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segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Leis Herméticas - 2º princípio

 Princípio da Correspondência

    As leis herméticas foram trazidas pelo livro “O Caibalion” e ao contrário do que muitos pensam não consistem na base do conhecimento hermetista. Na verdade, o hermetismo é muito mais antigo que o referido livro e não era separado em leis. A proposta do livro é simplificar o hermetismo em sete leis para que fosse possível a compreensão ao grande público. É importante ressaltar que é um conhecimento raso do universo hermetista, seria mais bem classificado como uma porta de entrada para esse universo do que como sendo a base do hermetismo, como alguns dizem. Dito isso, nesse texto em específico iremos tratar da lei da correspondência, que é a segunda lei apresentada no Caibalion.

A lei da correspondência é baseada nos seguintes axiomas do hermetismo:
“O QUE ESTÁ EM CIMA É COMO O QUE ESTÁ EMBAIXO.” E
“O QUE ESTÁ DENTRO É COMO O QUE ESTÁ FORA”.
O que será que Hermes Trismegisto quis dizer através dessas frases? E existem
observações praticas que podem ser usadas como exemplo dessa tal lei?



    No primeiro axioma “O QUE ESTÁ EM CIMA É COMO O QUE ESTA EMBAIXO” o livro nos explica que quando queremos entender o funcionamento de algo além da nossa compreensão, como por exemplo a forma como Deus cria os seres e coisas, é possível chegar a uma hipótese bem mais concreta do que se teria, analisando o modo de criação de suas criaturas. Ou seja, o modo como se cria no macrocosmo é semelhante ao modo de criação no microcosmo. 
    No livro para criar uma hipótese de como Deus cria tudo, os autores analisam os modos de criação humano, para “aumentar a escala” e raciocinar se algum dos modos poderia ser atribuído também a Deus.
    Os autores observam três modos da criação humana e definem que apenas um poderia ser similar a criação divina. O primeiro modo de criação humana é o uso de materiais disponíveis para criar algo, o que não poderia ser o modo de criação de Deus, uma vez que antes dele criar os seres e as coisas, não existia nada além do próprio. O segundo modo de criação humana seria a reprodução, o que também aos olhos deles não fazia sentido. Analisaram também a possibilidade de Deus fragmentar uma parte de si para criar, mas para eles isso não faria sentido uma vez que Deus seria indivisível. Por último, foi analisada a capacidade de criação mental do ser humano e essa foi a hipótese que foi considerada possível, pois antes de qualquer criação física o homem a cria em sua mente e isso não teria nenhuma incompatibilidade com o conceito de Deus que tinham. Isso deu origem ao princípio do mentalismo que é a primeira lei hermética, que foi observada através da correspondência entre o micro e o macro. É importante observar como todas as leis se interagem uma com as outras e este é um exemplo disso, mas a frente observaremos outras situações que remetem a isso.



    Podemos citar também como exemplos desse primeiro axioma que compara o que esta em cima como o que está embaixo o ciclo de vida humana (infância, maturidade, velhice e morte) pode ser observado nos ciclos da lua. (Crescente, Cheia, Minguante, Nova). E também podemos citar os elétrons que orbitam o núcleo do átomo que se assemelham aos planetas que orbitam seus sois.
    O segundo axioma é quase idêntico ao primeiro: “O QUE ESTÁ DENTRO É COMO O QUE ESTÁ FORA”. Esse axioma apesar da grande semelhança com o primeiro, agora compara o interno com o externo, por exemplo quando uma característica de alguém nos irrita muito é porque nosso lado interior também tem que trabalhar de alguma maneira para resolver os problemas com essa energia. Quando se é bem resolvido, o jeito e escolhas do outro não importam, basta que você viva sua própria verdade. Quando observamos comportamentos e erros de outras pessoas, aquilo na verdade é um reflexo do que temos dentro. Só conseguimos identificar o que conhecemos.
    Esse axioma também nos mostra que tudo o que vibramos (dentro), atraímos para nossa realidade (fora). Isso se apresenta de diversas formas em nossas vidas. Desde o tipo de amigos que temos até o tipo de situações e dificuldades que teremos que enfrentar durante o nosso caminhar. A lei da vibração também é uma lei hermética trazida pelo Caibalion e isso reforça o que descrevi anteriormente, cada uma das leis permeia também as outras leis, outro exemplo disso que também podemos encaixar na lei da correspondência é que o que nós mentalizamos (dentro) também se materializa em nossa realidade (fora). E essa é, à grosso modo, a lei do mentalismo.
    Podemos ressaltar também que nossa percepção de mundo muda de acordo com nossos estados internos. Se você é uma pessoa bem humorada e gentil, as situações serão completamente diferentes do que quando você está sem paciência e mal humorado, mesmo que todo o resto seja similar, podendo ter nas duas situações o mesmo emprego, mesma situação financeira, família e pessoas ao redor que mesmo assim tudo seria diferente, as reações das pessoas seriam diferentes, seus sentimentos perante as situações também etc. 
    Como comentamos brevemente na introdução existem situações além da nossa compreensão, mas quando usamos o princípio da correspondência nelas, somos capazes de compreender muito mais do que seria do contrário. Como exemplo disso podemos observar que conhecendo os princípios da Geometria é possível que sentado em seu escritório o homem meça sois distantes e seus movimentos. A lei da correspondência propõe raciocinar do conhecido ao desconhecido. Conhecendo a monôda, seremos capazes de entender o arcanjo, diz O Caibalion.
    Por fim podemos concluir da lei da correspondência que tudo que se apresenta ao nosso redor só aparece porque vibramos semelhante, mentalizamos parecido. Ou seja, as situações de nossa vida são um espelho do que temos dentro de nós. Que mesmo os defeitos que mais nos incomodam nos outros, nós só conseguimos identificar porque também temos a mesma energia, caso contrário passaria despercebida. Que é possível observar várias semelhanças entre o macro e o microcosmo, isso reforça a veracidade da lei hermética da correspondência. Que tudo no universo está interligado, o micro interfere no macro e o macro no micro. E que observando uma parte do todo, facilita o entendimento do próprio todo.

    
    A lei da Correspondência é uma das leis herméticas que mais trabalham a auto lapidação, pois sempre indica que o que está errado fora tem origem em si mesmo. Esperamos que este texto tenha ajudado a introduzir o tema.
Axé!

Ricardo de Ogum Matinata e Ana Carolina de Xangô 

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Leis Herméticas - 1º princípio

 Princípio do Mentalismo


    Foi no Egito Antigo, que muitas das filosofias e ensinamentos que conhecemos hoje e, que ainda nos influenciam, surgiram. Nessa época, viveram grandes mestres que desenvolveram muitos fundamentos esotéricos e ocultos e dentre esses grandes mestres, existiu um homem que era proclamado como o Mestre dos Mestres, conhecido como Hermes Trismegisto (três vezes grande, o grande dos grandes), sendo considerado o pai da ciência oculta, fundador da astrologia e o descobridor da alquimia. Hermes, segundo a tradição, viveu 300 anos e após seu desencarne, os egípcios fizeram dele um deus, conhecido como Thoth. Muitas décadas depois, o povo grego também reconheceu Hermes como um deus, sendo conhecido como o deus da sabedoria. E, atualmente, acredita-se que, de todos os fragmentos dos conhecimentos ocultos, os Preceitos Herméticos foram os fragmentos guardados de maneira mais zelosa e profunda ao longo da história.
    Primeiramente, é importante entendermos que os preceitos herméticos estão espalhados por todas as religiões, não pertencendo a nenhuma em particular. Isso foi feito para não engessar essa doutrina secreta em um credo específico de uma religião, pois quando se misturava a teologia com a filosofia hermética, gradualmente essa filosofia iria se perdendo no meio das religiões e seus cultos. E também porque seus discípulos sempre mantiveram o princípio do segredo em seus preceitos. 
    Dito isso, os Sete Princípios em que se baseia toda a Filosofia hermética são os seguintes: 
I. O Princípio de Mentalismo. 
II. O Princípio de Correspondência. 
III. O Princípio de Vibração. 
IV. O Princípio de Polaridade. 
V. O Princípio de Ritmo. 
VI. O Princípio de Causa e Efeito. 
VII. O Princípio de Gênero. 
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    Qual é a importância de conhecer as 7 leis herméticas? O intuito de Hermes era explicar o funcionamento do universo através delas, assim o hermetismo consiste no estudo e prática da evolução e expansão da consciência humana. Dessa forma, faz-se de extrema importância entendermos e conhecermos o Hermetismo para que possamos ter um recurso valioso, entendendo as leis herméticas e sua relação com nossos pensamentos e com nossa realidade, podendo encontrar um equilíbrio nas áreas da nossa vida e fazer melhores escolhas, para buscarmos melhores caminhos para o nosso desenvolvimento espiritual. 
    E nós iremos falar um pouco sobre o Princípio de Mentalismo, que é o primeiro princípio do hermetismo, tendo tido como o início e a raiz de todas as coisas. Esse princípio se fundamenta em “o Todo é Mente; o Universo é Mental”. Nessa lei, é explicado que tudo é mente, que o Todo (que é o que conhecemos como o universo material, os fenômenos das nossas vidas, da matéria e da energia) é também o espírito, o indefinível em si mesmo, podendo ser considerado como uma mente vivente infinita e universal. Além disso, também é ensinado que todo o universo é basicamente uma criação mental do Todo, sendo sujeita às Leis das Coisas Criadas, assim o universo, em todas as suas pequenas partes, existe na mente do todo, e é nessa mente que vivemos e temos nossa existência. Então, nossa mente seria como um pincel, que iria pintando cada cor e forma do universo, tendo um papel importante em ir moldando nossa realidade. Vamos explicar melhor:

“O TODO é Mente; o Universo é Mental.” 


    O hermetismo se refere a Deus como “O TODO”. Mas não se trata de um deus pessoal, que age e se comporta de acordo com as paixões dos homens, mas de uma figura cósmica que contém tudo em si. Inclusive, nosso universo não passaria de uma criação na mente do TODO. 
    Ainda nesta linha de pensamento, os seres teriam em seu interior uma parte da essência do TODO. Ou seja, carregam parte dessa essência divina. 
    E tal como o TODO de Hermes, nós também criamos com a nossa mente. Passamos horas imaginando, compondo diálogos e criando situações que, posteriormente, se tornam palavras que se tornarão histórias. Então, não poderíamos dizer que cada um dos nossos personagens possui em si uma parte de nós?
    Portanto, podemos definir que somos o que pensamos e nossos pensamentos determinam nossa existência e a qualidade dela. 
    No Hermetismo, há três planos: o mental, o físico e o espiritual. O plano mental está relacionado ao pensamento, à intuição e mesmo à razão. E é a união dos três planos, a partir do pensamento, do mental, que podemos alavancar todos os outros princípios. 
    Essa força poderosa que é o mentalismo, a força do pensamento, nos traz a ideia de que tudo que está ao nosso redor – e até mesmo a nossa existência – existe a partir de nós, não do mundo externo. 
    É algo radical que precisamos compreender, mas é muito difícil, pois achamos que o mundo já existe independente da minha experiência. Mas não é assim, e a física quântica ajuda a explicar. Um exemplo: pega-se uma carta de baralho com a borda perfeitamente afiada e tenta-se equilibrá-la sobre a borda em cima de uma mesa. De acordo com a física quântica, a carta cairá em poucos segundos, mesmo que se faça o máximo para equilibrá-la – e cairá simultaneamente para os dois lados, direito e esquerdo. Quando se põe em prática esse experimento com uma carta verdadeira, o que se vê é que ela cai para a direita OU para a esquerda, aparentemente ao acaso, e nunca para a direita e para a esquerda ao mesmo tempo, como a física quântica quer nos fazer acreditar. 
    Mas o entendimento está nas possibilidades. Existe a chance de a carta cair para a direita BEM COMO dela cair para a esquerda. 
    O princípio do Mentalismo tem relação direta com esse raciocínio, também, da física quântica. O mundo tem várias formas de realidade em potencial, até você escolher. 

“Tudo é possibilidade subconscientemente.”

