Pesquisar

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Orixá Nanã Buruquê

 

Orixá Nanã Buruquê

 

Nanã é Orixá feminino. Mistério ancião.

Na cultura nagô e Iorubá, ancião está associado à sabedoria e experiência. A força do Orixá Nanã não está ligada à força do poder físico, mas à sabedoria adquirida ao longo das experiências vividas. Dentro da umbanda sagrada, faz parte da linha da evolução, junto com Obaluaê.

É um Orixá cósmico, que atua no emocional. Nanã absorve, decanta todos os aspectos emocionais que afastam o Ser de seu caminho evolutivo, ajusta energeticamente o Ser, preparando-o para o caminho do crescimento. Pelo uso da sabedoria, transforma aquilo que é erro em caminho seguro para a evolução. Obaluaê irradia, Nanã ajusta absorvendo. Também chamada de mãe ou avó, é uma Orixá presente desde a criação da humanidade. Ela é a memória do povo, pois vivenciou toda a magia da concepção do Universo. 

Rainha da lama, da qual se origina todo ser humano, Nanã é um dos orixás mais respeitados e também um dos mais temidos. É responsável pelo portal entre a vida e a morte, pois ela limpa a mente dos espíritos desencarnados para que eles possam se livrar do peso que sofreram em sua jornada, reencarnando sem os rastros da vida anterior. Por isso, ao envelhecermos, começamos a perder nossa memória.


A lenda diz que Oxalá moldou os humanos a partir de um barro primordial; para isso pediu a autorização de Nanã, a venerável senhora que tomava conta da lama. Os seres humanos, depois de moldados, recebiam o emi - sopro da vida - e iam viver no Ayê (Terra). Aqui viviam, amavam, geravam novos seres, plantavam, colhiam, se divertiam e cultuavam as divindades. Aconteceu, porém, que o barro do qual Oxalá moldava os humanos estava acabando e em breve não haveria a matéria primordial para que novos seres humanos fossem feitos. 

Ciente do dilema da criação, Olodumare convocou os Orixás para que eles apresentassem uma alternativa para o caso. Como ninguém apresentou uma solução, e diante do risco da interrupção do processo de criação, Olodumare determinou que se estabelecesse um ciclo, depois de certo tempo vivendo no Ayê, os humanos deveriam ser desfeitos, retornando à matéria original, para que novos homens pudessem, com parte da matéria restituída, ser moldados.

Resolvido o dilema, restava saber de quem seria a função de tirar dos homens e mulheres o sopro da vida e conduzi-los de volta ao todo primordial - tarefa necessária para que outros viessem ao mundo. Vários Orixás argumentaram que seria difícil reconduzir os humanos ao barro original, privando-os do convívio com a família, os amigos e a comunidade. Foi então que Iku, até ali calado, ofereceu-se para cumprir o desígnio de Olodumare, que o abençoou. A partir daquele momento, Iku tornava-se imprescindível para que se mantivesse o ciclo da criação.⁣⁣ 

Desde então Iku vem todos os dias ao Ayê para escolher os homens e mulheres que devem ser reconduzidos ao Orum. Seus corpos devem ser desfeitos e o sopro vital retirado para que, com aquela matéria, outros possam ser feitos - condição imposta para a renovação da existência. Ao ver a restituição das pessoas ao barro, Nanã chora. Suas lágrimas amolecem a matéria-prima e facilitam a tarefa da moldagem de outros viventes.

Nas irradiações de Nanã, podemos observar que ela está quase sempre com o Ibirí nos braços, um cajado feito da fibra central da folha da palmeira de dendê. Nanã o carrega, como se estivesse carregando uma criança. Nas oferendas para este orixá, podemos utilizar purê de batata roxa, berinjela, coco seco, uva escura, melancia, ameixa, sarapatel e velas lilás. Um ponto importantíssimo para a oferenda de Nanã é que não se pode utilizar nada de metal na preparação e entrega da oferenda para Nanã.


É sincretizada como Sant’ana, por ser a Orixá mais velha, normalmente nos referimos à Nanã como sendo a avó e Sant’ana (ou Santa Ana) era avó de Jesus. Sendo assim, Nanã foi sincretizada como a Avó de Jesus. Sua saudação é "Saluba Nanã Buruquê", que significa "Salve a Mãe das águas pantaneiras". Para saudar Nanã, também utilizamos a saudação corporal, abrindo os braços com as mãos abertas com as palmas viradas para o chão, fazendo movimentos circulares.

        E por fim, os filhos de Nanã geralmente são pessoas gentis e extremamente calmas, tão calmas e lentas que irritam por terem tanta paciência. Possuem afinidade em cuidar de crianças, e as tratam como uma avó, que educa seus netos com muito zelo e doçuras. Vivem como se a morte não existisse, parece que tudo tem um longo tempo para ser resolvido. A pressa não faz parte de seu vocabulário.

Essas pessoas tendem a se apegarem ao passado, por isso não enxergam nem planejam muito o seu futuro. São saudosistas e aparentam ter mentalmente mais idade do que realmente têm. Problemas de saúde relacionados à idade avançada também se apresentam mais facilmente nessas pessoas, sobretudo nas doenças como dores lombares, reumatismo e problemas de articulações, no geral.

Por sempre se prenderem no passado, é muito fácil um filho de Nanã guardar rancor, e ficar remoendo coisas que já passaram. São ranzinzas e muito teimosos. Ainda assim, são pessoas justas e sábias, e procuram refletir muito sobre atitudes a serem tomadas. Amam com grande afinco sua família, são respeitáveis e carregam consigo um ar majestoso. Apesar de serem filhos da mãe Nanã, não são vingativos e conseguem controlar facilmente sua impetuosidade devido a sua calma.

 

Layla de Omolu

 


5 comentários: