Obaluaê

 Obaluaê

    Obaluaê, como é conhecido na cultura afro, é o senhor da terra, o Orixá da cura, da saúde e também das doenças. Na Umbanda é um dos sete orixás maiores, e o sincretismo pode variar de acordo com a região do Brasil, mas normalmente sincretizado com São Lázaro. Ele é o orixá da cura, da saúde e da transformação. Carrega na mão seu instrumento, o Xaxará, para afastar os espíritos dos mortos (eguns). 

    Suas oferendas são pipocas estouradas com areia da praia ou azeite de dendê e coco e são entregues em um alguidar de barro e deixadas no cruzeiro das almas. Sua energia está relacionada com o elemento terra.

    As cores usadas são: Preto, vermelho e branco. A saudação a Obaluaê é Atotô que significa silêncio.

    Na nossa doutrina Obaluaê atua como orixá irradiador na sexta linha, a linha da evolução, onde polariza com Nanã, que é o orixá Absorvedor. Ele então é positivo e passivo, ou seja, irradia evolução para toda a criação. Evolução é mudar todos os dias, crescer, melhorar e subir um degrau de cada vez na escada da vida.

    Segundo a mitologia, Obaluaê nasceu coberto de chagas e foi abandonado em uma praia por sua mãe Nanã. Iemanjá encontrou a criança e o levou para morar com ela em uma ilha, onde cuidou das feridas de Obaluaê e o criou com amor e carinho. Quando ficou adulto Obaluaê se cobriu com uma roupa feita de palhas da costa, para esconder as cicatrizes deixadas pelas chagas e saiu pelo mundo em busca do conhecimento da cura, para assim ajudar aos outros como ele foi ajudado. Outra mitologia diz que Obaluaê só cobriu seu corpo com as palhas porque seu brilho era tão intenso como o do sol, para proteger a visão daqueles que o amavam.

    Essas mitologias nos mostram como Obaluaê teve força e coragem para vencer as adversidades; curando a si mesmo, dominando a própria fraqueza e vencendo os próprios medos para só depois ajudar o próximo. 

Emily de Oxalá.

Arquétipos e Roupagem Fluídica

Arquétipos e roupagem fluídica

    - O que é Arquétipo?

    Arquétipo é um conceito da psicologia utilizado para representar padrões de comportamento associados a um personagem ou papel social.

    - E o que é roupagem fluídica?

    Roupagem fluídica é uma forma de camuflagem que os espíritos usam para se mostrarem com diferentes aparências, usam de outras imagens (aparências) que não são as suas, se utilizando da manipulação de fluídos para isso.

    Na umbanda nós temos diversas linhas de trabalho com seus diferentes arquétipos e roupagem fluídica, ao decorrer da explicação irei citar algumas.

    Irei começar com um pequeno exemplo logo do início da fundação da Umbanda:

    A Umbanda é uma religião brasileira, fundada no dia 15 de novembro de 1908 por Zélio Fernandino de Moraes, com incorporação do caboclo Sete Encruzilhadas, o caboclo faz questão de dizer que era um índio brasileiro, esse dia Zélio estava indo buscar ajuda na Federação Espírita de Niterói, havia um vidente presente e ele que estava presente disse:      Como você viria um índio se vejo em você vestes litúrgicas ou seja estou vendo um padre. E aí o caboclo responde: O que você está vendo são restos de uma encarnação anterior em que eu fui um frei Gabriel de Malagridas mas hoje me manifesto como índio brasileiro e aqui venho fundar uma nova religião onde todos são aceitos.

    Vejam, logo na primeira apresentação o Caboclo das Sete Encruzilhadas poderia ter se mostrado como um frei, ele sim fez questão de se mostrar como índio brasileiro, mostrando que essa nova religião todos seriam aceitos, mostrando respeito e veneração que a religião da Umbanda expressa, a Umbanda traz a sua linha de arquétipos variados, nós temos índios brasileiros se expressando na linha de caboclos, nós temos negros africanos que foram escravizados de expressando na linha de pretos velhos, o homem do campo se expressando na linha de boiadeiro, a linha de Pombagira que traz a representação de uma mulher forte e imponderada, a linha de Exu que traz os guardiões e protetores, a linha de Erês que traz as crianças e outras inúmeras linhas, a Umbanda é uma religião que expressa as culturas e os valores da Terra, e na maior parte encontramos um povo de resistência, que sofreu, que foi agredido e que foi violentado, mas que traz muita sabedoria para ajudar os encarnados.

