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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Percepções, Sensações e Sofrimentos dos Espíritos

Percepções, Sensações e Sofrimentos dos Espíritos 

Neste tópico trataremos das percepções, sensações e sofrimentos dos espíritos, livro III, capítulo I, do Livro dos Espíritos de Allan Kardec, traduzido por José Herculano Pires.

Depois que o espírito está no mundo dos espíritos, tem não somente as percepções que tinha enquanto ainda estava neste mundo. O que faz com que aumente sua percepção é justamente não ter mais o corpo físico, pois este, por ter impurezas pode obstar a inteligência.  Quanto mais evoluído, mais o espírito sabe das coisas, e este saber não é limitado. Porém, quanto menos evoluído mais ignorante é o espírito. Os espíritos não necessitam de luz externa para ter visão, veem por uma luz interna, sendo que para eles não há trevas, nem claridade. Os espíritos conseguem ver em várias camadas, além de ver como nós, conseguem ver além, pois nada é obscuro a eles.

Em relação ao tempo, os espíritos não vivem o mesmo tempo que nós, por isso, não se apegam a datas ou épocas. Sendo assim, os espíritos não fazem ideia do presente como nós. No que diz respeito ao passado, os espíritos podem ter uma maior inteligência, pois não têm mais o empecilho do corpo físico, como dito anteriormente, mas ainda assim não sabem de todas as coisas. O conhecimento dos espíritos a respeito do futuro está sempre a depender de sua evolução. Os espíritos podem ver o futuro, mas nem sempre podem revelar o que foi visto. Quando é permitido que o espírito veja o futuro, ele o vê como se fosse no presente. Mesmo os espíritos que veem o futuro, não podem o ver completamente, pois isto seria perfeição. Perfeição absoluta somente Deus detém, além de guardar coisas que somente Ele, como Ser soberano sabe.


Os espíritos superiores veem Deus e o compreendem, enquanto que os inferiores apenas o sentem. Portanto, um espírito inferior muitas vezes pode saber que Deus proibiu ou permitiu ter alguma atitude. Isso acontece pela sensitividade que o espírito tem, mesmo sem vê-lo, consegue entendê-lo. Assemelha-se com o que acontece conosco, quando temos uma intuição, pressentimentos. Quando vai transmitir essas orientações, Deus o faz por espíritos superiores, que têm grau maior de instrução, e estes sim direcionam aos inferiores a eles.

Perceptíveis a sons bem como a visão, todos os sentidos humanos são atribuídos a eles, a diferença é que quando está em forma humana, os sentidos se dão pela forma orgânica, enquanto que quando são em espíritos, os sentidos apenas se manifestam. Os espíritos menos evoluídos podem ver ou ouvir tudo, mesmo o que lhe é desagradável, mas os espíritos mais evoluídos têm a faculdade de ver e ouvir o que quiserem. De forma mais específica, os espíritos não são sensíveis à música que ouvimos apesar de poder ouvi-la da mesma forma. Os espíritos mais evoluídos podem ouvir uma música celeste, equiparada à música que conhecemos, mas de forma muito mais sublime, bela e suave. No que tange às belezas naturais, os espíritos são sensíveis e muito além das belezas naturais que conhecemos, existem diversas que eles podem ver.


É de conhecimento dos espíritos todas as nossas necessidades e sofrimentos físicos, mas eles não os sofrem, por estarem em condição de espírito. Os espíritos também não têm necessidade de descansar o corpo como os seres vivos, mas ainda têm necessidade de descanso, por isso não se mantêm em atividade constante, em determinados momentos seus pensamentos não são direcionados a nada. Seu descanso se dá por esse meio, por não terem corpo físico e sua atividade ser inteiramente intelectual. Mesmo perecendo desse repouso, não é possível comparar ao do corpo material. Os sofrimentos dos espíritos, que lhe causam cansaço, são em forma de angústias morais, que lhes ferem mais do que no corpo físico. Quando alguns espíritos chegam a se queixar de frio ou calor, por exemplo, são apenas lembranças do que sofreram durante a vida, lembranças que são tão sofridas quanto quando foram realidade. 

Quando trazemos todo este ensinamento acerca dos espíritos para a Umbanda, é visualizado de forma clara como é possível um Preto Velho incorporado dar um conselho, um Exu auxiliar na abertura de caminhos e assim por diante em todas as linhas de trabalho. São fundamentos que confirmam a presença dos espíritos e nos fazem entender várias coisas que nos são ditas e como são ditas. Tudo tem um porquê.


Adriele de Iansã

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Metempsicose

Metempsicose

O Livro II dos espíritos capítulo 11 aborda sobre a metempsicose.

