Obaluaê: O Rei da Terra
Tido como um Orixá sombrio, considerado nas lendas africanas como severo e terrível, caso não seja devidamente cultuado, porém Pai bondoso e fraternal para aqueles que se tornam merecedores, através de gestos humildes, honestos e leais. A razão desse temor se deu porque o Orixá comanda as doenças e, consequentemente, a saúde e assim como sua mãe Nanã, com quem divide o sexto trono da umbanda na linha da evolução, tem profunda relação com a morte.
Obaluaiê, ou Obaluaê, tem o rosto e o corpo cobertos de palha da costa. Em algumas lendas, isso é para esconder as marcas da varíola; em outras, já curado, não poderia ser olhado de frente por ser o próprio brilho do sol. Seu símbolo é o Xaxará – um feixe de ramos de palmeira enfeitado com búzios. O Rei da Terra é às vezes chamado de "O velho", com todo o prestígio e poder que a idade representa, ambivalentemente detém a doença e a cura, e com seu Xaxará ele expulsa a peste e o mal.
Muitos associam Obaluaiê apenas como o Orixá curador, que ele realmente é, pois cura mesmo! Mas Obaluaiê é muito mais do que já o descreveram. Ele é o "Senhor das Passagens" de um plano para outro, de uma dimensão para outra, sendo assim ao se pedir por novos caminhos e novos ciclos deve-se lembrar de também pedir para que Obaluaê abra os portais para que estes caminhos e ciclos possam ser abertos. Além disso promove a cura das nossas doenças físicas e emocionais e tem sob seus comandos incontáveis legiões de trabalhadores espirituais que preparam os espíritos para uma nova encarnação e, atua também no plano físico, junto aos profissionais de saúde, trazendo o conhecimento necessário para o alívio das dores daqueles que sofrem.
Obaluaiê também é o Orixá regente da linha dos Pretos Velhos, seu dia da semana são as segundas-feiras, e a data comemorativa é 16 de Agosto, dia de São Roque – Santo católico ao qual é sincretizado. Suas cores são o preto e o branco, e as guias com essas cores trazem a força desse Orixá. Seu ponto de força é o cruzeiro das almas, o elemento é a terra, o chakra ao qual está ligado é o básico, e sua saudação é Atotô, que significa “Silêncio, o senhor da terra está aqui”.
Os filhos de Obaluaiê são muito introspectivos, calados, modestos, pensativos e muito calmos. Perfeccionistas, estudiosos, misteriosos e, por isso, gostam de estar sozinhos com seus pensamentos. Quando estão no negativo, costumam ser ranzinzas, reclamões, negativos e vingativos. Os filhos de Obaluaiê têm muita dificuldade em fazer novos amigos, mas têm grande consideração por aqueles que têm, e esses se tornam amigos para sempre. Apesar da presença dos amigos ser muito importante para que eles consigam se realizar, comunicar e tornar-se pessoas ativas, ainda assim os filhos de Obaluaiê sentem a necessidade de ficar só, em silêncio. Seu crescimento e entendimento dependem do silêncio e da solidão, por isso são introvertidos.
A essência desse orixá nos mostra que mesmo diante das adversidades é possível ressignificar nossas feridas e promover a cura. Obaluaê nos ensina que devemos compreender nossa essência e aprimorá-la. Que Obaluaê possa nos oferecer as curas necessárias para nossa evolução nesta encarnação e que possamos compreender que o silêncio também é uma forma de prece.
Atotô, meu pai.
Jéssica de Obaluaê
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