    É interessante pensarmos que, se nosso pensamento cria, tudo que conhecemos, foi criado primeiramente na nossa mente, ou também no mundo das ideias, como dizia Platão. Então a fagulha de tudo é a mente, mas não nascemos com esse poder de criação. Faz-se extremamente importante termos em mente que tudo é um processo, uma jornada individual, onde nossa mente passa por vários lugares e, principalmente, numa escola que conhecemos como tempo. Pois é só com o tempo que conseguimos conhecer nossa mente, treinar nossos pensamentos e nossa criação, pois a mente é o epicentro da nossa essência e educar e trabalhar nossa mente é um trabalho árduo, pois ao dominarmos nossas mentes, estamos também influenciando a direção das nossas vidas, atraindo coisas que estão intimamente ligadas aos nossos pensamentos. por isso é importante aprendermos nessa escola de espaço tempo, pois é o tempo que é o grande professor de como podemos trabalhar nossa mente, nossos pensamentos e conseguir aplicar a Lei do Mentalismo de forma inteligente nas nossas vidas.  
    É necessário compreender, além do Mentalismo, outras leis herméticas. O princípio da Polaridade, por exemplo, nos mostra que os opostos existem, como também a interação entre eles, entendendo essa lei, entendemos também que precisamos nos esforçar para vigiar nossos pensamentos e sempre buscar emoções e sentimentos positivos, para atrairmos vivências positivas em nossas vidas. Ou também conhecer o Ritmo, para que possamos saber nossos altos e baixos ou o próprio ritmo das nossas emoções, para que possamos saber lidar com tempos difíceis e aprender com as experiências negativas da nossa vida.
    Assim como o próprio Universo – que existe a partir de seu Criador –, é dentro de nós que encontramos as respostas e que habita a força para mudarmos comportamentos e crenças. Não significa que iremos materializar as coisas que imaginamos (por exemplo, penso numa caneta, então nosso pensamento se materializa nesse objeto), mas que o pensamento pode ser aperfeiçoado para que possamos avançar e evoluir. 
    Saindo dessa linguagem mais rebuscada encontrada no livro, própria dos iniciados, concluímos o que já havia sido dito: a existência é fruto do nosso pensamento e da nossa percepção. O simples fato de dominar esse princípio nos torna mais preparados para alcançar a evolução e o aprimoramento pessoal e, por consequência, o TODO, para então partirmos para a conquista dos outros princípios, pois, para o Hermetismo, tudo está interligado em todos os níveis.

Camila de Iemanjá e Isabela de Oxalá

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Orixá Ossain

 Ossain

    Ossain é um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria, muito próxima com a fronteira com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos pensam, do panteão Jeje assimilado pelos Nagô, como Nanã, Omolú, Oxumaré e Ewá. Ossain é originário da etnia Ioruba. O Orixá Ossain é muito pouco cultuado e falado na Umbanda, isso se deve ao seu domínio, que por vezes é direcionado a Oxóssi, Orixá mais conhecido e cultuado nas casas de Umbanda. Sabe-se que o panteão africano é composto por centenas de Deuses, para nós Orixás, e que cada um deles tem o seu poder, domínio sobre alguma energia presente na natureza. Quando se fez a simplificação dos Orixás através da Umbanda Sagrada, centralizou em Oxóssi o domínio das matas, e por vezes há uma associação de que tudo que está associado ao reino vegetal está no domínio apenas de Oxóssi. 
    Sendo assim, é de suma importância estudarmos o Orixá Ossain para entendermos que nem todos os domínios vegetais estão canalizados unicamente em Oxóssi.


