través desse texto, aponto questões referentes a bons comportamentos de, para além de médiuns, pessoas no contexto da comunidade de axé, dentro e fora do terreiro, para que todos consigam exercer e exprimir atitudes e conhecimentos de forma geral, de forma útil nos diversos momentos de vida.
É importante nos dedicarmos a uma atenção nas ações do dia a dia, seja em forma de pensamento ou concreta. Através dos ensinamentos dos guias, deve ser aperfeiçoado, junto com as vivências para além do Terreiro, questões do dia a dia levadas para dentro do templo que impactam na estrutura energética e social do todo; tanto para o positivo, quanto negativo. De nada adianta aplicar boas condutas e comportamentos fora do nosso espaço, sem antes aplicar no ambiente físico, socialmente falando, e espiritual, ou também de forma contrária, pois isso seria apenas uma forma de enganar a si próprio de suas atitudes imperfeitas e egoístas.
Diante disso, entende-se que há necessidade de obtermos meios positivos de relação e convívio em todos os meios que estamos inseridos. Em um ambiente pequeno, se tratando da relação comunitária com pais e irmãos de santos, é requerida muita paciência e sabedoria, as quais muitas são repassadas pelas entidades, devendo nós, encarnados, praticar tal conhecimento para com atitudes, tendo em vista que apenas pregar da boca pra fora não adianta, e não estaria impugnar das consequências advindas das ações impensadas.
No momento de adentrar ao templo, é necessário que se crie em pensamentos o real objetivo de estar ali, considerando que todos possuem suas rotinas e obrigações fora do ambiente espiritual. Podendo passar por momentos difíceis e estressantes, cabe a cada um utilizar, novamente, dos ensinamentos e conhecimentos passados pelas entidades, e até percepções pessoais, podendo diferenciar o ambiente em que se encontra, para que assim não maltrate ou crie uma esfera negativa dentro dessa esfera espiritual, buscando se portar da maneira mais adequada possível, independente dos acostamento realizados no cotidiano.
Ao que pese os comportamentos apresentados dentro do terreiro e fora dele, a potência da corrente mediúnica é apresentada e soldada a partir da força e energia de cada um. No momento em que não há harmonia e respeito perante os pais, mães e irmãos de santo, ocorre uma quebra de elos. Afetando a todos os presentes, mesmo sem consciência, dificultando também o andamento e trabalho da casa e dos médiuns, prejudicando a egrégora.
A conexão entre os próprios irmãos de santo não impactaria sua vida fora, entretanto, errôneo é aquele que distingue as consequência das atitudes negativas para fora do chão de axé, tendo em vista que tudo o que é vivido no espiritual terá um rebote no físico. Um exemplo disso é caso você não cumprimente um irmão de santo porque não pactua com a mesma forma de pensar e agir dele, ou porque não possuem intimidade ou diversos outros motivos. Terá também portas e caminhos se fechando perante a si mesmo, ao fato de que não estará pronto para colher novos frutos, uma vez que não se adaptou às pragas naturais. Tendo jogo de cintura para lidar com elas, usando como exemplo as atitudes, pensamentos etc.
Aquele que não está preparado para estabelecer boas maneiras perante o ambiente do terreiro, também não estará firme o suficiente para progredir na vida física. Sempre há de se ter uma aproximação energética parecida, perante os presentes no ambiente espiritual que ressoa no físico, onde é necessária nossa inteligência emocional. No dia a dia temos que estabelecer meios de impulso, além de ressaltar questões de trabalho, familiar, social e de amizade. É importante que os irmãos de santo, juntamente com os dirigentes da casa, estabeleçam meios de aproximação, que utilizem a prática de cumprimentar e conversar de forma simples e descomplicada, para que a própria corrente não se desfaça com sentimentos negativos ou de baixo grau vibratório. Um exemplo utilizado por algumas casas, é o momento em que antes da gira é feito um abraço geral com todos os presentes, para que, caso haja qualquer desavença ou estranheza entre os médiuns, estes se dissolvam.
Uma vez que se passou por cima de questões de orgulho, ego e vaidade e é aceito que, acima de qualquer coisa há de se haver o respeito e igualdade perante todos, sem distinção entre cargos, tomemos consciência e controle sobre nossos atos. Sacrifícios necessários. Entende-se que o terreiro, esse chão, é nossa base, é o que nos dá força e energia para realizar quaisquer trabalhos repassados pela espiritualidade. Logo, para sua sustentação, os irmãos de santo e dirigentes têm de estar bem consigo mesmo e com os próximos, referidos como estruturas da nossa base, alimentando e fazendo a manutenção dessa relação, para fortificar os laços, potencializando o todo. Caso não haja predominância de boa comunicação e convivência, não há elo que resista, é sobre sobrevivência e fortalecimento da corrente mediúnica.

Esse cuidado para com as relações, é exemplificado em atos como o de chegar no terreiro e pedir a benção aos dirigentes, o cumprimento simples aos irmãos, tratando todos de forma igualitária, sem distinção de qualquer que seja. Assim colocamos em movimento nossos saberes, desenvolvendo de forma síncrona, o pessoal e o mediúnico. As práticas para além dos muros da casa de axé, dos dirigentes e irmãos de santo, mas num contexto social amplo, em todos os círculos também são importantes. O correto e firme desenvolvimento espiritual e mediúnico, não se trata apenas de questões referentes à incorporação ou outro desenvolviemnto de contato espiritual, mas sim aqueles pontos tratados que pegam exatamente na ferida, na melhora como pessoa, isso faz , como consequência, que o espiritual flua, perfazendo o real objetivo do desenvolvimento mediúnico.
Em suma, reiteramos que ao adentrar no terreiro ou em qualquer outro local, é necessário que se portem de maneira respeitosa, que se estabeleça bons laços, que o orgulho, o ego e a vaidade sejam deixados de lado, com a consciência de que ninguém é melhor que ninguém, pois o apontamento de erros ao outro, faz com que a ignorância prevaleça. Há de se reconhecer os momentos de erros, tendo humildade para pedir desculpas, além de diferenciar o espiritual do cotidiano, no momento em que for cultuar os ancestrais, para que não aja interferências energéticas. A evolução é pessoal, mas essa faz parte do coletivo, onde cada um deve trabalhar e desenvolver o seu interior, caminhando em conjunto.
Axé e consciência a todos!
Lívia de Obaluaê.