Karol Souza de Xangô.

Omolu

Omolu

    Muitas dúvidas surgem quando o assunto é Omolu, a principal delas é se Obaluaê e Omolu são o mesmo Orixá. Sim, eles são o mesmo Orixá, porém, em planos diferentes. Os orixás são energias divinas que se manifestam na natureza e apesar de Obaluaê e Omolu terem energias similares, não são iguais. É comum que essa confusão aconteça, pois, o físico e o espiritual coexistem, porém em planos diferentes. 

    Para exemplificar melhor a diferença entre Omolu e Obaluaê, imaginem uma linha horizontal, com duas figuras, uma caminhando na parte de cima e outra na parte de baixo, como um reflexo. Obaluaê está em cima, no mundo físico e Omolu está em baixo, no mundo espiritual.

    Na nossa doutrina Omolu atua como Orixá absorvedor na sétima linha, a linha da geração, onde polariza com Iemanjá, Orixá irradiador. É um Orixá cósmico, negativo, absorvedor e está ligado ao chakra básico. Omolu não representa somente a morte física, mas sim a morte relacionada aos sete sentidos da vida (fé, amor, conhecimento, justiça, lei, evolução e geração) para que a partir dessa morte, novas ideias possam ser geradas. Ele termina um ciclo para que Iemanjá possa criar outro, paralisa as criações em desequilíbrio, impedindo seu progresso. Tudo que tem fim relaciona-se a essa divindade.

    Conta a história que certo dia Obaluaê resolveu deixar a ilha onde morava para viajar pelo mundo e adquirir conhecimento. Ele rodou o mundo todo, conheceu todas as doenças do corpo físico e a cura para cada uma delas, tornando-se o senhor da vida. Quando já era mais velho, foi até Olorum pedir permissão para andar pelo mundo espiritual e adquirir novos conhecimentos, uma vez que já havia obtido todo conhecimento possível sobre as enfermidades do mundo físico. Olorum atendeu ao pedido e, de Obaluaê criou Omolu, feito à imagem de um ancião, para que esse pudesse ser enviado ao plano espiritual e adquirir todo conhecimento acerca das doenças e curas espirituais, tornando-se o senhor da morte.

    O ponto de força de Omolu é o cemitério, o dia do ano é 16/08 mas em algumas doutrinas se comemora no dia 17/12 no mesmo dia de São Lázaro, santo com o qual é sincretizado e seu dia da semana é a segunda feira, dia das almas. Sua cor é o palha mas em outros doutrinas também pode ser o roxo escuro. Sua saudação é Atotô, que significa silêncio. Sua oferenda é a pipoca feita no azeite de dendê e seu instrumento de poder é o xaxará. 

Rafael de Oxalá.   

Ambição: Obstáculo ou Ferramenta de Crescimento?

Ambição: Obstáculo ou Ferramenta de crescimento?

    O sentimento de ambição é por si só muito controverso. É agente da mudança necessária para alcançar objetivos e também muitas vezes é um agente de distração do que realmente importa. Em ambientes religiosos esse sentimento é ainda mais polêmico. Muitos religiosos tem empregados em si a ideia de que a busca por realizações materiais ou realizações pessoais é contraditória ao crescimento espiritual. O que nem sempre é verdade. A própria busca por crescimento espiritual pode ser considerada uma ambição. No próprio evangelho é dito que é mais fácil um camelo passar por um buraco de agulha do que um rico entrar no céu, mas será que é isso mesmo?

    A verdade é que a ambição é um grande inimigo e obstáculo de muitas pessoas, mas isso ocorre quando eles esquecem sua verdadeira essência e passam a viver em busca somente de dinheiro e reconhecimento. Quando nos comportamos assim estamos deixando o dinheiro ser nosso dono e não o contrário. Quando alguém vem ao mundo com uma grande aptidão podendo ate mesmo fazer algo muito relevante naquela área para toda uma comunidade, país ou mundo e deixa aquele dom de lado por um bom emprego que não gosta, que não traz crescimento e felicidade, quem está sendo o dono de quem? Infelizmente nos dias atuais isso é muito comum, quantos jovens quando se formam no ensino médio são incentivados a seguir essa ou aquela carreira porque “dá dinheiro”, e quando tem a ideia de seguir algo que não tem esse status são muito reprimidos e desencorajados. Isso em nosso país, onde temos pouquíssima ou nenhuma orientação sobre nossas aptidões acaba sendo determinante. Tudo isso não passa de ilusão pois mesmo que a carreira escolhida seja a mais promissora economicamente, um péssimo profissional da área terá sucesso? E mesmo que tiver e ganhar todo dinheiro do mundo, será feliz?  Muitos podem dizer que sim, que é fácil ser triste viajando para os lugares mais incríveis e comprando tudo do bom e do melhor... Se fosse assim o índice de suicídios e depressão entre ricos não seria tão alto. E se a pessoa segue sua vocação, mesmo que não seja aparentemente tão promissora economicamente poderá ter grande sucesso uma vez que prestará um serviço diferenciado e que se destacará entre os demais.     