    O Orixá Ossain, também conhecido como Ossãe e Ossanha, é o senhor das folhas, é um Orixá muito místico, tem o arquétipo de um grande feiticeiro, um curioso alquimista, um bruxo, o senhor das folhas e das poções e ainda um mestre curandeiro. Ossain é conhecido como o médico dos orixás devido ao uso do axé das plantas para a cura, mas esse poder de cura não está associado a cura de Obaluaê (regente das doenças), Ossain realiza a cura através dos vegetais, ativando o axé contido na planta para direcionar a cura dos males físicos e espirituais.
     As lendas ou Itãs são de grande importância para que seja mais fácil compreender a força, a essência do Orixá através de uma história, em relação ao Orixá Ossain temos dois contos que nos auxiliam nesse entendimento. Uma delas explica que desde jovem ele tinha um dom muito grande para a cura e vendo isso Olorum (Deus) resolveu presenteá-lo com o domínio e o conhecimento de todos os segredos das folhas medicinais e sagradas, isso fez com que seu trabalho como curandeiro fosse facilitado através do uso dessas plantas. 
    A outra nos explica o motivo de cada Orixá ter sua planta de poder, conta essa lenda que Ossain sabia que algumas plantas traziam a calma ou o vigor. Outras, a sorte, a glória, as honras ou ainda, a miséria, as doenças e os acidentes. Os outros orixás não tinham poder sobre nenhuma planta. Eles dependiam de Ossain para manter sua saúde ou para o sucesso de suas iniciativas. Xangô, irritado por esta desvantagem, usou de um meio ardil para tentar usurpar de Ossain a propriedade das folhas. Falou dos planos à sua esposa Iansã, explicou que, em certos dias, Ossain pendurava, num galho de Irocô uma cabaça contendo suas folhas mais poderosas. Xangô então pediu a Iansã que desencadeasse uma tempestade bem forte num desses dias, ela aceitou a missão com muito gosto. O vento soprou as grandes rajadas, levando os telhados das casas, arrancando árvores, quebrando tudo por onde passava e, o fim desejado, soltando a cabaça do galho onde estava pendurada. A cabaça rolou para longe e todas as folhas voaram. Assim os orixás se apoderaram de todas. Cada um tornou-se dono de algumas delas, mas Ossain permaneceu "senhor do segredo" , continuou a reinar sobre as plantas como senhor absoluto, graças ao poder (axé) que possui sobre elas.



    Assim, cada orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossain conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras que despertam o poder e a força de cada planta. Existe também uma grande discussão se Ossain é um Orixá feminino ou masculino, para nós é considerado um Orixá que atua no polo masculino, é bom lembrar que ao falarmos em energias divinas não existe a divisão de sexo como para nós humanos, o que se deve associar é a polaridade, a força mais presente naquela energia divina.
    Ossain é sincretizado com São Benedito, isso se deve principalmente ao poder de cura e conhecimento associado a esse santo católico. São Benedito nasceu em 1526, na ilha da Sicília, Itália. Seus pais eram Cristovão Manasceri e de Diana Larcan, um casal de escravos vindos da Etiópia que não queriam ter filhos para não gerar mais escravos. Sabendo disso, o senhor do casal prometeu a eles a liberdade caso tivessem um filho. Assim, eles tiveram Benedito e como prometido, a família foi libertada. Educado pela fé cristã pelos pais, São Benedito teve uma vida exemplar, trabalho e oração, e ainda no mosteiro passou a se destacar como líder, mesmo sendo analfabeto. Tanto que muitos teólogos enfrentavam longas distâncias somente para encontrar, conversar e aprender um pouco mais com São Benedito. Muito milagres são atribuídos a São Benedito, entre eles a ressurreição de dois meninos, a cura de cegos e surdos e a multiplicação de pães e peixes. Hoje, São Benedito é um dos santos mais populares do Brasil, modelo de caridade e humildade.
    Ossain também é associado a uma figura do folclore brasileiro, o Saci, pois além de ser um grande conhecedor das plantas mora nas matas e em muitas imagens esse Orixá é trazido com uma perna só, existe uma explicação de que Ossain possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folhas possui um só tronco. 
    Trataremos agora a respeito das características gerais relacionadas a esse grande Orixá, o símbolo de Ossain é um cetro de ferro de sete pontas, sendo que na ponta do meio há a imagem de um pássaro, denominado como Opere ou Avivi. Sua data comemorativa é cinco de outubro e seu dia da semana é a quinta feira. Suas cores são o verde e o branco. A saudação de Ossain é “Ewé ó”, que significa: Salve as folhas! Seu elemento é a terra e o vegetal. Tem o domínio de todas as ervas. Quantos as oferendas, são entregues nas matas virgens. Suas principais oferendas são a folha de fumo, o mel e a cachaça inhame.


    E para finalizar, traremos as características dos filhos desse Orixá, os filhos de Ossain não são tão numerosos quanto aos dos orixás mais tradicionais. São tidos como pessoas introvertidas, misteriosas e discretas. Não gostam de interferir ou opinar no que não diz respeito a eles. Falam pouco de si e de seu passado. Dão muito valor à liberdade e são pacientes. Gostam de animais. São equilibrados emocionalmente. Muito racionais. São pouco sociáveis. Independentes. Gostam de se isolar. Muito ligados à terra, às matas e à vida. São muito dedicados dentro de suas religiões. Não suportam ser enganados. São reservados, estudiosos, sinceros, obedientes, introspectivos, alegres, corajosos, cientistas de mão cheia, capazes de desvendar qualquer mistério. Dedicam-se a pesquisas, a arte de curar, têm facilidade de atuar com benzeduras, chás, banhos e encantamentos devido a sua ligação com as ervas. Como amantes são de veneta, algumas vezes insaciáveis e outras vezes ficam um grande período de tempo em abstinência. São profissionais altamente competentes e responsáveis. Não gostam de brigas. Têm grande aptidão a se tornarem feiticeiros. São extremistas. São vingativos. Traiçoeiros, enganadores, articuladores, misteriosos, capazes de grandes maldades. Podem apresentar uma tendência ao uso de drogas. Possuem muito axé. Sua energia negativa é concentrada no olhar.

Ewé ó Ossain!

Júllia de Iansã e Marina de Nanã

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Orixá Ibejis e Erês

Orixá Ibejis e Erês

    Ibeji, etimologicamente, é a junção dos termos iorubas ibi – nascimento, e eji – dois. Este orixá é sincretizado pela figura de irmãos gêmeos, sendo sincretizados aos santos católicos Cosme e Damião. Por serem gêmeos, são associados ao principio da dualidade, da contradição, os pontos que caminham juntos. Ibeji mostra que todas as coisas, em todas as circunstâncias, têm dois lados e que a justiça só pode ser feita se as duas medidas forem pesadas, se os dois lados forem ouvidos. São ligados a tudo que se inicia: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas, etc.



    
    Já os Erês; são a falange de espíritos que são regidos pelo Orixá Ibeji. Esta falange se manifesta com o arquétipo infantil, a fim de dar consultas e realizar os trabalhos que forem necessários. A palavra Erê vem do Ioruba iré, que significa “brincadeira, divertimento”, seu significado está associado a forma de trabalho da Ibejada. Erês considerados protetores das crianças e também dos animais. Assim como todas as entidades que se manifestam nos terreiros, Os Erês são seres de Luz que praticam o Amor e a Caridade. Eles brincam, pulam, cantam, dançam, choram, correm, e não fazem isso sem motivo... De forma pura e divertida eles fazem um trabalho sério, auxiliando a quem precisa, retirando amarguras que nos mesmos nutrimos, aliviam magoas e bloqueios íntimos, retiram angustias, tristezas e pensamentos negativos, e assim despertam a alegria e a doçura que existe em cada um de nós, trazendo a tona à criança interior, que às vezes, na correria do dia-a-dia escondemos de nós mesmos. Eles se manifestam para lembrar-nos que sempre há o que aprender e o que melhorar.
   
    Seu dia de comemoração é 27 de setembro (dia de Cosme e Damião), as bebidas utilizadas são: sucos, e em alguns lugares refrigerante e/ou água com mel. Suas comidas são: Caruru, bolos, doces, balas, pirulitos e frutas. Tem como ponto de força: Jardins, praias, cachoeiras e as matas. Sua saudação é: OniBejada

     Quando pensarem nas crianças, fechem seus olhos e tentem lembrar-se de um dia feliz na sua infância, de uma travessura com seus irmãos e/ou amigos, a alegria desse momento te fará sentir um pouco da energia desses seres de luz. Não esqueçam que por trás do arquétipo de criança existe uma entidade de sabedoria infinita, capas de curar e alegrar os corações mais aflitos. Por isso, aproveitem este momento para desfrutar da pureza das crianças.


Jéssica de Oxalá