Orixá Ewá
Yewá ou Ewá se trata de uma Yabá (Orixá feminina) pouco conhecida e cultuada na Umbanda, tendo sua ligação mais forte com o Candomblé. Conhecida por ser símbolo de beleza, encanto e sensualidade, possui grande sabedoria, pois é dona da vidência e intuição. Ewá é a irmã gêmea de Oxumarê, ambos são filhos de Nanã. Ela é capaz de transformar a água líquida em gás, criando a névoa e as nuvens.
Ewá age em nossa vida transformando tudo o que for necessário, abrindo nossos olhos e dissipando as brumas que mascaram a ilusão, que todos nós possuímos em alguma medida. Ewá é aquela que nos ensina que podemos ser capazes de nos transmutar para lutarmos por tudo aquilo que acreditamos.
É sincretizada com Santa Luzia pois essa Santa é a protetora dos olhos, a virgem e também há relatos em sua história que conta que Luzia era uma jovem que encantava a todos com a sua beleza, ela recebeu uma proposta de casamento, mas negou, pois tinha feito um voto de castidade. O pretendente insistiu, alegando que ela era linda demais e ele estava encantado com a sua beleza e os olhos que ela tinha. Por isso, Luzia sentiu forte inspiração para arrancar seus olhos e entregar a ele em uma bandeja, dizendo que a verdadeira beleza não se vê com os olhos, mas sim com o coração. Sua história é parecida com uma das lendas de Ewá que diz que ela recebeu diversas propostas de casamento ao mesmo tempo por ser muito bela; o salão de sua morada estava cheio de pretendentes, já irritada com todos os pretendentes brigando por sua causa e se sentindo pressionada a se casar, Ewá deu um estrondo que paralisou a todos, e iniciou sua transformação. Como um reflexo de sol, sua silhueta começou a perder a forma, até que restou apenas uma poça de água no chão. Essa poça começou a evaporar lentamente, subindo para os céus. Ewá não se casou com ninguém, mas colocou na mente dos homens que o amor surge de forma espontânea e não com brigas e disputas.
Assim como seu irmão Oxumarê, Ewá possui a cobra e o arco-íris como sua representação, porém se difere de Oxumarê em ambas as representações. Enquanto Oxumarê tem a cobra representando os ciclos (cobra comendo o próprio rabo), Ewá tem a cobra representando a transformação (troca de pele). Com o arco-íris temos Oxumarê sendo representado por todas as cores e Ewá é representada pela cor branca do arco-íris, a cor “oculta” dele; isto é, pelo fato dela ter o domínio do 6° sentido, do que se vê além dos olhos físicos.
Além dessas representações, ela traz também o céu estrelado como sinônimo de beleza e encanto, o céu rosado no fim de tarde, representando tanto a beleza como a transformação do dia para a noite e as névoas, nevoeiros representando o oculto e novamente a transformação. Ela também é protetora de tudo que é intocável pelo homem, tudo que é virgem.
Ela carrega consigo a espada, o arpão, ofá (arco e flecha) e a lira. Seu dia da semana é terça-feira e o dia do mês é 13 de dezembro. Suas cores são o rosa, coral e o vermelho vivo. Sua pedra é Âmbar e sua saudação é Ri Rô Ewá! (doce e branda Ewá!)
Jamais confunda a pureza de Ewá com ingenuidade, pois essa Orixá é muito esperta e astuta, por isso não queira nunca despertar a sua ira. É uma Orixá guerreira e de palavra firme, o que ela decide ou diz não há quem a faça mudar de ideia. O seu objetivo é proteger os que são puros e verdadeiros de coração e para compreender e se entregar totalmente ao seu ideal ela escolheu ficar sozinha e casta para sempre.
No candomblé acredita-se que Ewá rege somente a cabeça de mulheres, mas na nossa casa de umbanda ela rege a de homens também.