A princípio,  pergunta-se se terem os seres vivos uma origem inteligente não é o mesmo que a confirmação da doutrina da metempsicose, e pelo exposto entendemos que não, pois, apesar de terem a mesma origem, não necessariamente vão ser semelhantes. Não devemos afirmar que o homem é a encarnação do espírito de tal animal. Assim a metempsicose não é como a entendem.

Quando perguntado se um espírito humano poderia encarnar num animal, a resposta foi negativa, considerando que isso seria um retrocesso. Quanto ao sentimento intuitivo, afirma-se que o homem o desnatura, como fez com as maiorias de suas ideias intuitivas. A metempsicose seria verdadeira se indicasse a progressão da alma, onde adquirisse desenvolvimento que transformasse sua natureza.


Na verdade, é que existem coisas que nem mesmo os espíritos têm pleno conhecimento, apenas opiniões pessoais mais ou menos sensatas. É assim que nem todos pensam da mesma forma sobre a relação entre homens e animais. Esse e outros demais temas estão nos segredos de Deus, cujo conhecimento não importa ao nosso progresso.

Essa parte não está relacionada diretamente à Umbanda, pois, como dito acima, cada entidade poderia ter uma visão totalmente diferente desse tema.


Bruno de Oxóssi 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Os Animais e o Homem

Os animais e o homem

Nas perguntas 592 seguintes, no livro III, capítulo II do livro dos espíritos, é questionado aos espíritos a respeito das capacidades dos animais comparadas à capacidade humana. Perguntam também sobre a condição de cada um, visto que, em algumas situações, os animais se portam com maior senso moral que o humano. Daí se vem o esclarecimento de que o homem possui o livre-arbítrio e este faz com que além de serem semelhantes na composição física, o ser humano busque um crescimento moral através da sua inteligência. Ao contrário dos animais que ainda não logram do livre arbítrio e vivem sua expiação em prol de satisfazer as suas necessidades materiais, mesmo que muitas vezes pareçam ser dotados de uma capacidade diferenciada de comunicação. Nos animais, portanto, predomina o instinto, porém também há em muitos uma “vontade acentuada” e uma “inteligência limitada”.

Em seguida, questionado é a respeito da comunicação entre os animais, se eles possuem uma linguagem particular, e a resposta dada é que assim como o humano, os animais também se comunicam, com uma linguagem mais voltada a satisfazer suas necessidades. Porém alguns animais possuem a capacidade de imitação. É esclarecido que alguns animais possuem aptidão para imitar palavras por causa da sua formação vocal nos seus órgãos mais presentes entre as aves, assim como outros animais têm mais facilidade em imitar ações humanas, como nos casos dos macacos.


Já na pergunta 597, Kardec pergunta se os animais possuem espírito e a resposta é sim, porém é uma alma inferior à do homem, que, após o seu desencarne, a alma de um animal conserva apenas sua individualidade, a consciência de si, não. Aos animais também não lhes é dado o direito de escolha do reencarne, pois lhes falta o livre-arbítrio. Após o desencarne, o espírito de um animal é direcionado a um lugar diferenciado de um espírito errante, pois Espírito errante é um ser que pensa e obra por sua livre vontade, então após a morte, o animal é encaminhado por aqueles Espíritos superiores responsáveis por eles. Os animais progridem impulsionados pela lei do progresso e nos mundos superiores não conhecem a Zambi, pois para eles o homem é um deus.

Na pergunta 604, questionado é como Olorum na sua imensa sabedoria é capaz de criar seres inferiores uns dos outros. É explicado que a natureza é regida por elos e que, no momento, a nossa consciência ainda é dominada pelo orgulho e pelo ego e não conseguimos compreender e que essas leis não podem ser contrárias à sabedoria suprema do Criador. Os animais possuem inteligência da vida material, já no homem, “a inteligência proporciona a vida moral”.

Nas perguntas que se segue é dito que o homem e os animais são formados do mesmo princípio inteligente universal. O que os difere é a elaboração que o homem passou na sua formação.


Pergunta 607: Dissestes que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?

R: “Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”

Daí vem um esclarecimento que trata do princípio de nossa existência e é comparado como nossa vida corpórea que em um primeiro momento é o da infância. É um trabalho preparatório como uma criança que aprende a andar e a falar primeiro. Essa mudança é parte da energia do nosso Orixá Ancestral que sofre uma transformação para nos tornar Espírito, daí tomamos consciência do futuro com capacidade de distinguir bem e mal e a responsabilidade por nossos atos, denominado livre-arbítrio. E assim seguimos à fase da juventude e adulta que é o nosso caminho rumo à evolução. Esse período de início pode ter se iniciado na Terra ou não, nesse caso existe antes uma exceção.

