Pesquisar

terça-feira, 31 de agosto de 2021

Inconvenientes e perigos da mediunidade

 Inconvenientes e perigos da mediunidade

 

Discutiremos agora os ensinamentos contidos no capítulo XVIII, da parte segunda do Livro dos Médiuns, “Inconvenientes e perigos da mediunidade”.

Todos nós somos médiuns, pois temos a capacidade de transitar entre o plano dos encarnados e desencarnados, uns com essa capacidade mais aflorada que outros. Para entender um pouco sobre os perigos da mediunidade, precisamos entender que não se trata de um estado patológico, as patologias existem para todos. A mediunidades as vezes pode demandar um grande esforço físico, assim como qualquer outra tarefa prolongada, mas que com repouso é recuperada.

Como tudo depende do estado físico e moral do médium, deve-se observar o que a prática pode ocasionar visando sempre preservar a sua integridade. O médium deverá sempre manter atenção à sua saúde e em caso de cansaço e exaustão, deverá se abster das atividades Um questionamento muito importante realizado por Kardec, é se a mediunidade poderia produzir loucura, e a resposta é: “Não mais do que qualquer outra causa, desde que no médium não haja predisposição para isso, a mediunidade não provoca loucura, há não ser que esta já exista, porém quando se existe deve-se tratar com muita cautela para não ser prejudicial”. O mesmo ensinamento pode ser utilizado para nos esclarecer a respeito das patologias, tratadas no inicio do capítulo.



Ao esclarecer sobre a mediunidade em crianças e se existe inconvenientes em tal fase, a resposta é que sim, é muito perigoso. Devido à sua delicadeza, as crianças podem sofrer grades abalos e grande sobrecarga. Cabe aos pais prudentes observar e manter a ideia afastada. Há, porém, aquelas crianças que naturalmente apresentam a mediunidade mais aflorada, o risco ainda existe nelas, mas nesses casos, sua natureza se dá a isso, ela está preparada para tal. Uma criança que possui visões de maneira constante não se impressiona com isso.

Não existe uma idade correta e precisa para desenvolver a mediunidade, pois tudo depende do nosso desenvolvimento físico e moral. Os espíritos zombeteiros e enganadores podem tentar iludir crianças e jovens, veem nisso mais facilidade devido a inexperiência. Uma criança dotada de faculdade mediúnica deverá ser acompanhada sob a vigilância de pessoas experientes que lhe ensinem a respeito das almas que aqui viveram.

Conclui-se que, se tratando de mediunidade, nada deve ser forçado, mas sim algo natural, tanto em crianças quanto em adultos. Para nós umbandistas, a mediunidade é tratada com muita seriedade e é um compromisso que assumimos para nossas vidas, pois tudo se reflete em nosso crescimento e evolução.

Railany de Xangô

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Formação dos Médiuns

 

Formação dos Médiuns

 

Estudaremos o capítulo XVII, “Formação dos Médiuns”, que se encontra na segunda parte do Livro dos Médiuns, de Allan Kardec. Este capítulo refere-se ao desenvolvimento da mediunidade, mudança de caligrafia e perda e suspensão da mediunidade.

Kardec analisou especialmente o desenvolvimento da mediunidade dos escreventes. Não há como comprovar esta mediunidade de forma categórica, podendo ser desenvolvida por qualquer pessoa, em qualquer fase da vida e circunstância, apenas a experiência poderá confirmar.

A questão da comunicação do o espírito é fluídica e nem sempre será possível de forma rápida, mesmo porque o médium aos poucos vai adquirindo aptidão necessária para essa comunicação com seu desenvolvimento. Ainda assim o médium pode encontrar outros obstáculos, pois o espírito com quem o médium deseja comunicar-se pode não estar em condições propícias ou, apesar de presente, pode não ter a permissão para se comunicar. Portanto, o médium   iniciante deve estar aberto à comunicação espiritual de forma geral, sem se referir a algum espírito de forma específica, e, especialmente, dirigir-se ao seu anjo guardião.

Inexistem fórmulas específicas para a comunicação com o Espírito, mas deve sempre ser feita em nome de Deus. Kardec ensina exemplificativamente que se faça o pedido: “Rogo a Deus Todo Poderoso que permita venha um bom Espírito comunicar-se comigo e faze-me escrever; peço também ao meu Anjo de Guarda se digne de me assistir e de afastar os maus Espíritos”. Após o pedido, se espera a comunicação do Espírito, que pode ser o que se deseja, ou outro, além de que poderá ser o próprio Anjo da Guarda, que se identificará escrevendo o nome.

Poderá o médium chamar determinado espírito conhecido, mas sua súplica deverá ser direcionada (Exemplo: “Em nome de Deus Todo Poderoso peço que… espírito se comunique comigo”). Inicialmente, deve-se fazer perguntas que possam ser respondidas por “sim” ou “não”. Posteriormente, com o tempo e experiência, tudo vai ficando mais costumeiro e serão dispensadas tais perguntas, mas é essencial que haja perguntas respeitosas, sem cunho de interesse pessoal, e expresse sentimento de benevolência e simpatia para com o espírito.



É de suma importância o médium manter calma e recolhimento, além de uma vontade séria, perseverante, contínua e paciente, renovando todos os dias a tentativa de 10 a 15 minutos diários de cada vez, durante o tempo necessário (quinze dias, um, dois ou mais meses, se necessário). Tudo dependerá do médium, já que alguns demoraram até seis meses para desenvolverem essa mediunidade, e outros escreveram corretamente já na primeira vez, não há regra para a espiritualidade.

Deve-se ter todo o cuidado e sempre estar precedido da teoria para o desenvolvimento da mediunidade escrita ou qualquer outra. A comunicação com os Espíritos deve ser cautelosa e o médium deve-se ter fé sincera, sob a proteção Divina e solicitar a assistência do seu anjo da guarda, pois os espíritos que se proporão a comunicar-se poderão ser de boas e más qualidades.

Sempre deve observar e ser cuidadoso com a manifestação dos primeiros Espíritos que se comunicarem, desconfiando e dirigindo apelo ao Anjo da Guarda para repelir os maus Espíritos, pois estes poderão enganar os médiuns, especialmente os iniciantes, não devendo cair na dependência dos maus Espíritos, especialmente por espontânea vontade.

É comum nos médiuns escreventes a mudança de caligrafia de acordo com o Espírito comunicante, o que ocorre comumente no caso de médiuns mecânicos e semi mecânicos, já que estes são involuntários no movimento da mão. Para os demais médiuns não ocorre essa mudança de caligrafia já que o Espírito atua no pensamento do médium e a mão redige de acordo com a vontade do médium.

A perda e a suspensão da mediunidade podem ocorrer por algum motivo e os Espíritos explicaram:

- É possível perderem a mediunidade, mas também poderá ocorrer apenas a interrupção passageira da mediunidade. Essa perda/interrupção poderá ocorrer porque o bom Espírito não quer mais ou não pode mais servir-se do médium;

- Tal pode ocorrer quando o médium faz mal uso de sua faculdade mediúnica, ou seja, se serve de sua faculdade por interesses mesquinhos, ambiciosos, não transmite corretamente as mensagens/fatos aos encarnados ou tem necessidade de ver para crer. Esse dom Divino tem a finalidade da melhora espiritual e para que os homens conheçam a verdade e se o Espírito não mais vê no médium esse propósito, poderá se afastar dele e buscar outro digno de suas visitas;

- A interrupção da faculdade mediúnica também poderá ocorrer por faculdade do Espírito para que dê ao médium um descanso material que entende necessário, não permitindo que outros Espíritos o substitua;

- Também tem o objetivo de colocar à prova a paciência e lhes experimentar a perseverança, além de dar tempo ao médium de meditar as instruções recebidas;

- O próprio Espírito poderá instruir ao médium se deve ou não prosseguir na tentativa de escrever, mas apenas para verificar se recobrou ou não a sua faculdade;

- A melhor forma de abreviar essa prova é a resignação e a prece.

- A suspensão ou interrupção da faculdade mediúnica de escrever não acarreta o afastamento dos Espíritos que habitualmente se comunicam, estando o médium rodeados de seus amigos Espíritos, e as comunicações morais não são privadas;

- Quando ocorre a interrupção da mediunidade o médium deve se interrogar sobre sua consciência e sobre o uso de sua mediunidade, qual o bem tem feito para os outros e qual proveito tirou dos conselhos que foram dados;

- Não adianta o médium interrompido de sua faculdade de escrever buscar outro médium para receber comunicações, pois nada receberás já que os Espíritos são livres e não serão obrigados a se comunicar;

- A mediunidade é uma missão outorgada aos médiuns como intérpretes dos Espíritos com os homens e aqueles que manifestam desprezo a esta graça desconhecem o valor desse dom que lhe é concedido;

- Essa missão é concedida àqueles que precisam dela para melhorarem, para ficarem em condições de receber bons ensinamentos e se dela abusa ou aproveita sofrerão as consequências.

- Aqueles que desejam escrever como médium e não conseguem apenas não tem esse dom, mas possuem outros dons dados por Deus.

- Os livros poderão ensinar àqueles que querem receber os ensinamentos, não necessitando dos ensinamentos diretos dos Espíritos ou dos médiuns.