Os filhos(as) de Ewá são pessoas de beleza exótica, diferenciam-se das demais justamente por isso, possuem tendências a duplicidade, em algumas ocasiões, pode ser bastante simpática, em outras são extremamente arrogantes. Às vezes aparentam ser bem mais velhas, outras vezes parecem jovens. Apegados à riqueza, gostam de ostentar roupas bonitas e vistosas, sempre acompanham a moda. Adoram elogios e galanteios. São pessoas altamente influenciáveis que agem conforme o ambiente e as pessoas que a cercam, assim podem ser contidas, podem ser damas de alta sociedade quando o ambiente requisitar, podem ser mulheres populares, falantes e alegres em lugares menos sofisticados.
São pessoas vivas e atentas, mas sua atenção está canalizada para determinadas pessoas ou ocasiões, os que as levam com certeza a se desligar do resto das coisas. Isso aponta certa distração e dificuldade de concentração, especialmente em atividades escolares.
As filhas de Ewá são notadas pela beleza do rosto, nota-se logo pelos traços singelos, bem lapidados, bem trabalhados, normalmente tem o corpo esbelto e o andar silencioso. Os olhos costumam ser pequenos, lembrando um olhar de cobra, ou um olhar de pássaro. O nariz costuma ser pequenino e cheio de graça. As mãos pequeninas. Se forem brancas terão na sua pele a aparência de veludo, se forem morenas terão um brilho próprio.
As filhas de Ewá são preguiçosas e faladeiras, tendem muitas vezes a serem chamadas de arrogantes. Seu jeito pode não agradar muito as pessoas. A maioria delas são namoradeiras, se apaixonando muito fácil, são fofoqueiras, malcriadas, se julgam tão autossuficientes que não pedem ajuda a ninguém, preferem antes ajudar. Gostam de estudar, e detestam receber ordens. Em alguns momentos preferem se isolar, ficando sós com seus próprios pensamentos. São muitos determinados, são calmos, mas quando necessário torna-se briguentas. Não conte segredos a elas, pois não conseguem guardar nem os seus.
As filhas de Ewá são agitadas e são pessoas com saúdes debilitadas, com tendência a problemas respiratórios e intestinais. Por outro lado, são leais, carinhosos e alegres.
Profissionalmente se dão muito bem nos setores de Assistência social, professores, enfermeiras, médicas (principalmente pediatria), donas de casa, freiras, rezadeiras, curandeiras, feiticeiras, psicólogas, cabeleireiras, maquiadoras, jornalistas e escritoras.
As lendas antigas contam que sabendo da beleza de Ewá, Xangô decide conquistá-la, a Orixá fugiu dele de todas as formas possíveis. Um dia Xangô estava a dançar em um dos territórios de Ewá, onde a neblina tomava conta de todo o local. Ela então foi caçoar de Xangô do modo como ele dançava e o perguntou se ele não notou onde estava a dançar, Xangô todo cheio de si disse que ele agiria como quisesse e onde desejasse.
Ewá deixou bem claro que ali ela era quem governava e saiu, levando consigo a névoa, então Xangô notou que ele estava em um cemitério, toda sua energia e alegria dissipou-se, pois, a única coisa que ele teme é a morte, então o Orixá saiu dali correndo no mesmo instante.
Outra lenda que Ewá foi capaz de enganar a morte. Um dia ela estava a beira do rio lavando roupas, as quais ela carrega em uma gigante gamela (igba), e notou que de longe vinha um homem correndo desesperado por algo. Se sentindo disposta a ajudá-lo, ela jogou as roupas no rio e o escondeu dentro de sua igba. Logo em seguida Ikú surgiu (a morte) e a perguntou se ela havia visto um homem, calmamente ela respondeu dizendo que ele havia descido o rio correndo, assim Ikú passou despercebido. Ao sair da igba o rapaz se apresentou como Ifá e se apaixonou perdidamente por Ewá, a levando embora consigo com a finalidade de desposá-la. Ela aprendeu com Ifá o dom da vidência, mas não se tornou sua mulher.
PONTO CANTADO DE EWÁ
Que Ewá possa sempre nos abençoar! Ri Rô Ewá!
Lays de Oxaguian
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