Pretos Velhos
Os Pretos Velhos são entidades espirituais profundamente respeitadas na Umbanda, representando o arquétipo de espíritos ancestrais dos africanos escravizados que, mesmo diante do sofrimento e da opressão, alcançaram elevado grau de sabedoria, amor e compaixão. Suas manifestações são marcadas pela fala mansa, os gestos calmos e a simplicidade, trazendo consigo a humildade e o acolhimento; realizando assim o trabalho com conselhos, passes energéticos, benzimentos e orações. Frequentemente se manifestam com nomes como Pai Joaquim, Vovó Maria Conga, Pai Benedito, entre outros, adotando uma postura de avós espirituais, sempre prontos para ouvir, aconselhar e curar.
A linguagem dos Pretos Velhos é simples e carrega forte sabedoria ancestral. Muitas vezes utilizam-se metáforas e histórias para transmitir ensinamentos profundos. Seu modo de falar com regionalismos como “fia”, “meu fio” e “sinhá”, cria uma atmosfera acolhedora que toca o coração de quem os procura. Os Pretos Velhos ensinam valores como perdão, paciência, fé e amor ao próximo. Sua missão é guiar os filhos de fé no caminho da evolução espiritual, resgatando a autoestima, ensinando a viver com mais equilíbrio e promovendo o bem coletivo. Em nossa casa, é muito comum essa linha de tão grande sabedoria, utilizar de instrumentos de trabalho, os quais sempre são perceptíveis e bastante notáveis:
CHAPÉU/LENÇO: são utilizados para proteger a coroa do médium;
BENGALA: não é utilizada só pela questão do arquétipo, mas sim também para auxiliar nos trabalhos de quebra de demanda, descarrego, transmutação de energias e abertura e fechamento de portais;
CAFÉ: além de sua representação histórica dos cafezais da época da escravatura, o café também é utilizado para firmar a conexão energética entre o médium e o guia, além de também trazer o cheiro que nos relembra a sensação de conforto e para o trabalho de limpeza realizado no próprio médium e no consulente. Nem todo preto velho toma café, alguns podem utilizar outra bebida como chás diversos;
CACHIMBO: além do aroma agradável do fumo junto com as ervas, o cachimbo é utilizado para o reequilíbrio energético dos chakras e para retirar as larvas astrais dos consulentes.
ERVAS: os pretos velhos possuem uma vasta sabedoria curandeira na utilização de ervas, as quais cada uma tem o seu poder de cura e atuam de diferentes formas no corpo espiritual, físico e mental:
ROSA BRANCA: uma erva fria que traz paz e calmaria;
ALECRIM: uma erva morna que nos traz equilíbrio;
ARRUDA: uma erva quente que tem o poder de descarregar, afastar más energias e nos proteger;
GUINÉ: uma erva quente que é utilizada em banhos de descarrego e benzimentos. O Orixá regente dessa linha é Obaluaê, o senhor da cura. Suas cores são o preto e o branco e o seu dia da semana é segunda feira, sendo essas mesmas especificações para os pretos velhos.
Sua saudação é “Adorei as almas!”, o dia de comemoração a esses guias de luz é 13 de maio, pois é o dia da abolição da escravatura. Sua presença é um alívio para os que sofrem, um abraço para os que choram, um guia para os que buscam.
Eles nos convidam a caminhar com mais calma, a ouvir mais e a julgar menos. A Umbanda, com sua beleza plural, encontra nos Pretos Velhos um de seus pilares mais doces e profundos.Salve os Pretos Velhos! Adorei as almas!
Salmo de Iemanjá
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