Após o desencarne, o homem não toma consciência da sua existência antes da sua humanização por não conseguir se lembrar. Porém pode conservar traços desse período que com o tempo e suas experiências vão se apagando com o desenvolvimento do livre-arbítrio. Os primeiros progressos são lentos, mas a partir do momento que o Espírito toma consciência de si esse processo é acelerado.


E assim Kardec finaliza na pergunta 610, perguntando se estariam enganados os Espíritos que disseram que o homem é um ser à parte da ordem da criação e a resposta dada é que a questão não foi desenvolvida, o homem é um ser a parte já que possui características diferentes de todos os outros seres e que “a espécie humana é a que Tupã escolheu para a encarnação dos seres que podem conhecê-lo”.

“Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.”

Axé a todos.



 Ryan de Oroiná

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Os Minerais e as Plantas

Os Minerais e as Plantas

No capítulo 11 do livro II dos espíritos são feitas perguntas ao espírito da verdade sobre as diferenças entre os reinos biológico, mineral, vegetal e o animal. Neste texto discutiremos e analisaremos a primeira parte deste capítulo que faz referência ao reino mineral e vegetal. Essas perguntas e respostas nos ajudam a compreender diversas dúvidas que passam por nossas cabeças ao conhecer o universo espiritualista, tais como: Qual o grau de consciência tem esses reinos mais elementares? Eles são capazes de ter sensações da mesma maneira que os homens? Tudo isso será apresentado e discutido no decorrer deste texto baseado nos estudos de Kardec. Essa discussão é importante no universo umbandista, uma vez que todas essas dúvidas estão presentes no dia-a-dia de quem estuda a umbanda. Será trazida para discussão também um pouco da visão umbandista sobre os seres elementais e sua interferência nesses reinos.

Perguntado se seria mais adequada a divisão em três reinos (mineral, vegetal e animal) em duas classes (orgânicos e inorgânicos) ou em quatro classes com os humanos formando uma outra classe separadamente, o espírito da verdade nos revela que todas as classificações estão corretas conforme o que se analisa. Se nos basearmos no ponto de vista material, o adequado seria dividir em orgânicos e inorgânicos. Se for baseado no ponto moral o mais adequado seria a divisão em quatro graus. O reino mineral, que possui apenas matéria inerte ocupando a primeira classe, possuindo apenas força mecânica. As plantas seriam a segunda classe, pois mesmo sendo compostas de matéria inerte têm vitalidade. Os animais ocupariam a terceira classe já que possuem tudo o que os reinos anteriores possuem, mas, além disso, ainda têm uma espécie de inteligência instintiva. E por último, a última classe, seria ocupada pelos homens que dominam todas as outras classes por terem uma inteligência especial, com consciência do futuro, percepção das coisas extramateriais e o conhecimento de Deus.


O espírito da verdade nos revela também que as plantas não têm consciência de que existem, uma vez que não pensam, apenas possuindo vida orgânica. Revela ainda que as plantas recebem impressões físicas que atuam sobre sua matéria, mas não tendo percepções. Desta forma não tendo sensação de dor. É relatado também que a força que atrai as plantas uma para as outras independe de sua vontade, uma vez que não pensam. Sendo essa força apenas mecânica, sem que elas possam opor-se a isso.

Depois disso, são feitas algumas perguntas ao espírito da verdade sobre seres que poderiam estar entre as classes vegetal e animal, cuja riqueza de detalhe não quero furtá-los, por isso as perguntas foram transcritas na íntegra: “Algumas plantas, como a sensitiva e a dionéia, por exemplo, executam movimentos que denotam grande sensibilidade e, em certos casos, uma espécie de vontade, conforme se observa na segunda, cujos lóbulos apanham a mosca que sobre ela pousa para sugá-la, parecendo que urde uma armadilha com o fim de capturar e matar aquele inseto. São dotadas essas plantas da faculdade de pensar? Têm vontade e formam uma classe intermediária entre a Natureza vegetal e a Natureza animal? Constituem a transição de uma para outra?” 

Para essa interessante e rica pergunta, o espírito da verdade revela que tudo na natureza é transição, mesmo uma coisa não se assemelhando a outra, tudo está ligado entre si.  As plantas não pensam, tendo apenas um instinto cego e natural, assim como a ostra que se abre. No organismo humano, também temos exemplos de movimentos parecidos, sem a participação da consciência, tais como as funções digestivas e circulatórias. O piloro se contrai, ao contato de certos corpos, para lhes negar passagem. O mesmo provavelmente se dá na sensitiva, cujos movimentos de nenhum modo implicam a necessidade de percepção ou vontade. 


