Da Infância
Dando continuidade quanto aos estudos referentes ao Livro dos Espíritos, hoje abordaremos o tema “Da Infância”, tema este que pode ser encontrado no Capítulo 7 do Livro II.
Em um primeiro momento, é feito um comparativo entre o grau evolutivo do espírito e a idade do encarnado. Neste, é explicado que a idade de uma criança não faz daquele espírito habitante inferior ao adulto, podendo ser, no entanto, o contrário. Um espírito, ao reencarnar, reinicia sua jornada no plano físico e isso faz com que ele esteja renovado livre de quaisquer interferências mundanas, possibilitando ao reencarnado a qualidade de pureza maior comparado ao adulto, que, por sua vez, tem uma vivência mundana maior.
O fato do Ser, na fase infantojuvenil, ser considerado mais vulnerável, se dá a um fator fisiológico e a precária formação de seus sistemas funcionais, digestivo, circular, muscular, etc. Se um órgão é mal formado, obviamente ele não exercerá as funções de maneira promissora, no entanto isso não implica que aquele espírito encarnado é pouco evoluído. Ele só não consegue utilizar daquele corpo que lhe foi dado em sua plenitude.
Sobre aqueles espíritos que desencarnam ainda na infância, é explanado que, quando isso acontece, o espírito retoma sua jornada no plano espiritual, ou seja, retorna para o plano espiritual e retoma seu processo de desapego da carne. Pode sim voltar a encarnar quando esse espírito não possuir nenhuma ligação com o envoltório carnal (corpo), ou seja, enquanto o espírito não rompe a ligação com o corpo anterior, em sua totalidade, ele não consegue dar um passo à frente no processo evolutivo.
A Infância é de extrema necessidade para que o espírito possa evoluir, tanto no plano espiritual quando no plano físico. Quando a criança nasce, ela chora de modo que naquele momento é despertado na mãe o interesse aos cuidados para com a criança, ou seja, o choro serve como um chamado. Já durante a infância, diversas mudanças corpóreas ocorreram naquele Ser. Primeiramente devido a fatores biológicos naturais (aplicável a qualquer ser vivo) e essas mudanças também são de grande importância, pois são elas que adaptaram aquele espírito da recém encarnação para a vida adulta. Por fim, na adolescência, o espírito retoma sua natureza e se mostra tal qual era, por isso pouco conseguimos compreender as crianças, suas vontades, até mesmo a sua fala.
O ingresso de uma criança em um meio familiar se dá por dois motivos. Primeiramente, para que aquele espírito possa evoluir em Terra e também adquirir novos valores. Uma criança também é de extrema necessidade para os pais que a concebem, pois são eles os responsáveis de fomentar aquela nova vida com amor incondicional, além da proteção quando a criança estiver numa fase infantil de sua vida.
Por fim, é esclarecido que os espíritos não podem ingressar na vida terrena sem passar pelo aperfeiçoamento que ocorre durante a fase infantil, pois é nesta fase que são realizadas as adaptações a nova vida mundana.
Gostaria de ressaltar agora a presença dos Erês na Umbanda, pois muitas vezes pessoas tendem a infantilizá-lo, no entanto, gostaria de esclarecer que esses espíritos não são crianças. Os Erês compõem uma linha de trabalho na Umbanda que traz em si uma pureza e inocência muito grande. “Arquetipar” um Erê em uma criança (fase infantil) nada mais é que utilizar da pureza das crianças e tentar utilizar um modelo terreno ou padrão passível de ser reproduzido. O mistério Erê está muito além da nossa compreensão humana, então temos que “arquetipá-los” no mais próximo possível, não fazendo deles criança. E, vale relembrar que, como apresentado anteriormente, a infância nada mais é que uma fase transitória de qualquer encarnado.
Victor de Oxumarê
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