Veja que Kardec explica várias questões referentes ao desenvolvimento do médium e que podemos aplicar a qualquer médium, não somente aos escreventes, com as adaptações pertinentes.

Tais ponderações são aplicáveis na Umbanda, tratando-se de desenvolvimento do médium e da liberdade dos Espíritos que se comunicam para a prática do Amor e Caridade.

O Médium deve ser íntegro, procurando fazer o bem e sempre praticar o que foi anunciado: AMOR E CARIDADE. Os Espíritos vêm nos ajudar pra que possamos ajudar o próximo, nos amando e amando o outro, sendo verdadeiros conosco e com o outro. A Verdade é o que eles vêm trazer e é o que temos que aprender.

Sejamos verdadeiros médiuns como instrumentos de Amor e Caridade.

Umbanda: manifestação dos Espíritos para a prática do Amor e Caridade.

Axé e muita Luz para todos e para nossos irmãos Espíritos.

 

Girlei de Iemanjá.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

Médiuns Especiais

 

Médiuns Especiais

 

Dando continuidade ao estudo do “Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, falaremos agora sobre o capítulo XVI, da parte segunda- Médiuns especiais.

Além das categorias citadas nos capítulos anteriores, existe uma grande variedade de médiuns especiais, que possuem afinidades particulares. A ideia que será transmitida pelo espírito estará diretamente ligada ao seu grau de elevação, remetendo à sua superioridade ou inferioridade moral. Independente do seu grau de elevação, assim como os médiuns, o espírito também expressa afinidade pela natureza de certos temas que serão abordados na comunicação.

O médium é para o espírito um instrumento mais ou menos apropriado para as comunicações e o espírito dará preferência a um ou a outro, se adequando ao gênero da comunicação que será realizada. É preciso estudar a natureza do médium da mesma forma como se estuda o espírito, para termos um resultado genuíno e satisfatório. Nessa relação médium + espírito, devemos adicionar a “intenção”, a motivação da comunicação, afastando assim espíritos que possam interferir negativamente.



Podemos dividir os médiuns em duas grandes categorias: médiuns de efeitos físicos, que como o próprio nome já diz tem capacidade de provocar efeitos materiais, e médiuns de efeitos intelectuais, que são os mais apropriados para receber e transmitir comunicações inteligentes. Todas as demais variedades se incluem diretamente em uma ou outra das duas categorias citadas, algumas podem ser incluídas em ambas.

Há variedades que são comuns a todos os tipos de mediunidade, que são elas: sensitivas, inconscientes ou facultativas. Podemos ainda citar diversas variedades (essas com suas subclassificações) para os médiuns de efeitos físicos, intelectuais, escreventes, pelo desenvolvimento da faculdade, pela especialidade, qualidade física e morais do médium, dentre outras... Todas essas variedades possuem graus infinitos em sua intensidade e na maioria das vezes um médium estará inserido em mais de uma classificação, possuindo uma predominante, não devendo-se forçar a se enquadrar em determinada variedade.

Essa afinidade pode ser vista na Umbanda, a conexão formada entre guia e médium não é feita de maneira aleatória, como exemplo, um médium muito ansioso e agitado muitas vezes será acompanhado de guias que trazem calma e tranquilidade para que possa aprender as lições com o mentor espiritual.

Todos nós encarnados somos sensitivos pois possuímos a essência etérea que nos conecta diretamente com o plano espiritual, o que varia é a intensidade com que cada um irá perceber as sensações. Um mesmo médium pode possuir uma mediunidade intuitiva muito aflorada e também possuir mediunidade de incorporação, nesse caso, por exemplo, uma irá se sobressair, se destacando. O desenvolvimento de tipo mediunidade não deve ser forçado pelo médium, ele deve ser trabalhado de forma conjunta com o dirigente espiritual responsável pelos trabalhos, no tempo determinado pela espiritualidade.

Pedro’ de Xangô e Larissa de Iansã

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Médiuns escreventes ou psicógrafos

 

Médiuns escreventes ou psicógrafos

 

Continuando o estudo sobre o Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, vamos abordar sobre os médiuns escreventes ou psicógrafos (médiuns mecânicos, intuitivos, semimecânicos, inspirados ou involuntários e de pressentimentos) assunto abordado no Capítulo XV parte segunda.

Os médiuns mecânicos podem ser chamados também de passivos. Estes não têm a menor consciência do que escrevem, o espírito lhe dá a impulsão sobre a mão e ela se move sem a interrupção do médium.

No caso dos médiuns intuitivos o espírito não atua sobre a mão do médium para poder fazer ela escrever e sim através de sua alma, por isso, nessa situação, o médium terá consciência do que está escrevendo, embora o pensamento não seja o dele. Para que o médium intuitivo transmita o pensamento que lhe foi dado, ele precisará compreendê-lo, para traduzir de forma certa, pois o pensamento não é seu, apenas passa pela sua cabeça.

