Orixá
Nanã Buruquê
Nanã é Orixá feminino.
Mistério ancião.
Na cultura nagô e Iorubá,
ancião está associado à sabedoria e experiência. A força do Orixá Nanã não está
ligada à força do poder físico, mas à sabedoria adquirida ao longo das
experiências vividas. Dentro da umbanda sagrada, faz parte da linha da evolução,
junto com Obaluaê.
É um Orixá cósmico, que atua
no emocional. Nanã absorve, decanta todos os aspectos emocionais que afastam o
Ser de seu caminho evolutivo, ajusta energeticamente o Ser, preparando-o para o
caminho do crescimento. Pelo uso da sabedoria, transforma aquilo que é erro em
caminho seguro para a evolução. Obaluaê irradia, Nanã ajusta absorvendo. Também chamada de mãe ou
avó, é uma Orixá presente desde a criação da humanidade. Ela é a memória do
povo, pois vivenciou toda a magia da concepção do Universo.
Rainha da lama, da qual se
origina todo ser humano, Nanã é um dos orixás mais respeitados e também um dos mais
temidos. É responsável pelo portal entre a vida e a morte, pois ela limpa
a mente dos espíritos desencarnados para que eles possam se livrar do peso que
sofreram em sua jornada, reencarnando sem os rastros da vida anterior. Por
isso, ao envelhecermos, começamos a perder nossa memória.
A lenda diz que Oxalá moldou
os humanos a partir de um barro primordial; para isso pediu a autorização de
Nanã, a venerável senhora que tomava conta da lama. Os seres humanos, depois de
moldados, recebiam o emi - sopro da vida - e iam viver no Ayê (Terra).
Aqui viviam, amavam, geravam novos seres, plantavam, colhiam, se divertiam e
cultuavam as divindades. Aconteceu, porém, que o
barro do qual Oxalá moldava os humanos estava acabando e em breve não haveria a
matéria primordial para que novos seres humanos fossem feitos.
Ciente do dilema da criação,
Olodumare convocou os Orixás para que eles apresentassem uma alternativa para o
caso. Como ninguém apresentou uma solução, e diante do risco da interrupção do
processo de criação, Olodumare determinou que se estabelecesse um ciclo, depois
de certo tempo vivendo no Ayê, os humanos deveriam ser desfeitos,
retornando à matéria original, para que novos homens pudessem, com parte da
matéria restituída, ser moldados.
Resolvido o dilema, restava
saber de quem seria a função de tirar dos homens e mulheres o sopro da vida e
conduzi-los de volta ao todo primordial - tarefa necessária para que outros
viessem ao mundo. Vários Orixás argumentaram
que seria difícil reconduzir os humanos ao barro original, privando-os do
convívio com a família, os amigos e a comunidade. Foi então que Iku, até ali
calado, ofereceu-se para cumprir o desígnio de Olodumare, que o abençoou. A
partir daquele momento, Iku tornava-se imprescindível para que se mantivesse o
ciclo da criação.
Desde então Iku vem todos os
dias ao Ayê para escolher os homens e mulheres que devem ser
reconduzidos ao Orum. Seus corpos devem ser desfeitos e o sopro vital retirado
para que, com aquela matéria, outros possam ser feitos - condição imposta para
a renovação da existência. Ao ver a restituição das pessoas ao barro, Nanã chora.
Suas lágrimas amolecem a matéria-prima e facilitam a tarefa da moldagem de
outros viventes.
Nas irradiações de Nanã,
podemos observar que ela está quase sempre com o Ibirí nos braços, um
cajado feito da fibra central da folha da palmeira de dendê. Nanã o carrega,
como se estivesse carregando uma criança. Nas oferendas para este orixá, podemos utilizar purê de batata roxa, berinjela, coco seco, uva escura,
melancia, ameixa, sarapatel e velas lilás. Um ponto importantíssimo para a
oferenda de Nanã é que não se pode utilizar nada de metal na preparação e
entrega da oferenda para Nanã.
É sincretizada como
Sant’ana, por ser a Orixá mais velha, normalmente nos referimos à Nanã como
sendo a avó e Sant’ana (ou Santa Ana) era avó de Jesus. Sendo assim, Nanã foi
sincretizada como a Avó de Jesus. Sua saudação é "Saluba Nanã
Buruquê", que significa "Salve a Mãe das águas pantaneiras". Para saudar Nanã,
também utilizamos a saudação corporal, abrindo os braços com as mãos abertas
com as palmas viradas para o chão, fazendo movimentos circulares.
E por fim, os filhos de Nanã
geralmente são pessoas gentis e extremamente calmas, tão calmas e lentas que
irritam por terem tanta paciência. Possuem afinidade em cuidar de crianças, e
as tratam como uma avó, que educa seus netos com muito zelo e doçuras. Vivem
como se a morte não existisse, parece que tudo tem um longo tempo para ser
resolvido. A pressa não faz parte de seu vocabulário.
Essas pessoas tendem a se
apegarem ao passado, por isso não enxergam nem planejam muito o seu futuro. São
saudosistas e aparentam ter mentalmente mais idade do que realmente têm.
Problemas de saúde relacionados à idade avançada também se apresentam mais
facilmente nessas pessoas, sobretudo nas doenças como dores lombares,
reumatismo e problemas de articulações, no geral.
Por sempre se prenderem no
passado, é muito fácil um filho de Nanã guardar rancor, e ficar remoendo coisas
que já passaram. São ranzinzas e muito teimosos. Ainda assim, são pessoas
justas e sábias, e procuram refletir muito sobre atitudes a serem tomadas. Amam
com grande afinco sua família, são respeitáveis e carregam consigo um ar
majestoso. Apesar de serem filhos da mãe Nanã, não são vingativos e conseguem
controlar facilmente sua impetuosidade devido a sua calma.
Layla
de Omolu