   Por isso como diria o autor Clovis de Barros Filho, “não seja uma goiabeira querendo produzir jaboticabas”. Um certo pensador disse uma vez que todas as pessoas são gênios, mas que “se você avalia um peixe por sua habilidade de subir em árvores, ele passara a vida inteira acreditando ser estúpido”.                                                                                                                    
    Também não se deve demonizar a ambição uma vez que ela nos move, faz com que saiamos de nossas zonas de conforto para se aventurar e conquistar nossos sonhos. Dinheiro é sim muito importante e pode ser um facilitador não só nossas ambições de vida, mas até mesmo para as espirituais, podendo ajudar muitas outras pessoas através dele. Para isso é importante se vigiar sempre pois ter muito dinheiro também nos traz responsabilidades, existe uma passagem bíblica que diz que: “a quem muito foi dado, muito será cobrado”. Essa frase explica bem o que Jesus disse em relação ao camelo passar pelo buraco da agulha (mais fácil que um rico entrar no céu), mostra que é uma força de expressão, se alguém tem pouco, pouco pode fazer, ou seja, não seria justo cobrar dele muito. Já o rico muito pode fazer e por isso tem grandes responsabilidades, além disso muitas serão suas provações e tentações amorosas, profissionais etc.

    Esse texto é uma pequena reflexão para que mantenhamos nossa ambição, busquemos melhoras de vida, conforto, viagens, estabilidade etc. Tudo isso é muito importante e nos dá ânimo e ferramentas para chegarmos mais longe. Porém NUNCA, JAMAIS, EM HIPÓTESE ALGUMA venda suas convicções, sonhos e vocações para ganhar dinheiro e ser aceito no mundo de ilusões materiais. Seja dono do dinheiro, faça dele ferramenta para seus propósitos, mas nunca seja escravo dele. Lembre-se é impossível servir a dois Senhores, ou você é fiel a sua essência divina (E a Deus) ou será fiel ao Homem e suas ilusões.

Axé,
Ricardo de Ogum Matinata

Pretas e Pretos Velhos

 Pretas e Pretos Velhos

    Das inúmeras pessoas que visitam o Terreiro pela primeira vez, uma parcela carregam consigo dúvidas e preconceitos em relação aos Pretos e Pretas Velhas, se perguntam como uma pessoa que viveu há cerca de três séculos atrás, em uma realidade totalmente diferente a qual eu vivo, pode ajudar com as dificuldades que enfrento atualmente? Há também o preconceito sobre os Pretos e Pretas terem sidos escravos.

    Importante ressaltar que o arquétipo da anciã ou ancião negro não significa que foram escravos ou até negros, mas sim, é uma demonstração respeito a nossa ancestralidade e a sabedoria que foi adquirida por eles em sua caminhada. Estes espíritos, em seu alto grau de sabedoria, perceberam que essa maneira seria mais adequada para transmitir seus conhecimentos e irradiar seu amor a encarnados e desencarnados, uma forma singela de tocar nos sentimentos daqueles que os procuram.

    No inicio da consulta, Preto ou Preta velha ali presente com toda sua irradiação de amor, sabedoria e humildade começa a trabalhar, mostrando a pessoa que a aparência ou nome não tem relevância alguma. Com uso de uma prosa mansa e carregada de muita sabedoria vai deixando suas mensagens de força. Isso nos remete aos nossos avós, em uma época que nos aconchegavam em seus colos em busca de consolo e conselhos.

    Em meio a essa conversa o Preto ou Preta velha faz uso de instrumentos de poder como, por exemplo, chapéu de palha, o fumo de seu cachimbo, ervas, rosário, cruz de madeira ou até manipulação das energias com o estalar dos dedos que ativam os Chakras, isso tudo de acordo com a necessidade de cada um.