É perguntado se nas plantas, como nos animais, não há um instinto de conservação, que lhe induza a procurar o que é útil e se afastar do que é nocivo. A isso o espírito da verdade nos diz que: “Há, se quiserdes, uma espécie de instinto, dependendo isso da extensão que se dê ao significado desta palavra. É, porém, um instinto puramente mecânico. Quando, nas operações químicas, observais que dois corpos se reúnem, é que um ao outro convém; quer dizer: é que há entre eles afinidade. Ora, a isto não dais o nome de instinto.”

Por fim, o entrevistador pergunta ao espírito da verdade se nos mundos superiores as plantas são de natureza perfeita, assim como os outros seres. A isso a resposta foi que tudo é mais perfeito nos mundos superiores. Porém, as plantas sempre são plantas, os animais sempre animais e os homens sempre homens.

Com as informações que foram colhidas por Kardec, foi possível concluirmos que as plantas e os minerais não têm consciência ou vontade, mas na umbanda sabemos que por trás de cada coisa existem os seres elementares com um grau de consciência superior ao das plantas e inferior ao dos animais que auxiliam no desenvolvimento e conservação de plantas e outras coisas. 


Conforme o texto que trata sobre esse assunto no blog, os elementais são: “energias, espíritos ou forças que atuam na natureza. Realizam um trabalho muito importante, visto que é devido a eles que chegam aos homens os frutos, as ervas, as flores, as pedras, ou seja, tudo que é produzido na natureza tem  a atuação dos elementais.” Não nos alongarmos falando sobre isso neste texto uma vez que foge do nosso propósito inicial.

Com isso encerramos nossa análise sobre o texto de Kardec sobre os minerais e vegetais, esperamos que este texto possa ser útil para esclarecer possíveis dúvidas que surgirem sobre o tema.

Axé

Ricardo de Ogum Matinata

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Das Ocupações e missões dos espíritos

Das Ocupações e missões dos espíritos

No livro II dos Espíritos, capítulo 10 é tratado sobre as ocupações e missões dos espíritos, tema a ser abordado no presente texto. Todos os espíritos têm ocupações e missões a cumprirem, sendo encarnados ou no plano espiritual. Essas ocupações são contínuas e não chegam a levar os espíritos à fadiga, pois são livres de qualquer tipo de egoísmo existente. Independente de o espírito ser mais evoluído ou não, terá uma determinada missão a cumprir e sendo cumprida, terá outra diferente e assim sucessivamente.

Os espíritos são instrumentos de Deus para cumprimento de seus desígnios. O grau das missões determinadas se dá de acordo com o grau de evolução de cada espírito e as falhas cometidas são uma forma de progressão. Não se dá a tarefa de um professor a um aluno. As missões dadas aos espíritos não são impostas, mas podem o ser de acordo com suas vontades e necessidades. Quando encarnados, as missões já são predefinidas antes mesmo do nascimento e podem tornar-se um pouco vagas, pois a partir do momento em que o espírito esquece suas memórias passadas, as mesmas podem não fazer mais sentido. Mas Deus coloca situações no decorrer da vida para que, mesmo não se recordando, volte ao caminho definido anteriormente.


O espírito que não é considerado superior, às vezes vai falhar em sua missão por própria culpa e terá como punição recomeçar do início e se tiver causado algum mal, terá que arcar com as consequências, da mesma forma ocorre com aqueles homens que se enganam e propagam grandes erros (estão abaixo da tarefa que propuseram a cumprir).
No caso de missões importantes e de interesse geral, Deus não confia aos que hajam de abandoná-las pela metade, Deus já sabe aqueles que irão até o fim.

Segundo os espíritos, a paternidade é um exemplo de missão e ao mesmo tempo um dever muito grande que envolve responsabilidade quanto ao futuro. Os pais devem orientar e ensinar os filhos o caminho do bem, porém se o filho não seguir esse caminho, não necessariamente foi falha dos pais, mas os pais devem se empenhar ao máximo a essa missão para que isso não ocorra. Temos casos onde os pais foram negligentes na missão e os filhos se tornaram pessoas do bem, observaram as atitudes dos pais e não seguiram como exemplo.

“Deus é justo!” 
Dentro da umbanda, os guias têm suas missões predestinadas a serem cumpridas visando sempre ajudar a nossa evolução e a deles mesmos. Dedicam-se a nos amparar de acordo com a necessidade do momento. 


