Pesquisar

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Características dos filhos dos orixás: Linha da justiça

 

Características dos filhos dos orixás: Linha da justiça

 

Os orixás regentes da linha da justiça são Xangô (irradiador) e Iansã (absorvedor).

O sentimento de justiça (não a nossa justiça, mas a justiça divina) é a energia que manifesta nesta linha através dos orixás acima mencionados. A vibração de Xangô remete à vastidão das montanhas e às asas da justiça e as entidades desta linha são mistas, geralmente, de caboclos, pretos velhos e pessoas da lei. Xangô é o orixá do equilíbrio, da razão e do juízo divino e Iansã, na justiça divina, quando ativada, é regente da lei nos campos da justiça. Iansã é a divindade da justiça em que a natureza eólica (vento) expande o fogo de Xangô, e assim que o ser é purificado de seus vícios ela entra em sua vida, redirecionando-o e conduzindo-o a outro campo no qual retomará sua evolução.

Portanto, Xangô é o fogo que nos purifica de nossos próprios vícios emocionais, reequilibrando-nos e Iansã é o ar que areja nosso emocional e nos proporciona um novo sentido da vida e uma nova direção ou meio de vida. Xangô paralisa e purifica; Iansã movimenta e direciona.

Vejamos as características dos filhos da linha da justiça.



 Filhos de Xangô: os filhos de deste orixá são justos, prudentes, disciplinados, organizados, metódicos, vaidosos e extremante pontuais. Tem uma capacidade de analisar de forma imparcial, tomam decisões muito equilibradas, apresentam um tipo firme, enérgico, seguro e absolutamente austero, tem uma autoestima e autoconfiança muito grande. Podem demorar para tomar uma decisão, mas quando tomam essa decisão é definitiva, gostam de defender os injustiçados, são ciumentos, possessivos e gostam de dar a última palavra. São inflexíveis e agem com intratabilidade e autoridade, mas apesar disso são bondosos, justos, misericordiosos, generosos e inteligentes.

É fácil perceber os filhos de Xangô até mesmo por seu físico que é bem característico, são pessoas de porte forte, podem engordar facilmente se não cuidarem, pois ganham massa ou gordura com facilidade. Mas é tanta a autoestima e a energia que mesmo com muito peso não são pessoas sedentárias e “paradas”, estão sempre à frente de questões que acreditam e nunca fogem de uma questão quando solicitados. Não gostam de aventura, nem de novidades, gostam de tudo do mesmo jeito, no mesmo horário, programado com antecedência. São pessoas que não guardam rancor. Sabe aquela frase “na dúvida faça”, para os filhos de Xangô é: “na dúvida não faça”, pois para eles se não tem certeza é melhor não fazer. São conselheiros e não gostam de ser contrariados, podendo facilmente sair da serenidade para a violência, mas tudo medido, calculado e esquematizado. Acalmam-se com a mesma facilidade quando sua opinião é aceita.

Quando entram no negativo são aquele tipo de pessoa que explode, que não consegue se contrariar; se antes gostavam de ficar com a família, quando entram no negativo gostam de ficar isolados; se antes eram justos, no negativo ficam rancorosos e vingativos;  quando se sentem contrariados ou alvo de injustiças, quem antes era um bom líder, no negativo, fica uma pessoa gananciosa, corrupta, autoritária, arrogante, crítica e que julga o tempo todo.

Kaô Kabecilê.

Filhos de Iansã: normalmente são muito corajosos e tem o espírito de guerreiro, assim como Iansã.  São muito extrovertidos, autênticos, audaciosos, autoritários e não se importam com opinião alheia; são impulsivos e tem personalidade marcante. Alegres, otimistas, vaidosos, irritáveis, atirados, perseguem seus desejos, são diretos no que querem, não escondem seus sentimentos de ninguém, são muito tagarelas e animados, podendo ser vingativos.

Tendem a ser possessivos e seu gênio muda repentinamente sem que ninguém esteja esperando. Entregam-se a súbitas paixões e de repente esquecem, partem para outra, como se seu antigo parceiro nunca tivesse existido. São extremamente fiéis à pessoa que amam enquanto a amam.

Quando as coisas estão complicadas, os filhos Iansã vem como um raio e mostram diretamente “aqui está o problema”, só que um raio, como sabemos, não é uma coisa suave. Então, quando for pedir um conselho para filhos de Iansã eles não vão te fazer carinho na cabeça, simplesmente vão chegar e falar qual é o problema, sem rodeios. Como são muitos impulsivos eles já chegam falando o que está errado, mesmo sem querer falar para magoar a pessoa, falam muitas coisas sem pensar. Quando entram no negativo se tornam muito estressados, com tudo e todos.

Eparrey Iansã.

Lembrem-se da reflexão e do equilíbrio, sempre.

Axé.

Ana de Iansã

terça-feira, 25 de maio de 2021

Características dos filhos dos orixás: Linha do conhecimento

 

Características dos filhos dos orixás: Linha do conhecimento

 

Na terceira linha da Umbanda estão os orixás regentes Oxóssi e Obá.

A manifestação dos orixás em cada linha se dá em pares, suas características se contrapõem e, ao mesmo tempo, se complementam, gerando um equilíbrio cósmico, espiritual, universal e energético.

Portanto, em cada linha da Umbanda existe um orixá que irradia sua energia de forma irrestrita (expansor) e o outro irradia energia que corrige, consome e depura os desequilíbrios no campo de atuação de cada linha (absorvedor). No exemplo da linha do conhecimento, Oxóssi irradia sua energia expansora do conhecimento e da busca pelo conhecimento; já Obá auxilia os seres na síntese, no foco e na concentração destes conhecimentos com sua energia absorvedora.

Seguindo, na linha do conhecimento (terceira linha da Umbanda) temos os orixás Oxóssi (irradiador) e Obá (absorvedor) e veremos a seguir as características básicas dos filhos destes orixás, objeto deste singelo estudo.



Filhos de Oxóssi: os filhos de Oxóssi são alegres, extrovertidos, animados, muito honestos, cooperativos, criativos, curiosos, faladores, ágeis, gostam de ajudar (não negam ajuda as pessoas a sua volta) e se preocupam bastante com os outros. São pessoas que não ficam adiando as coisas que deve fazer, já vai e faz, até porque eles não gostam de ficar parados, gostam de ação (para eles vale o seguinte: “não deixe para depois o que pode fazer agora”).

Seu raciocínio é muito rápido e são voltados a solução; por exemplo, se tem um problema não fica olhando o problema, ele já quer ir direto para a solução. São guerreiros, lutadores e é muito raro algo conseguir abatê-los, parece que a energia da vida flui facilmente para essas pessoas. Tem bastante dificuldade em demonstrar seus sentimentos aos outros e prezam muito pela liberdade; não gostam de ficar presos. Quando amam são muito zelosos e fiéis, mas não toleram ser enganados. Magoam-se com facilidade e caso você venha perder a amizade de um filho de Oxóssi, saiba que será para sempre. Os filhos de Oxóssi não aceitam serem enganados de nenhuma forma. São ótimos trabalhadores, muito focados e determinados.

Quando entram no negativo (lembrando que o negativo não é o orixá e sim a energia do orixá que vibra na pessoa; essa energia que está negativa, ou seja, vai manifestar de forma contrária) ficam fechados, não querem saber de ninguém, nem contato social, não querem sair, se tornam arrogantes, com palavras que machucam as pessoas e passam a ser preguiçosos.

Por fim, Oxóssi está ligado a tudo que é natural, à natureza, inclusive dons como a dança, o canto e as artes plásticas. Viver em sintonia com esse orixá é esperar a positividade e buscar no mundo o que ele naturalmente nos oferece. Por amar tanto tudo que naturalmente possuímos, ele também representa um pouco de preguiça e comodidade, pois, para poder contemplar é necessário paciência e tempo de relaxamento.

Oke Arô Oxóssi.

 

Filhos de Obá: os filhos de Obá são simples em estilo de vida, mas tem grande conhecimento. Muito esforçados, bondosos, focados, tem muita força de vontade, mas podem se tornar vingativos. São um pouco antissociais e muito sinceros, devido a isso podem afastar pessoas mais sensíveis. Por vezes chegam a ofender com sua sinceridade e isso faz com que tenham dificuldade em fazer amigos, mas suas poucas amizades são duradoras. São ingênuos, teimosos, muito ciumentos, desconfiados e inseguros.

Frequentemente passam uma imagem e são outra. Por exemplo, passam uma imagem de delicado, sensível, inocente, mas, na realidade, são fortes, determinados e lutadores.

Os filhos de Obá, na maioria das vezes, sofrerem de um certo complexo de inferioridade e costumam ser secos e ríspidos com os que rodeiam. Quando os filhos deste orixá então no negativo eles entram totalmente no oposto do que são e se eles são racionais entram para o emocional, mas o emocional negativo; aquela pessoa focada, racional vira uma pessoa com explosão de raiva, briguenta, possessiva e extremamente vingativa.

Akiro Obá Yê.

 Sempre buscando o equilíbrio, seguimos estudando as características dos filhos dos orixás da Umbanda.

Muito axé a todos vocês e bom estudo.