Os médiuns semimecânicos são uma mistura dos médiuns mecânicos e dos médiuns intuitivos. Eles sentem uma impulsão dada em sua mão e ao mesmo tempo tem a consciência do que está escrevendo à medida que as palavras vão se formando.



Já os médiuns inspirados são muito parecidos com os intuitivos, com a diferença de que o médium inspirado tem mais dificuldade em distinguir o seu pensamento com aquele que lhe é sugerido.

Os médiuns de pressentimentos, como o nome já diz, tem um pressentimento, ou seja, uma intuição vaga de coisas futuras. Algumas pessoas tem essa mediunidade mais ou menos desenvolvida e uma variedade dos médiuns inspirados são constituídos pelos médiuns de pressentimentos.

Feitas essas considerações, na Umbanda também poderão desenvolver a mediunidade escrevente ou, como conhecida, a psicografada. Os médiuns manifestam as mensagens dos espíritos pela escrita, enviando seus ensinamentos e comunicações.

No nosso Terreiro posso dar dois exemplos práticos que experimentei: quando cambonava Vovó Maria da Luz ela me pediu o papel e caneta para escrever. Outro exemplo foi do médico que atende em nosso Terreiro, prescrevendo receita e assinando. Nos casos citados acima podemos ver uma união de alguns dos tipos de médiuns escreventes abordados.

O desenvolvimento da psicografia também vai depender da necessidade e do momento para cada casa e médium, de acordo com a vontade da Espiritualidade e de Deus.

Muito axé.

Ana de Iansã e Girlei de Iemanjá.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Médiuns

 

Médiuns

 

Hoje daremos sequência ao estudo da obra “O Livro dos Médiuns”, abordaremos, mais especificamente, o capítulo XIV da parte segunda- “Médiuns”.

O capítulo citado acima, tem por objetivo descrever os principais tipos de médiuns, dentre os diversos existentes. Kardec deixa claro que todos que sentem de alguma forma o mundo espiritual são médiuns, não sendo tal faculdade um privilégio ou dom, o que varia é o grau e a maneira com que essa mediunidade irá se manifestar.

Os médiuns de efeitos físicos são aqueles que possuem maior facilidade em produzir efeitos materiais, como por exemplo batidas ou movimentações de móveis. Podem ser separados em facultativos ou involuntários. Os facultativos possuem certo grau de controle e consciência, sendo capazes de produzir os efeitos por sua própria vontade. Já os involuntários (chamados também de naturais) não possuem tal controle, estando sujeitos aos acontecimentos de maneira desregrada. Neste ponto é feito uma observação a respeito das pessoas que possuem algum tipo de eletricidade natural, porém nesses casos não há efeitos e relação espiritual, apenas “elétricos”.

Médiuns sensitivos ou impressionáveis, consiste em uma característica mais geral do que específica. Através desse tipo de mecanismo o médium é capaz de sentir a presença do plano espiritual, muitas vezes através de uma impressão ou sensações no corpo. Essa mediunidade se desenvolve pela constância, sendo possível a percepção da individualidade do espírito.

Médiuns audientes possuem capacidade de ouvir as vozes dos espíritos, esse processo pode ocorrer através de uma voz externa e claramente audível, ou as vezes como uma forma de pensamento íntimo, uma “voz da consciência”.

Nos Médiuns falantes os espíritos irão atuar sobre os órgãos da fala (similar à maneira em que acontece com as mãos dos médiuns escreventes). Geralmente não possuem a consciência do que dizem e, muitas vezes, dizem coisas que estão fora de seus conhecimentos e além da    inteligência.


Médiuns videntes possuem a capacidade de visualizar os espíritos. Alguns visualizam apenas espíritos evocados, já em outros a faculdade é mais geral, sendo possível a visualização de toda comunidade desencarnada do ambiente. Além disso, para alguns essa manifestação pode ocorrer normalmente enquanto estão acordados e em outros apenas em estado sonambúlico. O ato de visão nesses casos não ocorre com os olhos, mas sim com a alma. Deve se desenvolver de maneira natural, para evitar que espíritos pouco elevados se aproveitem da situação ou que o médium se deixe levar pela imaginação.

Os chamados Médiuns sonambúlicos, são aqueles que possuem a capacidade de vivenciar o plano espiritual. Por algum período de tempo é possível que sua alma não esteja com influência tão grande da densidade do corpo carnal (lembrando que a alma e o corpo físico continuarão sempre ligados pelo cordão de prata, essa ligação é rompida apenas no momento do desencarne) durante o processo o médium pode ter contato com os guias e mentores que o acompanham, em certos casos consegue visualizar com perfeição os espíritos, da forma como um médium vidente o faria. A cautela e evolução moral deveram sempre acompanhar o médium, pois é possível que espíritos levianos se apresentem. Em estado de sonambulismo as comunicações com os espíritos se dão de maneira mais fácil.

Médiuns curadores conseguem curar pelo simples toque, gesto ou olhar. Nesses casos a manipulação do fluído magnético exerce um grande papel, no entanto, o médium que realiza a cura muitas vezes não sabe como o faz, não tendo conhecimento a respeito de magnetização. A prece está muitas vezes envolvida no processo de cura, tendo um papel de evocação. Mesmo que o encarnado não tenha conhecimento a respeito do plano espiritual, ou não acredite em sua existência, o processo de cura poderá ser realizado caso a intenção seja o bem, a maldade também está sujeita a essas leis, motivo pela nossa vigília deve ser constante.

Os Médiuns pneumatógrafos fazem uso da escrita direta como forma de se comunicar com o plano espiritual, lembrando que tal processo não é possível a todos os médiuns escreventes. Esses médiuns colocam uma folha de papel dobrada em uma gaveta (ou outro local a ser indicado) e se recolhem em prece e oração, após certo período a folha se apresentará escrita.

Na Umbanda vemos todos os encarnados como médiuns, como ferramentas intermediárias na comunicação entre os planos, e todos possuem todos os tipos de mediunidade em maior ou menor grau, a depender da necessidade de evolução da pessoa. O que acontece comumente é que um tipo de mediunidade se sobressai às demais, sendo mais desenvolvida.

A mediunidade mais vista nos terreiros de Umbanda é a de incorporação, através do acoplamento dos chacras o guia e o aparelho (encarnado) formam uma terceira consciência para auxiliar os consulentes. Seria ineficiente a utilização de alguém com mediunidade de incorporação mais desenvolvida, na curimba (normalmente os curimbeiros possuem mais facilidade em ouvir e sentir o plano espiritual, adequando os pontos ao tipo de trabalho, possuindo papel fundamental na sustentação do terreiro) e vice versa. Os vários tipos de mediunidade se complementam, por isso devemos sempre trabalhar juntos em prol do amor e da caridade.

Axé

Pedro” de Xangô e Larissa de Iansã

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Psicografia

 

Psicografia

 

    Seguindo nossos estudos sobre o Livro dos Médiuns, o capítulo 13, da parte segunda, fala sobre “Psicografia”.

    O capitulo se inicia relatando as formas mais fáceis de se comunicar com os espíritos por meio da escrita e da palavra. A escrita possui a vantagem de demonstrar, de maneira mais palpável, a intervenção de uma potência oculta, deixando traços que podemos conservar, como fazemos com a nossa própria correspondência.

    O primeiro meio empregado foi o das pranchetas e das cestas, munidas de lápis. Uma pessoa, dotada de aptidão especial, colocava em rotação uma mesa ou qualquer objeto. No lugar da mesa, utilizavam uma pequena cesta de quinze a vinte centímetros de diâmetro, o material de fabricação não interfere na comunicação. Se agora colocarmos um lápis no fundo da cesta e o firmarmos bem de maneira que a atravesse, com a ponta para fora e voltada para baixo, e posicionarmos uma folha de papel abaixo da ponta. Após isso, colocava-se leve impulso na cesta e ela se movimentava. Mas, em vez de girar, ela conduzirá o lápis em diversos sentidos, riscando o papel com simples traços ou escrevendo. Se um Espírito for evocado e quiser atender, poderá responder, não por pancada, mas pela escrita.

    O dispositivo acima apresentava um inconveniente, o lápis não volta para começar outra linha, escrevendo em círculos. A linha escrita forma assim uma espiral, o médium precisaria girar o papel nas mãos para a leitura. A escrita nem sempre ficava muito legível, pois as palavras não ficam separadas. Por economia, podemos substituir papel e lápis pela lousa e o lápis de pedra, era a chamada “cesta-pião”.


     A própria cesta pode ser substituída por uma caixa de papelão, sendo o lápis colocado em forma de eixo. Muitos outros dispositivos foram imaginados para atingir o mesmo fim. Um dos meios mais utilizados era a “cesta de bico” adaptava-se na cesta uma haste de madeira, um furo era feito na ponta dessa haste (ou bico) para que o lápis pudesse ser fixado. O médium pondo os dedos na borda da cesta todo o aparelho se agita e o lápis escreve como no caso anterior, neste caso a escrita fica mais legível, separando as palavras e em linhas paralelas como geralmente se escreve, porque o médium pode facilmente voltar o lápis no fim de cada linha. Sendo possível obter dissertações de muitas páginas e de maneira mais ágil.