Karine de Nanã e Júnior de Oxalufã

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Bênçãos e Maldições

Bênçãos e Maldições

No livro II dos Espíritos capítulo 9 é tratado sobre as bênçãos e maldições, indagando-se sobre a possibilidade de benção e maldições atraírem o bem e o mal para aquele sobre quem são lançadas. Em suma, é explicado que Deus não escuta maldições injustas e que culpado se torna aquele que as proferiu. No entanto, existe o bem e o mal, e estes afetam a matéria, mas essa influência somente ocorre se for da vontade de Deus e tiver como função o aumento de prova para aquele que é dela objeto. Porém o habitual é serem amaldiçoados os maus e abençoados os bons, jamais sendo desviado da senda da justiça à Providência.

Na umbanda, existe o fundamento de que colhemos o que plantamos, a lei do retorno. Se desejamos o mal ou fazemos o mal a alguém, sofreremos com as consequências desse ato e o mesmo ocorre ao contrário, se fizermos o bem, e desejarmos o bem do nosso próximo, receberemos bênçãos em nossas vidas. Dessa forma fica a lição de estarmos sempre atentos às nossas atitudes e a forma como tratamos o nosso próximo. 


Luíza de Oxum

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Poder oculto. Talismãs. Feiticeiros

Poder oculto. Talismãs. Feiticeiros

As questões 551 a 556 do Capítulo IX, Parte Segunda da obra “O livro dos Espíritos”, versam sobre uma miscelânea de assuntos que englobam o poder oculto, talismãs e feiticeiros, tema em apreço. Trata-se o presente texto de uma abordagem objetiva, de caráter elucidativo, porém, de profundo esclarecimento, que engloba os aspectos doutrinários, fenômenos, sintonia e poder magnético, todos relacionados entre os encarnados e o mundo espiritual.

Inicialmente, temos como base que a lei de Deus é uma lei de justiça e de amor. Partindo desse pressuposto, Deus não permite que um homem mal faça mal a outras pessoas, utilizando de Espíritos, pois isso foge completamente dos dogmas divinos. Aplicando o entendimento devido, pressupõe-se que as outras pessoas as quais Kardec se refere na primeira questão, estão em uma faixa vibratória superior a de um homem mal. Então, estas pessoas e os Espíritos não se encontram em sintonia, uma vez que não estão no mesmo nível.

O poder oculto ou forças ocultas, também chamado de misticismo, resume-se em coisas que acontecem e são inexplicáveis. Para o Espiritismo, não existe o sobrenatural, tudo que acontece tem uma explicação, causa e efeito, ou seja, é natural. Com isso, não existem poderes mágicos ou feiticeiros, existem aqueles que trabalham com o poder do magnetismo, influenciando pessoas e coisas através do psiquismo, principalmente as plantas que não possuem inteligência e se apresentam sensíveis aos fluidos magnéticos. Estas pessoas que dispõem de força magnética podem fazer o uso dela para o bem ou para o mal, dependendo da sintonia associada entre: o padrão vibratório que estão, a finalidade que buscam e os Espíritos, todos estes estando no mesmo nível vibratório.


Acontece às vezes de algumas pessoas dizerem que pegaram “mau olhado”, “olho gordo” ou outro mal. Essas pessoas estão equivocadas. O que acontece é que pessoas que estão dominadas por sentimentos inferiores, como a raiva, o estresse, a tristeza, a angústia, quando encontram pessoas na mesma faixa vibratória, descarregam essa onda de sentimentos negativos e conseguem atingir cargas perturbadoras, justamente pela sintonia que estão, conforme exposto acima.

Sobre o poder magnético já discorrido, registra-se que alguns médiuns tem o poder da cura com o magnetismo. Magnetismo este semelhante ao utilizado para aplicação de passes espirituais, reiki e outras terapias holísticas que envolvem o uso da imposição das mãos para canalizar energias.

Especificamente sobre o poder oculto de talismãs e feiticeiros, este se refere ao poder fluídico que todos nós temos. É a capacidade de emissão de fluidos conforme nossos pensamentos e nossa vontade, os quais podem ser encaminhados a outra pessoa que está no mesmo padrão vibratório. É necessário, portanto, que haja sintonia entre ambos e que a pessoa que recebe os fluidos aceite e queira que os fluidos cheguem até si.


Feiticeiros, por sua vez, são pessoas que possuem uma amplitude de poderes fluídicos e manipulam estes para diversos males. Se eles quiserem ser investidos para o bem, também podem, aí terão o poder de cura. Tudo depende da capacidade moral e da sintonia relacionada entre os encarnados. Estes poderes derivam dos sentimentos emanados pelas pessoas e não do conhecimento que a pessoa possui. Muitas pessoas, sem conhecimento prévio, pensam que estes feiticeiros são dotados de forças sobrenaturais, porém eles não o são, apenas sabem coisas que não temos conhecimento, que para muitos são incompreensíveis.