Ana de Iansã

 

 

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Características dos filhos dos orixás: Linha do amor

Características dos filhos dos orixás: Linha do amor

     Seguindo nosso estudo, veremos as principais características dos filhos de Oxum e Oxumaré, orixás da linha ou trono do amor.

Cabe aqui esclarecer que cada linha (também chamada de trono) na Umbanda Sagrada é regida por dois orixás, sendo um deles irradiador e outro absorvedor da força divina. No caso em estudo, Oxum é o orixá que irradia a força divina do amor e Oxumaré absorve o excesso desse amor, sempre buscando o equilíbrio desta energia divina em cada um de nós.

Filhos de Oxum: os filhos e filhas de Oxum são muito chorões, dramáticos, estratégicos, amam joias, ouro e tudo que se relaciona com beleza (perfumes, roupas etc.). São pessoas extremamente vaidosas, elegantes e muito ciumentas, sendo extremamente ligadas à aparência. Adoram o luxo, riqueza, conforto e também são muito emotivos, carinhosos, bondosos, justos, honestos e acolhedores.

Os filhos de Oxum preferem contornar habilmente um obstáculo a enfrentá-lo de frente. Sua atitude lembra o movimento do rio, a água contorna uma pedra muito grande que está em seu leito, em vez de chocar-se violentamente contra ela, moldando-a, com o tempo, ao movimento das águas. São muito determinados e estrategistas, pessoas capazes de mascarar seus sentimentos. Por exemplo, se em uma reunião não gostarem de uma pessoa, diferente dos filhos de Iansã e de Ogum, elas não vão explodir, simplesmente vão mascarar o sentimento. “Fingem” que gostam dessa pessoa. Tomam tal atitude pois acreditam que, caso demostrem algum desafeto, poderão não mais convidá-los para as reuniões, que poderão ser demitidos por conta de barraco. Querem sempre “sair bem na foto”. Dão muito valor à opinião das pessoas.



Filhos de Oxumaré: já os filhos de Oxumaré são pessoas muito prósperas, sensíveis, curiosas, extrovertidas, prestativas, inteligentes, observadoras, detalhistas, algumas de fala mansa, desconfiadas, delicadas, carinhosas, apesar de serem muito objetivos. São simples, mas que gostam sempre do melhor, são pacientes, mas se têm um objetivo não sossegam enquanto não cumprirem. A vida deles tem muito movimento, gostam muito de mudanças, não gostam de se sentir presos, seja em uma relação ou lugar. São focados no hoje, no agora, não ficam pensando no futuro, não pensam "se eu fizer isso pode acontecer aquilo".

Donos de uma intuição muito grande e, às vezes, preferem acreditar mais em si mesmos que em uma pessoa mais esclarecida no assunto. Se preocupam muito com as outras pessoas. São muito diretos, se existe algo a ser feito, fazem o que for necessário para dar tudo certo. Quando estão negativos passam a gostar muito de fofoca, tanto contar quanto ouvir, passam a ser exibicionistas, egoístas, possessivos, ciumentos, irresponsáveis e inconsequentes. Possuem bom coração, estão sempre dispostos e não suportam traição. No dia a dia, eles são pessoas fáceis de se lidar, mas não deixe um filho de Oxumaré irritado, pois eles podem ser perigosos e traiçoeiros. Quem tem esse orixá em sua coroa costuma ser elegante e gracioso, mas são orgulhosos e gostam de ostentar, por isso tome cuidado.

Então, cabe agora, aos filhos de Oxum e Oxumaré, refletir e buscar sempre o equilíbrio.

Axé a todos.

Ana de Iansã

terça-feira, 18 de maio de 2021

Características dos filhos dos orixás: Linha da fé

 Características dos filhos dos orixás: Linha da fé

Interessante assunto a ser tratado são as características dos filhos de cada Orixá, especialmente aquelas que ressoam negativamente, ou melhor, que deverão ser trabalhadas e melhoradas por nós para nossa evolução. Todos ficamos ansiosos, esperando o dia em que nos será revelada a força divina que rege nossa vida atual (orixá de cabeça/frente ou adjunto), e ainda o nosso orixá ancestral (aquele que rege nossa existência e que permanece por todas as vidas).

Sobre o orixá de cabeça ou de frente é bom esclarecer que é ele quem atua de forma racional, determinando as principais características de raciocínio e expressões físicas, assim como a forma que os outros nos veem. Atua no chakra frontal (terceiro olho). Já o orixá juntó ou adjunto dá suporte ao orixá de cabeça, agindo quando o racional não mais consegue fazê-lo. Este é responsável pela determinação das emoções. Portanto, quando há um desiquilíbrio e uma perda da forma lógica de raciocínio (orixá de cabeça), o orixá adjunto aparece para te dar energia pelo lado emocional e para te reerguer.

Interessante entender que em um momento de pressão, quando o racional já não consegue mais atuar, o modo de agir da pessoa seguirá o temperamento oriundo de seu orixá juntó ou adjunto. Por exemplo: uma pessoa com Oxalá de frente e Iansã de juntó, será tempestuosa em momentos de desiquilíbrio, mostrando uma coragem e ação que aparentemente não tinha. O orixá ancestral demonstra a essência da pessoa, o que há de divino desde a sua criação, a natureza verdadeira do ser humano, o íntimo, a verdadeira face de cada um.



 Feita essa pequena introdução, com o estudo que se segue tem-se a intenção de instigar cada um para pesquisar e refletir sobre suas características, observando-as e identificando-as para procurar melhorar e buscar sua própria evolução. Afinal, as energias trabalhadas em nosso Terreiro provêm da força desses seres que guiam e regem as nossas vidas e conhecer a essência dessas divindades é se autoconhecer e se compreender melhor.

A partir de agora, serão apresentados alguns textos de cada linha da Umbanda para reflexão e espero que possa contribuir de alguma forma na vida de cada irmão que ler.

 Filhos de Oxalá: Os filhos e filhas de Oxalá são conhecidos por sua criatividade e inteligência. Costumam ser calmos, generosos, teimosos, perfeccionistas, detalhistas, arrogantes e tem potencial para liderar. Não sabem perder e nem receber críticas, muitas vezes impõem sua opinião, não gostam de desorganização e tem um ego muito grande. Zangam-se com facilidade. São fechados, tendo dificuldade de expor problemas e desabafar. Tem grande carinho por crianças, são excelentes pais e mães, tem uma figura paternal que passa a sensação de que “está tudo bem”. A velhice tende a tornar os filhos de Oxalá irritados e rabugentos. Gostam de lugares calmos. Não gostam de mandar, de ser mandados e também não gostam de relação de dependência. São pessoas da paz, mas quando entram no negativo tornam-se autoritários, ficam muito críticos, frios, calculistas e distantes.

 Filhos de Logunam: Os filhos e filhas de Logunam são introspectivos e até um pouco tímidos, são simpáticos, discretos, silenciosos, observadores, independentes, amigos, leais conselheiros, emotivos (mas guardam suas emoções para si), lutadores e muito sinceros. Podem ser retraídos, estrategistas, disciplinados, práticos (não perdem tempo), possessivos, muito ciumentos, evasivos, descrentes e desconfiados. São bastante intuitivos, não perdoam com facilidade, apreciam as coisas religiosas, gostam de conversar e de presenciar. Não gostam de brigas, discussões e preferem lugares calmos. Gostam de acompanhar a moda, mas com cores neutras, não muito chamativas e com roupas versáteis. Quando entram no lado negativo eles ficam completamente frios, a ponto de magoar as pessoas que amam e nem perceber. Nesse momento também se tornam estressados, barraqueiros, acham que são donos da verdade e muito orgulhosos.

Que todos possamos refletir sobre as características dos orixás, a fim de evoluir. Axé e até a próxima, com a linha do amor.

 

Ana de Iansã

com participação de Girlei de Iemanjá.

terça-feira, 11 de maio de 2021

O estômago – espiritualidade, metafísica da saúde e as ervas

O estômago – espiritualidade, metafísica da saúde e as ervas

 

    Talvez vocês possam achar estranho este título, mas vou explicar.
  Um dia bem cedo, antes do sol nascer, após chegar de uma atividade que envolvia o Terreiro e de uma noite com alguns desdobramentos também envolvendo-o, tomando meu cafezinho e olhando para uma plantinha que havia ganhado alguns dias atrás,  “me veio à cabeça” (expressão que uso sempre, mas para mim já significa que é a espiritualidade me intuindo ou se comunicando comigo) que poderia escrever este texto com este título, pois existem muitas pessoas, inclusive próximas, que sofrem de dores no estômago e região devido a vários sentimentos e que poderão, com o auxílio das ervas e da metafísica da saúde, entender e melhorar sua qualidade de vida, trabalhando as mudanças que deverão fazer para ter bons resultados.
    E aqui estou, tentando contribuir de alguma forma, mas acreditem, sou a primeira a ser beneficiada com este pequeno estudo. Antes de continuar o assunto, vou explicar o que é “Metafísica da Saúde”. Este estudo parte do princípio de que “Você é a causa de Tudo”. O termo Metafísica (meta= além e física= matéria) pode ser entendido como tudo que está além do físico ou da matéria, incluindo toda a esfera psíquica, emocional, energética, espiritual e sentimental.
    Conforme o estudioso Valcapelli explica:
A raiz dos problemas físicos está na atitude interior frente às situações do cotidiano. É a postura da pessoa que determina a saúde do corpo ou desencadeia as doenças que afetam o organismo. De acordo com o órgão afetado e o tipo de alteração que ele apresenta, o corpo revela como a pessoa se encontra na área da vida que se correlaciona com ele. Observando e interpretando seu comportamento, pode-se ter uma noção da sua vulnerabilidade à determinada doença ou o fortalecimento de um determinado órgão.
O corpo é um sensor que acusa o modo como estamos lidando com os acontecimentos. Cada parte dele reflete uma emoção. Todas as alterações metabólicas do organismo têm sua origem no desequilíbrio emocional. Na vida somos cercados pelas situações do ambiente que afetam nossas emoções; pode-se dizer que, dependendo do nosso estado emocional, vamos reagir diante dos acontecimentos. De acordo com essas alterações emocionais, vamos manter a saúde ou provocar as doenças.”
 
