Coroa do Médium de Umbanda
Atualmente, com a popularização da Umbanda, não é raro que uma das primeiras indagações das pessoas ao conhecer um terreiro seja: “Qual é o meu orixá?”. Essa questão muitas vezes gera fantasias no imaginário daqueles que estão inseridos nos terreiros e, freqüentemente ouvimos: "Sou impulsiva e festeira, devo ser de Ogum", "Fulano tem charme e é mulherengo, deve ser de Oxóssi", "Fulana é tímida e discreta, deve ser de Oxalá", e assim por diante. No entanto, essa tentativa de adivinhação nada tem a ver com a real significância de saber seu orixá, tão pouco sobre a essência dos Orixás em questão.
Nas casas de Axé, existem diferentes formas de descobrir o seu Orixá, mas todas se assemelham em um aspecto: para saber disso, é preciso compreender a responsabilidade que é cuidar do seu Orixá e do seu Ori. A maioria das pessoas não tem noção de como essa informação pode e irá mudar suas vidas.
Agora voltemos à Umbanda, mais especificamente à nossa casa de Umbanda. Aqui, o orixá de cada filho de santo é confirmado pelo guia-chefe da casa, no momento propício para o desenvolvimento mediúnico daquele médium, ou seja, no momento em que o médium está preparado para ter esse conhecimento.
Enfim, a coroa mediúnica é formada pelo conjunto de Orixás que atuam em seu Ori (cabeça) e a centelha divina que age em sua vida. Os Orixás de nossas coroas nos acompanharão nesta e em outras vidas. Explico melhor: a nossa coroa é composta por três Orixás (forças divinas): De Frente, Adjunto ou Juntó, e Ancestral. Cada um deles possui uma função específica. Falemos mais sobre isso:
Orixá De Frente: É aquele que trará os desafios nesta vida. Viemos nesta encarnação para aprender a ser mais parecidos com este orixá, absorver seus valores e seus ensinamentos. Parte dos desafios que você enfrentará nesta vida tem este objetivo, ou seja, o Orixá de frente tem a função de nos direcionar a nossa evolução espiritual, por exemplo: Filhos de Ogum de frente podem ter que aprender a lidar com a ordem; os de Xangô podem ter que aprender sobre equilíbrio, e assim por diante.
Orixá Ancestral ou de Fábrica: Trata-se da energia que Olorum usou para te criar como seres espirituais. É a sua essência, e ele nunca muda, estará com você em todas as suas encarnações. É o marco zero de cada um, ou seja, é aquele que lhe sustenta quando os desafios lhe deixam em uma situação muito difícil. Por exemplo: Oxóssi tem como eixo a expansão do conhecimento; Oxum vem para agregar o amor, e assim por diante.
Orixá Adjunto ou Juntó: É responsável por equilibrar a ação do Orixá de frente e Ancestral. Os três caminham juntos com o objetivo de trazer equilíbrio para nossa vida. É o Adjunto que vai te direcionar para que você atinja os objetivos desta encarnação e aprenda esses valores. Por exemplo: Se Iansã for juntó, direcionará pelo caminho do movimento; se for Oxalá, direcionará pelo caminho da fé, etc.
Em resumo, se queres saber seu Orixá, é preciso compreender a importância dessa essência em nossas vidas, compreender a força de cada orixá cultuado em nossa casa, e estar disposto a compreender sua função em nossas vidas e a evoluir a partir desse conhecimento. Saber seu orixá não deve ser pelo ego, e sim pela evolução. Então, meus irmãos, se eu posso dar-lhes um conselho, este é: valorizem cada passo de seu desenvolvimento. Não se apressem, olhem para si e busquem ser melhores a cada dia.
A essência do Orixá está dentro de ti, ou seja, você já sabe quem ele é, pois ele é reflexo de você. A confirmação do guia-chefe virá no momento em que você compreender que o Orixá é cuidado, força e dedicação. Neste sentido, cuidem-se, se fortaleçam, só assim é possível cuidar de seu Ori.
Axé,
Jéssica de Obaluaê