Já os talismãs são objetos gravados com símbolos cabalísticos que existem pela razão de ainda sermos seres muito ligados à matéria, então, precisamos dela para nos remeter à essência divina, para compreendermos que somos seres espirituais.

Finalmente, é importante destacar que os Espíritos são atraídos pelo pensamento e não por coisas materiais. Objetos e elementos ritualísticos de origem vegetal e mineral ou alimentos, flores e velas, entre outros, representam um meio de nos ligarmos espiritualmente ou energeticamente com os Orixás e as Entidades, que utilizam estes elementos como agentes decantadores, absorvedores e condensadores de energias. Esses elementos são ofertados para diversas finalidades, como por exemplo: agradecimentos, pedidos, quebras de demandas, aberturas de caminhos, rituais de firmezas e assentamentos.


Ainda sobre o uso de elementos, destacamos que geralmente são utilizados em despachos, oferendas e demais trabalhos que são feitos. Insta salientar que esses trabalhos devem sempre ser respeitados, mesmo que a pessoa não acredite, e nunca temidos. As crenças e não crenças que cada um tem devem ser respeitadas e não se deve criticar ou questionar trabalhos desconhecidos, as consequências podem ser severas, pois existem Espíritos que ainda são ligados à matéria.

Ressalte-se que na umbanda, todas as práticas de magia ou qualquer envolvimento de poderes ocultos, dentro de um terreiro, são para o bem e sempre respeitando o livre arbítrio das partes envolvidas. Ainda, não existe troca de favores entre consulentes e Entidades, nem cobrança de nada que é feito, uma vez que deve ser praticada a caridade, conforme os três pilares que sustentam a religião: amor, humildade e caridade.

Sorte é estar na proteção de Deus. Independente de talismãs, amuletos ou qualquer outro objeto, temos que ter fé. É a prece e a confiança em Deus que nos salva, nos auxilia em nossas dificuldades e dá o prosseguimento necessário.

Saravá!


 Helder de Logunam

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Pactos

 Pactos

Dando continuidade aos estudos sobre a obra de Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”, falaremos agora sobre os Pactos firmados entre os encarnados e o mundo espiritual, assunto presente em sua parte segunda, capítulo IX.

Em um dado momento, Kardec questiona a espiritualidade sobre a veracidade dos ditos pactos firmados com os maus espíritos. O que ele tem por resposta é que tal coisa não é de fato verdadeira e o que ocorre quando uma pessoa evoca os espíritos inferiores para provocar o mal a alguém é que essa pessoa está firmando uma demanda energética com tais espíritos. Isso causa um vínculo de subserviência a tais entidades, que se alimentam das más ações, gerando assim uma dependência. 


É dado como fábula as lendas de que pessoas “venderam a alma ao Satanás” para conseguir algo em troca. Porém, toda fábula traz em si uma lição verdadeira, um ensinamento moral. E o que isso quer dizer? Uma pessoa que evoca as forças dos maus espíritos para obter alguma vantagem renuncia à missão que lhe foi dada ao encarnar e às provações que lhe foram postas a suportar neste mundo. Como consequência, o filho não cumprirá a sua missão e pagará o preço na encarnação seguinte. Isso não quer dizer que o espírito ficará em infelicidade perpétua, porém tais ações o vincularão mais ainda à matéria e aos prazeres a ela vinculados. Por consequência, isso causa um atraso no progresso evolutivo do espírito, uma vez que a evolução consiste no desprendimento da matéria e ascensão a Deus.

Na umbanda, tampouco cremos em pactos firmados com as entidades, porém realizamos trabalhos espirituais em conjunto aos espíritos de luz que se manifestam no terreiro. Apesar de serem entidades de luz, devemos ter plena consciência da seriedade de tais trabalhos. Quando firmamos um acordo com um Exu  por exemplo, geramos ali uma demanda energética para abertura de caminhos que deve ser suprida com o trabalho que lhe fora pedido. A não realização de trabalhos em aberto gera consequências futuras ao desenvolvimento do filho de terra. Devemos ter a plena consciência de que um Exu, Caboclo, Preto Velho (ou outro guia) não dão e não tiram nada de ninguém, eles apenas apontam e despertam nossa consciência para as possibilidades e para os erros.

Portanto, ao firmarmos um compromisso com uma entidade que nos atenda naquele momento, devemos ter plena consciência da responsabilidade de tal trabalho e não devemos deixar de cumprir com nossa parte. 