    Veja que tudo está relacionado ao autoconhecimento e a evolução e conscientização de como e quem somos, além disso podemos observar cada acontecimento, interpretar e identificar os pontos que deixamos de expressar e que provocam as doenças físicas. Com essa consciência metafísica de uma disfunção do organismo, adquirimos o recurso para a reorganização do mundo interno que reflete no ambiente externo e principalmente no corpo em forma de saúde e vitalidade.
    Portanto, se estamos conscientes que determinado acontecimento vai adoecer nosso corpo e descobrimos as atitudes positivas para equilibrar a saúde física, psíquica, emocional e espiritual, é claro, devemos utilizar esse recurso como autoajuda, ou seja, aquela expressão que mencionei inicialmente de que “Você é a causa de Tudo” pode se transformar em “Você é a solução de Tudo”.


    Pois bem, daí seguimos nosso estudo. O estômago, para a metafísica da saúde, é o PROCESSADOR DAS EMOÇÕES BÁSICAS FRENTE AOS FATOS. Vamos entender melhor. Após os alimentos serem ingeridos e passarem pelo esôfago chegam ao estômago, onde é processado e transformado em uma massa semilíquida que seguirá seu curso no corpo humano. A atividade muscular do estômago se completa quando há seu esvaziamento total que leva de três a quatro horas e meia, dependendo do tipo de alimento ingerido.
    Portanto, o estômago processa e prepara esses alimentos para as etapas seguintes da digestão. Então a atividade do estômago está ligada a gerar emoções. As impressões vindas do externo nos causam reações que são percebidas em forma de sensações viscerais.
    A região abdominal (onde localiza-se o estômago) é um centro energético poderoso e onde gera as emoções básicas como raiva, medo, alegria, atração, aversão etc. Por isso que quando é produzida uma emoção sentimos no estômago (aquele frio no estômago). A partir da produção da emoção ou dessa energia emocional ela é distribuída para a região do corpo correspondente e transformada em sentimentos.
    Seguindo, passa-se à expressão. Quando deixamos de expressar esses sentimentos haverá um acúmulo de energia na região do estômago que obviamente gerará alteração no metabolismo orgânico, ou seja, manifestará no estômago em forma de doença/dor. Então, a causa principal das doenças no estômago são a negação das emoções básicas produzidas diante dos acontecimentos.
    Quando o alimento entra no estômago está relacionado aos fatos ocorridos à nossa volta. Daí a mente entra em ação, elaborando os acontecimentos para eliminar aquilo que não é verdadeiro com o seu “Ser” para absorver ou não os conteúdos recebidos. Ocorre que muitos de nós ficamos remoendo os acontecimentos ou dramatizando mentalmente, provocando a fermentação estomacal. Os problemas estomacais se originam justamente nas pessoas que fazem um julgamento muito precipitado sobre acontecimentos que possuem dificuldade de elaborar o novo (falta aceitação).
    Pois bem. Essa negação de instintos básicos provoca conflitos que bloqueiam o fluxo natural do ser. Por exemplo: se a pessoa precisa manifestar raiva e a esconde, sendo falsa e fingindo estar feliz com determinada situação, está negando seu instinto básico e bloqueando aquela energia emocional gerada por um acontecimento determinado. Isso certamente vai gerar desconforto no estômago que pode ser em forma de gastrite, enjoo, etc. Contudo, não se pode concluir que a pessoa deve manifestar sua raiva e agredir a outra pessoa, mas sim, usando sua inteligência emocional, manifestar sua emoção (raiva) de forma digna, inteligente e verdadeira consigo mesma.
    Então devemos procurar “Viver sem conflitos”, ou seja, aceitar de forma espontânea as situações da vida. Mostrar quem somos, sem medo de criar expectativas nos outros, sem extravasar impulsivamente as sensações. Somos todos dotados de senso de discernimento e inteligência para expressarmos de maneira digna e inteligente, sendo verdadeiros conosco mesmos.
    A aceitação de si próprio é essencial para o processo digestivo, pois quando a pessoa não se aceita ela passa a ter muitos problemas e conflitos internos que vão se agravando com o desenrolar das situações a sua volta. Daí porque as negações dessas emoções provocam congestionamento energético que causam as complicações digestivas.
    Pensemos sobre esses pontos propostos e que saibamos utilizar nossa inteligência, com o auxílio da espiritualidade, para que manifestemos nossas emoções sendo verdadeiros conosco e nos aceitando verdadeiramente. Não é fácil esse exercício, mas deve ser constante e nunca podemos desistir de nós mesmos.
    Proposta aceita? Eu já aceitei e comecei.
    Feito esse panorama sabemos que as plantas são seres divinos que nos auxiliam nos tratamentos e curas de várias doenças e citaremos aqui algumas que poderão auxiliar no tratamento daquelas relacionadas ao estômago, que é o nosso estudo de hoje.
    Saliento que as plantas são utilizadas para o tratamento tópico, mas que cabe a cada um refletir e fazer as modificações necessárias nas causas (metafísica da saúde) que levaram aos efeitos (dores/doenças) relacionadas ao tema em epígrafe (doenças estomacais).
    Sabemos que os guias estão sempre nos indicando o uso de ervas para tratamento, especialmente os Caboclos e Pretos Velhos que nas suas existências de encarnados utilizavam sobremaneira as plantas para todo tipo de cura e tratamento do corpo físico, já que eram talvez a única forma de tratamento disponível à época e na cultura, além da espiritualidade cultural específica, é claro. 