    As linhas de Pretos e Pretas velhas se dividem em:

Congo:

    Refere-se a pretos velhos ativos na linha de Iansã; São rápidos na sua forma de incorporar e falar. Essa rapidez é facilmente entendida, pela força da natureza que os rege, e é essa mesma força lhes permite uma grande variedade de assuntos com os quais ele trata, devido à diversidade que existe desse Orixá. São especialistas também em ensinar diretrizes para alcançar objetivos, seja pessoal, profissional ou até espiritual. Entretanto, é bom lembrar que sua maior função é o descarrego.

D´Angola: 

    Refere-se a pretos velhos ativos na linha de Ogum; São diretos na sua maneira de falar, não enfeitam muito suas mensagens, as vezes parece que estão brigando, para dar mesmo o efeito de “choque”, mais são no fundo extremamente bondosos tanto para com seu médium e para as outras pessoas. São especialistas em consultas encorajadoras, ou seja, encorajando e dando segurança para aqueles indecisos e “medrosos”. É fácil pensar nessa característica pois Ogum é um Orixá considerado corajoso.

Aruanda:

  Refere-se a pretos velhos ativos na linha de Oxalá. São bastante lentos na forma de incorporar, tornam-se belos principalmente pela simplicidade contida em seus gestos. Raramente dão consulta, sua maior especialidade é dirigir e instruir os demais Pretos-Velhos. Cobram bastante de seus médiuns, principalmente no que diz respeito a prática de caridade, bom comportamento moral dentro e fora do terreiro, ausência de vícios, humildade; enfim o cultivo das virtudes mais elevadas.

Matas:

  Refere-se a pretos velhos ativos na linha de Oxóssi; São os mais brincalhões, suas incorporações são alegres e um pouco rápidas. Esses Pretos-Velhos geralmente falam com várias pessoas ao mesmo tempo. Possuem uma especialidade: A de receitar remédios naturais, para o corpo e a alma, assim como emplastros, banhos e compressas, defumadores, chás, etc...

Calunga, Cemitério ou das Almas:

   Refere-se a pretos velhos ativos na linha de Omolu, são simples em sua forma de incorporar e falar. Exigem muito de seus médiuns, tanto na postura quanto na moral, pois entendem que a correção é uma forma de amar. Devido a elevação e a antiguidade do Orixá para o qual eles trabalham, acabam transformando suas consultas em conselhos totalmente diferenciados dos demais Pretos- Velhos. Sua visão é de longo alcance para diversos assuntos, tornando-os capazes de traçar projetos distantes e longos para seus consulentes, seja pessoal, profissional ou espiritual.

Seu dia é 13 de maio;

As ervas normalmente usadas são: Levante, Folha de fumo, Arruda, Guiné, Alecrim, Alfazema dentre outras conforme a disponibilidade da região.

Dessa maneira, lembramos dos nossos ancestrais, que fizeram uso de ervas no chá ou em banhos, para auxiliar e a ajudar em nossa caminha nesse plano.

Thiago Soares de Oxalá

Leis Herméticas

  Leis Herméticas

  Qual é a importância de se conhecer as sete leis herméticas? A importância se justifica no fato que poder é conhecimento, é fazer melhores escolhas no dia dia e por consequência ter melhores resultados, seja em que área da vida for, na saúde física, mental, na parte financeira, na profissão, nos relacionamentos e sobretudo nossa área espiritual. O conhecimento das leis herméticas pode impactar positivamente a sua vida, se for entendido, aceito e aplicado. Como diz um velho ditado: “conhecimento sem aplicação é pura perda de tempo”. 

   As Leis Herméticas foram ditadas por Hermes Trismegistos e são consideradas leis universais, ele inicia dizendo:

    “Tudo é Duplo; tudo tem polos; tudo tem o seu oposto; o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados.”