Axé!


Diego de Oxóssi

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Os Espíritos durante os Combates

Os Espíritos durante os Combates

O homem, durante toda sua existência, sempre criou combates conforme suas necessidades. Desde o homem primitivo, que lutava pela terra e pela tribo, até o atual que cria combates por ideologias e riquezas. Tais batalhas também sofrem influência espiritual, e esse é um dos assuntos do Capítulo IX, parte segunda do Livro dos Espíritos, o qual vamos tratar agora.

A pergunta 541 do Livro dos Espíritos é sobre a existência de espíritos assistindo e amparando cada um dos exércitos em uma batalha, sendo a resposta positiva e tais espíritos motivam e dão coragem. É citado sobre alegorias e figuras de Deuses, que nada mais são que alegorias de espíritos, o qual podemos enquadrar com as guerras onde o povo africano pedia a Ogum, a Exu e aos demais Orixás guiarem a vencer as batalhas fazendo oferendas e pedindo a força. O mesmo ocorria com os Vikings pedindo Odin, Thor e outros; os católicos com orações a seus santos e a Cristo, e cada religião com suas respectivas crenças. E o que ocorre é que espíritos são encaminhados para ajudar a alcançarmos os pedidos desejados, espíritos trabalhadores na força daquilo pedido.

As perguntas seguem e, logo após, se pergunta se os espíritos podem tomar partidos de causa injusta, e é claro que sim. Existem espíritos bons e ruins, espíritos ruins irão tomar causa das injustiças e em favor da destruição. Isso nos remete sempre a lembrarmos a afinidade, pois atraímos para nós aquilo que vibramos e fazemos. 


Em continuação, é perguntado se um general pode sofrer influência dos espíritos, se eles podem levá-lo ao erro, ou levá-lo a uma visão intuitiva. Os espíritos respondem que ele pode sofrer influências, podendo ser conduzido ao erro ou a uma visão intuitiva, porém ele tem livre arbítrio que faz com que ele perceba tais ideias e que seus conhecimentos conduzirão para que os espíritos aproveitem de suas faculdades intelectuais ou da falta delas. Um dos ensinamentos que podemos extrair da situação citada é sobre a incorporação mediúnica. Ela ocorre de forma similar, o médium com grande conhecimento trabalha com entidades de grande conhecimento, pelo fato delas usarem também as faculdades intelectuais do médium. Então, o médium com grande conhecimento terá uma incorporação com aproveitamento maior, passando as mensagens de forma clara e a utilização de recursos de maneira mais proveitosa. Já o médium com pouco conhecimento tem suas funções mais restritas, tendo dificuldade de transmitir mensagens e ainda com chances maiores de transmitir mensagens errôneas.

Por fim, as últimas perguntas sobre este assunto são sobre a morte em batalha, sensações e reações dos espíritos que sucumbem em combate. Os espíritos sabiamente responderam que muitos acreditam ainda estar vivos e levam certo tempo para compreenderem a morte. São raras as vezes em que se percebe a morte de imediato, pois geralmente a morte em batalha é  de forma traumática e o espírito pode ficar atordoado e continuar a perseguir o inimigo e continua ouvindo rumores da batalha, julgando não estar morto. E, mesmo que o espírito veja tal condição de sua morte, os sentimentos que ele irá guardar de tal batalha são relativos a seu caráter. 


Os Orixás são formas de culto ao poder divino e muitos são relacionados a guerras e batalhas. Vêm da cultura de um povo africano batalhador, o qual louvavam a esses Orixás como forma de força para a vida, trazendo então a inspiração para a vida e para suas conquistas. Na Umbanda, o culto ao Orixá não é diferente, porém as batalhas e combates de antes não são os mesmos de hoje. Não temos tantas guerras como existiam, porém louvamos hoje esses Orixás para as batalhas da vida, sejam elas em busca de amor, felicidade, saúde e sucesso. O nosso espírito se liga aos espíritos de afinidade comum, o qual através de uma fé e confiança a algo superior é criado esse elo, nos tornando afins daqueles e daquilo que atraímos.