Seguem algumas plantas que poderão ser utilizadas:
    Hortelã-pimenta (folha fina): nome científico: Mentha piperita; é planta medicinal e erva aromática.
    Indicação: Problemas no estômago, gastrite, má digestão, náuseas e vômitos: ajuda a tratar problemas digestivos, pois acalma o estômago e acalma as náuseas e os vômitos.
    Modo de usar: chá de Hortelã-pimenta ou de gotas de óleo essencial.
    Folha Santa: Nome científico: Kalanchoe brasiliensis Cambess.
    Indicação: tratamento de doenças gastrointestinais, como gastrite, dispepsia ou doença inflamatória intestinal, por exemplo, pelo seu efeito calmante e cicatrizante da mucosa do estômago e intestino.
    Modo de usar: Chá ou suco; Chá: 3 colheres de sopa de folhas picadas; 250 ml de água fervente. Suco: 2 folhas menores ou 1 grande; 1 copo de água gelada, bater no liquidificar.
    Aranto: também conhecido como mãe-de-mil, mãe-de-milhares e fortuna, é uma planta medicinal; Nome científico: Kalanchoe daigremontiana.
    Indicação: anti-inflamatório, anti-histamínico, cicatrizante, analgésico e potencialmente antitumoral.
    Modo de usar: consumo de suas folhas na forma de sucos, chás ou cruas em saladas. Não devem ser ingeridas mais de 30g de aranto por dia pelo risco de efeitos tóxicos no corpo com suas altas dosagens.
    Obs: não confundir com amaranto, que é um cereal rico em proteína.
    Babosa: é uma planta medicinal, também conhecida como Aloé vera, Caraguatá, Erva babosa, Babosa de botica ou Babosa. Nome científico: Aloe vera e Aloe succotrina.
    Indicação: propriedades calmantes, cicatrizantes, anestésicas, antitérmicas e anti-inflamatórias.
    Modo de usar: gel com água ou suco. Como fazer o suco: lavar as folhas de babosa na água corrente (esfregando delicadamente toda as suas partes com as mãos), pois assim que a planta é destacada de sua raiz ela secreta um líquido amarelado e tóxico que não deve ser consumido; seque-as com algumas folhas de papel toalha e, com a ajuda de uma faca afiada, corte a casca lateral da folha deslizando a lâmina por todo o seu comprimento até "abri-la"; Em seguida, corte uma camada bem fina da casca superior (de modo a deixar somente o gel de babosa no topo da folha inferior) e descarte; com o auxílio de uma colher de sopa, retire a substância transparente e pegajosa da folha (o gel), remova quaisquer resíduos amarelados ou esverdeados que ficarem grudados na parte incolor e coloque somente o gel de babosa no liquidificador; O segredo é bater duas colheres (sopa) do gel (1 folha de babosa) com pelo menos 500 ml de água gelada; Se forem 4 colheres (geralmente 2 folhas de babosa), bata com 1 litro de água e por aí vai; por fim, acrescente alguns cubos de gelo e adoce com o açúcar mascavo, mel ou demerara.
    Boldo: é planta medicinal e também aromática, com cheiro parecido ao da hortelã, tendo efeito calmante e relaxante quando usado na forma de chá ou banho de imersão. Nome medicinal: boldo do Chile ou boldo verdadeiro: Peumus boldus Molina; boldo brasileiro, boldo da terra ou falso boldo: Plectranthus barbatus.
    Indicação: tratamento da gastrite.
    Modo de usar: O boldo pode ser consumido na forma de chá ou suco usando as folhas frescas do boldo brasileiro ou as folhas secas do boldo do Chile. O chá de boldo pode ser preparado imediatamente antes de tomar e as folhas não devem ser fervidas junto com a água para evitar o sabor amargo forte dessa planta. Chá de boldo: adicionar 1 colher de chá de folhas de boldo picado em 150 ml de água fervente. Deixar descansar por 5 a 10 minutos, coar e tomar morno logo em seguida. O chá de boldo pode ser tomado de 2 a 3 vezes ao dia antes ou após as refeições. Outra opção é tomar uma xícara antes de dormir para ajudar a digestão após o jantar e ter uma noite de sono tranquilo.
Suco de boldo: adicionar 1 colher de chá de folhas de boldo picado em 1 copo de água gelada e meio copo de suco de limão. Bater no liquidificador, coar e beber em seguida.
    Camomila: Nome científico: Matricaria recutita;
    Indicação: para qualquer problema estomacal, a camomila tem propriedades calmantes cujos benefícios chegam a outros sistemas do corpo, além do nervoso. No estômago, promove a regeneração da mucosa e combate a inflamação. Melhora a sensação de má digestão e a alivia o enjoo.
    Modo de usar: Prepare um chá com as flores e beba uma xícara três vezes ao dia para sentir os resultados.
    Sálvia: Nome científico: nome científico Salvia officinalis.
    Indicação: É muito usada para diminuir a acidez. Suas propriedades terapêuticas melhoram os sintomas da gastrite crônica. Transtornos funcionais do trato gastrointestinal, como dificuldades na digestão, excesso de gases intestinais ou diarreia, devido à sua ação estimulante do sistema gastrointestinal.
    Modo de usa: Chá: 1 colher de sopa de folhas de sálvia; 1 xícara de água fervente. Modo de preparo: colacar uma xícara de água fervente sobre as folhas e deixar em infusão por cerca de 5 a 10 minutos e coar. O chá pode ser utilizado para fazer gargarejos ou bochechos várias vezes ao dia, tratar lesões na boca ou na garganta, ou pode-se tomar 1 xícara do chá, 3 vezes ao dia, para tratar a diarreia, melhorar a função digestiva ou reduzir o suor noturno.
    Espinheira santa: planta medicinal e óleos essenciais. Nome científico: Maytenus ilicifolia;
    Indicação: ação cicatrizante sobre úlceras estomacais.
    Modo de usar: Pode ser preparada através de infusão (chá) normalmente utiliza-se 20g de folhas de Espinheira-Santa para 1 litro de água. Toma-se uma xícara de chá desta preparação antes das principais refeições.
 