                                               OS SETE PRINCÍPIOS HERMÉTICOS

I. O Princípio de Mentalismo. 

II. O Princípio de Correspondência.

III. O Princípio de Vibração.

IV. O Princípio de Polaridade.

V. O Princípio de Ritmo.

VI. O Princípio de Causa e Efeito.

VII. O Princípio de Gênero.

                                                       O Principio de Mentalismo

      “O TODO é MENTE; o Universo é Mental.” – O Caibalion –

    Este princípio contém a verdade que Tudo é Mente. Explica que O TODO (que é a realidade substancial que se oculta em todas as manifestações e aparências que conhecemos sob o nome de Universo Material, Fenômenos da Vida, Matéria, Energia, numa palavra, sob tudo o que tem aparência aos nossos sentidos materiais) é ESPÍRITO, é INCOGNOSCÍVEL e INDEFINÍVEL em si mesmo, mas pode ser considerado como uma MENTE VIVENTE INFINITA e UNIVERSAL.

    Com a chave-mestra em seu poder, o estudante poderá abrir as diversas portas do templo psíquico e mental do conhecimento e entrar por elas livre e inteligentemente. Este Princípio explica a verdadeira natureza da força, da energia e da matéria, como e por que todas elas são subordinadas ao domínio da mente. 

    Um velho Mestre hermético escreveu, há muito tempo: “Aquele que compreende a verdade da natureza mental do universo está bem avançado no caminho do domínio.” E estas palavras são tão verdadeiras hoje, como no tempo em que foram escritas, pois sem esta Chave-Mestra, o domínio é impossível, e o estudante baterá em vão nas diversas portas do Templo.

    “As leis herméticas trazem a compreensão de que nada está solto no universo.”

                                                      O Principio de Correspondência

    O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima.” – O Caibalion –

    Este princípio contém a verdade que existe uma correspondência entre as leis e os fenômenos dos diversos planos da existência e da vida. O velho axioma hermético diz estas palavras: “O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima", a compreensão deste princípio dá ao homem os meios para explicar muitos paradoxos obscuros e segredos da natureza. 

    Existem planos fora dos nossos conhecimentos, mas quando lhes aplicamos o Princípio de Correspondência chegamos a compreender muita coisa que de outro modo nos seria impossível compreender. Este princípio é de aplicação e manifestação universal nos diversos planos do universo material, mental e espiritual: é uma Lei Universal.

                                                     O Princípio de Vibração

    “Nada está parado; tudo se move; tudo vibra.” – O Caibalion –

   Este princípio encerra a verdade que tudo está em movimento: tudo vibra; nada está parado; fato que a Ciência moderna observa, e que cada nova descoberta científica tende a confirmar. E contudo,  este Princípio hermético foi enunciado há milhares de anos pelos Mestres do antigo Egito.

   Também explica que as diferenças entre as diversas manifestações de matéria, energia, mente e espírito, resultam das ordens variáveis de Vibração. Desde O TODO, que é Puro Espírito, até a forma mais grosseira da matéria, tudo está em vibração, quanto mais elevada for a vibração, tanto mais elevada será a posição na escala. A vibração do Espírito é de uma intensidade e rapidez tão infinitas que praticamente ele está parado, como uma roda que se move muito rapidamente parece estar parada.

    “Nada está parado; tudo se move; tudo vibra.” –

   O conhecimento deste Princípio, com as fórmulas apropriadas, permite ao estudante Hermetista conhecer as suas vibrações mentais, assim como também a dos outros. Só os Mestres podem aplicar este princípio para a conquista dos fenômenos naturais, por diversos meios: “Aquele que compreende o Princípio de vibração alcançou o cetro do poder”.

    “Quando você joga o jogo da vida a partir das regras do Universo, você ganha força.  “

                                                     O Principio de Polaridade

    “Tudo é Duplo; tudo tem pólos; tudo tem o seu oposto; o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados.” – O Caibalion –

    Este Princípio encerra a verdade: tudo é duplo; tudo tem dois polos; tudo tem o seu oposto, que formava um velho axioma hermético. Ele explica os velhos paradoxos, que deixaram muitos homens perplexos, e que foram estabelecidos assim: A tese e a antítese são idênticas em natureza, mas diferentes em grau; os opostos são a mesma coisa, diferindo somente em grau; os pares de opostos podem ser reconciliados; os extremos se tocam; tudo existe e não existe ao mesmo tempo; todas as verdades são meias-verdades; toda verdade é meio-falsa; há dois lados em tudo, etc.

    Ele explica que em tudo há dois polos ou aspectos opostos, e que os opostos são simplesmente os dois extremos da mesma coisa, consistindo a diferença em variação de graus. Por exemplo: o calor e o frio, ainda que sejam opostos, são a mesma coisa, e a diferença que há entre eles consiste simplesmente na variação de graus dessa mesma coisa.

