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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Autorresponsabilidade mediúnica no cotiadiano: um compromisso com a Umbanda e com a consciência

 Autorresponsabilidade mediúnica no cotiadiano: um compromisso com a Umbanda e com a consciência

Em uma sociedade marcada por distrações, automatismos e terceirizações de culpa, falar sobre autorresponsabilidade já é, por si só, um chamado ao despertar. Mas quando esse conceito se entrelaça à mediunidade, sobretudo no contexto da Umbanda, ele se torna ainda mais urgente e sagrado. Afinal, o médium não é apenas um canal entre planos, mas também um ser humano em processo contínuo de lapidação interior, onde cada escolha cotidiana reverbera no campo espiritual.

A Umbanda, enquanto religião essencialmente caritativa e integradora, nos convida a entender a mediunidade não como privilégio, tampouco como fardo, mas como ferramenta de serviço e expansão de consciência. Nesse caminho, a auto responsabilidade mediúnica emerge como uma bússola ética e espiritual. Não basta incorporar. É preciso se incorporar de propósito, se vestir de intenção, se alinhar com o que se fala, pensa, sente e vibra dentro e fora do terreiro. 



É no cotidiano que o verdadeiro teste mediúnico se revela. Porque é fácil manter o equilíbrio dentro da gira, sob os atabaques, diante dos guias. Difícil é sustentar o mesmo eixo no trânsito, diante da injustiça, na solidão, ou no embate com o próprio ego. E é justamente aí que mora a responsabilidade maior: compreender que a mediunidade não se liga e desliga como uma lâmpada. Ela é um campo aberto de sensibilidade e influência mútua, que exige do médium disciplina emocional, vigilância de pensamentos e humildade constante.

Ser médium na Umbanda é também ser espelho. Espelho das entidades que se manifestam, sim, mas também espelho dos ensinamentos que se recebe. A forma como um médium trata o próximo, cuida da própria saúde mental, zela pela palavra e honra os compromissos, reflete diretamente na qualidade da sua conexão espiritual. Porque guia nenhum sustenta médium que não sustenta a si mesmo.

Portanto, falar em auto responsabilidade mediúnica é romper com a infantilização da espiritualidade. É deixar de esperar que os guias resolvam tudo, enquanto se negligencia a reforma íntima. É entender que o terreiro é um espaço de trabalho, mas a vida é o verdadeiro campo de prova. Cada ação, cada silêncio, cada escolha tem peso e consequência não por punição, mas por coerência vibracional.

A Umbanda não cobra perfeição, mas exige verdade. E a autorresponsabilidade é o que nos mantém verdadeiros com aquilo que pedimos, recebemos e prometemos diante da espiritualidade. Que sejamos, então, médiuns não apenas de passagem, mas de postura; não apenas de gira, mas de vida.

Érika de Ewá


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