    Essas são algumas plantas que poderão ser utilizadas enquanto estiver tendo sintomas no corpo físico. Contudo, a metafísica da saúde e a espiritualidade sempre nos ensinam que em tudo deve haver equilíbrio, autoconhecimento e cuidado consigo mesmo para que não chegue a adoecer o físico. É uma questão de prevenção que cada um deve fazer em si.
Axé e que Olorum nos ilumine sempre.

Girlei de Iemanjá

terça-feira, 4 de maio de 2021

Os Atabaques

Os Atabaques

 

Os tambores são instrumentos musicais de percussão formados por uma armação oca, tendo, sobre essa, uma pele esticada que produzirá um som quando for percutida. O som do atabaque vem da vibração do couro. Os primeiros tambores eram feitos de troncos ocos, cobertos pelas bordas com peles de répteis ou couro de peixes, sendo percutidos com as mãos. Com o desenvolvimento musical do ser humano, a grande variedade de tamanhos, formas, tipos de couros e de métodos de fixação da pele na madeira, foram surgindo.

Os tambores sempre tiveram funções diversas como a de transmitir alegria em festas populares, transmitir mensagens a distância e principalmente a função religiosa. Tidos como objetos sagrados, com poderes mágicos, mesmo atualmente sua confecção envolve rituais sagrados.