     A inteligência manifestante se revela muitas vezes por outros sinais inequívocos. Por exemplo: chegando o lápis ao fim da página, volta espontaneamente; se quer se reportar a uma passagem precedente, na mesma página ou em outra, procura-a com a ponta do lápis, como faríamos com o dedo, e a sublinha. Se o Espírito quiser dirigir-se a um dos assistentes a ponta do lápis se volta para ele. Para abreviar, frequentemente faz os sinais de sim e não, para afirmar ou negar, como fazemos com a cabeça. Se quer demonstrar cólera ou impaciência, dá repetidas pancadas com lápis, quase sempre quebrando a ponta.

     A psicografia é a técnica utilizada pelos médiuns para que estes escrevam um texto sob a influência de um espírito desencarnado, utilizando para isso sua própria mão, o que deu origem à "psicografia direta" ou "psicografia manual". De todas as formas de comunicação, a escrita manual é a mais simples e a mais completa porque permite estabelecer relações permanentes e regulares com os espíritos.

    Na Umbanda, e na nossa doutrina, acreditamos que todos nós temos algum tipo de mediunidade, todos somos médiuns. Podendo essa mediunidade ser trabalhada de acordo com a necessidade, se tornando mais aflorada. Como dito, existem vários tipos de mediunidades, e elas acontecem em vários graus de sensibilidade, variando de acordo com cada médium. Vale lembrar que a psicografia é um processo gradativo, que deve ser realizado com muita responsabilidade sempre podendo ser utilizada também como uma forma diferente de nos conectarmos com os guias, de adquirir conhecimento e direcionamento.

    A psicografia pode ser utilizada como ferramenta de comunicação entre os planos, principalmente em casas que possuem mais afinidade com o espiritismo, em nosso templo essa prática não é muito empregada. Quando alguém escreve um texto psicografado a mente consciente busca as ideias no inconsciente, portanto, se está consciente o tempo inteiro.

Clara de Oxum

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Pneumatografia ou escrita direta- pneumatofonia

 

Pneumatografia ou escrita direta- pneumatofonia

 

No estudo de hoje vamos falar sobre “Pneumatografia ou escrita direta- Pneumatofonia”, assuntos abordados no capítulo 12, parte segunda do Livro dos Médiuns.

Pneumatografia trata-se da escrita direta, produzida pelos espíritos sem nenhuma interferência, e se difere da psicografia que é a transmissão do pensamento do espírito mediante a escrita feita pela mão do médium. É um dos fenômenos mais extraordinários existentes no espiritismo. Em sua primeira ocorrência a dúvida foi a impressão que ficou e, diante disso, todas as precauções foram tomadas para garantir a realidade do fato. Por mais fantasioso que possa parecer, é um fenômeno averiguado e incontestável.

Kardec afirma que a possibilidade de escrever sem intermediário representa um atributo dos espíritos, uma vez que eles sempre existiram e sempre produziram diversos fenômenos que conhecemos. O da escrita direta também há de ter sido operado na antiguidade, assim como nos dias atuais. Toda via, quaisquer que tenham sido os resultados obtidos em diversas épocas, só depois de vulgarizadas as manifestações espíritas foi que se tomou a sério a questão da escrita direta.  A escrita direta ocorre na maior parte por meio da concentração, da prece e da evocação. Que pode ocorrer tanto em locais com grande recolhimento espiritual, quanto em locais mais comuns, desde que os que desejam obtê-lo se achem nas devidas condições morais e que entre esse se encontre quem possua a necessária faculdade mediúnica.

Acreditou-se, no princípio, ser preciso colocar um lápis e um papel. Não tardou, porém, para perceberem que o lápis era dispensável, que bastava um pedaço de papel, dobrado ou não, para que em poucos minutos, se achassem nele grafadas letras. Aqui o fenômeno muda completamente de aspecto e nos transporta a uma ordem inteiramente de coisas novas. Sendo as letras traçadas por uma substancia qualquer, sendo certo que ninguém a forneceu ao espírito. De onde a tirou? Para escrever dessa maneira, o espírito não se serve das nossas substâncias, nem dos nossos instrumentos. ele próprio fabrica a matéria e os instrumentos que precisa. Tirando para isso, energia proveniente do elemento primitivo universal, que pela ação da sua vontade sofre as modificações necessárias.

Através da escrita direta foi possível obter comprovação da intervenção de um poder oculto, nos mostrando uma nova forma de se manifestar. Raramente são extensas as comunicações através da escrita direta, elas se reduzem a algumas palavras ou proposições e as vezes sinais que não podemos entender. Podem se apresentar em várias línguas como grego, sírio, latim, através de caracteres hieroglíficos (caracteres utilizados pelos egípcios). Mas ainda não se prestaram às dissertações seguidas e rápidas como as que observamos através da psicografia ou das escritas pela mão do médium.



