União da Alma e do Corpo
Dando continuidade ao trabalho desenvolvido no blog, sobre o Livro dos Espíritos, de Alan Kardec, o tema a ser discutido nesse texto é a União da Alma e do Corpo, no Livro Segundo, Capítulo VII – Retorno à Vida Corporal.
Primeiramente, devemos compreender que a alma é imaterial e individual, que existe em nós e sobrevive ao corpo, tendo mais que um significado. Já o corpo é a matéria, o agente, o intermediário, é a "ponte" para o espírito atuar.
A alma e o corpo começam a se unir no momento da concepção, mas não se completa até o nascimento, para que o espírito possa já sentir as atribulações da gestação, que acarretará na encarnação. Desde a concepção, alma e corpo estão ligados pelo laço fluídico, que nada mais é que a conexão que liga o corpo físico ao corpo espiritual. Porém, sua ligação com o corpo é frágil e pode o espírito recuar à prova e vir a desistir de sua experiência em carne.
O aborto espontâneo explica muito bem essa “não encarnação”. Há, ainda, em termos de rompimento da ligação entre a alma e o corpo, o corpo que não tem vida, levando o espírito à escolha de outro corpo para a sua prova. Ao espírito, isso não gera retrocesso, mas pode não gerar aprendizado. Como sabemos, em termos de espiritualidade, não há retrocesso, existe estagnação. A evolução, nesses casos, ocorre em grande parte, nas vidas dos pais desse Ser, seja como mudança de hábitos inadequados, seja como uma maior preparação para o futuro do casal.
Há crianças que, desde o ventre da mãe, a ciência já indica que não terão possibilidades para viver. Isso acontece frequentemente porque Olorum (Deus) permite isso como prova, seja para os pais, seja para o espírito destinado a encarnar. Alem dos casos de crianças natimortas que sequer tiveram um espírito destinado a seus corpos, isso ocorre porque as mesmas não tinham o que cumprir na Terra. É somente pelos pais que essa criança nasce, como prova.
É durante a gestação que o espírito vinculado ao feto começa a perder a memória de vidas passadas e suas faculdades mentais são limitadas afim de que as desenvolva mediante o crescimento do ser. São fatos de extrema importância, visto que se nascêssemos com todas as faculdades em pleno funcionamento e com memória de vidas passadas, o processo evolutivo poderia ser um tanto simples, pois saberíamos claramente o que mudar, como mudar, quem perdoar e nossa passagem pelo planeta seria uma viagem tão breve quanto um passeio no parque. Ou poderia, também, ser muito complexo, visto que lidaríamos com nossos erros cometidos frente a frente, independente do grau maior ou menor de gravidade. É preciso que não lembremos de vidas passadas e que nossas faculdades mentais se desenvolvam mediante nosso crescimento para que possamos evoluir em vida e, consequentemente, em espírito.
A vida do feto assemelha-se à vida vegetal, pois não possui propriamente uma alma ligada àquele corpo em processo encarnatório, porém, aguardando o momento em que o feto e o espírito se tornarão um só.
Finalizando, questionamentos acerca da criminalidade do aborto, a espiritualidade afirma que qualquer que seja a pessoa que transgrida à Lei Divina, impedindo o nascimento de um ser que está destinado a passar pela provação da vida, está cometendo crime, salvos os casos em que a vida da mãe está em risco em detrimento da vida do feto. Se o caso fosse a vida da mãe em perigo, não seria crime sacrificar a criança para salvar a mãe, porque é preferível sacrificar o Ser que não existe ao Ser que existe. Nós devemos respeitar a Olorum e toda a sua obra de criação. Assim o fazemos com o feto, da mesma forma que respeitamos uma criança já encarnada.
A alma precisa do corpo e o corpo precisa da alma, ambos para sua evolução. A alma existe sem um corpo, mas precisa da matéria para poder evoluir conforme os planos de Olorum. O corpo necessita mais do espírito do que o espírito da matéria, e quando digo matéria não tem nenhuma ligação com os bens materiais. Pois necessitamos evoluir o nosso espírito para podermos atingir a perfeição conforme nossa evolução a cada vida.
Na umbanda, sabemos da responsabilidade que temos durante nossos períodos de encarnação e desencarne, lembrando sempre que, devemos adquirir a capacidade de enfrentar os desafios propostos.
Uma vez que iniciamos nossa caminhada, devemos ter em mente a necessidade do exercício da espiritualidade como forma de obter orientação acerca de quais pontos devemos modificar em nossas vidas, em busca da evolução espiritual.
Isso significa que devemos estar atentos às nossas atitudes e ter em mente que estamos vivos para suportar as provas que nos são postas, a fim de buscarmos evolução espiritual, tendo em mente a prática do amor e caridade pregados pela Umbanda, bem como a execução dos ensinamentos, obtidos em cada consulta recebida, na vida, não nos importando o julgamento do próximo, nem a superficialidade da matéria.
“Você pensa que o amor é estar acompanhado, mas não é. Amor e caridade é amor consigo e caridade com o outro, e não o contrário. Ame a essência divina dentro de você” Exú Toquinho, pelo médium Victor de Oxumarê.
“Mais vale uma observação do que mil pensamentos” Erê Pedrinho, pelo médium Pai Igor de Oxum.
Nirvana de oxalá, Matheus de Obaluaê e Victor de Oxumarê
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