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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Nanã Buruque

 Nanã Buruque


Nanã Buruquê é um orixá muito antigo, comemora-se seu dia em 26 de julho e está associado às águas paradas, à lama dos pântanos, ao lodo do fundo dos rios e mares. Na África, Nanã se refere às pessoas idosas e respeitáveis e com grade saberes da vida.

No Brasil, Mãe Nanã é sempre lembrada como a “orixá Vovó”, ela representa o arquétipo ancião do criador, sendo representada como uma senhora idosa, que quando se manifesta em seus filhos, possui um andar lento, curvado para frente. É sincretizada com Santa Ana no catolicismo, a avó de Jesus Cristo.

Quando falamos dos mistérios de nanã, na atuação em nós seres humanos, e a importância que Nanã tem em nossas vidas e no nosso objetivo, que nada mais é do que a evolução em todos os aspectos da vida, Nanã faz o equilíbrio. Termos como: sabedoria, experiência, amadurecimento, paciência e prudência está fortemente ligada a esta orixá. Por sua antiguidade Nanã sabe exatamente tudo que já aconteceu no mundo e por isso uma de sua atribuição e a memória ancestral, exemplo: quando temos um problema e não encontramos a solução, podemos rogar a nanã pedindo que nos indique a solução, por que os problemas são sempre os mesmos, muda-se as pessoas, as épocas e o cenário, logo, nanã sempre sabe a resposta para o seu problema.

Um dos aspectos mais interessantes da atuação de Mãe Nanã é sua atuação no processo de reencarnação, é ela que decanta todos os aspectos emocionais do espírito que irá reencarnar, fazendo com que ele esqueça tudo o que viveu e possa começar uma nova passagem pelo planeta Terra sem os tormentos que certamente trariam consigo: culpa, medo, revolta, ódio, etc.

Neste caso, o esquecimento é um presente, pois temos a oportunidade de começar do zero e fazer de maneira diferente tudo aquilo que fizemos errado na vida anterior, recomeçando, inclusive, de onde paramos em nossa evolução.

Nanã é quem controla todos os eguns (lembrando que egum e todo e qualquer espíritos desencarnados), separando os bons e os maus, direcionando cada um no seu determinado destino, para manter o equilíbrio da força. Dizem que durante a morte é nanã quem corta o fio que liga o espirito ao corpo.

Nanã é um orixá bi-elemental ou seja, rege sobre dois elementos: terra e água.

Sua regência sobre o elemento terra denota sua estreita ligação com a Mãe Terra. Remetendo a frase bíblica: “Tu és pó, e ao pó voltarás”…

Nanã realmente recebe em seu ventre terreno os corpos dos filhos que desencarnam, e que voltando ao pó se fundem novamente ao “barro” primordial.

Sua regência sobre o elemento água decanta todos os aspectos de negativismos emocionais que possam atrasar nossa evolução, tornando-nos mais racionais.

Nada pode nos levar mais longe do que a sabedoria. Podemos ter experiência, poder, dinheiro, mas pra que serve tudo isso diante do que não se pode medir em valores?

Todos deveríamos alcançar a maturidade em condições melhores do que viemos. E o que vemos? – Muitos idosos amargos, tristes, sem perspectiva de vida ou além-vida, apáticos e sem esperança.

Nunca foi esse o plano. O plano é viver, aprender, não necessariamente pela dor. Tirar de cada experiência uma lição. Passar os ensinamentos que aprendeu aos outros.

Decantar dos registros de nossas almas toda a negatividade, dúvidas, incertezas, tudo aquilo que nos impede de evoluir, de crescer como seres divinos que somos.

Clamem por transmutação. Transmutar é mudar pra melhor. É ressignificar sentimentos e crenças limitantes que te impedem de sair do estado atual para um nível de consciência superior.

Nanã ocupa o polo feminino do Trono da Evolução, absorvendo tudo que há de excesso junto a obaluayê que irradia a evolução. Sua cor é roxa, sua saudação é "Saluba Nanã Buruquê", que significa "Salve a Mãe das águas pantaneiras". Carrega em seus braços seu símbolo maior: o ibiri, um cedro feito de fibra de dendezeiro dobrado como se fosse um nove de cabeça para baixo, costurado com búzios e carrega como se fosse um feto e nina como se fosse uma criança.

Nanã Buruque – filhos: Iroko, Obaluayê, Osanyin, Yewá, Omolu e Oxumaré.

Uma das Lendas de Nanã: Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o Orixá tentou vários caminhos. Tentou fazer o homem de ar, como ele e  não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a tentativa foi pior. Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada. Foi então que Nanã veio em seu socorro e deu a Oxalá a lama, o barro do fundo da lagoa onde morava ela, a lama sob as águas, que é Nanã. Oxalá criou o homem, o modelou no barro. Com o sopro de Olorum ele caminhou. Com a ajuda dos Orixá povoou a Terra. Mas tem um dia que o homem tem que morrer. O seu corpo tem que voltar à terra, voltar à natureza de Nanã. Nanã deu a matéria no começo mas quer de volta no final tudo o que é seu .

Pedro Eduardo de Nanã Buruque

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