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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Árvore Jurema

Árvore Jurema


Ao falarmos da Jurema, surge uma dúvida intrigante no leitor que conhece a palavra Jurema usada de outras formas.

Pois bem, a palavra Jurema também é o nome de uma Cabocla de Umbanda, também Jurema é um local sagrado no mundo espiritual , é também considerada a morada dos caboclos e também existe a religião Jurema.

Podemos ver as diversas aplicações do mesmo nome só que utilizado para determinar coisas diferentes. E como não podia faltar, também existe uma árvore chamada Jurema.
 
 
A árvore Jurema é típica do sertão nordestino, porém se adapta muito bem em diversas outras regiões. Temos dois tipos comuns de Jurema, a branca e a preta. A diferença maior entre as Juremas brancas e pretas são seus troncos e galhos, onde a branca apresenta cor clara, já a preta cor escura. A palavra Jurema vem do Tupi Yú-rema que significa espinheiro.

São árvores com Folíolos minúsculos, casca escura, cheiro das flores característico.

Mantêm a folhagem, embora em densidade reduzida, durante muitos meses da estação seca. São mais comuns no Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, na caatinga e no México. Ela se propaga por sementes e brotação de toco.

Hoje falarei um pouco mais sobre a Jurema Preta, árvore tão utilizada nos rituais indígenas e na religião Catimbó, sendo uma árvore sagrada, com cerca de 5-7 m de altura, com acúleos esparsos. Caule ereto ou levemente inclinado, casca de cor castanha muito escura, às vezes acinzentada, grosseira, rugosa, fendida longitudinalmente, entrecasca vermelho-escura. Ramificação abundante e, em indivíduos normais, de crescimento sem perturbação, acima da meia-altura. Ramos castanho avermelhados, esparsamente aculeados. Folhas compostas, alternas, bipinadas, com 4-7 pares de pinas de 2-4 cm de comprimento. Cada pina contém 15-33 pares de foliolos brilhantes, de 5-6 mm de comprimento. Flores alvas muito pequenas, dispostas em espigas isoladas, de 4-8 cm de comprimento.
 
 
 O fruto é uma vagem pequena, tardiamente deiscente, de 2,5 a 5 cm de comprimento, de casca muito fina e quebradiça quando maduro. Contém 4-6 sementes pequenas (3-4 mm), ovais, achatadas, de cor castanho-claro. A madeira tem alburno castanho-avermelhado-escuro e cerne amarelado, é muito pesada (densidade 1,12 g/cm3), de textura média, grã direita, de alta resistência mecânica e grande durabilidade natural. A planta tem raiz pivotante e também raízes superficiais, embora menos do que outras plantas da caatinga. 
 
Da Jurema, usamos a casca do tronco e da raiz e as suas folhas possuem propriedades cicatrizante, anti-inflamatória, antiviral, antifúngica e antisséptica.

Ainda temos diversas utilidades como a madeira que é muito resistente, empregada para obras externas, como mourões, estacas e pontes, para pequenas construções, rodas, peças de resistência, móveis rústicos. Fornece excelente lenha e carvão de alto valor energético.

Medicina caseira: o pó da casca é muito eficiente em tratamentos de queimaduras, acne, defeitos da pele e esfoladelas causadas por pressão. Tem efeito antimicrobiano, analgésico, regenerador de células, febrífugo e adstringente peitoral. As folhas são usadas com as mesmas finalidades.
 
 
Psicoatividade: a casca da raiz tem efeitos psicoativos. O principal ingrediente ativo nesta parte da planta é N,N-DMT, e há também uma pequena quantidade de beta-carbolinas (De acordo com Raetsch, 2005). Algumas fontes indicam a presença de 5-MeO-DMT.

Veterinária popular: o efeito cicatrizante serve também nos animais domésticos e a planta é usada em lavagens contra parasitas.

Restauração florestal: planta pioneira e rústica, é especialmente indicada para a recuperação do solo, combater a erosão e para a primeira fase de restauração florestal de áreas degradadas. Pode ser usada para restauração florestal de matas ciliares.

Sistemas agrotlorestais: sendo a jurema-preta uma forrageira palatável para todos os animais domésticos, ela é indicada para a composição de pastos arbóreos, onde oferece forragem verde durante muito tempo na estação seca, podendo esse período ser estendido rebaixando a planta. Os galhos espinhentos servem para construção de cercas de ramo. Por manter boa parte da folhagem durante a estação seca, a jurema-preta tem um importante papel de sombreamento para animais e para o solo.

Abelhas: espécie muito importante para fornecimento de néctar e pólen para as abelhas, especialmente durante o período seco.

Forragem: as folhas e vagens são procuradas pelo gado bovino, caprino e ovino. É uma das plantas da caatinga que primeiro se revestem de verde logo depois das primeiras chuvas.

Aplicações industriais: usada em produtos cosméticos nos EUA, Itália e Alemanha, em loções para o couro cabeludo, sabonete, xampu e condicionador. A casca é empregada para curtir couros.

Embora tudo isso falado sobre a Jurema, ainda há muito mais o que se abordar sobre essa árvore espetacular, porém deixaremos isso para outros textos.

Uma curiosidade: Existem espécies de Acácias nativas do nordeste que também recebem o nome de Jurema, lembrando que as acácias eram sagradas para os Egípcios, Hebreus, Hindus, Árabes, Incas e vários outros povos, sendo a Jurema sagrada para os índios. O ponto cantando “ê juremê, ê juremá, suas folhas caíram serenas jurema dentro deste congá” se refere à árvore Jurema. Já o ponto “ê juremê, ê juremá, suas flechas caíram serenas jurema, dentro deste congá” se refere à Cabocla Jurema. Quando se canta “Caboclo vai embora pra cidade da Jurema” se refere ao local espiritual conhecido por Jurema.

Que a força da árvore sagrada da Jurema possa irradiar em seu coração trazendo muito Axé!
Igor de Oxum

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