    Olhai para o vosso termômetro e vede se podereis descobrir onde termina o calor e começa o frio! Não há coisa de calor absoluto ou de frio absoluto; os dois termos calor e frio indicam somente a variação de grau da mesma coisa, e que essa mesma coisa que se manifesta como calor e frio nada mais é que uma forma, variedade e ordem de vibração.

    Assim o calor e o frio são unicamente os dois polos daquilo que chamamos calor; e os fenômenos que daí decorrem são manifestações do princípio de polaridade. O mesmo princípio se manifesta no caso da luz e da obscuridade, que são a mesma coisa, consistindo a diferença simplesmente nas variações de graus entre os dois polos do fenômeno: Onde cessa a obscuridade e começa a luz? Qual é a diferença entre o grande e o pequeno? Entre o forte e o fraco? Entre o branco e o preto? Entre o perspicaz e o néscio? Entre o alto e o baixo? Entre o positivo e o negativo.

    O Princípio de Polaridade explica estes paradoxos e nenhum outro princípio pode excedê-lo. O mesmo Princípio opera no Plano mental, permitiu-nos tomar um exemplo extremo: o do amor e o ódio, dois estados mentais em aparência totalmente diferentes. E, apesar disso, existem graus de ódio e graus de amor, e um ponto médio em que usamos dos termos igual ou desigual, que se encobrem mutuamente de modo tão gradual que às vezes temos dificuldades em conhecer o que nos é igual, desigual ou nem um nem outro.

    O conhecimento do Princípio habilitará o discípulo a mudar a sua própria Polaridade, assim como a dos outros, se ele consagrar o tempo e o estudo necessário para obter o domínio da arte.

                                                      O Principio de Ritmo

    “Tudo tem fluxo e refluxo; tudo, em suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação.” – O Caibalion –

    Este princípio contém a verdade que em tudo se manifesta um movimento para diante e para trás, um fluxo e refluxo, um movimento de atração e repulsão, um movimento semelhante ao do pêndulo, uma maré enchente e uma maré vazante, uma maré alta e uma maré baixa, entre os dois polos, que existem, conforme o princípio de polaridade de que tratamos há pouco.

    Existe sempre uma ação e uma reação, uma marcha e uma retirada, uma subida e uma descida. Isto acontece nas coisas do Universo, dos sóis, dos mundos, dos homens, dos animais, da mente, na energia e na matéria. Tudo tem fluxo e refluxo.

                                                      O Principio de Causa e Efeito

    “Toda a Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei.” – O Caibalion –

     Este princípio contém a verdade que há uma causa para todo o efeito e um efeito para toda a causa. Explica que: tudo acontece de acordo com a Lei, nada acontece sem razão, não há coisa que seja casual; que, no entanto, existem vários planos de causa e efeito, os planos superiores dominando os planos inferiores, nada podendo escapar completamente da Lei.

    Os Hermetistas conhecem a arte e os métodos de elevar-se do plano ordinário de Causa e Efeito, a um certo grau, e por meio da elevação mental a um plano superior tomam-se causadores em vez de efeitos.

    As massas do povo são levadas para a frente; os desejos e as vontades dos outros são mais fortes que as vontades delas; a hereditariedade, a sugestão e outras causas exteriores movem-nas como se fossem peões no tabuleiro de xadrez da Vida. Mas os Mestres, elevando-se ao plano superior, dominam o seu gênio, caráter, suas qualidades e poderes, tão bem como os que o cercam e tornam-se motores em vez de peões. Eles ajudam a jogar a criação, quer física, quer mental ou espiritual, é possível sem partida da vida, em vez de serem jogados e movidos por outras vontades e influências. Empregam o Princípio em lugar de serem seus instrumentos. Os Mestres obedecem à causalidade do plano superior, mas ajudam a governar o nosso plano.

    Neste preceito está condensado um tesouro do Conhecimento hermético: aprenda-o quem quiser.

                                                      O Principio de Gênero

    “O Gênero está em tudo; tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino; o gênero se manifesta em todos os planos.” – O Caibalion –

    Este princípio encerra a verdade que o gênero é manifestado em tudo; que o princípio masculino e o princípio feminino sempre estão em ação. Isto é certo não só no plano físico, mas também nos planos mentais e espirituais. No plano físico este Princípio se manifesta como sexo, nos planos superiores toma formas superiores, mas é sempre o mesmo Princípio.

