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quinta-feira, 22 de julho de 2021

Bicorporeidade e transfiguração


Bicorporeidade e transfiguração


    Dando continuidade ao estudo do Livro dos Médiuns, falaremos hoje sobre o capítulo 7, segunda parte: Bicorporeidade e Transfiguração. 

    O capítulo se inicia contando histórias de pessoas que tiveram algumas experiências com visitas espirituais de pessoas vivas e explica também que quando adormecemos nosso espírito ganha mais liberdade, em relação ao corpo físico. Dessa forma, seria possível ver esses espíritos transitando, mesmo estando encarnados. 

    Kardec mostra depoimentos que exemplificam essas situações, como o de uma mulher que via em seu quarto uma menina que vendia frutas no seu bairro, só se conheciam de vista e, no momento que este fenômeno aconteceu, sabe-se que a menina estava dormindo. Outro caso é de um senhor que viu em sua casa uma jovem vestida de noiva no dia de Corpus-Christi, assustado, perguntou para a vizinhança se tinham visto alguém assim nos arredores da casa, mas não haviam visto ninguém. Um ano depois, na mesma data, em uma procissão, esse mesmo senhor viu novamente a jovem vestida de noiva. A jovem também se assustou e disse ao senhor que o havia visto naquela mesma data há um ano atrás. 

    O processo de bicorporeidade ocorre quando, isolado do corpo, o espírito de um vivo pode se mostrar com todas as aparências da realidade. Tornando-se momentaneamente perceptível. Na umbanda esse fenômeno é citado como desdobramento astral, onde o corpo físico adormece e o corpo espiritual se projeta por vários locais, podendo ter contato com pessoas já falecidas ou não. É importante lembrar que isso só acontece com a permissão de guias e mentores espirituais, se estivermos bem preparados e se o processo for necessário para nosso aprendizado. Devemos sempre nos preparar para que, no caso de vivenciarmos tal fato, o mesmo possa ser fonte de conhecimento. Meditar, fazer nossas orações e firmezas antes de dormir são algumas formas para auxiliar os trabalhos, assim ao despertarmos não estaremos “cansados”.

    Kardec também fala sobre “Homens Duplos” e conta que é possível se mostrar simultaneamente em dois lugares distintos, um corpo sendo real e o outro uma “aparência”. Pode-se dizer que o primeiro tem a vida orgânica e o segundo a vida anímica. Ao acordar os dois corpos se reúnem e a vida anímica penetra o corpo material.  Não parece possível que, quando separados, os dois corpos possam gozar simultaneamente e no mesmo grau da vida ativa e inteligente. 

    A transfiguração consiste na modificação do aspecto de um corpo vivo, temos um exemplo de uma  jovem de uns quinze anos gozava da estranha faculdade de se transfigurar, ou seja, de tomar em dados momentos as aparências de algumas pessoas mortas. Esse fenômeno repetiu-se centenas de vezes, sem qualquer interferência da vontade da jovem. Muitas vezes tomou a aparência de seu irmão, falecido alguns anos antes, reproduzindo-lhe não somente o semblante, mas também o porte e a corpulência. Um médico local, realizou a pesagem da moça antes e durante a transfiguração. O peso da moça era quase o dobro.

    A explicação para o termo transfiguração seria: ‘’Ação ou efeito de transfigurar ou transfigurar-se; metamorfose ou transformação. Ação de alterar radicalmente o aspecto, a forma. Alteração na maneira de pensar, de agir, de sentir.” No nosso entendimento umbandista, processo semelhante à transfiguração, guardadas as devidas proporções, ocorre durante a incorporação. O espírito (guia) se acopla ao médium, assim formando a terceira pessoa. Médium + espírito (guia)= terceira pessoa. Vale lembrar que a incorporação é um processo de muita responsabilidade, devendo ocorrer apenas em locais protegidos e sempre orientados pelos nossos mentores espirituais. O processo de incorporação não é uma possessão, e sempre ocorre com o consentimento do médium.

Clara de Oxum

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