Ibeijada - Erês
A Umbanda é a manifestação do espírito para a prática da caridade e possui, portanto, inúmeras linhas de trabalho. Compõe essa legião de trabalhadores do bem a linha dos erês ou a Ibeijada, tão importante, porém ao mesmo tempo um pouco desvalorizada por alguns talvez por desconhecimento, fazendo-se esse estudo necessário para que possamos compreender sua atuação em uma gira e na vida de todos nós.
Ibeijada, Erês ou Crianças são espíritos que se manifestam em um terreiro de Umbanda com um arquétipo infantil a fim de dar consultas e realizar os trabalhos que forem necessários.
Há quem entenda, seguindo o entendimento de Rubens Saracceni, que os erês são seres encantados, isto é, seres que vivem na quinta dimensão e nunca vieram ao plano material. Existe outra corrente de pensamento que afirma que são espíritos que em sua última encarnação desencarnaram ainda crianças dos sete aos doze anos de idade. E para outra linha de entendimento, na qual acredito, essas entidades são um arquétipo. Assim como nem todo preto velho foi negro e idoso e nem todo caboclo foi índio, nem toda criança foi criança.
Os espíritos que trabalham na linha da Ibeijada podem ser seres encantados, espíritos que desencarnaram jovens ou não serem nem encantados e ter desencarnado já em idade avançada, integrando essa linha por terem adquirido esse grau evolutivo de erê.
São protetores dos animais e de todas as crianças principalmente daquelas que se encontram em hospitais ou perdidas nas ruas. Além disso, equilibram a vibração e a energia e quando em uma gira estão incorporados e pulam, dançam ou choram não o fazem por fazer, pois esses são meios de exercer uma função específica como, por exemplo, descarregar o ambiente, o médium ou a assistência. São entidades de extrema luz que realizam grandes trabalhos de cura e usam como instrumentos de trabalho, além de ervas nos tratamentos de saúde, balas, sucos, refrigerantes, brinquedos, dentre outros. A entidade se utiliza da energia desses elementos juntamente com a fé da pessoa para realizar seus trabalhos.
É importante que não se faça confusão dessa entidade com o orixá Ibeji que são divindades gêmeas africanas que são mais cultuadas nos cultos de nação, mas também há terreiros de Umbanda que o cultuam. Nas casas de Umbanda são mais vistas representações dos erês com imagens de Cosme e Damião, que é conhecido como o santo protetor dos médicos, dos farmacêuticos e das crianças. É comum que se veja também a reverência a Doum que às vezes aparece ao lado de Cosme e Damião sendo a criança que nasce logo após os gêmeos. E por fim, pode haver, ainda, o sincretismo com Crispin e Crispiano.
Há terreiros de Umbanda que seguem o entendimento de que os erês são regidos pelo Orixá Oxumaré por ser o orixá que rege a renovação e por ser a representação do arco-íris . Sua cor é o rosa e azul, as bebidas guaraná, suco, água com mel, suas comidas são os doces, balas, frutas. Seus pontos da natureza são os jardins, as praias, cachoeiras, matas. Seu dia é 27 de setembro e sua saudação é “Oni Bejada!”
Essa linha de trabalho é uma grande representação da manifestação do amor de nosso Criador por todos. Eles são capazes de despertar em nós sentimentos sublimes que nos fazem enxergar a vida de uma maneira mais doce, mais suave e com mais alegria. Que não nos esqueçamos de que por detrás daquele arquétipo de criança existe um espírito de extrema luz e imensa sabedoria que nos cura a cada sorriso que nos faça dar. E você, caso tenha a oportunidade de participar de uma gira de erês, aproveite esse momento tão especial sabendo desfrutar todas as maravilhas que essa entidade tem a nos oferecer.
Salve as crianças!
“Oni Beijada!”
Natália de Iemanjá
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