    Nenhuma criação, quer física, quer mental ou espiritual, é possível sem este Princípio, A compreensão das suas leis poderá esclarecer muitos assuntos que deixaram perplexas as mentes dos homens.

    O Princípio de Gênero opera sempre na direção da geração, regeneração e criação. Todas as coisas e todas as pessoas contêm em si os dois elementos deste grande Princípio.

     Todas as coisas machos têm também o elemento feminino; todas as coisas fêmeas têm o elemento masculino. Se compreenderdes a filosofia da Criação, Geração e Regeneração mentais, podereis estudar e compreender este Princípio hermético. Ele contém a solução de muitos mistérios da vida, este Princípio não tem relação alguma com as teorias e práticas luxuriosas, perniciosas e degradantes, que têm títulos empolgantes e fantásticos, e que nada mais são do que a prostituição do grande princípio natural de Gênero.

    Tais teorias, baseadas nas antigas formas infamantes do Falicismo, tendem a arruinar a mente, o corpo e a alma; e a Filosofia Hermética sempre publicou notas severas contra estes preceitos que tendem à luxúria, depravação e perversão dos princípios do Natureza, mas, se desejais tais ensinamentos podeis procurá-los noutra parte: o Hermetismo nada contém nestas linhas que sirva para vãs. Para aquele que é puro, todas as coisas são puras; para os vis, todas as coisas são vis e baixas.

    “A experiência espiritual e indizível. É preciso viver."

Os sete princípios herméticos são:

1. Mentalismo – o todo é mente, o universo é mental;

2. Correspondência – correlação entre os planos;

3. Vibração – nada está parado;

4. Polaridade – tudo é dual;

5. Ritmos – tudo é fluxo, ciclos do universo;

6. Causa e efeito – não existe acaso;

7. Gênero – feminino e masculino. 

Michael de Oxalá

Amor Próprio

    Amor Próprio

Você tem amado a si mesmo(a)? Este é um tema que para muitas pessoas acaba sendo difícil de praticar. Pessoas esquecem que o amor mais puro, verdadeiro e bonito já habita dentro do coração de cada um, que é o amor de nosso Pai Criador. O amor próprio é apreço nutrido por si mesmo, ou seja, devemos sempre nos amar em primeiro lugar para depois amar ao próximo da mesma maneira e com muito respeito. Quando dispomos a nos amar, percebemos que somos imperfeitos, que erramos e que temos conflitos. Amor próprio é autoconhecimento, é saber que somos seres dignos de amor e de amar. 

    Aquela famosa e velha frase faz muito sentindo e é cada vez mais coerente: “Se primeiramente não nos amarmos, quem irá nos amar?". Para conhecermos o tipo de amor que pretendemos receber (seja de nossos pais, filhos, amigos ou relacionamentos), devemos primeiro nos amar e nos conhecer. Só assim saberemos o que de fato é bom pra nós, só assim saberemos qual tipo de amor cada um se achará merecedor de receber. Para conhecer o bom, devemos também conhecer o que é ruim, assim conseguiremos distinguir um do outro. O amor próprio se resumo a isto: a amar a si, a conhecer a si. 

    Para algumas pessoas, esta é uma tarefa fácil, uma vez que praticam este amar a si diariamente acabam consequentemente conseguindo êxito na arte do amor próprio. Para outra parcela de indivíduos, acaba sendo mais difícil porque por vezes de forma inconsciente ou até mesmo consciente, acabam se aniquilando por acharem não merecedores, ou por algum tipo de trauma ocorrido ainda na infância, ou por certamente esquecerem do seu devido valor.  

    Recebi um ensinamento passado pela Preta Velha Vovó Maria Redonda que disse o seguinte: “Quando pensares em amor próprio, pense sempre em um jardim. Na maioria das vezes as pessoas que cultivam um belo jardim é porque gostam da natureza e também porque se sentem bem ao observaram a beleza das flores, isso faz bem pro seu eu interior. Então aquela pessoa que está sempre ali cuidando e cultivando de suas plantinhas, um belo dia por falta de tempo, por um dia ruim, um dia cansativo, ou outros motivos, sem perceber não vai até lá irrigar suas plantas. Assim alguns dias se passam e ela por vezes acaba se esquecendo de ir até lá. Até que um belo dia, ela percebe quanto tempo se passou, então, vai até lá depressa, mas ao chegar se depara com sua falta de cuidado com as flores, elas infelizmente acabaram morrendo. E aquele belo jardim já não mais existe, o que sobrou foram apenas folhas secas e mortas ao chão. Assim é o amor próprio de cada um de vocês, como um jardim, se vocês não tirarem um tempo para fazer o que gostam, para cuidar de vocês, tirarem um tempo exclusivamente para cada um, com o passar dos dias irão se esquecer de como era seu jardim. Todo esse cuidado demanda tempo e constância, pois é um trabalho diário. E caso seu jardim esteja morto, nunca é tarde para começar do zero, plantar novas flores, zelar por elas um pouco todos os dias, pois a primavera sempre chega pra todos e com esse plantio ela chegará novamente pra você, basta o filho querer e agir.” 