Em todo o mundo encontram-se religiões que utilizam este instrumento em seus cultos. Na China, há mais de 2.000 anos, usam-se tambores feitos de bronze nos rituais sagrados e cerimônias de casamento. No Japão um gigantesco tambor, chamado o-taiko, é percutido no ritual “Bate o Coração da Mãe-Terra”. Os nativos norte-americanos também associam os toques às batidas do coração da Mãe-Terra. Para os xamãs, o tambor é um veículo para invocação de espíritos, para curar e afastar as forças do mal.

O atabaque usado nos terreiros consiste em um tambor cilíndrico, ligeiramente cônico e comprido, a abertura maior é coberta por couro animal, esse couro pode ser de bode, boi ou búfalo (a escolha do couro vai depender do som que quer se produzir e da capacidade das tarraxas do atabaque de prender o material).



O nome do atabaque vem do árabe, at - tabaq, e significa “prato”. Seu som é condutor do axé dos orixás e guias. A vibração do couro e da madeira interagem, gerando forças capazes de relacionar-se diretamente com as mais variadas frequências vibratórias, de acordo com a necessidade dos trabalhos.

O primeiro terreiro fundado por Pai Zélio e o Caboclo das 7 Encruzilhadas trabalhava sem atabaques, usando apenas as palmas e cantos na sustentação das giras, alguns terreiros ainda mantêm essa tradição. Outras tendas fundadas por Pai Zélio e o Caboclo das 7 Encruzilhadas, introduziram os atabaque devido, principalmente, à influência do Candomblé.

            Na Umbanda os atabaques são percutidos com as mãos, já no Candomblé e nos terreiros de Umbanda traçada eles podem ser percutidos com varetas feitas com madeira de goiabeira, chamadas de aguidavis ou podem ainda ser percutidos de maneira alternada (usando uma das mãos e na outra mão um aguidavi).

Os atabaques são sagrados e devem ser respeitados, sua confecção terá a influência de alguns orixás. Na madeira está presente o axé de Xangô, nos aros metálicos está presente o axé de Ogum e Exu e no couro está presente o axé de Oxóssi.

O conjunto de atabaques no terreiro é formado, geralmente por um trio, nos cultos de nação cada atabaque terá um toque específico e uma obrigação, porém, isso não acontece na Umbanda. Quando a casa usa mais de 3 atabaques, a sequência RUN, RUMPI e LÉ deve ser respeitada (ao lado de um Run sempre um Rumpi e ao lado de um Rumpi sempre um Lé). Sendo assim a disposição de 5 atabaques deve ser, seguindo da esquerda para a direita: Lé - Rumpi - Run - Rumpi - Lé. Há casas que têm os 3 atabaques, mas eles não são um conjunto, nesses casos são usados atabaques do  mesmo tamanho, geralmente do tamanho do Rumpi.

Os atabaques são de extrema importância dentro do terreiro pois, são eles juntamente com a curimba que irão movimentar a energia durante a gira. Cada atabaque terá um nome e será consagrado a um orixá específico, variando de casa pra cada.


·   RUN: O maior atabaque, de tom mais grave. Seu nome em iorubá significa voz (ohùn) ou rugido (hùn). Na Tenda de Umbanda Caboclo 7 Flechas e Jurema esse atabaque é consagrado à Oxum

·   RUMPI: Atabaque de tamanho médio e de tom mediano. Seu nome em iorubá significa “rugido imediatamente” (hùn pi). Na Tenda de Umbanda Caboclo 7 Flechas e Jurema esse atabaque é consagrado à Oxalá.

·   LÉ: É o menor atabaque e tem o som mais agudo. Seu nome na língua Ewe (falada em Gana, Benim e Togo)  faz alusão ao seu tamanho e significa “pequeno”. Na Tenda de Umbanda Caboclo 7 Flechas e Jurema esse atabaque é consagrado à Oxóssi.

 

Nos barracões de Candomblé o Run é responsável pelos repiques feitos durante os toques enquanto Rumpi e Lé dão suporte para manter o ritmo dos toques. Na Umbanda essa regra não é aplicada porque os atabaques são tocados ao mesmo tempo e no mesmo ritmo, os repiques podem ser feitos por qualquer um dos 3 atabaques. O instrumento na nação Angola também pode ser chamado de Ilu, Angomba ou Engoma.

Como instrumentos sagrados que são, devem sair do terreiro apenas para trabalhos específicos em pontos de força na natureza (praia, cachoeira, pedreira, matas, etc). Não devem ser tocados por pessoas despreparadas, podendo acarretar alterações energéticas.

A afinação dos atabaques é primordial, a diferença de tonalidades entre eles, vindo do grave à aguda. Para um bom equilíbrio é importante que haja harmonia sonora, ajustando-se a afinação de acordo com a acústica do local.


Layla de Omolu