminham juntos, para que assim, pelos laços de afeto que a família
inspira, possam resgatar aquilo que foi ferido anteriormente.
Lembrar-se
do passado é algo que normalmente na Terra não é bom, porque se o fosse,
naturalmente já nos lembraríamos. De acordo com a nossa evolução e à proporção
em que a nossa maturidade for crescendo, aí sim, teremos condições de
lembrarmo-nos do nosso passado. Saberemos lidar com isso, sem que isso nos fira
e nos comprometa, uma realidade que ainda não é presente no planeta Terra, um
mundo de provas e expiações.
O
Espírito não perde as lembranças do passado. O que ocorre na passagem da
reencarnação é um esquecimento temporário. Pode se processar a lembrança, caso
necessário, mas na sutileza divina, desde que tenha um motivo (tratamento
espiritual através da regressão, por exemplo, mas isso será feito com alguém
devidamente preparado com bases cientificas).
As
lembranças do passado servem de aprendizado quando o Espírito delas necessita.
Quem vive em busca de recordações, vivem numa ilusão com seu passado, que só
serve para nos ajudar a corrigir certas condutas. Kardec comenta que não temos
uma lembrança precisa daquilo que fomos ou daquilo que fizemos de bem ou mal,
mas temos, entretanto, a intuição. E as nossas tendências instintivas são uma
reminiscência do nosso passado, as quais a nossa consciência nos adverte que
devemos resistir.
Dentro
da Umbanda, a linha que trata desse assunto é a linha da Evolução, sabemos que
essa linha é regida pelos Orixás Nanã e Obaluaê. Essa energia (Nanã e Obaluaê)
que cuida/que faz com que aconteça o “Esquecimento do passado”. Enquanto Obaluaê
trabalha na passagem do plano físico para o espiritual (desencarnação), Nanã
atua de forma contrária, do espiritual para o material, preparando o ser,
serenando sua energia e fazendo-o passar pelo “véu” do esquecimento.
Todavia,
essas duas energias desses dois Orixás operam juntos no processo de reencarnação
e desencarne, mas cada um em uma intensidade. Obaluaê conduz o ser após o
desencarne, Nanã o tranquiliza para receber aos poucos aquilo que foi
“esquecido” antes de reencarnar. Todo esse procedimento é energético, lento e
se dá de forma natural.
Tudo que se faz necessário esquecer para não
nos prejudicar, nós esquecemos, isso nos dá maior chance de abrir espaço para a
seara do amor e da fraternidade.
Axé!
Pedro Botelho de Oxóssi
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