    Por muitos fatores, às vezes sem que percebemos, acabamos nos perdendo de nós mesmos. Saiba que um dos segredos da vida é buscar de forma ordenada um equilíbrio cotidiano. Em nossa casa, quando algo não vai bem com nosso amor próprio, gostamos de realizar oferendas para Orixá Oxum, pois em síntese uma de suas atribuições é ser a Orixá responsável por este tipo de amor. Seu Ofá (espelho) é voltado para sua face, representando assim seu autoamor em primeiro lugar e depois o amor pelos demais. Nesse tipo de oferenda pedimos para que ela traga de volta o nosso amor próprio de forma equilibrada, visto que tudo em excesso não traz benefícios. Além disso, aquele que se ama de forma elevada e desequilibrada acaba sendo considerado uma pessoa narcisista. 

    Às vezes pode parecer fácil dizer e difícil de agir, mas basta cada um que se identifica nessa situação observar mais a si mesmo. Tire um tempo para meditar, para refletir, busque em suas memórias coisas simples da vida que o faziam feliz, não espere que outra pessoa, seja ela qual for, venha lhe trazer a felicidade. Seja por completo você mesmo e, quem chegar, chegará para somar. Assim você sempre irá conseguir viver uma vida independente e livre caso o outro deseje partir. 

    A vida é feita de caminhos e neste seu trajeto a única pessoa que você terá certeza de ter em companhia até o fim será você mesmo. Portanto, descubra quem você é, o que o faz feliz, observe, invente e sempre que necessário se reinvente. Cultive o amor próprio em seu jardim. Que haja as mais lindas flores em seu coração. Se partir de você realizar tudo isso, com o tempo você perceberá o quanto é importante, o quanto é capaz de se amar e o quanto tem de amor próprio aí dentro esperando apenas você abrir a porta para que ele espelhe por completo dentro de você.  

Daniele de Oxum

Livre Arbítrio

Livre Arbítrio

   Quando se busca pelo termo livre arbítrio este possui inúmeros significados, explicações e pontos de vistas, religiosos, filosóficos, psicológicos e científicos.

    Mas afinal, o que se trata do livre arbítrio para nós umbandistas?

   O livre arbítrio é uma das grandes leis divinas, já nascemos com ele, ele não é dado por alguém, trata-se de nossas escolhas, em determinadas situações. Situações essas que podem ser tidas como aprovações para evolução do espírito.

    Tem o homem o livre arbítrio de seus atos, de pensamentos, pois sem ele o homem seria uma máquina.

   Muitas vezes nos perguntamos, porque existem pessoas más e boas? Porque Deus não fizestes todas boas? 

    O livre arbítrio responde esses questionamentos, nascemos ignorantes e com o passar das situações e aprovações da vida nós começamos a ter escolhas, sejam elas boas ou ruins, isso será o seu próprio desenvolvimento.

  Na umbanda cultua-se o livre arbítrio, em hipótese alguma pode-se intervir no livre arbítrio de terceiros. Por isso não é permitido amarrações e nenhum tipo de trabalho que interfira na vida de outra pessoa sem o consentimento dela, pois assim está cortando o livre arbítrio da pessoa, tais atos não são feitos por espíritos de luz, pois ferem as leis divinas.

   Os guias que nos dão direcionamentos e como o próprio nome diz, apenas nos guiam para o caminho da nossa evolução individual, mas as escolhas e decisões dependem apenas de nós mesmos, eles não poderão intervir, pois a evolução é individual.

    A liberdade de escolha sempre será respeitada e a sensação de acolhimento, respeito e de pluralidade sempre estará presente.

Ana Carolina de Xangô