Pneumatofonia são sons produzidos pelos espíritos, podem ser ruídos, pancadas, gritos ou outros sons vocais que imitam a voz humana. Pelo que sabemos da natureza dos espíritos, podemos supor que dentre eles, alguns são de ordem inferior. Devemos ter cuidado pois, nem todo som sem explicação aparente, consiste em uma comunicação espiritual. Os sons pneumatofônicos exprimem pensamentos, sendo provenientes de uma causa inteligente.

Acontece frequentemente de ouvirmos, de modo distinto, quando estamos meio adormecidos, palavras, nomes, frases e às vezes frases inteiras, ditas com tanta intensidade que nos despertam assustados. Os sons espíritas pneumatofônicos se produzem de duas maneiras distintas: às vezes é uma voz interior que repercute no nosso foro íntimo e claramente perceptíveis; outras vezes são exteriores e nitidamente articuladas, como se provenientes de uma pessoa que estivesse ao nosso lado. De um modo ou de outro, o fenômeno é quase sempre espontâneo, raramente pode ser provocado.

Na Umbanda não nos é diferente. Muito raramente se vê sobre a pneumatografia nos trabalhos que realizamos, mas não deixa de ser um fenômeno importante para nossa compreensão a respeito do plano espiritual. Acho importante destacar a fala de Kardec “Se a nossa fé se fortalece de dia para dia, é porque compreendemos. Tratai, pois, de compreender, se quiserdes fazer prosélitos sérios”. Devemos compreender todo o processo e assim nos fortalecer diante a todas as situações com discernimento do que é verdadeiro e do que não é.

Já o fenômeno da pneumatofonia, sendo ele espontâneo, está diariamente em nossas vidas. Os espíritos, guias de luz que nos acompanham, quando assim permitimos através dos nossos pensamentos e firmezas, estão sempre nos dizendo algo para nos ajudar. Digo ainda que as vezes achamos que poderia ser apenas imaginação ou coisa da nossa cabeça, mas não é. Eles sempre trazem mensagens que nos auxiliam, seja em momentos difíceis nos acalmando ou em momentos felizes, ajudando em nossa evolução, pois esse é o verdadeiro significado da nossa Umbanda.

Railany de Xangô

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Sematologia e Tiptologia

 

Sematologia e Tiptologia

 

Este é mais um texto que aborda a obra de Allan Kardec e hoje daremos continuidade nos estudos do Livro dos Médiuns, parte segunda, capítulo XI- Sematologia e tiptologia, abordando as comunicações entre o mundo espiritual e o nosso mundo.

Os espíritos encontram diversas maneiras de passar suas mensagens e se comunicarem conosco. Hoje iremos falar sobre a tiptologia. Confesso que antes de ler o “Livro dos Médiuns”, nunca sequer havia ouvido falar sobre o assunto. Em uma breve pesquisa feita no dicionário Oxford, encontrei a seguinte definição: “Tiptologia: substantivo feminino, espiritismo: 1: comunicação dos espíritos por meio de pancadas; 2: experiência que os espíritas realizam com mesas giratórias, chapéus etc.”

A tiptologia é uma forma de comunicação onde os espíritos transmutam seu campo energético para causar movimento na matéria. Baseando-se do mesmo princípio nos quais as sessões de mesas girantes eram executadas. Esta comunicação é dada por batidas na mesa, porém em sua forma mais básica, as batidas significam apenas sim ou não, onde apenas perguntas básicas são respondidas através das batidas.



Os espíritos utilizam da Tiptologia para se comunicar com o nosso plano e, ao fazer isso, utilizam também uma espécie de mimica. Em outras palavras, a energia empregada na afirmação ou negação das perguntas, forte ou fraca, implica na força que aquela verdade tem para ele. Esta força também traduz a natureza dos sentimentos que o trouxeram àquela sessão, movimentos bruscos implicam em violência, a cólera e a impaciência, batendo repetidamente fortes pancadas, como uma pessoa que bate arrebatadamente com os pés, chegando às vezes a atirar ao chão a mesa. Se é amável e delicado, inclina, no começo e no fim da sessão, a mesa, à guisa de saudação. Se quer dirigir-se diretamente a um dos assistentes, para ele encaminha a mesa com brandura, ou violência, conforme deseje testemunhar-lhe afeição, ou antipatia.