Pai Igor de Oxum .’.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Ação dos espíritos sobre os fenômenos da Natureza

Ação dos espíritos sobre os fenômenos da Natureza 

Prosseguindo ao nosso estudo do livro dos espíritos, no presente texto, falaremos sobre a AÇÃO DOS ESPÍRITOS NOS FENÔMENOS DA NATUREZA, tema presente no capítulo 9, livro II. Os fenômenos da natureza, conforme nos é explicado, ocorrem não fortuitamente, mas sim em decorrência de uma causa providencial, pois tudo que ocorre possui a permissão divina. Esses fenômenos podem ter como sua razão de ser primeiramente o homem. Porém, em grande parte das vezes em que ocorrem, objetivam equilibrar e harmonizar as forças da Natureza. 
Como se sabe, Deus age indiretamente na matéria, e quem o faz de forma direta são os Espíritos. Desta forma, há variados espíritos de diferentes escalas dos mundos que exercem influência sobre os elementos, os agitando ou os acalmando. A fim de especificá-los, alguns denominam esses espíritos como Elementais, e recomendo a leitura do texto em nosso blog atinente ao tema, posto que complementa o assunto.

Além disso, nos é explicado que esses Espíritos não habitam o interior da Terra para a consecução de fenômenos geológicos, mas sim presidem tais fenômenos, os dirigindo, consoante as tarefas que têm. Assunto este que ainda não conseguimos compreender, mas que um dia nos será dado referido entendimento. 



Os espíritos que presidem os fenômenos da natureza podem ser seres que já foram encarnados como nós o somos, ou que ainda serão. E, quanto à ordem a que pertencem, isso variará conforme as atribuições que executam, sendo que quanto mais material for esta tarefa, mais inferior será a ordem a que pertençam na escala evolutiva. 

Quando acontece algum fenômeno da natureza como, por exemplo, tempestades, raios, tornados, tsunamis, entre outros, isso se dá em decorrência da reunião em massa de uma quantidade indeterminada de espíritos não sendo realizada apenas por um. E, além disso, quando os Espíritos agem na consecução desses fenômenos, alguns agem usando do livre arbítrio, já outros agem devido ao instinto e impulso.  


E muito interessante é a explicação da espiritualidade quando usa uma comparação como forma de visualizarmos a importância do papel de cada um a fim de atingir um objetivo final, independente do grau de consciência que se tenha. É-nos falado que as ilhas e arquipélagos são formados por uma legião de animais que, pouco a pouco, as fazem surgir no mar e, em tudo isso, há um intuito divino muito maior a fim de se alcançar a harmonia como um todo. E são seres de diminuto grau que realizam essas tarefas, sem mesmo saberem que as fazem em prol de Deus  Primeiro, agem inconscientemente, depois tomarão consciência ordenando as questões da vida material, depois moral, pois assim é a natureza, em constante evolução e busca do equilíbrio. Lembremo-nos de que aqueles que hoje possuem um alto grau evolutivo foram um dia um átomo primitivo.

Trazer o presente tema retirado do livro dos espíritos ao universo umbandista, foi para mim um tanto quanto desafiador, pois não há como falar de Umbanda sem se remeter à natureza.  Que há a ação dos espíritos sobre os fenômenos que ocorrem na natureza é irrefutável e é algo que foge ao nosso entendimento devido às nossas limitações, conforme nos foi explicado pela espiritualidade.

Porém, gostaria no presente texto, de aproveitar a oportunidade para que sejam feitos alguns esclarecimentos. Quando se fala em natureza dentro da Umbanda, pode ser que o primeiro ou um dos primeiros assuntos que venha à mente, sejam os Orixás. Quem nunca ouviu falar de Mãe Iemanjá  a Rainha do Mar? E é este ponto que quero abordar. Iemanjá ou os demais orixás cultuados na Umbanda não são espíritos que habitam o ponto de força o qual regem. Isto é, Iemanjá não é um espírito que está no Mar, Iansã não é um espírito que está nas tempestades e nos ventos, ou Oxum não é um espírito que está nos Rios. 


Alguns locais da natureza são representados como pontos centrais de forças dos orixás, energias divinas. Temos além dos citados acima, por exemplo, Oxóssi, cujo ponto de força é as matas, Xangô as pedreiras, Nanã os Pântanos, e tantos outros. Além disso, é necessário nos lembrarmos de que se há espíritos que agem na ocorrência dos fenômenos da natureza, devemos nós também agirmos e fazermos o que está ao nosso alcance a fim de preservá-la.

A umbanda é o balanço do mar, dos rios e ventos. É o verde das matas, das ervas e o colorido das flores. É cada som emitido por cada animal, do canto dos pássaros ao cricrilar de um grilo. A Umbanda está ligada à natureza e a natureza nada mais é que uma tela, uma obra de arte, criteriosamente pintada e desenhada pelas mãos do Criador, que nos dá esse presente de reconexão com Ele todos os dias.    

“ Pela beleza dos raios da manhã, eu te saúdo Mamãe Iansã
Pela grandeza das ondas do mar, me abençoe, Mamãe Iemanjá.. “



Natália de Iemanjá