Tiptologia alfabética: com o tempo e o aperfeiçoamento das técnicas de comunicação com o mundo espiritual, a técnica da tiptologia sofreu adaptações para melhorar a qualidade das sessões. Com isso surgiu a tiptologia alfabética, que consiste na utilização das letras do alfabeto indicadas por pancadas. Desta forma, é possível que se obtenha palavras ou até mesmo frases inteiras. De acordo com o método adotado, a mesa dará tantas pancadas quantas forem necessárias para indicar cada letra, isto é, uma pancada para o a, duas pancadas para o b, e assim por diante... Desta forma, os presentes tomavam nota de cada letra expressa, e que ao fim se traduzia em uma mensagem do outro plano.

Para melhor garantir a independência ao pensamento do médium, imaginaram-se diversos instrumentos em forma de quadrantes, sobre os quais se traçam as letras, à maneira dos quadrantes do telégrafo elétrico.

Na Umbanda, ou pelo menos em nossa casa, não é costumeiro se comunicar com espíritos diretamente, através de métodos como a tiptologia, porém, sabemos que isso não significa que não há diálogo com outros espíritos que não nossos guias espirituais. É com a fé que temos em nossos Pretos Velhos, Caboclos e Exus, que conseguimos encaminhar e enviar mensagens de amor e paz aos espíritos desencarnados que nos cercam, e com a ajuda deles, conseguimos auxiliar as almas mais precisadas com conforto e acalanto.

Que a força de Deus acompanhe a todos!

Axé

Diego de Oxóssi

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Natureza das comunicações

 

Natureza das comunicações

 

Dando continuidade ao estudo do Livro dos Médiuns, trataremos da parte segunda, capitulo 10: Natureza das comunicações.

Vimos que todo ato ou efeito vindo de livre vontade que manifeste caráter intencional, nos revela ser uma manifestação inteligente. Tudo muda quando essa inteligência ganha um desenvolvimento que possibilita a contínua troca de ideias e pensamentos, já não há então simples manifestações inteligentes, mas verdadeiras comunicações.

Kardec chama nossa atenção para variedade infinita que apresentam os espíritos quanto à inteligência e moralidade, gerando uma grande diferença entre os tipos de comunicações sendo estas, reflexos de sua elevação, saber e ignorância. Dividindo-as em 4 categorias, são elas: grosseiras, frívolas, sérias e instrutivas.

Comunicações grosseiras: são comunicações vindas de espíritos que ainda possuem impurezas da matéria, não posem sentimentos, são arrogantes, em nada diferem das vindas de homens viciosos e grosseiros de nosso cotidiano.

Comunicações frívolas: provêm de espíritos levianos, zombeteiros ou brincalhões, são maliciosos e não dão a mínima ao que dizem. São comunicações em que muito se fala sem ter nada a dizer. Agradam os curiosos, são fúteis e em nada nos acrescentam.  A nossa volta sempre há espíritos levianos que se aproveitam para entrar em nossas comunicações em todas as ocasiões. Tentam encontrar nossas fraquezas. As pessoas que se condizem nesse gênero de comunicação dão acesso a esses espíritos levianos e delas se afastam os espíritos sérios.



Comunicações sérias: toda comunicação isenta de frivolidade e de grosseria é uma comunicação séria, porém, nem todos os espíritos sérios são igualmente esclarecidos, um espírito sério não domina necessariamente todos os assuntos; há muita coisa que eles ignoram, por isso os espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam submeter todas as comunicações ao uso da razão e da lógica. As comunicações sérias devem ter sempre atenção redobrada, pois vários espíritos presunçosos se aproveitam para tentar nos enganar usando de linguagem elevada, utilizando de elevados nomes, para transmitir ideias falsas.

Comunicações instrutivas: são comunicações sérias, cujo objetivo é o ensinamento dado pelos espíritos sobre a ciência e a moral. Para se retirar frutos dessas comunicações é preciso que elas sejam regulares e continuadas com perseverança. É através da continuidade, da regularidade, que a moral do espírito comunicador irá se revelar. Acontecem quando espíritos sérios se ligam aos que desejam instruí-los. Ao classificarmos a comunicação como instrutiva supomos que seja verdadeira, pois o que não for verdadeiro não pode se instrutivo. As comunicações possuem variados meios para que ocorram. Podendo atuar em diversos sentidos como nossa visão, tato, audição, olfato...

Para a Umbanda as comunicações são primordiais, trabalhadas por espíritos sérios e de alto grau de elevação moral, que se manifestam para nos passarem seus ensinamentos, sendo esta comunicação classificada como “instrutiva”. As comunicações citadas acima, são apenas algumas das diversas formas de contato que temos com o mundo espiritual. Devemos sempre nos resguardar e vigiar nossos pensamentos para termos discernimento e diferenciá-las. Os espíritos que se comunicam conosco são atraídos pela pureza e intenção de nossos pensamentos, por isso, devemos sempre nos manter em alerta. “ORAI E VIGIAI”.

Railany de Xangô